Estreia amanhã (23), contemplado pelo Prêmio “Raimundo Geraldo Saraiva Pereira” da Prefeitura Municipal de Manacapuru, com apoio do Governo Federal, Ministério do Turismo e da Secretaria Especial da Cultura, Fundo Nacional de Cultura do Amazonas, o documentário “Laboratório pela Beira Breaking” dirigido por Maykon Andrade e pela Nativos Crew Produções.
O laboratório apresenta relatos, vivências e superação do dançarino Ediomar Queiroz, conhecido no meio artístico como B-Boy Tchantcho, ele compartilha experiências de toda sua trajetória na dança. As gravações tiveram início no ano de 2021 por Chamel Flores e a estreia será amanhã às 12h. Você pode assistir abaixo:
Laboratório pela Beira Breaking
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Série sobre o Hip-Hop em SP, idealizada por OsGêmeos, estreou na última quinta-feira no YouTube da Pinacoteca de São Paulo
A Pinacoteca de São Paulo lançou semana passada uma série audiovisual chamada “Segredos”, idealizada pelos gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo, que contam a história do Hip-Hop brasileiro por meio das lembranças dos artistas que fizeram parte dessa efervescência, desde 1980. A série foi dividida em quatro episódios e vai ser disponibilizada no YouTube da Pinacoteca (https://www.youtube com/user/MuseuPinacoteca) todas as quintas, às 20h.
A cada episódio, OsGêmeos recebem convidados diferentes que fazem parte do movimento para relembrar a trajetória de cada um e contá-la às novas gerações. Desta maneira, pretendem demonstrar como o Hip-Hop se transformou em uma das manifestações artísticas e culturais mais relevantes no Brasil, sendo determinante na vida dos que fizeram e fazem parte dele, não apenas por introduzi-los ao Rap, ao Breaking e ao Graffiti, mas pelas amizades que surgiram nos eventos da São Bento, berço do movimento em São Paulo, e que continuam até hoje.
Os encontros acontecem no vagão de um trem, imaginado pelos artistas e montado no ateliê dos dois. Declararam numa entrevista para o Estadão: “É uma cápsula do tempo que nos leva de volta à década de 80 para reviver a nossa história e a dos nossos amigos, que é a própria história do Hip-Hop”, conta Gustavo. Dentro desta máquina do tempo se revela, por exemplo, que o DJ KL Jay, do Racionais MC’s, foi dançarino de Breaking nos anos 1980. Os próprios irmãos, conhecidos no mundo inteiro graças ao Graffiti, contam que dançaram Breaking e cantaram Rap. “Todo mundo fazia um pouco de tudo”, diz Otávio.
A ideia de documentar a história do movimento é antiga, mas fazer isso por meio de uma série documental surgiu durante a montagem da exposição “OsGêmeos: Segredos”, no ano 2020. A exposição pretendia, inicialmente, fazer oficinas de Hip-Hop com jovens para incentivar a arte, mas a ideia foi abortada após o surgimento da pandemia do coronavírus. Foi aí que a série surgiu. O resultado é visto de uma maneira tão positiva pelos artistas que eles contam que “é só o começo de uma grande história”, mas não revelam o que têm em mente. O futuro promete revelar segredos…
Segundo Jochen Volz, o diretor-geral da Pinacoteca, a intenção é que o documentário também tenha uma finalidade educadora e possa servir para fomentar aulas, oficinas e debates. “O documentário foi montado de maneira bastante didática para ser visto por todos os públicos e para que os jovens, estudantes, possam aprender sobre a história do Hip-Hop e dos seus próprios artistas”, afirma Volz.
Segundo os irmãos, as entrevistas do documentário foram feitas sem um roteiro. Com improviso, histórias que não conheciam, mesmo com mais de 35 anos de amizade com a maioria dos entrevistados, foram reveladas por meio do relato de convidados como: Thaíde, KL Jay, Erick Jay, Edi Rock, Rooneyoyo e Nelson Triunfo.
Fotos: Divulgação Pinacoteca/OsGêmeos
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Na última semana, o portal de noticias Breaking for Gold publicou em seu Instagram um comunicado da World Dance Sport Federation (WDSF) que lamentava o fato da Red Bull ter optado em não continuar as negociações para um acordo global.
Eles escreveram:
“Como Federação Internacionalmente Reconhecida a DanceSport, confiada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para a organização e governança do Breaking nos Jogos Olímpicos Paris 2024, a Federação Mundial de DanceSport (WDSF) leva suas obrigações a sério. Tendo realizado com sucesso os eventos de Breaking nos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires 2018, os Jogos Urbanos Mundiais de 2019 em Budapeste e o WDSF World Breaking Championships 2019 em Nanjing, o WDSF recentemente voltou seu foco para preparar a melhor competição possível em Paris 2024, após o Breaking ter sido adicionado ao programa de esportes olímpicos em dezembro de 2020. Com esse objetivo em mente, o WDSF conversou com a Red Bull em dezembro do ano passado, com a ideia de formar uma parceria em uma série de eventos decisivos na estrada para Paris 2024. Infelizmente, as negociações em andamento com a Red Bull não resultaram na finalização de um contrato. A Red Bull decidiu não continuar em negociações com o WDSF para um acordo global, uma decisão que o WDSF lamenta, mas respeita. Como órgão regulador global do DanceSport, o WDSF é responsável por trabalhar no melhor interesse de todos os atletas do Breaking. O WDSF continuará a trabalhar diligentemente em nome de todos os Breakers em todo o mundo, com base em uma política de inclusão que é aberta a toda a comunidade do Breakers. A este respeito, os órgãos membros do WDSF e do WDSF estão trabalhando em colaboração e diretamente com os principais membros da comunidade Breaking para garantir que a comunidade esteja totalmente engajada na jornada de sucesso para Paris 2024. O WDSF agradece sinceramente os esforços feitos pela Red Bull e todas as partes intermediárias, independentemente do resultado. Agradecemos a Red Bull por seus esforços com a Breaking e permanecemos abertos a discussões sobre cooperação no futuro.”
Procurados pelo portal Breaking World, a Red Bull respondeu prontamente ao comunicado: “Agradecemos à World DanceSport Federation por suas discussões conosco que – conforme observado em sua Declaração WDSF de 28 de abril de 2021 – lamentavelmente não resultou em um acordo. A Red Bull mostrou nos últimos vinte anos que tem um compromisso absoluto em contribuir e celebrar a cultura do Breaking em todo o mundo, e esse compromisso continua forte como sempre!”, concluiram.
Com esses dois gigantes trilhando caminhos diferentes, resta a B-Boys e B-Girls de todo o mundo se preparar e aguardar os próximos desdobramentos!
Fotos: Divulgação
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O Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou nesta segunda-feira (7) a entrada do Breaking, do Skateboard, da Escalada e do Surfe como esportes olímpicos em 2024, nas Olimpíadas de Paris.
O Breaking será a primeira disciplina de “Dance Sport” a aparecer em Jogos Olímpicos, após sua estreia bem-sucedida nos Jogos Olímpicos da Juventude (YOG) em Buenos Aires, Argentina, em 2018. “Hoje é uma ocasião histórica não apenas para B-Boys e B-Girls, mas para todos os dançarinos ao redor do mundo”, disse o presidente da World Dance Sport Federation – WDSF, Shawn Tay. “O WDSF não poderia estar mais orgulhoso de ter o Breaking incluído em Paris 2024 e agradecemos a todos que ajudaram a tornar isso possível: o Conselho Executivo do COI, os organizadores de Paris 2024, a equipe do WDSF e, o mais importante, a própria comunidade do Breaking. Foi um verdadeiro esforço de equipe chegar a este momento e vamos redobrar nossos esforços na preparação para os Jogos Olímpicos, para garantir que a competição de Breaking em Paris 2024 seja inesquecível.”
A decisão de incluir o Breaking em Paris 2024 foi feita hoje pelo Conselho Executivo do COI em sua reunião final de 2020. A competição em Paris 2024 contará com 16 B-Boys e 16 B-Girls competindo em batalhas 1vs1. O Conselho Executivo também aprovou Skateboarding, Escalada Esportiva e Surf para o programa de esportes da XXXIII Olimpíada, que está programada para acontecer na capital francesa de 26 de julho a 11 de agosto de 2024.
Os organizadores de Paris 2024 propuseram os quatro esportes em resposta a um novo nível de flexibilidade concedido às cidades-sede dos Jogos Olímpicos, para incentivar a inovação no programa olímpico. As cidades-sede, começando com Tóquio 2020, têm a opção de sugerir novos esportes e eventos para inclusão em sua edição dos Jogos que não vinculem os futuros anfitriões dos Jogos. “É com imensa alegria e um toque de alívio que recebemos este evento e esta decisão”, disse Mounir Biba, um B-Boy francês e embaixador do Breaking, que foi juiz do YOG de Buenos Aires. “É um grande passo e um momento histórico. Começando do nada há 50 anos, o Breaking foi construído por conta própria, mas agora encontrou uma família. Resta-nos cumprir a honra que nos foi concedida, mas estou totalmente confiante de que o faremos. Existem muitas pessoas apaixonadas em todo o mundo, fazendo um trabalho incrível todos os dias para nutrir e preservar a cultura. O percurso desportivo em que vivemos só vai reforçar a posição que sempre defendi, ou seja, de que somos atletas! Elogio à disposição dos organizadores de Paris 2024, o trabalho do WDSF e a escolha do COI de incluir nosso esporte nos Jogos Olímpicos de Paris. Nos vemos em 2024 para um grande show”, conclui.
A decisão de hoje do COI reconhece o apelo mundial e o crescimento do Breaking, exemplificado pelo sucesso dos três eventos de Breaking nos Jogos Olímpicos da Juventude 2018 na Argentina, onde mais de 30.000 pessoas compareceram cada dia para ver a competição. Desde então, a jornada olímpica de Breaking mudou cada vez mais. O WDSF World Breaking Championship 2019, realizado em Nanjing, China, foi saudado como um grande sucesso. Mais de 150 B-Boys e B-Girls de 66 países, incluindo alguns dos maiores nomes do Breaking, competiram no evento. A edição de 2020 do campeonato, também marcada para Nanjing, foi adiada para 2021 como resultado da pandemia. O Breaking chamou a atenção na primeira edição dos Jogos Urbanos Mundiais (WUG) em setembro de 2019, em Budapeste, Hungria, e está programado para deixar sua marca na próxima edição dos Jogos Mundiais também, programados para julho de 2022 em Birmingham, Alabama, EUA. Em dezembro de 2019, o COI confirmou que o Breaking retornaria para os próximos Jogos Olímpicos da Juventude de Verão em Dakar, Senegal. Originalmente programado para 2022, o Dakar YOG foi adiado no início deste ano para 2026, devido a pandemia pelo novo coronavírus.
A notícia foi comentada por alguns B-Boys e B-Girls espalhados pelo mundo:
B-Boy Lil Zoo (MAR): “Fazer parte dos Jogos é algo lindo. Isso agrega mais valor à dança para pessoas que não a conhecem. Isso traz muitas oportunidades e patrocinadores. Estou muito feliz e mal posso esperar.”
B-Girl Kastet (RUS): “Acho que o fato do Breaking se tornar parte dos Jogos Olímpicos é uma boa oportunidade de crescer. Minha dica para vencer é ter a mente aberta, estar aberto à cena e estar ciente de suas fraquezas. Apenas seja verdadeiro com quem você é.”
B-Girl Mess (NED): “Quando eu comecei o Breaking, ninguém acreditava que era algo sério. Se você assistir hoje em dia, pode ver o nível de Breaking – o quão alto ele se desenvolveu por meio de movimentos incríveis e uma abordagem muito artística. Tornou-se uma arte, tornou-se um esporte e uma cultura global. Tudo é possível e você pode se desenvolver como um artista incrível, um atleta incrível.”
B-Boy Kid Karam (GBR): “Se eu fosse representar meu país nos Jogos, seria muito impressionante. Representar um lugar como aquele onde tem uma grande identidade e o público em geral, poder se envolver e ver o que fazemos – seria uma coisa incrível. Ficaria honrado com isso e adoraria fazer isso.”
B-Boy Shigekix (JPN): “É uma coisa tão incrível que Breaking vai ser um dos esportes nos Jogos olímpicos. Se eu for capaz de representar meu país, gostaria de dar o meu melhor e mostrar tudo o que puder. ”
B-Girl Madmax (BEL): “Eu estou dançando Breaking desde os 14 anos e nunca esperei que um dia pudesse representar a Bélgica nos Jogos. Se eu tiver sorte e me sair bem nos próximos anos, talvez um dia eu tenha a chance. Vamos!”
O assunto também foi comentado em Portugal e no Brasil:
Max Oliveira (POR): “Será importante existir uma estrutura nacional forte e organizada. Podes ser o melhor B-Boy do planeta, mas se o teu país não tiver uma boa estrutura e organização, dificilmente irás ter acesso às Olimpíadas em pé de igualdade com outras potências mundiais, sabemos que existem países que já têm o seu lugar reservado nos Jogos Olímpicos, independentemente do nível dos praticantes.”
Rooneyoyo (BRA) Presidente da Confederação Brasileira de Breaking – CBRB: “Aguardamos por 4 anos este anúncio e por fim chegou em um momento delicado politicamente, devemos acreditar firmemente no objetivo e avançarmos nas negociações propositivas e de políticas públicas para o esporte da nossa categoria, não faltarão esforços para isso da confederação. Agora é hora de trabalhar sério e mostrar do que o brasileiro é capaz.”
B-Boy Leony (BRA): “Agora só depende de nós, brasileiros, se organizar para representar o Brasil lá.”
A nova geração de B-Boys e B-Girls também opinam:
B-Girl Angel do Brasil: “É muito bom receber essa notícia! Esse ano tive boas oportunidades no E-Fise Montpellier Honor, na França e em eventos internacionais. Estou me preparando todos os dias para grandes eventos. Com determinação, dedicação, é possível chegar lá.”
B-Boy Maguila (BRA): “Eu acho uma ideia boa, por que o Breaking vai ser mais reconhecido e também praticado. Eu gostaria muito de participar.”
B-Boy Richard (BRA): “Eu acho muito bom. Eu gostaria de participar, a esperança é a última que morre.”
B-Boy Eagle (BRA): “O Breaking agora faz parte dos Jogos Olímpicos e isso é muito bom. Gosto da cultura, da essência, mas também gosto da modernidade e da possibilidade de representar o meu pais durante as Olimpíadas.”
B-Girl Aninha (BRA): “Achei muito interessante, isso será uma chance para todos nós de sermos reconhecidos.”
O Portal Breaking World se alegra em poder dar essa notícia e cobrir todas as notícias sobre os Jogos Olímpicos, além de ouvir os B-Boys e B-Girls. Também torcemos para que haja mais entendimento e uma melhor organização. E, claro, muitos brasileiros preparados para subir no pódio!
Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação
B-Boy Bart
B-Boy Leony
B-Girl Angel do Brasil e FabGirl
B-Boy Maguila
B-Boy Eagle
B-Boy Richard
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Na última quinta-feira (1), aconteceu o primeiro debate das eleições de 2020 na Band TV. Foram convidados os candidatos Andrea Matarazzo (PSD), Arthur do Val (Patriotas), Bruno Covas (PSDB), Celso Russomanno (Republicanos), Filipe Sabará (Novo), Guilherme Boulos (PSOL), Jilmar Tatto (PT), Joice Hasselmann (PSL), Márcio França (PSB), Marina Helou (Rede) e Orlando Silva (PCdoB). O debate foi realizado sem plateia por causa da pandemia de Covid-19 e foi marcado por muitos números imprecisos, falta de conhecimento, informações desencontradas e atitudes preconceituosas.
Exemplo da lambança já esperada, foram mais uma vez as declarações do candidato Arthur do Val (Patriotas), antes do debate ele publicou no Instagram um vídeo de preparação com uma paródia do pugilista Rocky Balboa se preparando para uma luta, como na série de filmes estrelados por Sylvester Stallone. Na chegada à TV Bandeirantes, ele afirmou que não vinha para brigar, mas o que fez foi bem diferente do seu discurso. De cara, criticou Bruno Covas (PSDB), que disputa a reeleição, Celso Russomanno (Republicanos), que lidera as pesquisas e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
Mas o pior dos momentos foi quando começou a falar da Escola 360, que segundo ele estaria aberta finais de semana e nas férias e com descaso começou a atacar a Cultura Hip-Hop, dizendo: “Os filhos das mães da periferia terão seus filhos dentro da escola e não gastando energia com aulas de picho e de break dance”. Essa frase foi o estopim para uma enxurrada de reações imediatas de revolta e indignação entre artistas, federação representativa e praticantes da cultura.
Numa nota de repúdio, a Federação Paulista de Breaking (FSPB) por meio de seu Vice-Presidente Rooneyoyo se pronunciou e entre muitas coisas escreveu “…o candidato demonstra total desconhecimento da realidade das comunidades periféricas, sendo uma cultura de transformação social, tirando milhares de crianças e jovens de situações de risco, da criminalidade e traz para áreas vulneráveis a educação, a cultura, gerando oportunidades. O Breaking e não o “break dance” falado erroneamente pelo candidato ao se referir a essa importante expressão cultural, assim como o Graffiti e todos os elementos dessa cultura, salvam vidas todos os dias. É lamentável que uma pessoa que proclama a educação como um dos pilares de seu plano de governo tenha uma visão social tão limitada, preconceituosa e distante da realidade urbana de São Paulo. Isso só reafirma a dúvida sobre sua capacidade como político e gestor para postular o cargo de Prefeito de São Paulo”. A Federação, além de divulgar a nota de repúdio, criou um abaixo-assinado que está circulando entre os artistas da cultura e está tomando as atitudes judiciais cabíveis.
Ainda, outros artistas se manifestaram, como o B-Boy Pelezinho, que foi o primeiro B-Boy brasileiro a chegar na final mundial da Red Bull BC One, ele gravou uma mensagem em vídeo: “Cara, você tem que ter respeito pelas pessoas, a dança Breaking mudou a minha vida e de muitos jovens, isso que você acabou de falar na televisão e na rede social eu acho que você não está preparado e nem capacitado para assumir cargo nenhum. Você tem que respeitar apenas isso! Você pode ter certeza que o que você fez a dança vai te cobrar! Espero que você pense no que falou e respeite a nossa cultura!”.
No Instagram, o B-Boy Neguin, outro grande B-Boy brasileiro, ganhador da Red Bull BC One Mundial, consagrado globalmente por sua dança, escreveu: “Quanto audacioso e infeliz você é em desrespeitar a cultura universal em rede nacional meu caro. Aulas de “break dance” me levaram para 139 países, consulte com o maior centro financeiro da América Latina quanto custa para um cidadão viajar para essa quantidade de países, falo 4 idiomas, tenho dupla cidadania, sou um dos artistas mais reconhecidos e requisitado mundialmente por sempre representar o nosso país em diversas áreas e em todos os meios artísticos. Sou campeão mundial de “break dance” patrocinado pela Red Bull há 13 anos. Levo a Capoeira, o Graffiti e o Jiu-Jitsu onde vou, isso salvou minha vida e de milhares de outras pessoas também. Espero que você reflita e corrija as asneiras que falou pois sua ignorância é realmente inacreditável”.
O B-Boy Ricka, da lendária Back Spin Crew, comentou: “Eu acabei de ver um vídeo de um tal de Arthur de um canal chamado “Mamãe falei” que fala do “break dance” de forma pejorativa. Meu amigo, não é “break dance” você nem sabe o que está falando! É Breaking, um dos elementos da Cultura Hip-Hop, que é uma cultura mundial que movimenta o sonho de pessoas, sonho da periferia, que faz com que as pessoas sejam protagonistas da sua própria história. Você está falando do Hip-Hop, mano! Hip-Hop dá oportunidade para pessoas e resgata vidas. Você está querendo um cargo na maior cidade do país, você quer ser prefeito de São Paulo, então você tem que saber o que está falando. Nós somos atuantes através do Breaking e dos outros elementos na periferia, onde pelo jeito você nunca pisou. Antes de falar do Breaking você tem que ter conhecimento que tem toda uma comunidade por trás que vivem isso todos os dias. O Hip-Hop é uma cultura que sustenta pessoas, emprega pessoas, nós temos economia criativa você não tem noção do que está falando. Nós estamos presente onde você não está! Você tem que fazer a lição de casa, se você quer conduzir uma cidade como São Paulo você tem que respeitar todas as culturas e todas as pessoas, tem muito a aprender com a Cultura Hip-Hop”.
Fabgirl, uma das mais conhecidas B-Girls brasileiras, representando as mulheres do Hip-Hop, também falou: “Tem um meme do Caetano que cabe muito bem nesse momento, você é burro cara, o que você está falando é burrice, não consigo te compreender, nós que somos do Hip-Hop sabemos muito bem o poder que a dança, o Graffiti, o DJ e o MC tem na vida das pessoas, entra governo e sai governo e nós continuamos fazendo o nosso trabalho”. Ainda B-Boy Till, de Fortaleza, explanou: “Eu sou apaixonado pelo Breaking e não entendi sua atitude de agredir o Hip-Hop, que tira tantos jovens da criminalidade”.
As declarações do candidato chegaram no exterior, em alguns B-Boys que representam a cultura lá fora. B-Boy Kid Guma, que está na França, também gravou um vídeo mandando o candidato respeitar o Breaking e a Cultura Hip-Hop. Ele disse: “Hoje eu vivo através do Breaking na Europa, se você não sabe o valor que o Breaking tem vai fazer uma pesquisa, vai estudar sobre a cultura periférica”. B-Boy Luka escreveu: “Primeiro vem a gratidão de ter conquistado tudo através do Breaking. A minha dedicação e investimento nesse elemento me trouxe vida, a disciplina, algo que vou levar para toda a vida…”. Ainda muitos outros B-Boys e B-Girls comentaram, entre eles B-Boy Leony, B-Boy Kamal, B-Boy Buxexa.
A nova geração também se manifestou. B-Boy Eagle, de 13 anos, da Dream Kids Brasil, lembrou: “Somos uma cultura forte no mundo inteiro, no Breaking aprendemos a respeitar, a ganhar, a perder, a ter disciplina, a ajudar o próximo e principalmente a não pensar limitado como você. Breaking é vida, família e valores que eu tenho com 13 anos e você até hoje não aprendeu essa lição. Que vergonha de você!”.
O DJ Heliobranco também se expressou: “Eu tenho 35 anos de Hip-Hop e eu nunca vi tanta asneira de alguém que se propõe a ser representante do povo da capital paulista, uma das três maiores cidades do planeta. Você se deu mal comigo, mano. O Hip-Hop é pelo social. O Sr. Arthur do Val não me representa! Eu sou do Hip-Hop All Stars, o pessoal do Hip-Hop de São Paulo não apoia o senhor!”.
Algumas mídias especializadas na Cultura Hip-Hop também comentaram. Em Ipatinga (MG), o responsável pelo Portal de Cultura Urbana, B-Boy Luizin, falou: “Vai estudar, irmão, o que é a Cultura Hip-Hop, o que é o Breaking. O Breaking salvou a minha vida. Você falou besteira e a Cultura Hip-Hop vai te cobrar tenha certeza!”. O Portal Breaking World também fez uma nota de repúdio às declarações do candidato. A jornalista e editora do Portal Breaking World, Luciana Mazza, escreveu em sua rede social: “O Breaking e o Graffiti são também manifestações sociais importantes e legítimas. O Breaking foi lembrado pelo Comitê Olímpico Internacional para se tornar modalidade olímpica em Paris 2024, só no Brasil temos mais de 40 Campeões Mundiais de Breaking em diversos campeonatos espalhados pelo mundo, nas várias modalidades que o compõem. E o Graffiti está presente nos principais centros urbanos, financeiros e artísticos do mundo, como na Times Square, em Nova York, em San Diego, em Londres ou na Paulista, no Brasil. Veja, sou jornalista, cineasta, editora de um portal de Breaking, sou mãe de B-Boy e de B-Girl e tenho muito orgulho de dizer que os meus filhos pertencem à Cultura Hip-Hop! O Breaking foi uma das melhores escolhas de suas vidas! Jamais podemos nos calar diante de palavras tão inadequadas e preconceituosas! Enfim: Respiramos arte, educação e não preconceito! Caro Deputado desprezível: “Mamãe falei besteira!”, respeite o Breaking, respeite o Graffiti, respeite a Cultura Hip-Hop, respeite a vida e os cidadãos paulistanos de bem!”, concluiu.
Sobre as declarações de Arthur do Val, algumas personalidades se manifestaram, como a sambista Leci Brandão. Ela em vídeo opinou: “Minha galera querida do Hip-Hop, estou passando para reforçar o quanto que eu respeito a cultura de vocês, não tem outro gênero musical que fale mais da realidade das comunidades do que o Rap, nós temos DJ’s, grafiteiros e breakers conhecidos no mundo inteiro, a cultura Hip-Hop salvou e continua salvando muitas vidas, cuidando da juventude. O Breaking inclusive está nas Olimpíadas e nós temos o Dia do Breaking que está lá na ALESP”, finalizou.
Não é a primeira vez que o candidato e também youtuber Arthur do Val se envolve em polêmicas, no mês de setembro foi condenado pela justiça quando publicou vídeos antes do início da campanha eleitoral, acusando o Padre Julio Lancellotti. A Justiça Eleitoral determinou que essas publicações de Arthur do Val fossem retiradas das redes sociais. Nelas, o candidato, também conhecido como “Mamãe Falei”, continuou as críticas e ataques contra o Padre Julio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo. Val chegou a qualificar Lancellotti como “cafetão da miséria” e a acusar, sem provas, que ele fomentaria o tráfico na região central da capital paulista. A decisão foi assinada pelo juiz Emílio Migliano Neto. O MPE (Ministério Público Eleitoral) disse que o candidato produziu “propaganda eleitoral antecipada e vedada em que, seguidamente, calunia, difama e injuria o padre, objetivando tornar-se mais conhecido do eleitorado, ao criar polêmica em relação à figura pública do padre”.
O candidato também fez críticas recorrentes ao atendimento de ONGs e setores da Igreja Católica e aponta políticas públicas “ineficientes” como responsáveis pela “degradação” do centro. Ele também chegou a fazer gravações na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, que também são alvo de investigação. A Promotoria, inclusive, chegou a pedir para a PF (Polícia Federal) abrir inquérito para investigar se os vídeos violam a lei eleitoral.
Quanto ao Hip-Hop, também não é a primeira vez que faz comentários pejorativos. Em 2018, ele em um de seus vídeos falou que o álbum “Sobrevivendo ao Inferno”, dos Racionais MC´s, era uma poluição sonora, isso porque a Unicamp colocou na sua lista de obras para o vestibular de 2020 o álbum de 1997, no gênero de poesia, o que irritou ao candidato, o fazendo se envolver em mais polêmica.
Arthur do Val é nascido em São Paulo, ingressou na faculdade de Engenharia Química no Instituto Mauá de Tecnologia, mas não chegou a se formar. Seu pai é dono de uma empresa de sucata de aço, na cidade de Guarulhos, onde Arthur trabalhou antes de começar a fazer vídeos para a internet. Além disso, também é empresário no ramo de estacionamento e postos de gasolina. Em 2015 criou, seu canal no YouTube, que hoje conta com mais de 2,5 milhões de inscritos. Eleito em 2018 com 478.000 votos, a segunda maior votação da Assembleia Legislativa, o deputado Arthur do Val (Patriotas), conhecido como “Mamãe Falei”, defendeu e apoiou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), juntamente com o MBL, sendo conhecido pelas diversas polêmicas que costuma se envolver.
Fotos: Reprodução
Clique e confira na íntegra as Notas de Repúdio do Breaking:
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A pandemia chegou e virou o país (e o mundo!) de pernas para o ar… Pessoas morrendo diariamente, quarentena, crise global e, é claro, os B-Boys e B-Girls não poderiam deixar de serem atingidos por esta situação caótica. Muita coisa mudou em muito pouco tempo: os praticantes da dança Breaking se viram de uma hora para outra com seus planos adiados, muitos entraram em um estresse contínuo causado pelo isolamento social, crise financeira e um inevitável esgotamento físico e mental. A desigualdade social que já era grande, principalmente no cenário urbano, mostrou-se ainda maior nestes tempos ruins.
A autocobrança acaba refletindo no desempenho. Nas redes sociais vi muitos B-Boys e B-Girls reclamando que seu rendimento caiu, seja pela falta de local adequado para treinar, seja pelo excesso de stress gerado pelo tédio de ficar em casa, alguns engordaram, perderam a forma, outros estão sem motivação, sem alegria e sem energia, alguns, até, entrando em um início de estado depressivo. Tudo isso causado, principalmente, pela falta de convívio mais intenso com as pessoas. Sim! A tecnologia até nos permite aproximação e algum consolo diante de tanta notícia ruim, mas nunca vai substituir o contato físico, aquele bate-papo gostoso entre amigos num churrasco de final de semana!
Isso tudo nos trouxe um quadro generalizado de desequilíbrio emocional e social. Estamos todos com os nervos à flor da pele, pois descobrimos, enfim, que as conexões são muito mais importantes do que imaginávamos outrora. Nada será como antes!
E o “novo normal”, enfim, bateu à nossa porta. “Caramba! E agora? O que vai ser?”, esta é a pergunta que não sai da cabeça de todos nós que amamos a cultura urbana, a arte, a dança, a música… E o novo sempre assusta. Em alguns, dá até calafrios tentar entender e perceber o que pode estar por vir.
Mas, afinal, o que vem a ser o “novo normal”?
Bem, antes de me aprofundar no novo, acho importante voltarmos um pouco no tempo… Pensar em nosso conceito do que é normal e do que não é tão normal assim. Afinal de contas, como diz o velho ditado “de louco, todo mundo tem um pouco”!
Não dá para entender o que é “normal” sem entender antes o que significa “comum”. Sim, por mais semelhanças que estas duas palavrinhas possam ter, não são a mesma coisa. Comum é a junção de “como um”, é a resposta para a pergunta: “o que eu tenho do outro e que ele se identifica? E o que o outro tem de mim que eu me identifico?”.
O comum é quando há um padrão estabelecido como “um de todos”, que de alguma maneira garante proteção e sobrevivência que, para aqueles que fazem parte de determinada sociedade, se torna o conceito de normal. Ou seja, o padrão de comportamento leva a uma identificação, que por sua vez traz em si opiniões, hábitos e costumes. Se somarmos, então, o comum mais a sobrevivência, chegamos ao nosso “normal”. E o que é a sobrevivência senão o nosso instinto de proteção, segurança e continuidade?
Seguindo esta linha de raciocínio, chegamos, concluímos que quando a nossa sobrevivência e proteção estão ameaçadas “não é normal”! É comum vermos alguns B-Boys e B-Girls usarem bebidas alcóolicas em excesso ou substâncias ilícitas. Mas isso não é normal, pois estão ameaçando suas próprias vidas, fazendo mal ao próprio corpo que é a ferramenta e o instrumento que utilizam para externar a sua arte e sua dança.
O “novo normal” então, nada mais é que um novo padrão que a pandemia da Covid-19 trouxe para a sociedade, um novo padrão que visa garantir a nossa sobrevivência por meio de protocolos de proteção e acompanhamento.
No Breaking era normal, até então, os B-Boys e B-Girls chegarem nos eventos, se cumprimentarem com abraços, beijos, apertos e toques com as mãos… O contato físico é uma característica da Batalha de Breaking: o olhar nos olhos, passar a mão por cima, as pernas por baixo do oponente, provocar, ironizar, tudo isso faz parte da cultura desta dança e dessa arte das ruas… A roda! Sim, a roda é o maior símbolo desta gente que nas “cyphers” se encontra, se solta, tem sua liberdade e sua arte saindo pelos poros (e pela boca também, com suas milhares de gotículas e aerossóis sem fim!).
Como será o futuro, o que muda e o que esperar deste novo normal?
É fato que por mais que o Breaking una as pessoas (e vai continuar unindo) alguns cuidados terão que ser tomados nos campeonatos pós-pandemia para que se mantenha a segurança dos participantes: andar com máscaras, ser menos expansivo, mais contido, manter o distanciamento social, talvez dançar também com luvas, pois o contato com o chão é a marca registrada desta dança… Pois é: nada de abraços, nada de beijinhos no rosto, nada de selinhos, nada de apertos de mão… O mundo está mudado e é claro que o Breaking não seria exceção.
Os campeonatos, além das preocupações usuais, terão que se adaptar a uma nova realidade, pelo menos até que se encontre uma vacina e que seja novamente seguro enfiar o dedo na cara do seu oponente! As batalhas presenciais deverão retornar aos poucos, mas cumprindo os protocolos da OMS (Organização Mundial da Saúde). Batalhas sem público e com transmissão on-line, com limpeza do local no final de cada round, distribuição de máscaras e álcool gel para todos os participantes e trabalhadores, testagem da presença do vírus de competidores, jurados, DJs, MC’s, produtores e outros personagens que possibilitam acontecer um evento de qualidade é um caminho, pelo menos por ora, sem volta.
A própria produção e estrutura dos eventos devem passar por modificações para garantir a segurança de todos. A dinâmica das batalhas, sem dúvida, vai cair bastante com estas medidas, pois sem aglomeração e sem aproximação entre os oponentes, vamos ter uma maior frieza nos campeonatos. E isso porque temos ainda um longo caminho a percorrer até que as batalhas se tornem novamente seguras: as vacinas, na melhor das hipóteses deve sair até o final deste ano. Mas deve-se levar em consideração os estudos que apontam que o novo coronavírus pode passar por mutações genéticas que, a médio e longo prazo, podem tornar a vacina ineficaz. Isso sem falar que estudos recentes demonstram que algumas pessoas foram reinfectadas… Ufa!
Mesmo diante deste quadro, ainda podemos respirar fundo (com máscara, claro!), pensar naquela metáfora do copo com água pela metade (meio cheio ou meio vazio?) e tirar algumas vantagens: por exemplo, os eventos on-line têm menor custo de produção e maior alcance de público, as empresas e os produtores independentes podem economizar muito dinheiro com o sistema de “home-office”. Novas oportunidades, como a abertura de novos mercados para os dançarinos e dançarinas, como aulas on-line, oficinas, vivências e outras atividades não presenciais. E ainda: melhor qualidade de vida. Menos stress no trânsito, menos poluição; para ir aos eventos os B-Boys e B-Girls não precisam mais percorrer grandes distâncias ou enfrentar chuvas, gastar com alimentação, transporte, hospedagem.
Enfim, o “novo normal” pode ser uma oportunidade incrível para os breakers descobrirem uma nova forma de viver, ao descobrirmos o valor da nossa própria casa, aprendemos a ter a humildade e a consciência que já não temos mais tanto controle assim de nossas vidas como pensávamos! A possibilidade de fazer novos amigos e participar de eventos internacionais sem sair de casa acabou abrindo novas frentes para muitos que jamais teriam a oportunidade de “rachar com a gringa”!
A normalidade, meus caros leitores, é uma busca constante por segurança e proteção, então, jamais poderemos dizer que somos completamente normais. Vivemos uma dicotomia: estamos sempre entre a vida e a morte. As nossas escolhas nos levam a uma encruzilhada aonde de um lado estamos de frente com a morte, trazida por exemplo pelo hábito de beber e dirigir, uso de drogas, brigas e discussões, etc. e de outro a vida, trazida pela prudência, pela busca do saudável, de querer cuidar de seu próprio corpo, sua mente e das pessoas que ama.
O “novo normal” é traumático e assustador e pode trazer ansiedade e insegurança para muitos. Mas não se trata de um “bicho de sete cabeças”! A pandemia vai passar e mesmo que deixe algumas sequelas, a nossa vontade de sobreviver e de nos proteger vai trazer adaptação e ambientação com a nova realidade e os novos padrões.
Portanto, meu conselho para os B-Boys e B-Girls é: preparem-se para o “novo normal”! “Mas, como, mano?!?”, você pode estar se perguntando… Proteja-se, cuide do outro, crie novas expectativas para si, novas rotinas, explore todo o seu potencial… Aprenda a controlar as suas emoções e a sua mente: olhe para dentro de si, descubra o que há de melhor, aproveite o tempo para treinar mais, ver tutoriais, aprender novos passos e novos movimentos. Fale com quem você ama, mesmo que seja por videoconferência, diga para seus parentes e amigos o quanto você os ama, leia, regule suas emoções e encontre algum equilíbrio emocional e mental… Não é fácil! Tem que ter força de vontade e uma boa dose de determinação, mas vai ajudar-lhe a ser bem melhor como B-Boy ou B-Girl e, muito mais, como ser humano.
Fotos: Reprodução
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“O preconceito começou dentro de casa com meu pai, depois na escola, na rua e até dentro do Hip-Hop, onde muitos B-Boys me diziam para parar, que eu não chegaria a lugar nenhum” (B-Boy Perninha)
Ele nasceu em Mangabeira, um dos bairros mais populosos de João Pessoa, que fica na Zona Sul da cidade. Antes e depois de nascer sofreu rejeição e preconceito do próprio pai, que negava a sua paternidade, situação que foi potencializada com a descoberta da deficiência que ele tinha na perna. Uma malformação congênita, ou seja, um encurtamento no fêmur esquerdo. Chamado de bastardo pelo próprio pai, ele foi várias vezes colocado para fora de casa! Mas o carinho e o amor da mãe andaram sempre juntos, ela o motivava a enfrentar as dificuldades e jamais abaixar a cabeça para os problemas, sendo um pilar muito importante para que ele não tivesse rancor pelo pai ou fosse uma criança com problemas emocionais ou psicológicos por conta disso. O conselho era sempre pagar o mal com o bem!
O menino crescia, conheceu a Cultura Hip-Hop no ano de 2008, depois que alguns amigos mostraram o DVD do Red Bull BC One 2005, naquela época tinha 13 anos de idade. No início foi difícil, mas aos poucos foi encontrando a própria personalidade e com o conselho de amigos resolveu fazer os movimentos sem a prótese da perna, desenvolvendo movimentações originais que o caracterizam até hoje. Em 2019, foi para o The Legits Blast Festival, na Eslováquia, onde recebeu o prêmio de “B-Boy Float Most Valuable Breaker OutBreak 2019” como o destaque das cyphers e do evento no qual se encontravam mais de 1.000 B-Boys e B-Girls de todo o mundo e faz parte da Killa Rockers.
Estamos falando de Lucas Ferreira Machado, o “Perninha”, ele conversou com o Portal Breaking World e compartilhou sua história de luta e superação, vale conferir:
BW: Queria que você falasse seu nome, idade, onde e como foi sua infância? Que lembranças você tem dessa época? Fale um pouco da sua família e da sua criação?
Perninha: Lucas Ferreira Machado, 26 anos. Nascido e criado em João Pessoa/PB, no bairro de Mangabeira, minha infância foi um pouco conturbada, pois desde antes de vir ao mundo meu pai já havia dito que eu não era filho dele, após o meu nascimento ele “confirmou” mais ainda esse sentimento em seu coração, ao ver que eu tinha uma deficiência física em minha perna esquerda. E isso fez com que a minha relação com ele fosse muito distante e vazia, mesmo meus pais sendo casados durante minha infância. Minha mãe, por outro lado sempre me motivou a enfrentar as dificuldades e jamais abaixar a cabeça para os problemas, ela foi um pilar muito importante para que eu não tivesse rancor pelo meu pai ou fosse uma criança com problemas emocionais ou psicológicos por conta disso. Ela sempre me dizia “ele é seu pai meu filho, você deve amá-lo, pois o sentimento ruim só fará mal a você, sempre pague o mal com o bem”. Meus pais foram casados até pouco tempo antes de eu começar a dançar, até essa época, eu e meu pai éramos muito distantes, ele sempre teve problemas com bebida e sempre que chegava em casa bêbado ameaçava minha mãe, me chamava de bastardo, depois da separação, quando eu e minhas irmãs íamos passar o fim de semana com ele, ele sempre chegava alterado e me colocava pra fora de casa, repetindo sempre as mesmas coisas: “vá para a casa da sua mãe, aquela rapariga, seu bastardo!”. Na escola sempre sofri bullying por conta da minha deficiência, mas nunca levei pro coração e pelo que minha mãe havia me ensinado também “jamais abaixe a cabeça pra ninguém”. Passado o tempo, hoje eu e meu pai somos bons amigos e, quando eu tinha 18 anos, depois de várias coisas eu e ele falamos pela primeira vez “eu te amo” um pro outro e isso foi um divisor de águas na nossa vida.
BW: Do Nordeste para o Sudeste, escolheu morar no Rio de Janeiro, como aconteceu isso?
Perninha: Minha mudança para o Rio de Janeiro foi devido a dois fatores: o primeiro, por conta que minha esposa é de lá, então, foi uma forma de ficar mais próximo dela e o segundo, que anda lado a lado com o primeiro, foi o mercado do Rio, que comparando com a Paraíba é bem mais lucrativo, eu já tive oportunidade de morar no Ceará, Minas Gerais, Brasília e São Paulo e de todos esses lugares, o Rio foi o lugar onde encontrei bastante trabalho, mas também um lazer de pegar uma praia com a família, coisa que em São Paulo, por exemplo, é quase impossível.
BW: Quando teve contato pela primeira vez com a Cultura Hip-Hop? Como começou no Breaking? Alguém te ensinou?
Perninha: Conheci a Cultura Hip-Hop no ano de 2008, depois que alguns amigos me mostraram o DVD do Red Bull BC One 2005, eles diziam “vamos lá ver, tem um cara que é igual a você”, falavam do B-Boy Junior, da França, depois de assistir aquele DVD, eu que na época fazia vários tipos de esportes, como futebol, parkour, handball, BMX, basquete, futsal, etc., com o objetivo de tentar me provar e também de provar para a sociedade que me olhava como se eu fosse um ET, que eu poderia fazer qualquer coisa igual ou até melhor do que qualquer um. Vi naqueles B-Boys algo surreal, diferente de qualquer outra atividade que eu já havia feito, na época eu tinha 13 anos de idade, daquele dia em diante eu comecei a tentar fazer aqueles movimentos que vi no DVD, em casa, até que um dia um amigo chamado César me levou para um projeto social que havia na igreja que ele frequentava e lá foi onde comecei.
BW: Com que idade começou a dançar? Como foi o tempo de aprendizado? E quando começou efetivamente a competir?
Perninha: Comecei aos 13 anos de idade e no início foi tudo bem dificil, pois eu tentei começar dançando com minha prótese, então, isso me limitava bastante, tanto pela minha deficiência como pela questão de que a prótese não possui articulação, mas um dia, em um treino no Centro de Juventude do bairro, um amigo chamado Nuily me viu tentando fazer alguns Footworks e Top Rocks com a prótese e viu a minha dificuldade, então, ele chegou próximo e disse “Ei, Perninha, porquê você nao tenta dançar sem esse negócio ai? Eu acho que, além de você ficar bem mais livre, você vai poder criar muita coisa original”, e nesse dia eu fiz meus primeiros Footworks, desde esse dia em diante, coloquei a prótese apenas para andar no dia a dia. Minha primeira competição foi no mesmo ano que comecei, em um evento de 2vs2 Kids, ao qual eu e meu irmão de criação, Fidel, participamos juntos, foi nessa mesma época que fundamos a Infect Break, uma crew que até hoje segue ativa na cidade, perdemos na semifinal, mas foi uma grande experiência.
BW: Perninha, queria que falasse um pouco da questão da sua perna, foi algo de nascença? Como superou essa situação que poderia ter sido uma limitação ou um motivo para desistir, mas você dança muito bem Breaking até hoje, nos conte isso…
Perninha: Eu nasci com uma malformação congênita ou mais precisamente, um encurtamento no fêmur esquerdo. Os médicos até hoje não sabem porque eu vim ao mundo com essa condição, pois minha mãe não teve nada que pudesse prejudicar a gestação. Como falei mais acima, os ensinamentos da minha mãe de “nunca desistir” ou “jamais se entregar” foram fundamentais para o meu crescimento e aceitação, juntamente com a Cultura Hip-Hop, que me abraçou e me mostrou que eu poderia ser eu mesmo, pois dentro de uma cypher ninguém olharia para o “perninha deficiente” e sim para o Perninha B-Boy. Sou grato também aos Old School da minha cidade, Kazzuza e o Vant Vaz, que foram pessoas que sempre me motivaram e me deram conselhos para adaptar os passos ou me fazer entender que meu caminho era diferente dos demais B-Boys e B-Girls. E foi graças a essas pessoas e mais algumas, que pude entender como eu poderia explorar minha dança e ser quem eu sou, tanto dentro como fora das batalhas.
BW: Recentemente, na sua rede social, você fez uma rifa para continuar a fisioterapia e a medicação no tratamento de uma lesão, uma protusão em 6 discos (2 na cervical e 4 na coluna). Como isso apareceu? Qual o prognóstico? E como estão essas ações que tem feito? Quem desejar ajudar, como pode participar?
Perninha: Sobre as lesões, eu já havia tido 2 protusões no ano de 2018, fiz fisioterapia e tomei medicação. Depois disso, fiquei “bom”, voltei aos treinos normalmente e nâo senti mais nada. Com a chegada da pandemia, fiquei alguns meses parado e isso provocou um choque no meu corpo. Quando decidi voltar a treinar e competir, por conta dos meses que fiquei parado devido ao início da pandemia, voltei a competir e até então tudo normal. Então, esse ano, quando eu estava treinando, senti uma fisgada no meu pescoço, fui ao médico e todos me falavam a mesma coisa, que era apenas um torcicolo, passei um mês assim e nada desse “torcicolo” melhorar, um dia, eu acordei e parecia que todo o meu corpo estava paralisado, eu não conseguia me mexer sem sentir dor, minha esposa estava tendo que me ajudar até para tomar banho, então, decidi ir novamente ao médico, onde o mesmo passou uma bateria de exames e após ver os resultados da ressonância, me falou que eu estava com 6 protusões, que não era caso de cirurgia, mas que eu deveria tratar o quanto antes para que não se transformasse em uma hérnia de disco e após o tratamento e as dores sumirem, eu deveria seguir um protocolo de fortalecimento para o resto da minha vida, com trabalhos de musculação e fortalecimento. A previsão dada pelos médicos e fisioterapeutas é de 1 a 2 meses para que eu possa voltar a treinar de leve com acompanhamento. A rifa foi uma ideia do Ratin da Killa Rockers, meu companheiro de crew, através da rifa conseguimos levantar o suficiente para custear as primeiras sessões de fisioterapia. Após o sorteio da rifa, eu deixei apenas o meu Pix para quem puder e quiser ajudar com algo, pois ainda estou tendo muitos gastos com medicação e terei que continuar a fisioterapia após as sessões pagas acabarem, pra quem quiser ajudar de alguma forma, é só falar comigo pelo Instagram que eu envio o meu Pix.
BW: Alguma vez você se sentiu discriminado, desanimado ou diferente dos outros? O que usou como ferramenta de superação?
Perninha: Minha vida inteira (risos), mas como falei anteriormente, por conta do que aprendi com minha mãe, sempre usei tudo que jogavam em mim como energia ou combustível para continuar e seguir em frente, o preconceito começou dentro de casa com meu pai, depois na escola, na rua e até dentro do Hip-Hop, onde muitos B-Boys me diziam para parar, que eu não chegaria a lugar nenhum. Mas essas coisas nunca me fizeram parar, aprendi a amar meu pai independentemente do que ele fez e aprendi que pessoas vazias jamais conseguiram ver aquilo que pessoas determinadas veem.
BW: Como você vê a questão dos B-Boys e B-Girls brasileiros que têm alguma limitação? Existem trabalhos e ações no Breaking efetivas para trabalhar esses dançarinos? Ou faltam iniciativas?
Perninha: O Brasil hoje, por incrível que pareça, é um dos países no mundo com o maior número de B-Boys com deficiência e que tem um alto nível, infelizmente, por conta das políticas públicas e da nossa própria cultura, muitas vezes lutamos por coisas que não são tão urgentes quanto outras, diferente do trabalho que fazem fora do Brasil, que mesmo sem ter tantos B-Boys e B-Girls com deficiência, os mesmos têm um amparo muito grande do Estado e das empresas privadas. No Brasil existem trabalhos e iniciativas, mas na maioria das vezes sem investimento. Acredito que falte uma atenção tanto da população como do Estado para a pauta das pessoas com deficiência no geral, pois muitas vezes falamos de diversas lutas, mas esquecemos de uma que dependendo da condição física ou mental, precisa de ajuda para ir ao banheiro, para ler, para comer. Então, que possamos ter essa sensibilidade de lutar pelas urgências.
BW: Nos conte um pouco sobre os seus trabalhos nos Artistas de Rua , na ILL Abilities e no Coletivo Gang Gangrena?
Perninha: Então, eu sempre fui artista de rua, desde que comecei a dançar e foi algo que me ajudou muito a falar em público e interagir com as pessoas, o Coletivo Gang Gangrena foi a crew que cresceu comigo, a maioria amigos da mesma cidade e que hoje desenvolve um trabalho por todo o mundo, em batalhas, shows etc… o Killa Rockers eu entrei em 2014, a convite dos B-Boys Rock Lee e Ratin, desde então seguimos produzindo conteúdos, batalhando e promovendo a cultura no geral, tanto no Brasil como no exterior. O Ill-Abilities é um grupo de Breaking composto apenas por pessoas com deficiência, que tem o objetivo de levar ao mundo a mensagem “Sem Desculpas e Sem Limites”, promovendo shows, batalhas, palestras, workshops e sendo agente de transformação para pessoas em situação de vulnerabilidade social por todo o mundo.
BW: Você faz parte da Killa Rockers Crew correto? Como começou seu relacionamento com a crew e nos fale dessa convivência com o pessoal.
Perninha: Sim, então, eu conheci o pessoal no ano de 2012, mas já acompanhava por vídeos, na época que morei em Minas e em São Paulo, fiquei muito próximo praticamente de todos os integrantes, treinamos juntos e convivemos bastante. Até que, em 2014, o pessoal decidiu participar da batalha da Amizade na cidade de Rio Claro-SP, o B-Boy Rock Lee estava na minha casa na Paraíba e me perguntou se eu não gostaria de participar com eles e o que eu achava de fazer parte da crew. Pra mim foi algo natural, pois eu já convivia com o pessoal que para mim era como se fosse minha própria família. Desde então, faço parte do Killa Rockers.
BW: Em termos de competições, que eventos mais te marcaram? Que vitórias foram inesqueciveis? Você já competiu fora do Brasil? Fale da sua caminhada na dança e dos momentos memoráveis.
Perninha: Falando de vitórias em competições e momentos marcantes, houve 3 em minha vida que eu considero como momentos que mudaram o rumo da minha carreira: o primeiro, foi quando ganhei junto do meu brother Deinho, o Vivadança 2013 2vs2, onde a premiação era exatamente 1000 reais para cada, eu peguei todo o dinheiro daquela premiação e me mudei para o Sudeste sem pensar duas vezes e isso me abriu muitas portas, foi uma decisão difícil ficar longe da família, mas vendo hoje eu sei que foi algo necessário, então, guardo na memória até hoje, tanto a vitória nesse evento como o que fiz ao receber a premiação; o segundo momento foi a vitória no Batalha na Vila Latino America 2013, o meu companheiro de crew, o B-Boy Douglas, havia vencido a etapa do Rio de Janeiro e deveria ir para competir nesse evento em São Paulo, mas infelizmente ele não conseguiu ir, então, ele entrou em contato com a produção do evento para que deixassem a vaga para mim, que era da Gang Gangrena assim como ele, os organizadores infelizmente não me deixavam competir, até que no último segundo, depois de tanto eu insistir e falar que não havia nada errado em entrar no lugar dele, os mesmos me colocaram para competir, olhando pra mim com uma cara de tipo “vai deixa ele ir, é provável que perca de primeira” e foi muito incrível, porque eu fui passando fase a fase, na semifinal cheguei a tirar os jurados das cadeiras de tanta energia que foram minhas entradas e, por fim, venci o evento, então, os organizadores tiveram que vir me dar a premiação e me parabenizar mesmo, não acreditando que aquele deficiente “chato” tinha ganho o evento deles, que inclusive foi o último que eles fizeram, evento esse que tinham grandes nomes presentes no 1×1 como Luka, Kapu, Aranha, Canito, Kley, Rock Lee, dentre outros e um deficiente desconhecido lá da Paraiba ganhou; e o terceiro momento foi no ano de 2019, no The Legits Blast Festival na Eslováquia, onde recebi o prêmio de “B-Boy Float Most Valuable Breaker OutBreak 2019”, como o destaque das cyphers e do evento, no qual se encontravam mais de 1000 B-Boys e B-Girls de todo o mundo, mais uma vez um paraibano no meio desse povo todo foi visto por alguém. Esses três momentos para mim foram os mais marcantes na minha carreira até hoje, pois em cada um teve seu significado para que eu pudesse conquistar ou ser quem eu sou, tanto como profissional, mas também como pessoa.
BW: Você é um cara atuante, principalmente nos debates dentro da Cultura e no meio do Breaking. Você se acha polêmico em algumas circunstâncias? Já teve problemas em expor algumas opiniões?
Perninha: Não me acho polêmico, eu não me acho nada na verdade (risos), o que eu acho é que há muita coisa que precisa ser conversada e muitas vezes apenas A ou B fala, enquanto muitos seguem calados ou com medo de se expressar e serem julgados, entende? Eu, como fui julgado minha vida inteira até dentro de casa, não ligo muito pra isso, sou uma pessoa sincera, se eu gosto, eu gosto, se eu não gosto, não gosto. O problema são os outros que criam, porque eu mesmo sigo trabalhando e fazendo meus projetos, dançando e sendo diferença na vida de quem precisa e quem quer “problematizar” o que eu falo ou faço, pra mim tá só perdendo tempo, onde o mesmo poderia estar ajudando e incentivando alguém. Por isso, eu sigo nos meus objetivos, as pessoas falando ou não de mim. Isso não muda nada na minha vida (risos).
BW: Como você analisa os B-Boys e as B-Girls brasileiras? Na sua opinião, temos condições de competir de igual para igual lá fora? Principalmente em eventos como as Olimpíadas?
Perninha: Então, sendo bem direto, todos nós sabemos da diferença em estrutura e incentivo que temos no nosso país, se comparado com Estados Unidos, Europa e Ásia, mas mesmo em condições precárias de treinamento ou de sobrevivência, muitos de nós batem de frente, se destacando muitas vezes e até ganhando eventos de grande porte, na minha opinião, temos sim condições de competir com qualquer Breaker pelo mundo, mas sendo crítico e sabendo entender que estamos saindo alguns passos atrás e que precisamos correr alguns passos a mais para diminuir essa diferença que existe, as Olimpíadas podem ser uma plataforma que irá gerar mais investimento e visibilidade para que possamos ter mais apoio e condições de encurtar essa diferença que citei, comparando com os países de primeiro mundo. É apenas uma especulação, mas eu estou bem confiante sobre as Olimpíadas, pois sei que temos sim um potencial de crescimento ainda maior, é só ver nos últimos 5 anos o número de brasileiros que têm se destacado no cenário internacional.
BW: Normalmente, como funciona sua rotina de treinos?
Perninha: No momento, eu estou parado a cerca de 3 meses, devido a lesão, mas normalmente eu treino entre 4 a 5 vezes por semana, em média 3 a 6 horas por dia, costumo dividir meu treino entre criação (novidades), aperfeiçoamento (de coisas que já sei), preparo de competição (treino várias entradas e todas as possibilidades possíveis e em músicas diferentes).
BW: O que tem feito nesse tempo de pandemia?
Perninha: No início da pandemia, como falei eu estava parado devido às medidas de proteção, mas depois, voltei a treinar e competir, ano passado fui destaque na primeira edição on-line do Break Free, no primeiro semestre de 2020, fui finalista da segunda edição e vencedor da terceira edição, ambas em 2020, no final do ano, fui indicado ao prêmio de destaque internacional do ano ao qual estava concorrendo com mais 4 grandes nomes, Hong 10, Shigekix, Amir e Gravity. No início do ano de 2021, fui campeão do Campeonato Nacional Fluxo, que teve sua edição em formato on-line e fui destaque do evento na primeira edição de 2021 do Break Free. após isso, eu me lesionei e desde então sigo sem treinar, ajudando o pessoal do meu estado com a Federação Paraibana de Breaking e também trabalhando no projeto The Big Players, juntamente com alguns outros nomes da cena nacional.
BW: Quais são seus planos para o futuro?
Perninha: Trabalhar muito! Pense numa coisa que eu gosto, é de treinar e trabalhar, ainda quero tirar minha mãe do aluguel e ter condição de olhar pra ela e falar “pode parar de trabalhar, deixa comigo”, há muitos países ainda que tenho pra conhecer e alguns projetos que quero concretizar para ajudar mais pessoas.