Diante do anúncio da inserção do Breaking nos Jogos Olímpicos de Paris, a serem realizados em 2024, muitas pessoas têm se questionado: afinal, o Breaking é dança ou esporte?
Como diz Arthur Schopenhauer: “Todo homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo”. Em outras palavras, nos limitamos muito com aquilo que conhecemos, aprendemos e vivenciamos ao longo da vida. Como o Breaking nunca foi reconhecido como um esporte antes, para alguns, isso é imutável.
Mas, vamos lá, partimos do ponto inicial, o que é cultura e o que é esporte?
No dicionário, cultura é traduzida como um conjunto de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de comportamento, adquiridos e transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo social. Já o esporte, é definido como qualquer prática metódica, individual ou coletiva, de jogo ou qualquer atividade que demande exercício físico e destreza, com fins de recreação, manutenção do condicionamento corporal e da saúde e/ou competição.
Ok, nada melhor do que consultar o pai dos burros, e confirmar que o Breaking tem todas essas características, assim como outras danças esportivas existentes, que já participam há anos do The World Games (Jogos Mundiais), como a Valsa, Tango, Cha Cha Cha, Samba Internacional, entre outros.
O Breaking é dança e sempre será dança, pois, a definição de dança é um conjunto de movimentos corporais ritmados acompanhados de música. Torná-la uma modalidade esportiva não muda sua característica, ela continua sendo dança e parte da Cultura Hip-Hop.
Se analisarmos do ponto de vista técnico, o Breaking sempre foi esporte, pois uma das principais características é a competitividade, seja ela premiada ou não, pois faz parte da essência do Breaking “rachar” e os “rachas” nada mais são do que competições, elas só não têm júri com formação de arbitragem, podium e medalhas.
A grosso modo, quando competimos é esporte. Quando ela é apresentada sem finalidade competitiva, ela é dança/cultura, não tem nada a ver com dançar sem música ou fazer movimentos acrobáticos. Aliás, é bom falar sobre isso também, pois mesmo antes de virar modalidade esportiva, muitos têm preferência por treinar e desenvolver movimentos mais acrobáticos, mas isso não os fazem menos B-Boys/B-Girls do que os demais. Cultura é isso, é o respeito com o próximo, é entender que cada um tem uma história diferente, conheceu o Breaking de forma diferente e optou por estilos que mais se identificam dentro daquilo que conhecem. Não tem certo ou errado, tem a visão, a vivência e escolha de cada um.
Breaking é dança, cultura e esporte. Agora, participará de um tal de Jogos Olímpicos, mas isso não muda nada do que foi construído até hoje, o trabalho social para empoderamento de crianças e jovens que cresce ano após ano em cada canto do planeta e transforma vidas; as lutas pelas igualdades raciais, sociais e de gênero; o portal de acesso à cultura e às artes para os menos favorecidos; os eventos na quebrada; a grande família e comunidade Hip-Hop em todo o mundo, onde você pode chegar em qualquer lugar e ser recebido por quem nunca viu na vida, mas que te acolhe porque você é do Hip-Hop; porque tem em comum uma cultura que não vê cor, religião, classe social ou qualquer diferença, mas que aproxima pessoas e as une em torno de algo maior.
Quem quiser ganhar medalhas, participar do ranking e eventualmente competir nas Olimpíadas, terá que se filiar à órgãos específicos para a finalidade e participar dos campeonatos credenciados, caso contrário, você pode continuar dançando aonde quiser, competindo em batalhas não relacionadas ao Breaking nas Olimpíadas. Seus treinos, suas habilidades, seu campo de trabalho e sua história não irão mudar, assim como não mudou nas danças que se tornaram modalidade esportiva e nem nos esportes que tem uma cultura por trás de suas histórias.
A título informativo, para reflexão, o Brasil é um dos países mais ineficientes na aplicação de recursos destinados ao esporte. Esse levantamento foi realizado pelo consórcio SPLISS (Sports Policy Leading to International Sporting Success), um modelo de avaliação para mensurar o sucesso na gestão esportiva, em especial, a de alto rendimento, criado por pesquisadores em 2006 e utilizado em todo o mundo.
Foram definidos nove pilares para avaliação, e, no último levantamento, o Brasil só alcançou resultados relevantes no suporte financeiro, mostrando a necessidade e importância de uma gestão esportiva eficiente no Brasil.
O que isso tem a ver? Para aqueles que acreditam que o Breaking como modalidade esportiva deixará os dançarinos milionários e garantirá o futuro de todos, se engana. No pilar 5 – suporte para carreira e aposentadoria de atletas, temos um dos piores resultados, além do pilar 6 – instalações esportivas, que não chega a 15% do ideal.
Em resumo, não vai ser o esporte que vai mudar o Breaking, mas o Breaking sim pode mudar o esporte com a capacidade de alcance, experiência em gestão sustentável e criação de políticas públicas.
Sabe a Rayssa Leal? Aquela skatista de 13 anos que ganhou a medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio? Pois é, ela teve sua vida transformada graças ao esporte e alimentou o sonho de milhares de crianças e jovens em todo o mundo. O Breaking pode fazer o mesmo na vida de muitas pessoas, dar uma direção, um caminho, trazer oportunidades e mudar vidas. Porque não apoiar? Mas, pesquise muito antes de prestar apoio a qualquer organização que aparecer na sua frente. Infelizmente, há organizações oportunistas, que nem sequer têm vivência no Breaking e querem nos representar. Outras ainda que estão criando comissões de atletas e fazendo convites diretos prometendo vagas nas Olimpíadas, sendo que nada disso é válido. E alguns piores, que prometem a atletas e empresas uma visibilidade de marca que não podem garantir. Enfim, pesquisem, não apenas a idoneidade dessas organizações, mas quem está por trás delas, seus históricos como produtores, agentes, empresários e artistas. Investiguem e tenham certeza de entregar o seu nome, sua carreira e sua reputação para não cair nas mãos daqueles que nunca fizeram nada por ninguém, porque fariam agora? Questionem, afinal, você, eu, e todos que vivem o Breaking somos importantes e responsáveis pelo nosso futuro.
Estamos de olho!
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Hoje é comemorado o Dia do Breaking, em São Paulo, o dia foi criado pelo vereador Milton Ferreira (Podemos) em 2017, por meio da PL 253, promulgada a Lei 16.753, de 13/11/2017.
Mas o Breaking vem muito antes disso… é um elemento da Cultura Hip-Hop que nasceu no Bronx, em Nova Iorque, com os fundadores da dança, na década de 70. Era algo que aparecia nas festas. A palavra “B-Boying” significa a manifestação corporal do Hip-Hop. Não eram só os pés, mãos em movimento, eram usadas todas as partes do corpo. Cabeça, pescoço, mas intelecto e também caráter.
O Breaking nunca foi moda, mas uma arte legítima!
Os B-Boys comiam, bebiam, respiravam e pensavam “B-Boying”. Toda vez que se escutava “Sex Machine”, “Just Begun”, “Apache”, que era hino, era possível ver a música ser sentida nos corpos, fazendo esses meninos dançarem, tratava-se de algo mágico, que apenas a música e sua energia faz com as pessoas. Na verdade, foi a música que fez desenvolver todos os estilos e movimentos. O Breaking é Hip-Hop puro!
Ken Swift uma vez disse: “O Breaking começou com uns poucos irmãos e irmãs que não se importavam com o que as pessoas pensariam de seus movimentos”. Eram meninos sem dinheiro, que moravam nos guetos, no meio do ambiente urbano. Nas festas, a pessoa entrava fazendo pose, depois descia ao chão. E se os movimentos fossem bons, se formava uma roda em volta para que outro pudesse também entrar e desafiar o mano na dança. A palavra B-Boy veio de Kool Herc, deveria ter representado o Bronx, na verdade era “Breaking Boys”. Quando a galera estava “Breaking” nas festas, significava que estavam procurando confusão, eram “Breaking Boys” e “Breaking Girls”. Breaking vem da terminologia de rua. A pergunta: “Por que você está Breaking?”, significava “Por que você está fazendo coisas fora do normal?”. Estar zangado era estar “Breaking”, ou seja, nos dias de hoje seria “estar bravo, estar chutando o balde!”. Essa se tornou uma expressão oficial quando Kool Herc usou. Os B-Boys eram “os meninos que quebravam” e as B-Girls eram “as meninas que quebravam”, não tinha nenhuma ligação e não veio dos breaks no disco, como muitos pensam. Esses meninos e meninas desciam até o chão e giravam, foram os primeiros a fazer isso. Alguns chegavam nas festas com charutos e casacos compridos: eles arrebentavam! Dançavam em cima de cimento.
Desde a criação do Breaking, a dança possibilitou que muitos jovens se distanciassem da violência, juntando-se em Crews para dançar e trocar vivências. Quando chegou ao Brasil na década de 1980, não foi diferente. Muitos encontraram no Breaking motivações e objetivos para tocar a vida! Muitos saíram da droga e da marginalidade graças ao Breaking! O Breaking sempre representou vida! 51 anos depois do início do movimento, muita coisa mudou sim, no dia 4 de dezembro de 2020, o Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou a inclusão do Breaking no programa dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Novos ventos parecem soprar nas rodas de Breaking, mas a essência deve continuar!
O Portal Breaking World, para comemorar esse dia, destaca nesta matéria com orgulho alguns nomes de B-Boys e B-Girls que levaram no passado e continuam levando o nome do nosso país para os quatro cantos do mundo. Desejamos a todos os B-Boys e B-Girls de todas as gerações muita luz e muita dança! Confiram:
Pelezinho: O nome que consta na certidão de nascimento é Alex José Gomes Eduardo, ele não poderia ser mais brasileiro. Nasceu numa família alegre de sambistas e capoeiristas em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Da infância guarda boas lembranças das feijoadas e dos churrascos em família. Criado pela avó, matriarca da família, o menino que não tinha tênis, mas que desde pequeno já mostrava habilidades diferentes e muito especiais, a famosa estrelinha no meio da testa que alguns carregam para esse mundo, filho de mestre de capoeira era bom nos movimentos do corpo e também no futebol, por isso recebeu o apelido de “Pelezinho”, mas seu destino não foi escrito num campo de futebol e nem jogando capoeira, mas sim nas ruas. As rodas que frequentava eram outras, as de Breaking, onde sua grandeza foi reconhecida e conquistada, sendo ponte para o resto do mundo. Foi o primeiro brasileiro a participar da competição que em poucos anos se firmaria como uma das maiores de Breaking do planeta, o Red Bull BC One. Pelezinho agarrou firme a chance e teve seu talento reconhecido internacionalmente. Hoje, é membro da Red Bull BC One All Stars, equipe internacional composta por artistas e dançarinos que representam os melhores da cena. Atualmente fora das competições, continua comprometido com o Breaking pelo resto da vida, ele sempre lembra: “O Breaking mudou a minha vida e pode mudar de muitas pessoas”.
Kokada: Maurício Araújo de Souza, conhecido na cena Hip-Hop como B-Boy Kokada morreu aos 35 anos, no dia 21 de dezembro de 2012. Um dos mais talentosos B-Boys que o Brasil já teve. “Mr. Kokada”, como também era conhecido, começou a dançar em 1993 na Estação São Bento, participou de vários campeonatos nacionais e internacionais. Durante os 16 anos atuando na cena B-Boying, ficou conhecido não só no Brasil, como também em todo o mundo. Kokada também era MC e integrante da Tsunami All Stars Crew. Conhecido como “Mestre do Power Move Brasileiro”, Kokada possui um currículo invejável e era considerado o primeiro B-Boy a ganhar fama mundial antes do YouTube, além de ser lembrado por sua habilidade de realizar movimentos para ambos os lados, cujo grau de dificuldade o tornava ainda mais único. De personalidade forte, impactou a cena com a sua presença.
Neguin: Neguin nasceu e foi criado no Paraná. Durante sua infância, foi influenciado pela capoeira, música e artes e acabou apaixonado pela dança. Atualmente, além de fazer parte do time da Red Bull BC One All-Stars, ele é o único latino-americano com o título de campeão mundial e o dançarino que mais carrega títulos em competições internacionais como Red Bull BC One, UBC Championship, Unbreakable, Freestyle Session, Outbreak Europe e outros.
Luka: Ele nasceu no bairro do Tatuapé, mas sua infância foi na Vila Curuçá, em São Miguel Paulista. Seu sonho, como a maioria dos meninos brasileiros, era ser jogador de futebol, sempre incentivado pela família. Começou a jogar com apenas 4 anos. Depois, conheceu a capoeira, onde no primeiro dia se identificou, sentindo-se em casa e livre. Durante anos, jogava futebol e fazia capoeira. Mas foi em 2006, com apenas 12 anos, que mergulhou de corpo e alma no Breaking. Sua evolução foi rápida! Foi o futebol e a capoeira que lhe deram a base para tudo, confessa que sem eles não teria a dedicação e foco que tem hoje. Foram nessas artes que aprendeu a ser persistente, paciente e dedicado. Os primeiros passos de Breaking deu na própria sala da casa onde morava, vendo um DVD da Red Bull BC One, onde tentava copiar os movimentos, o pai também tinha coleção de discos em casa, cresceu escutando alguns clássicos do Hip-Hop, a música sempre foi presente em sua vida. O menino ganhou idade, conquistou seu espaço, aprendeu a dançar no meio da pressão e sobreviver às críticas, resolveu viver sua própria vida, da sua forma e aprendeu que o segredo sempre foi focar no presente, no agora, plantar as sementes para colher no futuro com muita paciência e dedicação. Recebeu influência de grandes nomes do Breaking e participou de vários eventos naturais e internacionais. Em 2014, assinou o contrato com o Cirque de Soleil e foi morar fora do pais, onde tem se destacado. São de Lukas as palavras: “No Cirque eu tive essa oportunidade, de poder acordar todos os dias e fazer o que mais amo. Treinar, dançar e inspirar as pessoas. No show, todos nós artistas, através da sua especialidade, inspiramos o público a viver a vida com amor e que tudo vai melhorar. Sobre o Breaking, atualmente vem fazendo parte de empresas e eventos grandes, procurem se valorizar e entender o business por trás dos eventos e trabalhos. Como se comportar, aprender a falar outras línguas, principalmente o inglês. Se hoje o B-Boy brasileiro tem uma oportunidade, tem que saber conversar e negociar. Muitos da nova geração têm o sonho de viver de eventos e batalha, mas não podem esquecer que temos outros caminhos e oportunidades para viver e se expressar através da dança. Cada dia mais estamos evoluindo, o mundo está em constante crescimento, novos talentos e oportunidades. Precisamos acompanhar esse processo de mudança. Quem acompanhar essa evolução, não só do movimento, mas da cultura em si, são aqueles que irão colher bons frutos. A nossa ação precisa ser aplicada no nosso momento presente, no agora. Não adianta querer ser um bom B-Boy ou B-Girl, ser campeão, fazer parte de grandes eventos e projetos, se não estiver preparando e vivendo o dia-a-dia. Não vamos esquecer o poder de cura e mudança de vida que a nossa dança pode trazer na vida das pessoas, como inspiração. Quando dançar, mostre o seu espírito em sua maneira única. Não coloque rótulos na sua dança, pois dançar é infinito e cada movimento é uma nota na música. Repare que quando você dança de mente livre, você entra na zona e em uma dimensão diferente. Essa é sua essência e verdade. Busquem isso e sigam a sua jornada, sem olhar pra trás. O que passou, passou. Continuem evoluindo, estudando e vivendo”.
FabGirl: Ela começou a dançar aos 18 anos e enfrentou o machismo inerente à cena, abrindo caminhos que permitiram que essa revolução feminina acontecesse no País. “É mais uma conquista de muita resistência e luta”, diz Fab. As primeiras referências de dança da FabGirl vieram da televisão. “Quando eu era novinha, eu gostava de Jennifer Lopez, Madonna e Beyoncé, queria dançar aquelas coreografias”, lembra. Mas o que fez FabGirl se apaixonar mesmo pela dança foi ver uma B-Girl de seu bairro dançando. “Fiquei encantada, nunca tinha imaginado uma mulher fazendo aquilo”. No dia seguinte, FabGirl foi a um ensaio de Breaking e pediu para os caras lhe ensinarem alguns passos. “Eles me falaram que Breaking não era dança de mulher”, relembra a B-Girl. “Foi sempre difícil esse espaço dentro da cena”. FabGirl não se deixou abalar e, em 2003, criou a BSBGirls, primeira crew do Distrito Federal formada só por mulheres. Além de liderar o grupo, a dançarina, coreógrafa e pesquisadora se destacou pelos vários títulos conquistados, foi a primeira brasileira a representar o país no campeonato mundial We B-Girlz, na Alemanha, por dois anos consecutivos. Sua carreira lhe rendeu um lugar no time de jurados do Red Bull BC One. “B-Girls jovens estão vendo mulheres em posição de liderança e ter referências é motivador”.
Bart: Ele nasceu no Ceará, quando criança teve contato com muitos movimentos por meio do Kung Fu e da Capoeira. Aprendeu também a ter disciplina e flexibilidade desde cedo. Mas foram os pulos feitos na areia improvisada que pedia aos vizinhos que o fizeram se aproximar do Breaking. Mateus Melo (22), conhecido como B-Boy Bart, hoje é um dos nomes mais cogitados para representar o Breaking brasileiro nas Olimpíadas de Paris, em 2024. Já participou de muitos eventos nacionais e internacionais. Ele compara a dança a um grande jogo de xadrez e afirma que, além de ter um corpo preparado, é necessário ter estratégias, planejar ações para se chegar no objetivo que se deseja. Sobre as Olimpíadas, fala: “Eu vejo como uma evolução, na verdade, não acho que seja positivo e nem negativo, é somente algo do mercado. Isso já vem acontecendo tem muito tempo. O R16, todos esses eventos que tem, são em ritmo de Olimpíada, de ranking. Existe o ranking de B-Boys tem muito tempo. A Olimpíada entrou para apimentar ainda mais a competição. Acho que nada vai mudar… Como no futebol existem pessoas que jogam pelada e existem pessoas que jogam nos mundiais. Então, acho que vai melhorar muita coisa!”.
Nathana: Ela nasceu em Uberlândia, perdeu o pai com 5 anos em um acidente, mas sempre teve o amor e o carinho da mãe. Começou a dançar com 16 anos e não parou mais. Na sua caminhada, enfrentou preconceitos pelo fato de ser mulher e até escutou comentários que fariam muitas pessoas desistirem da própria dança. Mas ela não! Nathana Vieira Venancio, ou B-Girl Nathana, como é conhecida na cena, sempre foi forte e usou o comentário negativo para crescer e evoluir na própria dança. Sendo uma verdadeira inspiração para quem pretende ir longe no Breaking. Ela participou da E-Battle da Red Bull BC One e vem participando, mesmo em tempo de pandemia, de muitos eventos internacionais. Faz parte de 3 Crews que são We Can Do It B-Girls, da qual é uma das fundadoras, Rock Niggaz e Gangsta Squad, Nathana declara: “As pessoas da minha crew são as minhas inspirações, elas sempre me motivam e falam daquilo que preciso melhorar, críticas construtivas, a importância de ter pessoas lado a lado com você é grande, ter essa ajuda e companheirismo é muito válido, as meninas sempre estão a me passar energias positivas, enfim, sou muito grata a todos da Crew.”
Leony: Ele nasceu em Belém, capital do estado do Pará, que é uma cidade portuária e a porta de entrada para a região do Baixo Amazonas do Brasil. Sempre morou no bairro do 40 Horas. Como todo menino, quando pequeno gostava de jogar bola e brincava na rua até altas horas da noite. Hiperativo, não parava nem um minuto sequer. O que nunca lhe faltou foi energia! Sendo o mais velho dos filhos de Dona Elizete, foi criado com suas irmãs por sua mãe sozinha, mulher guerreira, como ele mesmo relata com orgulho. Aos 12 anos de idade, por influência de um primo próximo, conheceu o Hip-Hop, se apaixonando no primeiro momento pelo movimento Head Spin [Giro de Cabeça], começando sua caminhada de sucesso no Breaking, passando a competir em 2012. Mas foi em 2013 e 2016 que conquistou o título de Melhor B-Boy do país. E, em 2017, foi tricampeão do Red Bull BC One no Brasil. Segundo B-Boy Pelezinho, que foi um dos jurados do evento que deu o segundo título para Leony, ele começou a se destacar por sua autenticidade. Na época, Pelezinho declarou: “sabe muito bem combinar os movimentos. Sua habilidade é impressionante, por isso mereceu mais uma vez o título”. O tempo passou muito rápido e foi generoso com o B-Boy, que gosta de saborear açaí com mortadela em Belém, o consagrando como um dos maiores nomes da sua geração no Breaking, mas também trouxe responsabilidades por ser um B-Boy mundialmente conhecido.
Miwa: B-Girl desde 1999, diretora do grupo de Breaking feminino Bonnitas Crew e da Hotstepper B-Girls, foi uma das primeiras B-Girls brasileiras a ganhar reconhecimento no exterior. Campeã das competições “Sudaka 2007” (Chile), “El Rey del Seven 2 Smoke 2009” (Venezuela) e “KB Battle Original Flavor 2013” (Israel), Miwa também levou para casa o terceiro lugar na “Eurobattle 2008” (Portugal) e o vice-campeonato na competição de trio de B-Girls “UK Bboy Championships 2010” (Inglaterra). Em 2008, participou do Battle of the Year. Como produtora, realizou o primeiro festival feminino de Hip-Hop “FNMH2 Festival” (São Paulo, 2013 e 2014) e é responsável pelo “Elas por Elas” (2012), primeiro documentário brasileiro sobre mulheres no Hip-Hop.
Klesio: Ele é de Brazlândia, cidade satélite de Brasília e começou a dançar Breaking com 13 anos. Não teve uma infância fácil, escondido do pai e da mãe, usava um pedaço do colchão para colocar na touca de giro, para não machucar a cabeça na hora de fazer o Head Spin. O menino cresceu e evoluiu rápido, sendo o ganhador da Batalha Final em 2009, evento tradicional de Breaking que abriu portas para sua carreira na dança, mas foi com 22 anos que ficou conhecido mundialmente, sendo um dos finalistas da mundial do evento “Red Bull BC One”, realizado no Rio de Janeiro (RJ) em dezembro de 2012, o que o fez ser notícia em toda a grande imprensa brasileira. Na ocasião, Klesio batalhou com o Mounir, da França e foi considerado um dos 8 melhores B-Boys do mundo. Ele ainda foi o vencedor do reality show “Vai Dançar”, da Multishow. Hoje mora na Polônia e já ganhou diversas premiações para o Brasil.
Itsa: Com apenas 20 anos, a B-Girl Itsa venceu a etapa nacional do Red Bull BC One e depois foi para Mumbai, na India. “Foi o momento mais marcante da minha carreira”, diz. Itsa faz parte de uma safra de dançarinas que está se unindo cada vez mais para fazer barulho na cena Breaking. “As mulheres farão parte de um cenário que tenha consciência e respeito da sua existência e da sua história no Hip-Hop como civilização”, afirma. “Tem que haver um interesse dos B-Boys em estudar, questionar e aprender com as mulheres da cena.”
Till: O cearense Cleiton Verçosa, 26, conhecido no mundo do Breaking como B-Boy Till, é forte candidato para representar o verde-e-amarelo nas Olimpíadas. Talento e experiência em competições não falta para o dançarino. Membro do grupo Perfect Style Crew, Till disputou o evento Red Bull BC One Cypher Fortaleza nos anos de 2014, 2018 e 2019, sendo campeão da etapa nos dois últimos anos. A seletiva estadual serve como qualificação para o Red Bull One Cypher Brazil, que reúne os vencedores de cada um dos estados brasileiros. Em 2019, foi campeão e garantiu sua participação no Red Bull BC One — o campeonato mundial.
Mini Japa: A paraense Mayara Colins, conhecida como Mini Japa, saiu vencedora da arena montada no prédio do Red Bull Station, em 2018. Foi para a Suíça em setembro e representou o Brasil no mundial do Red Bull BC One. Nascida e criada no bairro Terra Firme, em Belém, Mayara há mais de oito anos se dedica aos movimentos e acrobacias do Breaking. Atualmente, a dançarina faz parte da Amazon Crew, um celeiro de talentos da dança no Norte do país, da qual também faz parte o B-Boy Leony Pinheiro, que já foi tricampeão brasileiro do Red Bull BC One Cypher Brazil.
Luan: Luan Carlos dos Santos é natural de Bauru (SP), disputou a final mundial em Paris. Foi vencedor da final do Red Bull BC One Latin America, em 2014 e finalista do Red Bull BC One World Final. Foi eleito o melhor B-Boy da América Latina e venceu a Red Bull BC One E-Battles em 2018.
Paola: Ela é paulista, mas atualmente mora na França com a família e é uma das B-Girls mais vigorosas do nosso país. Por meio do Breaking teve oportunidade de trabalhar com pessoas reconhecidas na cena e fazer vídeo clipes com Guizmo e Flash Zoom, na França e comerciais. Além de alguns trabalhos com Rashid, Nelson Triunfo, Mr. Kokada.
E o Breaking continua…
A nova geração que representa o Brasil no exterior chega cada vez mais forte:
Sonek: De Catalão direto para o mundo, B-Boy Sonek é considerado o “Príncipe do Power Move Brasileiro” da nova geração: com apenas 10 anos, ele ganhou o 1° lugar na Eurobattle Kids e foi vice-campeão mundial na Power Move Battle. Hoje, com 18 anos, continua treinando e faz parte da Dream Kids Brazil.
Marcin: Também de Catalão, com apenas 15 anos já esteve em Portugal, na França e no Chile. Foi tricampeão da Brazil Batlle Pro e também premiado no Dance Summer Camp, em Portugal.
B-Girl Angel do Brasil: De São Paulo, com apenas 10 anos foi vice-campeã no mundial E-fise Montpellier na França, 2° lugar no Battle Kids Argentina e ficou no Top 10 no Breaking Kids Champion, na Rússia. Também faz parte da Dream Kids Brazil.
Eagle: Foi vice-campeão no B de Dança em Braga, Portugal e ficou entre os Top 16 na Porto World Battle, também em Portugal.
Fotos: Arquivo Pessoal / Reprodução
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O nome que consta na certidão de nascimento é Alex José Gomes Eduardo, ele não poderia ser mais brasileiro. Nasceu numa família alegre de sambistas e capoeiristas em São José do Rio Preto, interior de São Paulo.
Da infância guarda boas lembranças das feijoadas e dos churrascos em família. Criado pela avó, matriarca da família, o menino que não tinha tênis, mas que desde pequeno já mostrava habilidades diferentes e muito especiais, a famosa estrelinha no meio da testa que alguns carregam para esse mundo, filho de mestre de capoeira era bom nos movimentos do corpo e também no futebol, por isso recebeu o apelido de “Pelezinho”, mas seu destino não foi escrito num campo de futebol e nem jogando capoeira mas sim nas ruas.
As rodas que frequentava eram outras, as de Breaking, onde sua grandeza foi reconhecida e conquistada, sendo ponte para o resto do mundo.
Numa entrevista super especial e exclusiva ao Portal Breaking World, B-Boy Pelezinho, que esta semana se posicionou sobre o assunto “Breaking nas Olimpíadas”, contou sua história de vida, suas experiências, conquistas no Breaking, falou sobre a pandemia, sobre amigos que sente saudades, sobre o futuro e mostrou sua preocupação com a nova geração de B-Boys e B-Girls.
Hoje fora das competições, porém comprometido com o Breaking pelo resto da vida, ele sempre lembra: “O Breaking mudou a minha vida e pode mudar de muitas pessoas”.
Com vocês: Pelezinhoooooooo!
BW: Você é de São José do Rio Preto, correto? Queria que você nos contasse: como foi sua infância, sua adolescência e sua vida em família? Que lembranças boas guarda dessa época? Foi uma vida tranquila ou difícil?
Pelezinho: Sim, eu sou de São José do Rio Preto, nascido e criado lá. Eu venho de uma família de sambistas e capoeiristas, eu lembro que, principalmente nos finais de semana, nós tínhamos aquele momento familiar, que tinha música, almoço, churrasco, feijoada. Na infância era bem tranquilo! A minha avó é que era a matriarca da família, ela cuidava de todos! Eu fui criado pela minha avó. Mas a minha família sempre foi aquela família animada! Tenho boas recordações!
BW: E na adolescência, como foi? Quando e como teve o primeiro contato com a Cultura Hip-Hop? O que te chamou atenção nessa cultura?
Pelezinho: Na adolescência, foi um pouquinho mais complicado. Eu saí de casa cedo, era muito jovem e eu conheci o Breaking por meio de um amigo, ele esta numa Cypher aqui no centro da cidade e, na verdade, eu achei que fosse uma roda de capoeira e quando cheguei vi que era uma roda de Breaking e eu fiquei encantado com aquilo. Logo depois, ele fez uma performance na minha escola e foi quando ele me convidou, disse que eu tinha uma facilidade para dançar, a minha família era do samba, então, achava que eu teria muita facilidade. E me fez um convite para treinar na casa dele, isso foi em 1995 ou 1996. E desde então, eu tenho uma história dentro do Breaking.
BW: Com que idade você saiu de São José do Rio Preto? O que sentiu quando chegou em São Paulo?
Pelezinho: Na verdade, eu só sai da casa da minha avó quando eu fui para São Paulo. Na primeira vez foi para um evento de dança, foi aquele choque com a cidade grande, de conhecer mais a galera da dança, porque eu só ficava no interior. Mas quando eu cheguei no evento achei incrível, quando eu vi todas as Crews de São Paulo reunidas. Me lembro que quando os caras chegavam, eles já chegavam batalhando e eu pensei: “puxa, vou voltar para casa e treinar muito, pois eu não quero mais que esses caras fiquem me zoando na dança não…”.
BW: Mas quando houve aquela decisão mesmo em relação ao Breaking? Tipo: “É isso que eu quero para a minha vida”? Porque afinal, você cresceu no meio do samba e da capoeira e também era bom no futebol, daí o nome Pelezinho. Mas quando ficou claro que era o Breaking?
Pelezinho: Em relação ao futebol, foram os amigos do meu bairro que me deram esse apelido na época da escola, porque eu não era o craque e tal (risos), mas jogava bem. E o Breaking eu peguei gosto pela dança, pelos treinos e era algo incrível que eu estava vivendo, eu gostava muito de praticar. As informações já estavam começando a chegar de alguns eventos, surgia alguns convites e comecei a gostar muito do que eu estava vivendo.
BW: Você teve apoio da família quando decidiu se dedicar à dança?
Pelezinho: Naquela época, minha avó não tinha informação, ela estava meio preocupada de eu ficar pela rua, ficar dançando no coreto da cidade com uns caras… Então, eu não tive um apoio, demorou um tempo para que ela entendesse o que eu estava fazendo, mas natural, às vezes eram costumes daquela época, estamos falando de 1995, não existia informação direito como se tem hoje. Realmente ela se preocupou, achando que eu iria por um caminho errado, mau. Mas eu insisti muito e hoje ela fala: “Meu neto é um exemplo!”.
BW: Fale da relação da Capoeira e do Breaking na sua vida. Um completou o outro?
Pelezinho: A relação minha com a Capoeira foi dentro de casa, né? Meu tio era mestre de Capoeira, meu pai era mestre de Capoeira e eles tinham a academia deles e tal e eu fui influenciado, porque eu nasci naquele meio. No meio das músicas, no meio da Capoeira… E eu acredito que a Capoeira tem muita ligação com o Breaking, vários movimentos são semelhantes, tem musicalidade e quando eu comecei a dançar Breaking, realmente alguns movimentos do Breaking foi muito fácil de aprender graças à Capoeira. Eu tive bastante facilidade para aprender o Breaking, claro que teve alguns movimentos que tinham uma dificuldade a mais, porém, falando de equilíbrio, de firmeza, de movimentação de giro, para mim foi mais fácil, então, resumindo, eu fui influenciado pelo meu pai e pelo meu tio, eu só pratiquei a Capoeira por um determinado tempo, eu não peguei corda, não segui da forma que tinha que ser, mas eu tenho um baita respeito pela Capoeira e ela foi fundamental na minha adolescência.
BW: Houve pessoas na dança que o ensinaram e o ajudaram e que também foram inspiração e referência para você? Parece que teve um B-Boy que você admirava muito e tinha o desejo de um dia conhecê-lo pessoalmente. Quem era? E de que país ele é? Esse encontro já aconteceu?
Pelezinho: Ah, sim! Eu falo que no Breaking eu tive essas pessoas, primeiro o amigo que me convidou para praticar na casa dele, depois umas outras pessoas da época, que hoje já nem praticam mais, mas eu tenho, sim. Quando eu vi esse cara dançando, ele se chama B-Boy Remind, um dos fundadores da Style Elements Crew, da Califórnia. Quando esse cara apareceu para nós nos eventos nos Estados Unidos, o Battle of the Year, foi um dos primeiros vídeos que eu vi dele, eu vi o estilo dele dançando e eu acredito que ele mudou todo o cenário da dança, principalmente no Breaking pois ele introduziu um estilo mais carismático, envolvendo alguns passos de House e eu gostei muito disso. E eu tenho um sonho de conhecê-lo. Até hoje eu viajei o mundo e não tive a chance de conhecê-lo, conheci alguns membros da Crew dele, mas ainda não o conheci. E um dia ainda eu vou conhecê-lo, se Deus quiser!
BW: Quando começou a participar e ganhar eventos de Breaking? Que eventos foram especiais para você, antes da Red Bull, é claro? Que conquistas foram memoráveis?
Pelezinho: Eu participei de muitos eventos na minha vida! Mas, um dos que eu mais gostei, foi um que era relacionado a esportes radicais, ele foi feito dentro do Ibirapuera e eu fui campeão do 1vs1, tiveram outros eventos que eu não ganhei, mas foram muito legais. Uma vez eu estava de jurado na Batalha Final e aí eu fiz uma batalha muito memorável. Estava eu e Chaveirinho, nós batalhamos por um bom tempo dentro do evento e aí, depois, nós acabamos fazendo vários trabalhos pelo Brasil, a gente era meio que inimigo antes do BC One, mas claro, o maior reconhecimento internacional foi o Red Bull BC One de 2005.
BW: Sim, falando do ano de 2005, como chegou na final mundial da Red Bull, que aconteceu na Alemanha? Como foi aquela sua primeira viagem para fora do país e o que sentiu naqueles minutos que teve que representar o Brasil numa terra tão distante e diferente?
Pelezinho: Quando eu fui convidado pela Red Bull BC One, eu não tinha noção do que poderia acontecer… Claro que alguns B-Boys que estavam ali eu já via pela fita k-7, pelos DVD´s que já estavam rolando, então, tinha B-Boys que eu admirava, o Lilou já estava despontando na Europa e quando eu cheguei na semifinal, pra mim foi uma batalha apenas, só que eu só fui entender a proporção do que aconteceu comigo quando eu retornei para o Brasil, depois da repercussão que teve e a vivência que eu tive lá na Alemanha, em 2005, foi incrível, pois era tudo novidade pra mim, então, foi a primeira vez que eu saí para fora do país, um evento como aquele, era a segunda edição dele, deu um ‘boom’ na dança… Então, pra mim, foi muita experiência, aqueles 5 dias que eu fiquei em Berlim foi só aprendizado, uma bagagem incrível para poder entender o que poderia vir logo em seguida. Na final mundial em 2006, no Brasil, eu já estava classificado nesse período, eu fui conhecido mundialmente mesmo eu não sendo o campeão, porque na época ainda existia primeiro, segundo, terceiro e quarto lugar. Esses quatro eram classificados automaticamente para o próximo ano, então pra mim foi incrível!
BW: Falando ainda de 2005, como foi batalhar com o B-Boy italiano Cico?
Pelezinho: Então, a minha primeira batalha foi com o Cico, um cara que estava se destacando muito pelos Power Moves que ele vinha fazendo e, principalmente, o Giro de Mão, ali foi uma grande pressão. Como foi a primeira batalha minha, num palco daquele, numa estrutura daquela, pra mim ali foi difícil de verdade! Depois que eu passei do Cico, fui passando… aí eu cheguei na semifinal com o Hong 10, ali eu já estava mais confortável, mas ao mesmo tempo, né [sic], tive alguns errinhos, acabei esquecendo um movimento. O Hong 10 ganhou de mim naquela noite e ele fez a final com o Lilou.
BW: O que sentiu e como foi a sensação de ter chegado tão perto de vencer o mundial? Fale da repercussão de ser o primeiro brasileiro a participar de uma final mundial? Isso fez diferença na sua vida?
Pelezinho: Eu, naquela época, na hora que eu perdi, eu falei: “Nossa! Puxa! Eu quase fui para a final!”. Então, deu aquela frustradinha no momento, mas na verdade, como tinha terceiro e quarto, eu nem pensei muito! Eu só fui pensar mais quando retornei ao Brasil, realmente passou um tempo até a galera descobrir, porque naquela época as informações não chegavam como hoje, que você pode ver ao vivo, demorava um tempinho para chegar as informações dos eventos. O You Tube estava começando, pelo menos para nós aqui do Brasil, aí depois que a galera descobriu, saiu o DVD, aí a repercussão foi uma loucura! A prova disso que até hoje as pessoas lembram, pessoas que não são da dança, pessoas que me encontram na rua, sempre tem um que lembra e fala que assistiu o DVD da Red Bull BC One.
BW: Pelezinho, depois você já viajou para muitos países pelo mundo. A ginga do B-Boy e da B-Girl do Brasil é um diferencial? O que os gringos esperam ver quando tem um B-Boy brasileiro ou uma B-Girl do Brasil numa competição?
Pelezinho: Desde quando os brasileiros começaram a competir no circuito europeu e, principalmente, nesse período de 2005 pra cá, é natural os gringos verem algo diferente, então, eu cheguei com um pouco mais de movimentos acrobáticos, misturando tudo com Power Move, enfim! Aí depois apareceu Neguin, então a galera sempre espera que o brasileiro chegue com um movimento diferente, mas o mais importante é cada dançarino ter o seu próprio estilo, a galera tem que pensar que o nosso passaporte é brasileiro, temos que mostrar o nosso cotidiano… É o que eu falo, a dança já foi criada pelos caras lá de fora, já tinham movimentos criados, é necessário cada um mostrar de onde vem, qual é o seu estilo de dança, a sua marca, então isso é importante.
BW: Como foi sua entrada na Tsunami All Stars e na Red Bull BC One All Stars? Fale da sua experiência dentro dessas Crews?
Pelezinho: Então, sobre a Tsunami All Stars, na verdade, nós a criamos porque na época teve um evento em São Paulo e nós queríamos batalhar e nesse período, Kokada estava sem Crew, eu estava em show com Marcelo D2, Katatau também estava praticamente sem Crew e aí nós participamos de um campeonato em São Paulo. E o Aranha era próximo de nós, porque quando o Chaveiro viajava, o Aranha cobria ou vice-versa, na época do show com Marcelo D2. Aí nós entramos em cinco no campeonato e ganhamos! E depois ficou aquela história que sempre que nós nos encontrávamos em São Paulo, dançávamos juntos e tal, aí o Katatau dançava com o Chaveiro em alguns lugares, o Aranha junto e aí nós só reunimos a Crew quando teve o convite para disputar o R16 na Coreia, quando chegou o convite dos coreanos que eram os ‘managers’ e aí foi quando o Neguin já estava próximo do Katatau, eu convidei o White e o Chuchu e montamos a Crew, aumentamos a Crew e aí participamos do R16, ficamos entre os finalistas e foi esse processo na criação da Tsunami. E o Red Bull BC One All Stars eu participei de duas turnês pela Red Bull Internacional para levar o que o Red Bull BC One estava fazendo, então, fizemos Austrália (2008), Índia (2009) e dali surgiu uma ideia, começamos a conversar com uma manager e aí demos a ideia de criar um time dentro da Red Bull e então criamos o Projeto Red Bull All Stars. Eu ajudei a criar esse projeto, eu, o Lilou e a manager e hoje está aí um dos melhores times que tem no mundo, onde estão os melhores dançarinos do mundo. Atualmente, eu não estou no time para competição, porque eu já sai do circuito de competição já tem um tempo, mas o time está aí, eu ajudei a criar e tenho muito orgulho disso.
BW: Falando um pouco mais sobre quem fazia parte da Tsunami, queria que você falasse de sua proximidade ao Kokada, que era alguém que, sem dúvida, escreveu uma história de muito valor no Breaking e tinha uma personalidade muito singular, deixando um enorme vazio quando partiu aos 35 anos, vítima de uma meningite, em 2012.
Pelezinho: Falar do Kokada pra mim é prazeroso! Porque nós vimemos juntos um período de conquistas, vou lembrar do Kokada lá atrás, quando eu fui para são Paulo a primeira vez, o Kokada já era já o grande B-Boy Kokada junto com o Careca da Detroit Breakers. O Kokada já fazia shows, ele era famoso pelo Brasil todo! E quando eu tive a oportunidade de conhecê-lo, de virar amigo dele e surgiu a história de montarmos a Tsunami, eu o chamava de “mentor”, porque era ele que cuidava das coisas da Crew e, assim, nós vivemos muitas coisas! Kokada teve a sorte de viajar também e de competir, mas no período que ele estava fazendo as coisas não existia muita informação, naquela época então, o momento que o cara estava não existia o contato do Brasil com o pessoal de fora, então, alguns gringos começaram a vir para o Brasil e justamente nesse momento nós estávamos juntos realizando sonhos, mesmo sendo de cidades diferentes. O Kokada foi incrível! O legado que ele deixou está ai e ninguém nunca vai esquecer! Ele era mesmo difícil, era um cara mais complicado (risos), ele tinha o jeitão dele, o gênio dele sempre foi forte, só que nós nos entendíamos muito bem quanto viveu conosco. Mas ele vive em nossos corações! E ele era uma baita de uma pessoa! Até hoje ele faz muita falta! E eu acredito que nos sonhos dele eu o ajudei também, tanto que a primeira viagem dele internacional para o evento R16 fomos eu, ele, Chaveiro, Katatau, Aranha, o Neguin e fizemos parte de uma geração, mas Kokada veio primeiro que nós e é isso! Muita saudade!
BW: Voltando um pouco no tempo, Pelezinho, numa outra entrevista você falou que quando começou a dançar não tinha um tênis… Décadas depois, você foi convidado para assinar um tênis junto com o Sandro Dias e, na ocasião, você falou que queria ver o Breaking e o Skate nas Olimpíadas de Paris 2024. Hoje, creio que você tenha vários tênis e o Breaking está nas Olimpíadas. Se sente realizado?
Pelezinho: Verdade, eu não tinha tênis para dançar, passei por essa dificuldade! Eram tempos bem diferentes! Mas quando eu recebi o convite do Sandro Dias para poder participar do projeto que ele estava iniciando, que ele queria ir pelo lado da cultura, da dança e ele me convidou para fazer a Colab, puxa, eu nunca imaginei isso na minha vida e aí foi quando eu falei numa entrevista que passou um filme na minha cabeça, quando ele me ligou para me convidar, ele era o dono da marca e eu aceitei na hora. Ele tinha um sócio, mas eu aceitei na hora! Hoje eu tenho um tênis assinado, modelo 1, já tem um projeto do modelo 2, já era para ter saído ano passado. Sim, graças a Deus hoje eu tenho muitos tênis (risos) e sobre as Olimpíadas é uma coisa que nós não imaginávamos que pudesse acontecer, ter o Breaking nas Olimpíadas. Eu sou a favor! Eu acho que está aí, já está concretizado, eu acredito que é mais uma porta se abrindo dentro do cenário da dança mundial, muitas pessoas terão oportunidades. Eu sei que aqui no Brasil têm acontecido muitas conversas, mas as coisas negativas devemos deixar para trás e pegar as coisas positivas das pessoas que têm o mesmo interesse, que isso possa trazer mais informação para quem não tem e isso vai agregar muito para a nova geração. Eu costumo falar para a galera que não é porque eu não tive lá atrás que eu deva embarreirar a nova geração, eu sou a favor mesmo do Breaking nas Olimpíadas e fiquei muito feliz!
BW: Falando sobre as Olimpíadas e sobre toda a discussão em volta desse assunto, fale sobre suas impressões sobre esse elemento do Hip-Hop virar um esporte olímpico. Na sua opinião, estamos preparados para viver isso? Normalmente atletas olímpicos levam anos se preparando para uma participação numa Olimpíada. E nós, como estamos? Ao seu ver, temos B-Boys e B-Girls brasileiros prontos e bem preparados para brigar por uma medalha olímpica?
Pelezinho: Espero que com toda essa situação que está acontecendo, que o Brasil possa ter representante em 2024, porque já não teve nos Jogos da Juventude, espero que as pessoas se organizem, fazendo a sua parte e quem estiver no comando que faça de verdade, que pense no Breaking, na dança Breaking e não no próprio bolso. Pelo amor de Deus! Estamos em 2021, estamos dentro de uma pandemia, muitas coisas mudaram, muitas não serão mais a mesma coisa! Então, por favor! Precisamos fazer de verdade e principalmente para a nova geração! Olha, sendo bem sincero sobre o que vem acontecendo no Brasil, eu ando observando, não tenho participado de muitos bate-papos que estão tendo pelas redes sociais, só participei de duas que eu achei interessante e no meu olhar, o Brasil já está começando atrasado, porque eu já vou entrar: desde os Jogos da Juventude e dos simulados que tiveram na China e o Brasil não estava ali como convidado, então, estamos começando tarde, porque precisamos preparar, tem que ter mesmo toda uma estrutura, eu sei que as pessoas vão fazer do modo deles. Mas preparados na parte de dança: Sim! Temos B-Boys e B-Girls que possam disputar medalhas para o Brasil, mas tudo depende de toda a estrutura e logística que será montada aqui no Brasil, de como será, se vai convidar os B-Boys e as B-Girls direto ou se vai fazer etapas. Então, dando uma resumida, eu acho que já estamos atrás dos outros países: o Japão já tem o time pronto, a Holanda praticamente também, a França, EUA, a China… E o Brasil ainda não está! Quem estiver na frente tem que fazer de verdade! E resolver tudo o mais rápido possível, porque esse ano já descartamos praticamente, então, só sobra 2023 e 2024. Porque até o processo todo ser feito com a estrutura… Estou falando da minha visão como dançarino e como produtor e criador de eventos. Essa é a minha opinião!
BW: Verdade que você se posicionou sobre o assunto e agora faz parte da Confederação Brasileira de Breaking (CBRB). Você gostaria de falar sobre isso?
Pelezinho: Eu tive uma conversa com o Rooneyoyo e juntamente com o HP, estamos nos posicionando para participar junto com o Rooneyoyo, porque eu acho que juntos podemos conduzir coisas melhores para a nova geração.
BW: Falando sobre sua experiência como jurado… Hoje em dia, Pelezinho, você participa de muitos eventos. O que você gosta de ver numa batalha e o que você acha inaceitável na mesma?
Pelezinho: Sobre as batalhas, como jurado eu gosto de ver aqueles B-Boys e B-Girls que mostram movimentos, que sejam completos: musicalidade, criatividade, movimentos básicos. Mas eu gosto sempre daqueles dançarinos que percebemos aquela vontade de competir, que vai lá, que expressa a dança dele, que mostra movimentos surpreendentes sem errar, porque tem movimentos que jurado pega erros. Enfim, eu gosto dos completos no Breaking! Gosto de ver movimentos diferentes e interessantes para julgar, porque o nível da batalha fica avançado. E coisa que eu detesto ver é a má vontade de alguns dançarinos quando estão em competição, tem dançarino que parece que não está a fim… Aí eu pergunto: “Por que participou, então? Por que se inscreveu?” E outra coisa é essa história de questionar jurado, no passado já questionei também, só que eu acho desnecessário hoje em dia, de tanta informação que temos, nós precisamos respeitar os jurados que estão sentados ali, porque têm uma bagagem, então vamos respeitar. As pessoas precisam entender que numa competição estão sujeitos a serem julgados, então, vai lá, treina e seja o mais transparente possível para o jurado e mostra o porquê quer ser campeão!
BW: Com a pandemia e todo o isolamento necessário, o que você tem feito? O que acha das batalhas on-line? É uma tendência?
Pelezinho: Sobre a pandemia, eu acredito que foi um aprendizado para várias pessoas, estamos nela ainda! Nesse período eu tive que me reinventar, me readaptar a essa realidade que estamos vivendo. Sobre as batalhas on-line, claro que não é a mesma coisa, não é a mesma energia, de estar ali na Cypher, naquele calor todo, mas é um meio de manter a galera em atividade, em competição, até mesmo dando suporte para eles, porque teve alguns eventos on-line bacanas! Pela produção, pelo o que fizeram e acabou ajudando vários B-Boys e B-Girls, então, eu sei que isso pode continuar. Alguns eventos vão manter on-line e a pandemia é uma coisa muito triste, que ninguém imaginou que ia passar nesse plano de vida, mas ela é um aprendizado para muitas pessoas e quem não se adaptar, nem imagino o que vai fazer da vida.
BW: Você tem uma frase célebre: “O Breaking salvou a minha vida”. Comente a importância do Breaking como ferramenta de transformação.
Pelezinho: Sobre o que eu falo do Breaking ter mudado a minha vida, realmente ele mudou, ele fez uma transformação tremenda! Eu fiz coisas que eu jamais imaginei que eu iria fazer! Por meio da minha dança, eu viajei praticamente o mundo todo e sou uma pessoa conhecida através do Breaking. Financeiramente foi bom pra mim, consegui ter algumas coisas, mas o que eu mais falo é que nada disso teria acontecido se não fosse a minha vontade, a determinação que eu tive e toda a história que eu tenho há mais de 20 anos dentro do Breaking. Então, quem quer alguma coisa, principalmente dentro do Breaking, a galera nova, da nova geração, que vocês têm tudo, rápida informação, eventos, então aproveitem, porque na minha época que eu comecei a dançar nós não tínhamos nada disso! Aproveitem as oportunidades! Porque as poucas que eu tive aproveitei todas! E corri muito atrás! E foi nisso que o Breaking mudou a minha vida e pode mudar de outras pessoas também.
BW: Hoje quem é o Pelezinho? Você pensa em um dia parar de dançar?
Pelezinho: Pelezinho hoje é essa pessoa aí que a galera está vendo, que o Breaking deu uma visão de transformação e também de ajudar, porque o que venho fazendo hoje em dia é ajudar a cena, principalmente o Breaking. E sobre parar de dançar, eu não me vejo parando, como vou parar algo que amo fazer? É natural com o tempo desconectar algumas coisas, eu não me vejo competindo mais, mas eu adquiri uma bagagem que posso ajudar a nova geração aqui no Brasil.
BW: Para finalizar essa entrevista, que conselhos você daria para a nova geração de B-Boys e de B-Girls?
Pelezinho: Respeitem as oportunidades que vocês têm agora, se desejam competir, treinem para isso e aproveitem as oportunidades, que façam isso de verdade! Para aqueles que desejam uma vida de atleta, principalmente agora que têm vários eventos, Olimpíadas: se preparem! Nunca esqueçam que a nossa dança é uma cultura e se você desejar, pode viver como um dançarino atleta também, você pode se dedicar, você pode praticar, você pode se proteger. Se eu tivesse a mentalidade que eu tenho hoje, com certeza eu teria competido por mais tempo, eu também poderia ter evitado algumas lesões, porque é natural, somos seres humanos e não somos máquinas e, devido alguns anos repetindo movimentos, é natural ter um desgaste, só que de alguns anos para cá, já podemos proteger isso, então, vá atrás de uma pessoa que possa te dar uma educação física como dançarino, para que você possa ter sua vida como dançarino e, se desejar, como atleta também. Respeitem e aproveitem o que vocês têm hoje, pois tudo está mais fácil!
Fotos: Arquivo Pessoal / Red Bull Content Pool (Fabio Piva, Yassine Alaoui, Dimitri Crusz) Vídeos gentilmente cedidos pela Red Bull
Pelezinho comemora seus 20 anos de dança
B-Boys Pelezinho, Lil G e Kokada no projeto "B-Boys In Motion" - 2011
Pelezinho: #RespeitaOBreaking
Pelezinho além de B-Boy é MC, jurado e produtor
Pelezinho e o tênis com sua assinatura
Neguin e Pelezinho: geração de vencedores
Pelezinho, Lilou e Neguin
Red Bull BC One All Stars
"Mister" Kokada, Lilou e Pelezinho
Tsunami All Stars
Pelezinho
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Planejamento, disciplina, foco e estratégia são fundamentais na vida de quem deseja ser um campeão, garante B-Boy Bart
Ele nasceu no Ceará, quando criança teve contato com muitos movimentos por meio do Kung Fu e da Capoeira. Aprendeu também a ter disciplina e flexibilidade desde cedo. Mas foram os pulos feitos na areia improvisada que pedia aos vizinhos que o fizeram se aproximar do Breaking.
Mateus Melo (22), conhecido como B-Boy Bart, hoje é um dos nomes mais cogitados para representar o Breaking brasileiro nas Olimpíadas de Paris, em 2024.
Ele compara a dança a um grande jogo de xadrez e afirma que, além de ter um corpo preparado, é necessário ter estratégias, planejar ações para se chegar no objetivo que se deseja.
O Portal Breaking World teve o prazer de conversar com ele na primeira semana do ano de 2021. E olha, aperte os cintos pois esse B-Boy não dança, ele voa! Fique por dentro do que rolou nessa conversa:
BW: Queria que você falasse um pouco da sua infância, onde e como foi? Como era o Mateus criança?
B-Boy Bart: Eu sempre me movimentei muito quando criança! Tive muito contato com os movimentos. Fui muito influenciado pelo meu pai, que era do Kung Fu e também pela Capoeira. Dessa época, eu ganhei a disciplina e a flexibilidade. Conheci a Capoeira foi na curiosidade mesmo. Fiquei num grupo chamado Zumbi por menos de 1 ano. Aí eu entrei em outro grupo, porquê a minha vontade era pular e nesse outro grupo eu conheci pessoas que pulavam muito. Quando começava a passar cordas, essas coisas, eu saía pois não era o meu foco.
BW: Quando você teve o primeiro contato com a Cultura Hip-Hop? Como surgiu o Breaking na sua vida?
B-Boy Bart: Eu e alguns meninos da minha idade jogávamos sempre futebol e teve um dia, um iluminado que apareceu, um bêbado e ele disse que ia mostrar umas coisas que nós não sabíamos fazer e deu um mortal! Lógico que, como ele estava muito bêbado, caiu, mas depois daquilo nós falamos: “Nossa, é isso!”. Aí começamos pegar areia de um canto e de outro, de um vizinho aqui, de outro ali, para poder treinar mortal. Eu deveria ter uns 10 anos. Tudo isso aconteceu em Fortaleza. Passado algum tempo, eu me mudei. Meu pai ficou desempregado, nós vendemos a casa, fomos morar em outro bairro perto da Serrinha e lá, quando eu cheguei, eu não estudava, devido a problemas com papéis e tal… E, na verdade, eu também não queria naquela época. Então, eu e meus irmãos ficamos sem estudar um tempo. Meu irmão sempre existiu e esteve presente na minha vida! No mortal, na capoeira, em todos os momentos. E aí, chamei ele e disse que deveríamos ir atrás, naquele bairro, de algum lugar que tivesse Breaking, pois não poderíamos ficar parados. Então, descobrimos o “Programa Escola Aberta”, foi ali que tudo começou. Era como se abrisse a escola no final de semana, jovens e crianças podiam ter contato não só com o Breaking, mas com o Totó (Pebolim) e várias brincadeiras de criança. Eu ia pelo Breaking mesmo. Mas eu ia olhar. Eu sempre fui assim, de olhar primeiro, de observar, ver como é a movimentação, treino em casa e depois fazia fora. Mas foi após o meu filho nascer e eu me ver sem estrutura que realmente eu vi que aquilo era pra mim. Eu sempre tive disciplina, desde cedo e quando meu filho nasceu eu vi que precisava fazer alguma coisa, então, foquei no que eu mais gostava, que era dançar. E, em 2015, comecei a participar de muitos eventos, o primeiro evento foi o “Intime”, da Igreja Bola de Neve, “1vs1”, que dava vaga para um outro evento em Exu, em Pernambuco, com tudo pago. Eu ganhei e fui para lá. E isso foi muito marcante, a primeira vez que participei, ganhei e fui para uma outra cidade que ganhei também. Então, eu vi que era isso mesmo que eu deveria escolher na minha vida. Em 2015, eu saí ganhando todos os eventos. Eu tinha apenas 16 anos.
BW: Houve pessoas que foram referências para você na dança? Alguém te ensinou a dançar Breaking?
B-Boy Bart: Que me ensinou a dançar, não. Existiram aquelas pessoas que me davam um toque, falavam de um movimento… Agora, um treinador, não! Inspiração? Desde 2005, o Pelezinho foi um furacão que aconteceu.
BW: Como sua família via a sua relação com o Breaking? Você teve apoio da família?
B-Boy Bart: No começo, não tanto. Para eles, eram só pulos. Eles não tinham noção no que ia dar tudo isso. Só tiveram quando eu comecei a competir e ganhar! Mas, também, eles não falavam nada, mas para eles era perda de tempo.
BW: No tempo de aprendizado do Breaking houve dificuldades ou movimentos mais difíceis de aprender? Quais? Como foi a sua preparação para chegar onde chegou?
B-Boy Bart: Tiveram momentos que realmente foram mais chatos, principalmente nos freezes. Toda pessoa que dança Breaking tem um lado mais forte, no meu caso, foi fazer os movimentos nos dois lados. Para passar de um lado que era mais forte para o outro foi trabalhoso, porque até eu poderia ficar torto fazendo os movimentos só de um lado. Essa transição de aprender fazer as coisas para os dois lados foi muito chata, mas necessária. Tipo Chair, doía muito! Na hora do treino eu não sentia, mas depois doía muito! Mas eu precisava chegar no meu objetivo.
BW: Em outras danças é bem normal escutar os dançarinos falando de dor aqui e dor ali. Meio que faz parte da vida do dançarino… Como você vê isso?
B-Boy Bart: Sim, a dor caminha junto e faz parte da vida de quem dança. Sempre que um B-Boy ou uma B-Girl ganha um evento, você vai ver depois: parece que houve um esgotamento. Toda hora tem dor e tem que dançar sempre mais do que dança. É real! É necessário superar os limites para ser campeão! A dor significa muitas vezes que você está chegando perto dos seus objetivos!
BW: A maioria dos seus movimentos são de impacto, de poder. Como você prepara o seu corpo para isso?
B-Boy Bart: Eu treino normalmente com a galera do meu grupo e também treino com a galera de outros grupos. Mas penso que o que me diferencia é que eu já chego no treino treinado. E saio do treino ainda tem mais um pouquinho de treino. O Breaking é o meu estilo de vida. Eu acordo cedo, faço alongamento. Dia sim, outro não, eu corro. Eu sou vegetariano, comecei com vegano três anos atrás. Antes dos eventos, fazer a dieta vegana ajuda muito! A diferença no rendimento é muito rápida, esse tipo de comida traz leveza, mais explosão, define muito mais a musculatura. Mas de vez em quando podemos sair um pouco disso e comer coisas boas, merecemos isso (risos). Mas nunca antes de evento.
BW: Em 2018, você foi campeão brasileiro do Red Bull BC One, nos conte o que você sentiu naquele momento que saiu o resultado? Passou um filme na cabeça? Para você já era algo esperado?
B-Boy Bart: Esperado não era, mas eu tinha uma intuição que poderia acontecer e quando aconteceu, eu falei: “Caramba eu vou para Zurique!”, e pensei, “vamos ver o que é o Breaking do outro lado do mundo”. Naqueles dias, a Europa estava com muito Breaking! Para mim, batalhar com outras pessoas, até com a dança maior que a minha, me levou para um outro nível. Foi algo empolgante demais! Eu treinei com eles, eu comi com eles e o Leony estava lá comigo, me motivando, naquele evento ele foi Top 16. Então, ele falava: “Vamos lá, falta mais um!”. Ele é um cara muito amigo, humilde e ele fez eu me sentir mais seguro, porque eu estava em outro país, só tinha ele, então, ele me dava força. Tinha também Pelezinho e Neguin, mas não estavam perto, não tinha como ter uma conexão.
BW: Bart, você tem a experiência de ser dançarino da internacional Flying Steps. Como foi sua entrada na companhia? Fale um pouco do tempo junto com os outros dançarinos, dos ensaios, dos espetáculos antes da pandemia e o que você faz para atingir o seu melhor desempenho.
B-Boy Bart: Sim, eu trabalho com eles e com uma outra da Alemanha. Quando comecei, eu já cheguei chegando, tinha 45 shows para fazer. Nesse mundo, tem uma séria de coisas, tinha uma orquestra tocando ao vivo, tinha bonecos gigantescos, tivemos 1 mês e meio para criar tudo. Era de segunda a sábado, de 8h até 19h ensaiando. Nesse tempo, eu não falava muito inglês, mas depois de 1 semana, eu me virei e ainda eu morava com três deles, então, nós só pensávamos na dança, no espetáculo e no que íamos fazer. E isso me ensinou muito a ser regrado, a ter paciência com processos de montar movimentos. Eu consegui trazer isso também para o meu Breaking. Pra mim também! Eu estava treinando para batalhas futuras e estava mesclando tudo. A experiência foi muito boa! Foram 45 espetáculos e muito ensaio. Foi um grande aprendizado, único na minha vida, que guardo até hoje.
BW: Você falou que muita coisa você levou para o seu Breaking. Qual a importância de diversificar movimentos, de buscar algo novo e trazer coisas diferentes para as sessions?
B-Boy Bart: É muito importante você ter um arsenal gigantesco de movimentos. Porque você mostra confiança, atitude e personalidade na dança. Hoje já se olha a execução dos movimentos nos eventos. Com a possibilidade de você colocar tudo que traz na dança, você chega mais perto do ser original, mostrando variações.
BW: Em 2019, você participou do mundial da Red Bull em Mumbai, na Índia, junto com mais 2 brasileiros. No seu caso, você foi convidado pela organização a entrar diretamente na decisão, como um dos finalistas ‘wildcards’ do evento. Como foi sua participação? Nos fale sobre o resultado e suas impressões.
B-Boy Bart: Três semanas antes desse evento, eu tinha participado de um outro na Bélgica e eu já sabia que estaria no Top 16 da Red Bull em Mumbai, em 2019. E eu tinha que destruir na Bélgica para eu chegar em Mumbai. E foi o que aconteceu, eu cheguei na final na Bélgica e foi totalmente gratificante, muita gente assistiu e aquilo levantou o meu astral. E cheguei na Red Bull mais tranquilo, estava tudo muito fresco na minha cabeça, por mais que a pressão seja muito, mais muito grande mesmo… a pressão psicológica é muito alta, mas eu me senti bem. Cheguei lá, perdi para o Killa Kolya na semifinal, no ano de 2018 eu ganhei dele. Então, eu cheguei na semifinal achando que ia para a final, pois eu já tinha ganhado dele. Eu perdi, mas nós estamos ainda no 1 a 1 (risos). Ainda tem muita coisa pela frente na próxima para ganhar!
BW: E falando de tempo… Que tempo sobra para sua família? Você tem filho! Como administra tudo isso?
B-Boy Bart: É um mix de coisas! Nem todos os dias são iguais e fazemos o estilo brasileiro mesmo (risos). Eu tento estar com a minha família e ao mesmo tempo treinar. Meu filho tem 5 anos e é bem tranquilo. Deus mandou a criança perfeita para mim! (risos). Quando ele vê que cheguei de viagem, sempre vem “papai, trouxe alguma coisa para mim?”, ele já pratica alguma coisa de capoeira, mas no tempo dele…
BW: Bart, muitos B-Boys e B-Girls brasileiros não vivem da dança. Que conselhos você pode dar para quem pretende viver da dança?
B-Boy Bart: Planejamento. Planejamento é tudo! Saber o que você vai fazer, como você vai ganhar dinheiro e manter o foco. Tem que participar de eventos, afinal, eventos são vitrines. Você tem que batalhar. Planejar o seu ano tipo um ano antes. É algo fundamental!
BW: O que você tem feito em todo esse tempo de pandemia? Como tem treinado? Como acha que será o “novo normal” da vida de um B-Boy ou de uma B-Girl pós-pandemia?
B-Boy Bart: Eu tento fugir da depressão, tento me manter feliz. Estou no Brasil, em Fortaleza, morando com a minha noiva, continuo treinando dia após dia, colocando minha mente em outras coisas, como redes sociais, YouTube, navegando e estudando áudio visual, cuidando da minha casa e treinando mortal.
BW: Sim, falando sobre o mortal, é verdade que os gringos quando veem os brasileiros dançando, eles aguardam o mortal? Como uma marca nossa?
B-Boy Bart: Eu acho que é porquê temos muitos B-Boys capoeiristas. Isso é Brasil! Eles já esperam por causa disso, seja como Pelezinho, Neguin ou Bart. Eles sabem que com nós é mais embaixo (risos).
BW: Muito tem se falado de Breaking nas Olimpíadas. O que você acha sobre isso? Algumas pessoas criticam e falam da possibilidade de se perder a essência da cultura por ser, agora, também um esporte. Como você vê isso?
B-Boy Bart: Eu vejo como uma evolução, na verdade, não acho que seja positivo e nem negativo, é somente algo do mercado. Isso já vem acontecendo tem muito tempo. O R16, todos esses eventos que tem, são em ritmo de Olimpíada, de ranking. Existe o ranking de B-Boys tem muito tempo. A Olimpíada entrou para apimentar ainda mais a competição. Acho que nada vai mudar… Como no futebol existem pessoas que jogam pelada e existem pessoas que jogam nos mundiais. Então, acho que vai melhorar muita coisa!
BW: Como você imagina que será para um B-Boy ou uma B-Girl dançar numa Olimpíada? Como a nova geração deve se preparar para isso?
B-Boy Bart: Aqui nós somos ainda muito samba. Estamos ainda presos em algumas perguntas: tem isso? Tem aquilo? Tem incentivo? O pessoal lá fora está se preparando, enquanto aqui temos que ser competidor e também ensinar, talvez isso aconteça com a nova geração… Será que respondi essa pergunta?!?
BW: Bart, seu nome tem sido lembrado o tempo todo na imprensa e nas grandes mídias. Então, vou direto ao ponto: Você se sente preparado para representar o Brasil numa Olimpíada e trazer uma medalha para casa?
B-Boy Bart: Estou sim! (risos). Eu venho me preparando para isso. Vejo o Breaking como um jogo de xadrez, tem que usar a cabeça e muita estratégia. O momento conta muito! Mesmo que eu não tenha treinado no dia anterior, eu não fico mais do que uma semana sem treinar. Nas oportunidades, precisamos estar “okay” e eu estou preparado!
BW: Na sua opinião, temos mais brasileiros preparados para o pódio?
B-Boy Bart: Sim, temos! O Brasil é potente no Breaking, todo brasileiro tem uma chavezinha que mostra algo a mais.
BW: Quais são seus planos para o futuro?
B-Boy Bart: Praticar Breaking, participar de eventos, voltar a fazer shows na Europa e me manter preparado para as Olimpíadas! O meu foco agora é esse! Estou rezando para que tudo volte ao normal.
BW: Que mensagem você deixaria para os B-Boys, B-Girls do Brasil? E o que você diria para a nova geração do Breaking que o tem como uma grande referência?
B-Boy Bart: Nossa, que pergunta! Preciso pensar… Complicado inspirar as pessoas… Penso que o Breaking deva ser passado para a nova geração, quanto mais passado, mais vamos fortalecer o Brasil. Mas aconselho que tenham planejamento, que sejam persistentes e teimosos, sempre treinar além do que já existe e do que se vê: é isso!
Fotos: Arquivo Pessoal
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Na última quinta-feira (1), aconteceu o primeiro debate das eleições de 2020 na Band TV. Foram convidados os candidatos Andrea Matarazzo (PSD), Arthur do Val (Patriotas), Bruno Covas (PSDB), Celso Russomanno (Republicanos), Filipe Sabará (Novo), Guilherme Boulos (PSOL), Jilmar Tatto (PT), Joice Hasselmann (PSL), Márcio França (PSB), Marina Helou (Rede) e Orlando Silva (PCdoB). O debate foi realizado sem plateia por causa da pandemia de Covid-19 e foi marcado por muitos números imprecisos, falta de conhecimento, informações desencontradas e atitudes preconceituosas.
Exemplo da lambança já esperada, foram mais uma vez as declarações do candidato Arthur do Val (Patriotas), antes do debate ele publicou no Instagram um vídeo de preparação com uma paródia do pugilista Rocky Balboa se preparando para uma luta, como na série de filmes estrelados por Sylvester Stallone. Na chegada à TV Bandeirantes, ele afirmou que não vinha para brigar, mas o que fez foi bem diferente do seu discurso. De cara, criticou Bruno Covas (PSDB), que disputa a reeleição, Celso Russomanno (Republicanos), que lidera as pesquisas e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
Mas o pior dos momentos foi quando começou a falar da Escola 360, que segundo ele estaria aberta finais de semana e nas férias e com descaso começou a atacar a Cultura Hip-Hop, dizendo: “Os filhos das mães da periferia terão seus filhos dentro da escola e não gastando energia com aulas de picho e de break dance”. Essa frase foi o estopim para uma enxurrada de reações imediatas de revolta e indignação entre artistas, federação representativa e praticantes da cultura.
Numa nota de repúdio, a Federação Paulista de Breaking (FSPB) por meio de seu Vice-Presidente Rooneyoyo se pronunciou e entre muitas coisas escreveu “…o candidato demonstra total desconhecimento da realidade das comunidades periféricas, sendo uma cultura de transformação social, tirando milhares de crianças e jovens de situações de risco, da criminalidade e traz para áreas vulneráveis a educação, a cultura, gerando oportunidades. O Breaking e não o “break dance” falado erroneamente pelo candidato ao se referir a essa importante expressão cultural, assim como o Graffiti e todos os elementos dessa cultura, salvam vidas todos os dias. É lamentável que uma pessoa que proclama a educação como um dos pilares de seu plano de governo tenha uma visão social tão limitada, preconceituosa e distante da realidade urbana de São Paulo. Isso só reafirma a dúvida sobre sua capacidade como político e gestor para postular o cargo de Prefeito de São Paulo”. A Federação, além de divulgar a nota de repúdio, criou um abaixo-assinado que está circulando entre os artistas da cultura e está tomando as atitudes judiciais cabíveis.
Ainda, outros artistas se manifestaram, como o B-Boy Pelezinho, que foi o primeiro B-Boy brasileiro a chegar na final mundial da Red Bull BC One, ele gravou uma mensagem em vídeo: “Cara, você tem que ter respeito pelas pessoas, a dança Breaking mudou a minha vida e de muitos jovens, isso que você acabou de falar na televisão e na rede social eu acho que você não está preparado e nem capacitado para assumir cargo nenhum. Você tem que respeitar apenas isso! Você pode ter certeza que o que você fez a dança vai te cobrar! Espero que você pense no que falou e respeite a nossa cultura!”.
No Instagram, o B-Boy Neguin, outro grande B-Boy brasileiro, ganhador da Red Bull BC One Mundial, consagrado globalmente por sua dança, escreveu: “Quanto audacioso e infeliz você é em desrespeitar a cultura universal em rede nacional meu caro. Aulas de “break dance” me levaram para 139 países, consulte com o maior centro financeiro da América Latina quanto custa para um cidadão viajar para essa quantidade de países, falo 4 idiomas, tenho dupla cidadania, sou um dos artistas mais reconhecidos e requisitado mundialmente por sempre representar o nosso país em diversas áreas e em todos os meios artísticos. Sou campeão mundial de “break dance” patrocinado pela Red Bull há 13 anos. Levo a Capoeira, o Graffiti e o Jiu-Jitsu onde vou, isso salvou minha vida e de milhares de outras pessoas também. Espero que você reflita e corrija as asneiras que falou pois sua ignorância é realmente inacreditável”.
O B-Boy Ricka, da lendária Back Spin Crew, comentou: “Eu acabei de ver um vídeo de um tal de Arthur de um canal chamado “Mamãe falei” que fala do “break dance” de forma pejorativa. Meu amigo, não é “break dance” você nem sabe o que está falando! É Breaking, um dos elementos da Cultura Hip-Hop, que é uma cultura mundial que movimenta o sonho de pessoas, sonho da periferia, que faz com que as pessoas sejam protagonistas da sua própria história. Você está falando do Hip-Hop, mano! Hip-Hop dá oportunidade para pessoas e resgata vidas. Você está querendo um cargo na maior cidade do país, você quer ser prefeito de São Paulo, então você tem que saber o que está falando. Nós somos atuantes através do Breaking e dos outros elementos na periferia, onde pelo jeito você nunca pisou. Antes de falar do Breaking você tem que ter conhecimento que tem toda uma comunidade por trás que vivem isso todos os dias. O Hip-Hop é uma cultura que sustenta pessoas, emprega pessoas, nós temos economia criativa você não tem noção do que está falando. Nós estamos presente onde você não está! Você tem que fazer a lição de casa, se você quer conduzir uma cidade como São Paulo você tem que respeitar todas as culturas e todas as pessoas, tem muito a aprender com a Cultura Hip-Hop”.
Fabgirl, uma das mais conhecidas B-Girls brasileiras, representando as mulheres do Hip-Hop, também falou: “Tem um meme do Caetano que cabe muito bem nesse momento, você é burro cara, o que você está falando é burrice, não consigo te compreender, nós que somos do Hip-Hop sabemos muito bem o poder que a dança, o Graffiti, o DJ e o MC tem na vida das pessoas, entra governo e sai governo e nós continuamos fazendo o nosso trabalho”. Ainda B-Boy Till, de Fortaleza, explanou: “Eu sou apaixonado pelo Breaking e não entendi sua atitude de agredir o Hip-Hop, que tira tantos jovens da criminalidade”.
As declarações do candidato chegaram no exterior, em alguns B-Boys que representam a cultura lá fora. B-Boy Kid Guma, que está na França, também gravou um vídeo mandando o candidato respeitar o Breaking e a Cultura Hip-Hop. Ele disse: “Hoje eu vivo através do Breaking na Europa, se você não sabe o valor que o Breaking tem vai fazer uma pesquisa, vai estudar sobre a cultura periférica”. B-Boy Luka escreveu: “Primeiro vem a gratidão de ter conquistado tudo através do Breaking. A minha dedicação e investimento nesse elemento me trouxe vida, a disciplina, algo que vou levar para toda a vida…”. Ainda muitos outros B-Boys e B-Girls comentaram, entre eles B-Boy Leony, B-Boy Kamal, B-Boy Buxexa.
A nova geração também se manifestou. B-Boy Eagle, de 13 anos, da Dream Kids Brasil, lembrou: “Somos uma cultura forte no mundo inteiro, no Breaking aprendemos a respeitar, a ganhar, a perder, a ter disciplina, a ajudar o próximo e principalmente a não pensar limitado como você. Breaking é vida, família e valores que eu tenho com 13 anos e você até hoje não aprendeu essa lição. Que vergonha de você!”.
O DJ Heliobranco também se expressou: “Eu tenho 35 anos de Hip-Hop e eu nunca vi tanta asneira de alguém que se propõe a ser representante do povo da capital paulista, uma das três maiores cidades do planeta. Você se deu mal comigo, mano. O Hip-Hop é pelo social. O Sr. Arthur do Val não me representa! Eu sou do Hip-Hop All Stars, o pessoal do Hip-Hop de São Paulo não apoia o senhor!”.
Algumas mídias especializadas na Cultura Hip-Hop também comentaram. Em Ipatinga (MG), o responsável pelo Portal de Cultura Urbana, B-Boy Luizin, falou: “Vai estudar, irmão, o que é a Cultura Hip-Hop, o que é o Breaking. O Breaking salvou a minha vida. Você falou besteira e a Cultura Hip-Hop vai te cobrar tenha certeza!”. O Portal Breaking World também fez uma nota de repúdio às declarações do candidato. A jornalista e editora do Portal Breaking World, Luciana Mazza, escreveu em sua rede social: “O Breaking e o Graffiti são também manifestações sociais importantes e legítimas. O Breaking foi lembrado pelo Comitê Olímpico Internacional para se tornar modalidade olímpica em Paris 2024, só no Brasil temos mais de 40 Campeões Mundiais de Breaking em diversos campeonatos espalhados pelo mundo, nas várias modalidades que o compõem. E o Graffiti está presente nos principais centros urbanos, financeiros e artísticos do mundo, como na Times Square, em Nova York, em San Diego, em Londres ou na Paulista, no Brasil. Veja, sou jornalista, cineasta, editora de um portal de Breaking, sou mãe de B-Boy e de B-Girl e tenho muito orgulho de dizer que os meus filhos pertencem à Cultura Hip-Hop! O Breaking foi uma das melhores escolhas de suas vidas! Jamais podemos nos calar diante de palavras tão inadequadas e preconceituosas! Enfim: Respiramos arte, educação e não preconceito! Caro Deputado desprezível: “Mamãe falei besteira!”, respeite o Breaking, respeite o Graffiti, respeite a Cultura Hip-Hop, respeite a vida e os cidadãos paulistanos de bem!”, concluiu.
Sobre as declarações de Arthur do Val, algumas personalidades se manifestaram, como a sambista Leci Brandão. Ela em vídeo opinou: “Minha galera querida do Hip-Hop, estou passando para reforçar o quanto que eu respeito a cultura de vocês, não tem outro gênero musical que fale mais da realidade das comunidades do que o Rap, nós temos DJ’s, grafiteiros e breakers conhecidos no mundo inteiro, a cultura Hip-Hop salvou e continua salvando muitas vidas, cuidando da juventude. O Breaking inclusive está nas Olimpíadas e nós temos o Dia do Breaking que está lá na ALESP”, finalizou.
Não é a primeira vez que o candidato e também youtuber Arthur do Val se envolve em polêmicas, no mês de setembro foi condenado pela justiça quando publicou vídeos antes do início da campanha eleitoral, acusando o Padre Julio Lancellotti. A Justiça Eleitoral determinou que essas publicações de Arthur do Val fossem retiradas das redes sociais. Nelas, o candidato, também conhecido como “Mamãe Falei”, continuou as críticas e ataques contra o Padre Julio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo. Val chegou a qualificar Lancellotti como “cafetão da miséria” e a acusar, sem provas, que ele fomentaria o tráfico na região central da capital paulista. A decisão foi assinada pelo juiz Emílio Migliano Neto. O MPE (Ministério Público Eleitoral) disse que o candidato produziu “propaganda eleitoral antecipada e vedada em que, seguidamente, calunia, difama e injuria o padre, objetivando tornar-se mais conhecido do eleitorado, ao criar polêmica em relação à figura pública do padre”.
O candidato também fez críticas recorrentes ao atendimento de ONGs e setores da Igreja Católica e aponta políticas públicas “ineficientes” como responsáveis pela “degradação” do centro. Ele também chegou a fazer gravações na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, que também são alvo de investigação. A Promotoria, inclusive, chegou a pedir para a PF (Polícia Federal) abrir inquérito para investigar se os vídeos violam a lei eleitoral.
Quanto ao Hip-Hop, também não é a primeira vez que faz comentários pejorativos. Em 2018, ele em um de seus vídeos falou que o álbum “Sobrevivendo ao Inferno”, dos Racionais MC´s, era uma poluição sonora, isso porque a Unicamp colocou na sua lista de obras para o vestibular de 2020 o álbum de 1997, no gênero de poesia, o que irritou ao candidato, o fazendo se envolver em mais polêmica.
Arthur do Val é nascido em São Paulo, ingressou na faculdade de Engenharia Química no Instituto Mauá de Tecnologia, mas não chegou a se formar. Seu pai é dono de uma empresa de sucata de aço, na cidade de Guarulhos, onde Arthur trabalhou antes de começar a fazer vídeos para a internet. Além disso, também é empresário no ramo de estacionamento e postos de gasolina. Em 2015 criou, seu canal no YouTube, que hoje conta com mais de 2,5 milhões de inscritos. Eleito em 2018 com 478.000 votos, a segunda maior votação da Assembleia Legislativa, o deputado Arthur do Val (Patriotas), conhecido como “Mamãe Falei”, defendeu e apoiou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), juntamente com o MBL, sendo conhecido pelas diversas polêmicas que costuma se envolver.
Fotos: Reprodução
Clique e confira na íntegra as Notas de Repúdio do Breaking:
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O Breaking virando modalidade Olímpica irá proporcionar boas oportunidades para a cena, que sempre foi vista como marginalizada no Brasil. Se não for trabalhado seriamente e por pessoas competentes, nada vai mudar e a tendência é se tornar como muitas modalidades olímpicas, na qual os atletas passam por muitas necessidades financeiras e acabam abandonando a carreira profissional. Ter uma equipe unida, experiente, igualdade de recursos para todas regiões, implantar um projeto de disseminação para todo o país nas periferias ou em escolas públicas, que se encontram grandes talentos e criar um centro de treinamento com profissionais capacitados: o Brasil poderá se tornar referência nessa modalidade.
Os organizadores do “Paris 2024” disseram que seu objetivo era incluir “modalidades que podem ser compartilhadas nas mídias sociais, que são um meio de se locomover, formas de expressão, estilos de vida por direito próprio, praticadas todos os dias, nas ruas e em outros lugares”.
Por que vai se tornar um esporte olímpico?
Breaking é uma arte e nunca vai deixar de ser, mas também não podemos negar que seus adeptos têm característica atlética, o desempenho físico é fundamental para se tornar uma B-Girl/B-Boy de alto nível, além das competições serem muito semelhantes com campeonatos esportivos oficiais. Sua dimensão criativa e artística torna essa dança alegre, original e atrativa para o público de todas as faixas etárias.
“Breaking nos Jogos Olímpicos” chegaria a mais pessoas, as crianças e jovens estariam mais interessados nos eventos a nível cultural e esportivo, consequentemente o apoio da família. Assim, o Breaking trará um impacto positivo cultural e esportivo, o que promoverá seu desenvolvimento e disseminação a nível global.
O Breaking tem seus valores que levaram a uma modalidade “sustentável e socialmente responsável”, que não exigem instalações permanentes; é culturalmente relevante para a França, que consta mais de 1 milhão de dançarinos, segundo os organizadores de Paris 2024.
É tradição. A cada edição dos Jogos Olímpicos, o país anfitrião incorpora novas modalidades ao Jogos. Paris 2024 incluíram Surfe, Escalada Esportiva, Skate e o Breaking. Essas modalidades foram uma grande estratégia do Comitê Organizador, em prol de rejuvenescer seu público e conectar-se com os esportes de sucesso em todo o mundo para trazer para os Jogos uma dimensão mais urbana, esporte natural, mais artística. O “OCOG” fez sua escolha entre uma lista de 37 esportes reconhecidos pelo COI, com a restrição de não exceder 10.500 atletas, o que limitaria as chances de esportes coletivos e não envolveria novas construções de equipamentos de longa duração, enquanto atrai as gerações mais jovens e contribuía com o meio ambiente.
O programa olímpico já está saturado de esportes inconvenientes, que não são massificados, que não vendem ingressos, que não têm uma legião de fãs. Mas que continuam lá por tradição. Vide Pentatlo Moderno, Nado Sincronizado e tantos outros. Só as modalidades “fixas” usam mais de 10 mil das 10.500 credenciais de atletas, teto por edição. Sobram 500 vagas, que o COI e os organizadores de Paris-2024 tentam otimizar. O Breaking terá 16 competidoras B-Girls e 16 competidores B-Boys a partir dos 16 anos de idade, não tendo idade máxima, porém todos os competidores precisarão estar federados e ranqueados, no total, 32 atletas, que é pouco mais que o tamanho de um único time de beisebol, formado por 24 atletas. A modalidade Breaking representa um investimento menor em comparação com outras modalidades.
Uma das obsessões das cidades que sediam os Jogos Olímpicos é a infraestrutura: muitas instalações e ginásios sendo abandonados depois dos jogos e as novas modalidades inclusas não terão esse imenso prejuízo para o cofre público e também irão chamar a atenção da mídia mundial, atraindo uma legião de fãs, seja com a venda de ingressos, seja pela televisão ou pelas redes sociais.
Por mais artístico e espetacular que seja, o Breaking atende a todos os critérios impostos pelo COI, cerca de quarenta. Para integrar a lista de esportes reconhecidos, precisa de regras bem explicadas, de uma federação presente em pelo menos quatro continentes.
Um teste já foi feito, muitíssimo bem sucedido. O Breaking foi disputado nas Olimpíadas da Juventude de Buenos Aires, no ano de 2018. A competição aconteceu em uma estrutura montada no Parque Madejos, um dos locais mais movimentados e de atmosfera jovem da capital Argentina. Lá foram disputadas também as modalidades de Escalada, Basquete 3×3 e BMX Freestyle: essas duas disciplinas vão estrear em Tóquio-2020/21. Paris, referência mundial em turismo, sabe cuidar do visitante como ninguém. A candidatura já foi desenhada para que as competições ocorram em locais já de intenso fluxo de pessoas, integrando as competições com a cidade e seu entorno. A Olimpíada de Paris tem tudo pra ser a mais legal da história dos jogos.
A competição de Breaking em Paris será organizada pela World Dance Sport Federation (WDSF), que é reconhecida pelo COI há mais de 20 anos como a entidade responsável pela dança esportiva mundial. Especialista principalmente na dança de salão, seja clássica ou em ritmos latinos, ela agora terá que se renovar para abraçar melhor o Breaking e não fazer mudanças bruscas, para não descaracterizar a dança e sua essência, acredito que não vai se descaracterizar e sim acrescentar novos formatos de competição, com boas estruturas e um olhar a mais para as B-Girls e B-Boys.
Esse é o desafio dos próximos quatros anos, dar um caráter esportivo, organizado, para o que historicamente é arte, é cultura. Da mesma forma, os atletas que quiserem competir em Paris, terão que se federarem. É um processo longo, no qual ambos ganham. Ganha o movimento olímpico, cada vez menos careta. Ganha o Breaking, com visibilidade e reconhecimento.
Há um único motivo para que o COI não avance com o Breaking para Paris2024. É a não organização de competições oficiais, não é à toa que a WDSF teve que organizar às pressas o primeiro mundial “oficial” no ano de 2019, contudo se a WDSF não se unir e apoiar os eventos já existentes, mostrará que a modalidade não estará preparada para se migrar aos Jogos Olímpicos. É preciso existir uma base sustentável. Eles esperam criar uma base que torne essa modalidade bem-sucedida a longo prazo.
O formato de “batalhas”, no qual os participantes eliminam seus oponentes para avançar a fase seguinte em uma competição, bem como a atmosfera festiva, vibe nas cyphers e durante as batalhas, contribui para a popularidade dos eventos de Breaking no cenário internacional e essas características são importantes para o COI
Critérios de julgamento
Baseado nos Jogos da Juventude (Buenos Aires 2018). Como foi um evento teste e bem sucedido, toda a competição foi um laboratório para que a entidade responsável, WDSF, pudesse apresentar o projeto para que o Comitê Organizador de Paris2024 aprovasse o Breaking como modalidade Olímpica, desde piso, formato das batalhas, quantidade de competidores (as), arbitragem (jurados) e o sistema de arbitragem foram à teste. A WDSF lançou seu manual de regras e regulamentos oficiais para os Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, em Buenos Aires. Este manual inclui o sistema de julgamento que poderá ser usado em Paris 2024, é claro com reajustes.
Irei apresentar o formato que foi utilizado nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2018.
Niels “Storm” Robitzky e Kevin “Renegade” Gopie, duas figuras respeitadas na cena, no manual informa que eles foram os mentores na criação do sistema de julgamento. Ao ver imagens do sistema, ele ainda possui “falhas” perceptíveis que o tornam mais um trabalho em andamento do que um produto final, contudo ao passar do tempo será bem mais fácil de trabalhar com esse sistema.
Eles o chamam de “Trivium Value System”, um nome que sugere os três principais critérios do sistema: Corpo, Alma e Mente. Seguindo os critérios atuais, serão compostos da seguinte forma:
Corpo, Qualidade Física: composto por Técnica (20%), Variedade (13,33%);
Alma, Qualidade Interpretativa: composta por Performance (20%), Musicalidade (13,33%);
Mente, Qualidade Artística: composta por Criatividade (20%), Personalidade (13,33%).
Cada juiz move seis controles deslizantes em um tablet portátil para classificar os atletas (B-Girl/B-Boy) em cada um desses critérios. Também existem outros fatores, como escorregões ou falhas, que podem afetar as pontuações.
B-Girls/B-Boys são avaliados por entradas, sendo duas entradas mais um intervalo de 1min30seg e mais duas entradas. As pontuações são calculadas e exibidas por meio de um sistema digital desenvolvido por “and8”: vence uma batalha quem marcar mais pontos somadas as 4 entradas, veja a imagem abaixo da tela do dispositivo portátil de um juiz (jurado):
O que será avaliado: técnica, variedade de movimentos e ou passos, musicalidade, criatividade, execução, personalidade entre outros. Algumas faltas que poderão tirar pontos ou até mesmo eliminar da competição: “Bite” (risos), erros, contato intencional e desrespeitar ao oponente, nesses dois últimos terão 3 advertências para assim ser decretada a eliminação da competição.
Não existe um código preciso para os movimentos que o dançarino fará: ele é completamente livre. O Breaking tem uma grande parte artística, que é obviamente levada em consideração pelos jurados em cada um dos critérios avaliados mencionados acima.
A WDSF irá lançar um curso de arbitragem até final do ano de 2021, um grande avanço para o Breaking e assim acabar com a famosa “panela” que existe, seguindo o sistema das outras modalidades esportivas, os árbitros também poderão ser ranqueados.
Para conquistar uma vaga nos Jogos Olímpicos 2024
O Comitê Olímpico Internacional (COI) fornecerá à WDSF as diretrizes do sistema de qualificação em 2022 (as diretrizes são as mesmas para todos os esportes nas Olimpíadas e cada Federação internacional deve adaptar o sistema de qualificação de acordo com a especificidade de seu esporte), então, caberá ao WDSF propor o formato de qualificação para o Paris 2024, que deverá ser aprovado pelo COI antes de ser oficialmente publicado. Provavelmente haverá entre 4 a 6 eventos de Breaking renomados que serão parceiros para as qualificações, parecido como foi a qualificação para os Jogos Olímpicos da Juventude 2018. Então só teremos 100% de certeza de como e quais eventos irão dar vaga para o tão sonhado ouro olímpico após a divulgação oficial do COI que está prevista pós os jogos de Tóquio. Outro ponto que a WDSF irá fazer é um sistema de ranking, tendo como exemplo outras modalidades esportivas, as B-Girls/B-Boys não necessariamente precisarão ser campeões desses campeonatos, o importante é estar ranqueado entre os 16 “melhores” do mundo, conquistando pontos nos campeonatos, pegando colocações como primeiro, segundo, terceiro e quarto…
O Breaking brasileiro tem nível elevado, que são capazes de conquistarem as medalhas, o nosso principal obstáculo é a falta de estrutura, planejamento e financeiro. Muitos desses dançarinos(as) (atletas) têm outros trabalhos para se manterem, diferente de outros países como EUA, Rússia, Japão, Coréia e muitos países europeus, na qual os dançarinos (as) vivem do Breaking, têm boas estruturas, treinadores e patrocínios. Para concluir, gostaria de entrar em um assunto: muitos estão falando que ginastas iam se migrar para o Breaking… eles até podem, mas pouco provável que irão conseguir uma vaga olímpica, pois os ginastas treinam sistematicamente desde crianças e o Breaking é totalmente oposto, o Breaking em primeiro lugar é uma arte, é livre, cada dançarino (a) tem seu estilo, carisma, criatividade, flavor, com a vibe do público, interpretar seu sentimento conectado com as músicas e com o DJ, um ginasta não tem essas características, que são fundamentais para a formação de uma B-Girl/B-Boy, pois isso acaba sendo natural para quem é da cena, e serão avaliados por B-Boys e B-Girls experientes que conhecem a nossa dança como ninguém, então, não se preocupem com isso e trabalhem para que o Breaking do Brasil seja bem representado.