A Mostra de Artes de Diadema é um evento presente no calendário cultural anual realizado na cidade. Com a instituição do Prêmio Cultural Plínio Marcos, foram estabelecidos os seguintes objetivos: difundir as diversas linguagens artísticas existentes na cidade; promover a produção realizada pelos artistas da cidade e oferecer à população um painel da atual criação artística, em suas mais diversas expressões.
A Mostra abrange diversas áreas artísticas, como artes visuais, música, teatro, dança, literatura e audiovisual, proporcionando um amplo panorama da diversidade e talento presentes na comunidade artística de Diadema.
A Mostra ocorre ao longo do mês de setembro, em diversos centros culturais e bibliotecas da cidade. A participação e entrada são gratuitas para todos que queiram participar e desfrutar das diferentes manifestações artísticas. Ao todo são mais de 120 mil reais em prêmios nas mais diversas categorias.
É um evento cultural abrangente e inclusivo, que valoriza a produção artística local e promove o acesso à cultura na cidade. Por meio da Mostra, Diadema se consolidou como um importante polo cultural, destacando-se pelo talento de seus artistas e pela diversidade de suas expressões artísticas.
B-Boy Megaman Imagem: ® The Sarará
Um dos destaques deste ano é a inclusão de uma série de fotografias dedicadas ao universo do Breaking, nova modalidade olímpica de Paris 2024. Esse elemento da Cultura Hip-Hop é uma forma de dança que emergiu das ruas, sendo uma manifestação artística carregada de energia e história. Essa expressão única, que combina movimentos fluidos, a rivalidade e o ranço das ruas e acrobacias impressionantes, é uma fonte inesgotável de inspiração para artistas e observadores. E agora, na Mostra de Artes Diadema 2023, os amantes do Breaking terão a oportunidade de mergulhar nas sutilezas e na intensidade dessa dança através do olhar do Fotográfo Sarará Rodrigues.
A exposição vai oferecer um olhar íntimo e poderoso sobre essa forma de dança vibrante. Cada imagem captura a energia, a paixão e a dedicação dos dançarinos, bem como a atmosfera única que envolve cada movimento. Essas fotografias são mais do que instantâneas; são histórias visuais que narram a jornada e a expressão pessoal de cada artista.
Além de oferecer uma viagem ao mundo desse elemento da Cultura Hip-Hop, a exposição fotográfica também celebra o trabalho e a visão dos próprios fotógrafos. Suas habilidades em capturar momentos fugazes e transformá-los em obras de arte estáticas é uma prova do poder da fotografia como meio de expressão.
Os visitantes da Mostra de Artes Diadema 2023 serão convidados a explorar a exposição de fotografias e a se deixar envolver pelas histórias contadas por trás de cada imagem. Será uma oportunidade única para apreciar a dança em sua forma mais pura e visceral, por meio do olhar sensível e artístico dos fotógrafos.
Portanto, prepare-se para uma experiência visual e emocional única na Mostra de Artes Diadema 2023. A exposição de fotografias de Breaking é apenas um dos muitos destaques que aguardam os visitantes, prometendo enriquecer ainda mais a celebração da arte e da cultura em nossa cidade.
Serviço:
Lançamento: 01 de setembro Horário: 19h30 Local: MASP, Museu Arte Popular Rua Graciosa 300, Centro -Diadema Duração: Todo o mês de setembro Entrada Gratuita
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Esta semana o Rio de Janeiro voltou a sediar, mais uma vez, a Gymnasiade, Olimpíada do Desporto Escolar, que reuniu mais de 2 mil estudantes atletas da categoria sub-15 de 46 países de todos os continentes. O Breaking foi uma das modalidades e claro que o Portal Breaking World esteve presente para cobrir o evento e acompanhar de perto o desempenho de uma nova geração pequena no tamanho ou na idade, mas gigante no talento. A maioria dos atletas filiados na CNDD que foram convocados pela CBDE foram os medalhistas da categoria Kids do Primeiro Campeonato Oficial de Breaking Como Esporte, que aconteceu no ano passado, realizado pelo Conselho de Dança Desportiva.
Coletiva de Imprensa
No dia 18 aconteceu a coletiva de imprensa, o presidente da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE) e vice-presidente da Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF em inglês), Antônio Hora Filho, declararou que se forem computadas também todas as equipes de trabalho, as pessoas que acompanham os atletas e familiares, o evento teria envolvido mais de 4 mil pessoas. São dele as palavras: “Nós somos esporte, mas não só esporte. Somos esporte educacional. Nós utilizamos do esporte como uma ferramenta de formação da cidadania e de educação”.
A maior delegação foi a do Brasil, com 404 membros, sendo 323 estudantes atletas – 161 mulheres e 162 homens -, o que para Antônio Hora Filho resulta das ações pró equidade desenvolvidas pela entidade. “Significa dizer que a política de equidade da CBDE vem trazendo efeitos benéficos para a nossa sociedade, incluindo a mulher definitivamente no esporte”.
Hora Filho lembrou que essa é também a maior delegação que o Brasil já apresentou em edições da Gymnasiade. A expectativa do dirigente é garantir um bom resultado. “Nas últimas Gymnasiades sub-18, o Brasil, desde 2013, sempre figura entre os três países com maior número de medalhas no cômputo geral. A nossa expectativa nesse ano foi estar no topo do quadro geral de medalhas, competimos em solo brasileiro, com todo o clima e a torcida. Os atletas não tiveram problemas de adaptação ao clima e pressão psicológica. A nossa delegação esteve bastante numerosa. Nós acreditamos que o Brasil pode voltar ao topo do quadro geral de medalhas. Essa é uma boa perspectiva para que as próximas gerações olímpicas sejam um reflexo dessas competições escolares”, disse o presidente da CBDE.
Milhares de atletas participam da Gymnasíade 2023 no Rio de Janeiro. Imagem: CBDE
Depois do Brasil, a China é a delegação com maior número de integrantes com mais de 200 componentes. O Chile é a terceira, com 164 membros, e os Estados Unidos com 122 inscritos.
Na primeira edição do evento no Brasil, em 2013, a sede foi Brasília. Naquela edição, os estudantes atletas eram da categoria sub-18. “Não podemos esquecer que é do esporte educacional que surgirão os talentos, e nós temos exemplos recentes. A nossa medalhista da ginástica Rebeca [Andrade], que ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas, a primeira medalha internacional que ela ganhou foi em 2013 quando realizamos o Gymnasiade sub-18 em Brasília, e ela se iniciando na sua vida esportiva ganhou a sua primeira medalha internacional na mesma prova que seis anos depois se transformou em campeã olímpica. No desporto escolar, formar atletas é importante, mas formar cidadãos é muito mais importante”, disse Hora Filho.
Para o presidente da Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF), o francês Laurent Petrynka, a participação dos estudantes atletas é mais do que representar a própria modalidade esportiva. “Quando você compete nos eventos da ISF, não está apenas representando o seu esporte, está representando a sua família, a sua cultura, o seu potencial”, disse, acrescentando que uma das razões da ISF em organizar essas competições é desenvolver nos estudantes os verdadeiros valores olímpicos.
Cerimônia de Abertura
A ministra do Esporte, Ana Moser, esteve na cerimônia de abertura no domingo (20). A mascote dessa vez foi um pássaro carioca, chamado Rio, que teve o nome escolhido em uma consulta entre os participantes. A ISF U15 Gymnasiade 2023 apresentou 18 modalidades: tiro com arco, atletismo, badminton, basquete 3×3, boxe, caratê, dança esportiva, esgrima, ginástica artística, ginástica rítmica, judô, orientação, natação paralímpica, natação, tênis de mesa, tae-kwon-do, wrestling e xadrez.
As competições foram realizadas na quinta-feira (24) e na sexta-feira (25), com encerramento do evento no sábado (26). O retorno das delegações para os seus países está previsto para os dias 27 e 28.
As provas foram disputadas nas arenas cariocas 1 e 2, no Centro Olímpico de Tênis e Vila Olímpica, instalados no Parque Olímpico da Barra da Tijuca; na Arena da Juventude, no Complexo Esportivo de Deodoro; e no Complexo Esportivo da Universidade da Força Aérea (Unifa), em Sulacap. Todos esses equipamentos estão na zona oeste da cidade.
O secretário de estado de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro, Rafael Picciani, incentivou a presença do público lembrando que os ingressos para assistir as competições eram grátis. “A grande oportunidade de convidar a população para vir vibrar e assistir esses atletas competindo. Muitos deles, quando competem fora do Rio, não têm oportunidade de levar um parente para assisti-los, pelo custo, dificuldade logística e pelo calendário. Essa foi uma grande oportunidade de vermos esses atletas competindo e de trazer para perto a comunidade esportiva que o Rio de Janeiro possui, e mais uma vez ocupar essas arenas olímpicas, daquilo de mais marcantes que nós temos que é a alegria e a receptividade do povo brasileiro”, disse.
Como foi a chegada da delegação de Breaking?
B-Girl Angel do Brasil
B-Girl Mary-D
B-Boys Pablo e Samukinha
A Delegação Brasileira Sub 15 composta pelos atletas B-Girl Angel do Brasil (13), B-Girl Mary D (14), B-Boy Samukinha (14) e B-Boy Pablo (13) chegaram ao evento na véspera da Competição (21), enfrentaram alguns problemas como cobrança de taxas aéreas indevidas, atraso na hospedagem, mudança de dias e horários de competições, chão impróprios que causaram feridas e lesões nos atletas, manifestações no meio da competição de alguns responsáveis por atletas que verificaram que alguns nomes não constavam como escritos para competir e ainda mudança de hotel. Problemas diversos onde alguns foram solucionados e outros não. Tirando um pouco do brilho do evento! Uma pena pelo tamanho e importância da Gymnasiade e pelo o que significa eventos desse porte para a nova geração de atletas brasileiros
E a Competição?
Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no Rio de Janeiro pela seleção Sub 15 na Competição o Brasil despontou nas primeiras colocações do mundial, confira:
B-Girl Mary D ficou em3° lugar no individual de B-Girls e na dupla mista;
B-Boy Samukinha em 4° lugar no individual de B-Boys e em3° lugar na dupla mista;
B-Girl Angel do Brasil em 4° lugar no individual de B-Girls e em 4° lugar de duplas mistas;
B-Boy Pablo 5° lugar no individual de B-Boys e 4°na dupla mista
O evento continua até o dia 26 de agosto. A Gymnasiade é organizada pela ISF em parceria com a CBDE, com apoio do Sesc Rio; da Federação de Esportes Estudantis do Rio de Janeiro (FEERJ); do governo do estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer; e do governo federal, por meio do Ministério do Esporte.
Fotos: Breaking World
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Foi com essa energia do bem que Denílson Alves dos Santos (26), de Guaianazes, zona leste de São Paulo, na Cultura Hip-Hop conhecido como B-Boy Baby, conversou com o Portal Breaking World, falando de sua história e caminhada no Breaking e na vida!
Nesse papo falou sobre família, Breaking cultura e esporte, sobre grandes eventos do passado, essência, referências, treinos, lesões e principalmente a respeito de ser manter estável, psicologicamente, emocionalmente e financeiramente! “O mundo precisa de pessoas boas e o resto é consequência” é dele essa reflexão que desejamos que inspire você, leitor, a ser sempre pelo certo, pelo bem, nunca desistindo dos seus sonhos. Continuar é o foco, por mais difíceis que as coisas possam parecer! Fé no corre!
Confira essa entrevista que acabou de sair do forno:
BW: Queria que você nos falasse seu nome completo, idade e nos contasse um pouco da sua infância: onde nasceu e cresceu? Foi uma infância tranquila ou houve dificuldades? Que lembranças tem dessa época?
Baby: Eu sou Denílson Alves dos Santos, tenho 26 anos. Sou de Guaianazes, zona leste de São Paulo. Minha infância foi tranquila em alguns aspectos, foi uma infância bem vivida. Eu brinquei bastante, tive muitas amizades, joguei muita bola, andei muito de bicicleta. Brincava bastante com as brincadeiras da época que tinha, mas também houve dificuldades, sim. Eu sou de uma família humilde, periférica, mas meus pais nunca deixaram faltar nada, porque os meus pais sempre fizeram correria para ter. Meu pai é pedreiro e a minha mãe cuidava da casa. Eu tenho uma irmã autista, então, essa minha irmã depende muito da minha mãe. As duas são bem grudadas, tenho irmãos também. Então, foi bacana o tempo da escola, mas eu não tinha uma autoestima muito legal, por ser um preto e tal, sofri muito bullying com o cabelo que eu tenho. Mas foi na minha infância que eu conheci o Breaking!
De família humilde e periférica, Baby sofreu bullying mas o Breaking o ajudou a superar os problemas de autoestima. Imagem: ® Arquivo Pessoal
BW: Como foi isso? Quando surgiu o amor pelo Breaking? Onde aprendeu? Teve alguém que te ensinou os primeiros movimentos?
Baby: A partir daí comecei a ter minha personalidade e escolher esse caminho. Eu conheci a Cultura Hip-Hop entre 2008 e 2009, foi por meio do DVD Red Bull BC One 2005 muitas pessoas começaram através desse DVD, tinha um amigo meu que tinha um irmão que dançava Breaking e esse amigo nosso trouxe esse DVD para gente e através daí começou o encanto pelo Breaking. Fomos para rua tentar fazer os passos iguais dos dançarinos dessa época, que são conhecidos hoje mundialmente e até então encontrávamos uma divulgação aqui numa escola do meu bairro, onde estava acontecendo aulas de Hip-Hop e aí foi o meu primeiro contato com o Breaking e com os fundamentos, com pessoas me ensinando, foi a partir daí e até hoje essa pessoa que me ensinou os primeiros passos, o B-Boy Jean, até hoje somos muito amigos, somos da mesma crew e através daí eu fui tendo outros mestres. Fui conhecendo outras pessoas e outros lugares de treino. E assim foi fluindo!
BW: Existiram pessoas que foram referência na dança para você aqui ou fora do país?
Baby: Sim, existiram diversas referências para iniciar minha carreira e de início como foi pelo DVD da Red Bull daquela época, tiveram algumas pessoas, eu sempre gostei de coisas de flexibilidade, gostava do Lilou. No Brasil, tive muitas referências com o pessoal da Gangstyle, que era uma crew de muita referência, inclusive eu fiz parte dessas crew também. O Lula foi uma referência. O B-Boy Megaman foi uma grande inspiração, no início e até hoje.
B-Boy Baby foi um dos destaques da última edição do Breaking Combate, um dos mais tradicionais campeonatos do país. Imagem: ® The Sarará
BW: Na sua família você é o único que dança? Teve apoio da família quando começou a dançar?
Baby: Na verdade não. Quando eu comecei o meu irmão Denis também estava lá no Brasileiro, nós começamos juntos, na mesma época, então, vivemos os mesmos momentos e hoje em dia ele continua dançando, somos da mesma crew, moramos juntos e continuamos dançando até hoje. Referente ao apoio, na época, né, por ser algo novo e por eu vir de uma família antiga que não tinha muita informação, eu era proibido de treinar pelo meu pai. Eu ia treinar escondido às vezes, sabe? Eu dançava escondido porque o Breaking não tinha como, eu estou aqui até hoje. Com o tempo, fui recebendo apoio, no decorrer dos anos fui envelhecendo, meu pai foi vendo que não era exatamente isso que ele pensava. Na época, falava de Hip-Hop pensava na rua, em coisas erradas. Mas isso era falta de informação que depois chegou.
BW: De onde surgiu o nome Baby que você usa até hoje na dança?
Baby: Esse apelido é bem antigo, eu era chamado de Baby bem antes de dançar, era um apelido que eu não gostava, na verdade, foi meu irmão que me apelidou com esse nome. Eu era novinho, era bem chorão, então, por causa da “Família Dinossauro” (risos) me apelidaram de “Baby”. Eu não gostava, mas ficou e está aí até hoje!
BW: Quando começou de fato a competir? Nos fale dos eventos que foram os mais especiais até hoje na sua vida e porque te marcaram…
Baby: Quando eu comecei, mesmo não tendo nível para competir, eu sempre gostei da energia da competição. Das batalhas e dos desafios! Então, eu comecei bem cedo nas batalhas, 2010 eu já batalhava! Mas as que mais me marcaram foram Rival vs Rival 2015, Master Crews, onde fomos finalistas, eu fazia parte da Gangstyle na época, foi em 2013. Mas no Rival eu competi ao lado meu irmão Smoke e tinham várias duplas de alto nível e eu lembro que enfrentamos também duplas de outros países, foi muita gente de fora, então, foi muito marcante, porque o Rival vs Rival era um evento que nós acompanhamos muito no início da nossa carreira e é um evento que sinto falta até hoje, foi importante para nossa carreira e sempre foi um evento de alto nível nacional. Tem muita história, muita trajetória e todo um emocional. Estava eu e meu irmão, então, foi um momento muito nosso! Foi bacana essa experiência!
BW: Você, Baby, sempre tem uma grande torcida nos eventos, nos fale sobre essas pessoas, sobre sua crew e como é a relação de vocês.
Baby: Sobre as torcidas, eu acho bacana! Principalmente os meus amigos, minha crew é um sentimento bem real nesse momento! Eu acredito que conheçam a minha história, talvez achem que vai chegar junto nessa energia, eu sempre busco transmitir uma boa energia em todo lugar que eu estou, então, eu não vou falar que sempre foi dessa forma, mas é uma essência que temos de amizade, muito de alegria, de festa, principalmente minha crew que acompanha o meu crescimento e ficam felizes por isso e as pessoas que são reais comigo da Cultura também ficam felizes, porque eu tenho uma trajetória no Breaking, eu já passei por diversas situações também na minha vida, então, quem conhece a minha história fica feliz quando consigo coisas! E muitos que estão no meio da bagunça viveram muitas coisas comigo, têm uma relação de amizade. Quando eu estava com o Hip-Hop no Vagão, trabalhava muito nos vagões em São Paulo, fazendo muito trabalho artístico, então, sempre tivemos uma energia alta, compartilhando boas coisas! São amizades antigas, vivemos muitas coisas juntos além do Breaking, tanto coisas boas como ruins. É uma conexão que acaba gerando num momento de alegria com amizades antigas e também amizades que chegaram agora!
Este mês B-Boy Baby foi o campeão do RV Power, em Diadema. Imagem: ® Breaking World
BW: Como você vê os eventos que acontecem hoje em dia no Brasil? Você já competiu fora do país?
Baby: Com mais estrutura, mais oportunidades, as premiações melhoraram, mas sinto que perdeu a essência… Hoje em dia não vejo mais uma essência como antigamente, que existia muitas crews, hoje em dia não tem muitos eventos de crew, antigamente víamos as crews como família, cada família no seu canto, todo mundo com as camisas iguais, fazendo grito de guerra e isso se perdeu com o tempo, porque a estrutura, valores, não é ruim ter uma premiação alta, porque precisamos disso também para sobreviver, isso é um trabalho, que exige uma dedicação muito grande, leva anos… Mas a essência se foi um pouco e hoje é tudo diferente… Hoje é mais estrutura “hype”, mais a imagem, mas a essência real foi perdida e referente a competir fora do país, sim, já morei fora, morei em Santiago do Chile e eu competi e ganhei alguns títulos por lá. O meu primeiro título internacional foi o Surbreakers, foi bem bacana, foi em 2019, ganhamos também passagem para uma competição em Porto Rico, que não foi possível por causa da pandemia. Foi bem bacana, porque morei um ano lá e tive experiência também como arte-educador além do Breaking.
BW: Como são os seus treinos? Quantas vezes na semana e quantas horas treina? Como você descreve a sua dança?
Baby: Hoje em dia os meus treinos são mais conscientes. Eu tive algumas lesões no decorrer dos anos por falta de informação e teimosia também, confesso. Eu pratico Yoga, alongo pela manhã, faço minhas meditações, busco me centrar bastante. Também faço fortalecimentos específicos, fisioterapias com banda elástica, malho sempre, houve uma necessidade de ter um preparado de atleta, mesmo antes de ter sido anunciado como esporte olímpico, atendendo as necessidades do meu corpo. O Breaking eu treino de 2 a 3 horas, somando tudo pode dar 5 a 6 horas de trabalho corporal. Antigamente, eu me movimentava bastante, também trabalhava no vagão, fazia shows, também tinha ensaios, eu sempre busquei treinar o meu Breaking fora as outras atividades. Sempre me mantenho ativo e com os treinos em dia. Descrever a minha dança vai muito com a minha realidade de vida, as minhas dificuldades, as minhas guerras internas e busco essas inspirações da minha família. Minha maior inspiração é a minha família, pelo que os meus pais correram e eu busco muito essa questão. Às vezes treino todos os dias, ando de bicicleta e às vezes descanso.
Consciência para evitar lesões e evoluir sempre. Imagem: ® Breaking World
BW: O Breaking, que sempre foi um elemento da Cultura Hip-Hop, agora também virou esporte e será a nova modalidade olímpica de Paris 2024. Você participou do Primeiro Campeonato de Breaking como Esporte da CNDD. Como você vê todas essas mudanças de cultura para esporte?
Baby: O Breaking nunca vai deixar de ser cultura, mesmo estando inserido nos jogos olímpicos, estamos nas próximas olimpíadas agora também. Eu acho que ele segue como cultura, mas expandiu para o esporte e isso é bom, porque será mais visto pela mídia, pelas pessoas antigas também que viam de uma forma ruim e agora vão entender que é algo profissional, porque quando falamos esporte mostra que é algo profissional e dentro da cultura é profissional também, então, acho que é uma boa expansão, mas ele sempre vai seguir sendo cultura, expande para o esporte e vêm as oportunidades.
BW: Na sua opinião quais são as reais chances do Brasil nas Olimpíadas de 2024? Hoje em dia seu foco são as Olimpíadas? Como tem se preparado para esse grande evento? Quais são seus planos para o futuro?
Baby: Na minha opinião o Brasil tem chance, estamos mais próximos com a organização e o top 3 que rolou na CNDD foi bom, mesmo que eu queira estar preciso entender que os que estão à frente de mim são pessoas que às vezes já percorreram o que eu estou percorrendo, é uma questão de processos, aprendizados e experiências. Mas se eu tiver oportunidade de ir, vou dar o meu máximo, hoje em dia tenho me preparado bastante, busco ser mais consciente em diversas coisas, sigo treinando, aprendendo muitas coisas e buscando novas oportunidades, apoios e cuido do meu interno, que é o mais importante. Os meus planos para o futuro são saúde minha e ao meu redor, minha família, meus pais, cuidar da saúde deles, então, essas oportunidades eu busco entregar o melhor para a minha família e isso me mantém estável. Tanto psicologicamente, quanto emocionalmente e financeiramente!
Priorizar a saúde e a família para continuar tendo êxito como dançarino e atleta de Breaking. Imagem: ® Reprodução
BW: Deixe uma mensagem para os leitores do Portal Breaking World e para quem acompanha a sua dança.
Baby: Primeiramente, gratidão pela oportunidade, pela consideração do meu trabalho e trajetória. Feliz em poder compartilhar um pouco da minha história com vocês, é de grande importância para mim tudo isso! Tô ligado que existem muitas pessoas que não acreditam no meu corre, até sentir minha energia e meu Breaking! Porém, sei que tenho muito o que melhorar e trabalhar na minha dança. Eu sou muito grato por aqueles que acreditam realmente nisso aqui, isso me motiva a seguir! Independentemente de qualquer situação, não deixe de acreditar no seu potencial, não… Aprenda com os seus erros, trabalhe em cima disso, escute seu coração e nutra-se com todos os aprendizados possíveis! Seja leal consigo mesmo, só você sabe o coração que você tem… A humanidade precisa de boas pessoas, foque nisso e o restante virá como consequência… Muita fé no corre!
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Aconteceu no último final de semana, no Ginásio Poliesportivo de São Bernardo do Campo (SP), o 2º World Dancer Experience. O evento foi um intensivão internacional de dança. Inscritos tinham mais de 110 dançarinos de todo o Brasil, de 15 anos de idade em diante, do nível intermediário ao profissional. Nos três dias, essas pessoas trabalharam versatilidade, musicalidade, conhecimento corporal, performance de palco, alma na dança e infinitas coreografias, onde o objetivo era elevar o trabalho artístico a outro nível. Esse ano, nomes internacionais como de Matthew Prescot da Broadway Dance Center, Katie Dablos da Step on Broadway, Ashlé Dawson e Geeg Torres, que protagonizou um dos momentos mais animados do intensivo com o Hip-Hop, trouxeram vivências incríveis e muita experiência aos dançarinos presentes. Alguns nomes nacionais, não menos importantes, também enriqueceram o evento com suas caminhadas, são eles: Jhean Alex, Zeca Rodrigues, Adriana Assaf e Li Kirsch. Nos três dias de evento, o Portal Breaking World esteve presente e pode sentir uma vibe diferente de corpos livres, dançantes, que tinham arte nas veias e que em alguns momentos do intensivo transbordavam e escorriam pelos rostos. Conversamos com o dançarino Ricardo Braune, organizador do WDE, antes do evento. Confiram a entrevista na íntegra:
BW: Há quanto tempo você dança? Qual a sua especialização?
Ricardo Braune: Eu sou Bailarino há 19 anos! Minha especialidade é Jazz Dance.
BW: Como surgiu a ideia de fazer o World Dance Experience? A que público ele é destinado?
Ricardo Braune: A ideia do evento surgiu da nossa própria necessidade de buscar conteúdos internacionais de qualidade, mas conteúdos que realmente aprofundassem e ajudassem o bailarino a ter algum tipo de transformação! Tanto é, que nós dizemos que esse evento não é um workshop e também não é um curso de férias, é uma experiência que vai levar o bailarino ou artista a uma transformação de dentro para fora! É destinado a bailarinos, professores, coreógrafos de Jazz Dance, Ballet Clássico e Hip-Hop, que queriam aprender não apenas sequências, mas que queiram ter algum tipo de transformação na vida e na carreira artística!
BW: A versatilidade na dança é algo fundamental na carreira de um dançarino?
Ricardo Braune: Na minha opinião é! Imagino que não só na minha, a versatilidade é um dos caminhos para que você tenha um corpo mais inteligente e consiga se expressar de várias formas! A versatilidade te dá muitas possibilidades no mercado e até mesmo para quem é mais especialista, ter conhecimentos de outras áreas te permite ter uma dança mais fluida!
BW: O que as companhias de dança nacionais e internacionais esperam hoje de um dançarino?
Ricardo Braune: Acho que não só nas companhias, mas em qualquer trabalho, qualquer contratante espera ter pessoas preparadas para o que vier dentro das propostas! Pessoas íntegras, dispostas e boas! Para isso, é necessário bastante disciplina, estudo, treino e dedicação! E eventos como o WDE podem ajudar muito!
BW: Fale resumidamente tudo que vai acontecer nesses três dias de evento?
Ricardo Braune: São 3 dias muito intensos, onde vamos trabalhar três temas: a Base, a Musicalidade e aquilo que chamamos de Alma! São 4 professores internacionais e 4 professores nacionais, com conteúdos exclusivos para o WDE!
Dançarinos do World Dancer Experience Imagem: ® Luciana Mazza
BW: E os professores, como foram escolhidos?
Ricardo Braune: Selecionamos os profissionais a dedo, de acordo com os objetivos do evento! Foi feito um balanceamento entre os conteúdos para que fosse uma experiência transformadora! Ir para o exterior, ver e fazer as aulas nos EUA, conversar com inúmeros profissionais e decidir cada professor não é uma tarefa simples! Mas foram escolhidos de acordo com a característica de cada um! Principalmente pensando na questão da versatilidade!
BW: O evento conta com a presença de dançarinos de várias modalidades de dança, correto? Como acontece essa interação e até superação de um estilo clássico, por exemplo, se lançar num Hip-Hop ou alguém que é do Hip-Hop fazer o clássico?
Ricardo Braune: É exatamente essa a proposta, quem tem dificuldade em outros estilos, tem que sair da zona de conforto! Tem que se permitir sair da caixinha para poder desfrutar de uma dança mais fluida! Eu, por exemplo, me especializei em Jazz, mas acho que se eu for contar, mais no início da carreira, minha dificuldade maior era Ballet, então, eu fazia muito mais Ballet que Jazz! Ainda deveria manter essa proporção hoje, mais Ballet do que Jazz e claro que o Hip-Hop me ajudaria muito também! Mas é esse o espírito, trabalhar outras possibilidades!
BW: Quais são suas expectativas para esse evento?
Ricardo Braune: Minha expectativa é de muita energia e muita dança! O que mais importa é no final todo mundo inspirado, com sonhos e metas estabelecidas e muita vontade de realizá-los!
Quem não conhecia esse evento ou não pôde ir esse ano, fica aqui uma boa sugestão para 2023. Depois de passar 3 dias de imersão no WDE ficou um gostinho de quero mais! Lembre-se: um dançarino versátil hoje em dia é ser alguém muito valorizado pelas companhias de dança de todo o mundo e ajuda a atuar em diversos segmentos e tipos de apresentação, sendo necessário, além do amor à dança, profissionalismo, técnica, estratégias de linguagem corporal, expressões faciais, musicalidade, disciplina nos treinos, na vida, são questões que ajudam na ascensão de qualquer dançarino, seja clássico ou não. Ter uma agenda atualizada sobre os melhores eventos, como o WDE, pode ajudar muito na preparação e na formação de quem pretende viver da dança! Por isso, fique de olho no que acontece no mundo da dança à sua volta!
Imagens: ® Luciana Mazza
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No último final de semana, aconteceu no bairro do Jabaquara, em São Paulo, mais uma edição do Troféu Arte em Movimento, organizado pelo artista plástico José Pereira de Souza, mas conhecido como Zep.
O evento, mesmo num dia chuvoso, teve sucesso de público e reuniu diferentes gerações de artistas da Cultura Hip-Hop.
As mulheres estiveram em peso, só em São Paulo foram mais de 100 homenageadas, entre elas: Rúbia, Rose MC,Kika Maida, B-Girl Cris, a grafiteira Mel Zabunov, B-Girl Angel do Brasil e a rapper mirim Sara Cipri. A lista foi escolhida por nomes bem conhecidos e respeitados na cena como Robson Melancia, Monica Senna, Nego Mario e King Nino Brown.
Entre os homens, nomes como B-Boy Amendoim, o fotógrafo The Sarará, B-Boy Danzinho, o grafiteiro Minu e Dj Ninja receberam a premiação. Estava na casa, ou seja, em casa, também, a crew Jabaquara Breakers.
O evento, que está em sua sétima edição, este ano contou com uma novidade: 5 premiados internacionais selecionados pela apresentadora espanhola Margarita Espino, que é jornalista e apresentadora na Espanha e que foi convidada para indicar 5 artistas do Brasil para receber o prêmio.
O Portal Breaking World esteve no evento e registrou os melhores momentos, confira:
Nos próximos dias 25, 28 de setembro e 7 de outubro, o grupo Funk Fockers apresenta um espetáculo de Breaking, que vai ser transmitido ao vivo . “Rotina” é o nome desse trabalho e leva a cultura Hip-Hop das ruas para o palco, misturando coreografia e audiovisual, sempre buscando novos horizontes dentro da cena.
“Existem poucos espetáculos de Breaking no país. Conseguimos de forma inédita a contemplação no edital ProAC, concorrendo com grandes companhias de dança de diversos segmentos como o balé e contemporâneo, nos permitindo colocar em prática as nossas ideias e apresentar uma obra criativa em uma narrativa atual e otimista”, comenta Allan Lopes (Mixa), diretor, B-Boy e coreógrafo. O espectador irá acompanhar o dia a dia de três entregadores de aplicativo que se preparam para curtir a primeira festa de Hip-Hop pós-pandemia.
O projeto conta com a colaboração da Fuligem Comunicação e Arte, um coletivo de artistas audiovisuais.
Imagem: Renato Prado
Conheça os artistas:
Allan Barbosa Lopes (Mixa): diretor artístico, coreógrafo , intérprete e B-Boy, no cenário Hip-Hop há quase 20 anos. É um dos fundadores da Funk Fockers, crew que foi criada em 2008. Passando por França, Dinamarca, Alemanha, Chile, Argentina, Estados Unidos e Colômbia, conquistou alguns títulos individuais e em grupo.
Bruno Siles (Onnurb): coreógrafo e intérprete, também é membro fundador do grupo Funk Fockers e dançarino de Breaking há 19 anos. Participou de competições nacionais e internacionais em vários países como Suíça, França, México e Singapura.
Thiago Antonio Alves (Thiaguin): coreógrafo e intérprete, integrante do grupo Funk Fockers, dançarino de Breaking há 18 anos, participou de um dos maiores campeonatos do mundo – The Notorious IBE, na Holanda, em 2011, como convidado especial.
Igor Goforit: DJ, MC, produtor e beatmaker desde 2000.
O projeto Rotina é realizado pela Fuligem Comunicação e Arte, Funk Fockers Crew e Governo do Estado de São Paulo, por meio do edital ProAC 03/2020 e conta com o patrocínio da Nest Panos, apoio da Strutura Contábil e Me Ghusta e produção da Oriri Agência Cultural.
Imagem: Renato Prado
Serviço:
Rotina Espetáculo de Breaking com Funk Fockers Crew 50min de duração On-line (Gratuito)
Confira o local das transmissões:
25/09/2021 às 19h Site: nestpanos.com YouTube: https://youtube.com/c/NestPanos
30/09/2021 às 19h YouTube – https://youtube.com/c/SUJO https://youtube.com/c/Funkfockers Instagram: https://instagram.com/funkfockers
Em sua 18ª edição, um dos mais tradicionais torneios mundiais de Breaking retorna ao Brasil depois de um ano sem acontecer por causa da pandemia. Com inscrições abertas a partir desta segunda (30), o Red Bull BC One reunirá os mais talentosos dançarinos para mais uma disputa de alto nível. As inscrições podem ser feitas por meio do site www.redbull.com.br/bcone. Para conectar os mais talentosos dançarinos do país, o evento conta com seletivas regionais, as chamadas “Cyphers” – que, neste ano, não permitirão a presença de público – nas cidades de São Paulo (SP), Fortaleza (CE), Curitiba (PR) e Brasília (DF). Os 16 B-Boys e 16 B-Girls que se destacarem nesta primeira fase se enfrentarão na Final Nacional, visando à uma vaga por categoria na etapa mundial do evento, que ocorre na Polônia, em novembro. A disputa deste ano, que conta com a participação de mais de 30 países, marca a primeira edição após a entrada oficial da modalidade no maior evento multiesportivo do mundo: as Olimpíadas. No júri da etapa nacional, conhecidos nomes avaliarão os dançarinos brasileiros, como o B-Boy Pelezinho, lenda do Breaking e figura presente na cena há mais de 20 anos; o B-Boy Neguin, colecionador de diferentes títulos mundiais; e a veterana B-Girl FabGirl. O Portal Breaking World não poderia deixar de falar sobre esse grande evento e para sabermos detalhes convidamos o B-Boy Pelezinho para mais uma animada conversa sobre a 18ª edição da Red Bull, os principais detalhes e dicas para quem pretende participar, falamos sobre Cyphers regionais, o nacional e o evento mundial, sobre o Breaking nas Olimpíadas e o recente interesse de novas marcas nesse elemento do Hip-Hop e, também, olhamos para o futuro falando da nova geração. Bom, vamos a mais essa entrevista que está show porque esse ano, segundo o Pelé, “o chão vai estalar e o bagulho será louco na BC One”.
BW: Pelezinho, o Campeonato da Red Bull BC One chega a 18ª edição. E num tempo de Pandemia! Fale um pouco da preparação desta edição, dos cuidados que estão sendo tomados e como vai acontecer em todos os estados e na final nacional e mundial… Afinal, foi um ano sem acontecer no Brasil…
Pelezinho: Sim, é a 18ª Red Bull BC One, é uma vida né? Ficamos um ano sem ter o evento devido a pandemia, mas esse ano, graças a Deus, vamos ter a oportunidade de ter a Red Bull BC One Cypher Brazil. Sim, estamos tendo todos os cuidados, em todas as cyphers os dançarinos que estiverem inscritos serão testados para Covid-19. Serão só os dançarinos, jurados, DJ’s e MC ́s e a galera que vai estar trabalhando, então, serão pouquíssimas pessoas e na parte internacional eu também acredito que será isso na final mundial. Só os dançarinos e o pessoal envolvido. Lá na Polônia, eu acredito que, por ser um país menor, a situação está controlada, pode até ter algumas pessoas assistindo, mas aqui no Brasil serão só dançarinos, DJ’s, MC’s e profissionais envolvidos.
BW: Na sua opinião, qual o nível de competidores esperado nesse evento? Pois se por um lado houve tempo para treinar, por outro houve várias dificuldades, falta de espaço, locais fechados antes usados para treinos, ausência do contato humano em outros eventos, alguns tiveram Covid-19, outros deixaram de treinar por medo de contrair a doença…
Pelezinho: Nesse tempo de pandemia foi complicado para a galera que vive da dança, que depende de eventos, de projetos, de competições, eu sei que foi difícil para muitos e ainda teve pessoas que perderam familiares, aqueles que pegaram o vírus, foi complicadíssimo. Mas teve um lado bom dessa parte, a galera teve tempo para pensar, tempo para entender o que estamos vivendo mesmo que com dificuldades. Eu acredito que muitos tiveram a possibilidade de praticar solo para poder entender alguns movimentos que eles não estavam fazendo ou que eles estavam criando uma transição, então tem esse lado e também justamente por ter ficado tanto tempo sem evento… Teve eventos on-line, mas sem dúvida é diferente! E agora com o Red Bull BC One, eu acredito que os dançarinos vão pegar todo esse tempo, toda essa energia contida e vão jogar nessas batalhas que vão ter. Então, eu acredito que o nível será alto este ano!
BW: Que exigências vão existir por parte da Red Bull para os que vão participar da Cypher e depois da nacional e do mundial? Você já falou dos testes mas serão exigidos cartão de vacina? Uso de máscaras?
Pelezinho: Em relação a competição aqui no Brasil, quem fizer o teste e estiver okay, dança! Quem der positivo, volta para casa! Vai ter um local especifico onde vai ficar a galera que vai participar e vai ser separado as meninas e depois, os meninos, para não ter aglomeração. Vai ter que usar mascara no local onde eles estiverem, mas na hora da batalha não, a não ser se o dançarino desejar usar. Em relação a Polônia, acredito que até lá alguns dançarinos já estejam com as duas doses da vacina e não terá problema.
BW: Em que local será a Cypher São Paulo?
Pelezinho: Nesse momento eu ainda não sei onde será a Cypher São Paulo. Mas logo mais já teremos as informações e as pessoas devem ficar de olho! Agora, vamos seguir com as Cyphers Fortaleza, Brasília e Curitiba.
BW: Novamente como jurado. Fale um pouco do seu critério de julgamento e os pontos que leva em consideração na hora de avaliar a performance de um dançarino? No meio do Breaking fala-se de tudo e muitas vezes de todos a afirmação que “Quando o Pelé não gosta de alguém, essa pessoa não entra!”, como você se sente quando escuta coisas assim? Que recado você daria para as pessoas que pensam assim?
Pelezinho: Você viu, né? Mais uma vez como jurado! É muita responsabilidade todos esses anos, então, eu acredito que estou fazendo um bom trabalho para ser jurado por tantos anos! Sobre os critérios, todos sabem que é musicalidade, criatividade, os movimentos bem executados, mostrando algo bonito para os jurados. São três cabeças pensando diferente, mais ao mesmo tempo, focados na dança Breaking, então, cada um sabe o que tem que fazer. O mais importante é ir lá e mostrar o porquê você está ali e o porquê você quer ser campeão, então, ganha! Quando as pessoas falam que o Pelé é isso ou aquilo: gente! Eu não sou o dono da Red Bull, eu sou só uma pessoa que tenho uma história dentro da empresa, eu fui o primeiro dançarino [brasileiro] a competir na Red Bull 2005, de lá para cá, eu tenho um contrato com a Red Bull desde 2006, então, eu fiz muitas coisas e venho fazendo ainda. Eu não sou dono da BC One e é chato quando as pessoas pensam dessa maneira, acham que eu mando em alguma coisa, mas na verdade eu procuro o melhor para a dança no Brasil, eu procuro ajudar da melhor forma e quando tem o período que vai acontecer o Red Bull BC One, procuramos as melhores situações para poder realizar o evento, porquê o evento é para dançarinos e dançarinas e, frisando mais uma vez, eu não sou o dono da Red Bull. E o mais importante de tudo isso é o respeito e a consideração que a empresa Red Bull tem por mim.
BW: No passado, você organizou uma edição da Red Bull “Under My Wing”, focado nos jovens, existe o desejo de fazer novamente, já que a nova geração em todo o mundo cada vez está chegando mais nova e com toda força? Nas Olimpíadas, por exemplo, no Skate tivemos um pódio com nossa Rayssa e mais duas meninas que tinham menos do que 17 anos. E no Breaking também se levanta uma nova geração forte, com pouca idade, sim, mas com muito talento, vigorosa em todo o mundo, seria o momento de olhar para o futuro e fazer uma nova edição?
Pelezinho: Sobre o Red Bull Under My Wing, poxa, eu lembro até hoje, foi um dos projetos mais incríveis que eu tive a possibilidade de participar, de ajudar a criar um formato um pouco amplo, porque na época ele era voltado só para workshop e aí eu lembro que, quando chegou o projeto, chegou o convite, eu achei interessante acrescentar mais coisas, na época, porque realmente descobrimos novos talentos e 16 jovens talentos e aquilo foi incrível, foi de onde saiu o Leony, praticamente até então o Leony nunca tinha saído de Belém, ele era do Projeto Curumim e eu gostaria muito, mas muito mesmo, que tivesse uma nova edição aqui no Brasil. Poderia ser com o Neguin, pegando a história do Leony, mas o importante era ter novamente e principalmente agora, num momento como esse de Breaking nas Olimpíadas, dentro de uma pandemia, entender tudo o que essa garotada nova está passando, está vivendo, eu gostaria muito que voltasse esse projeto. Na época, só foi o Lilou que tinha feito. O que foi feito aqui comigo no Brasil foi mais amplo, eu lembro que quando eu peguei, falei: será que eu posso trazer para a minha cidade? Mostrar para eles onde tudo começou? Mostrar a minha parte dentro do Breaking? Foi um baita projeto!
BW: Depois de Tóquio, das Paralimpíadas, o foco agora é Paris 2024. E o Breaking é a bola da vez! O que você acha de outras marcas e outros energéticos neste momento estarem se aproximando da Cultura Hip-Hop e do elemento Breaking? Como a Red Bull vê isso?
Pelezinho: Sobre as Olimpíadas de Paris, já estão aí, são praticamente 3 anos. Já deu para perceber que eles vão focar bastante no Breaking, até devido as transições que eles estão querendo, que é mais a garotada, os jovens e queira ou não, na hora que a galera que não está acostumada com o Breaking ver aqueles movimentos que a gente faz, que consegue ver o mundo de ponta-cabeça (sic), o mundo girando, será demais! Desde o início, quando eu recebi as informações, eu sempre fui a favor do Breaking nas Olimpíadas, portas vão se abrir, como você mesmo, em relação às marcas. Poxa, é importante, né? Eu sei que agora vai abrir aquele leque grandão, as pessoas oportunistas para poder mostrar suas empresas, que eu que tenho mais de 20 anos dançando penso: Por quê essas marcas não poderiam ter chegado antes? Mas tudo bem, está tudo certo! A cena da dança agradece! Eles estão chegando agora! E sobre as marcas de energéticos, a Red Bull praticamente é a pioneira! Porque vem desde 2001 voltada ao Breaking! Só espero que isso tudo dure, né? Que não seja apenas uma onda! Uma pequena onda! Espero que seja uma grande onda e consiga carregar muitas pessoas. E como algumas pessoas sabem, até dançarinos que são patrocinados por outra marca de energético competem na Red Bull BC One, então, quem defende seu patrocínio a galera da Red Bull não implica, respeita, será que nos outros eventos aí se tiver eles vão também respeitar? Então, já fica essa ideia minha aí para a galera que está chegando agora de outros energéticos pensar… Respeita nossa história! Respeita nossa Cultura!
BW: Na final mundial na Polônia teremos B-Boys e B-Girls brasileiros convidados diretos a participar?
Pelezinho: Sobre o campeonato mundial eu não tenho a informação se terá algum brasileiro convidado direto, mas quem sabe né? A Red Bull sempre gosta de fazer aquele suspense e é até bom, porque a galera fica toda elétrica. Mas esse ano aqui no Brasil o bicho vai pegar! Na final nacional eu tenho certeza que o coro vai comer! (risos).
BW: A Cypher São Paulo acontece no dia 2/10 e a final nacional no dia 3/10. Olhando a proximidade das datas, isso não interfere no rendimento dos dançarinos?
Pelezinho: Cypher São Paulo dia 2 de outubro, onde vai ter aquela galera, os inscritos e no dia 3 de outubro, no dia seguinte, a final nacional. Então, quem passou, quem sem classificou, quem veio de outras Cyphers classificados, eu não vejo problema nenhum de quem está em São Paulo participar num dia e depois no outro e outra, o lado bom, serão dois dias ali e aquela adrenalina e tal. Para quem não lembra, o Leony saiu do Brasil, foi para o Japão, chegou num baita fuso horário, ganhou lá de todos os B-Boys que tinha, não dormiu direito, adrenalina estava a milhão, foi para o evento versus Taisuki, abriu o evento, fez as três entradas dele, não ganhou do Taisuki, agora, para e pensa, eu nunca escutei ele falar que estava cansado… Só uma dica que eu dou para a galera: aproveita esses dois dias, principalmente quem estiver participando da eliminatória São Paulo, se motiva nesse dia, não vem falar que está cansado, cai para dentro!
BW: Que recado você mandaria, que dicas você daria para todos que já se inscreveram ou que ainda vão se inscrever nesta 18ª edição?
Pelezinho: A dica que eu dou para quem se inscreveu ou que ainda vai se inscrever para participar das Cyphers regionais e a nacional: galera, aproveita esse momento que a gente tem, de realizar o Red Bull BC One esse ano! Muitas pessoas têm o sonho de participar desse evento. Faça por você e faça pela sua história, se é isso que você quer, então faça de verdade! Porque talvez você pegou a vaga de uma pessoa que estava querendo muito participar, essa é a minha dica. Com certeza, muitas pessoas vão ficar de fora por não ter conseguido fazer a inscrição a tempo por causa da pandemia!
Depois de uma grande polêmica em torno do novo clipe de Gabriel O Pensador, “Patriota Comunista”, que teve algumas imagens gravadas no Cemitério Parque dos Buritis, em Uberlândia, ele em sua rede social falou: “Comecei a carreira sendo censurado e censurando a censura. Venci a hipocrisia e os aproveitadores de plantão mais de uma vez. Tentaram me intimidar novamente com duas notificações hoje e tentativa de censura prévia. Muito barulho, mas sem fundamento. O clipe de Patriota Comunista foi gravado num cemitério muito criterioso e sério, escolhido justamente porque queríamos retratar com respeito e beleza os temas da letra da música, que incluem o respeito à morte e a vida”.
O clipe entrou nas plataformas digitais essa semana e já pode ser visualizado. Confira abaixo:
Patriota Comunista - Gabriel O Pensador
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Série sobre o Hip-Hop em SP, idealizada por OsGêmeos, estreou na última quinta-feira no YouTube da Pinacoteca de São Paulo
A Pinacoteca de São Paulo lançou semana passada uma série audiovisual chamada “Segredos”, idealizada pelos gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo, que contam a história do Hip-Hop brasileiro por meio das lembranças dos artistas que fizeram parte dessa efervescência, desde 1980. A série foi dividida em quatro episódios e vai ser disponibilizada no YouTube da Pinacoteca (https://www.youtube com/user/MuseuPinacoteca) todas as quintas, às 20h.
A cada episódio, OsGêmeos recebem convidados diferentes que fazem parte do movimento para relembrar a trajetória de cada um e contá-la às novas gerações. Desta maneira, pretendem demonstrar como o Hip-Hop se transformou em uma das manifestações artísticas e culturais mais relevantes no Brasil, sendo determinante na vida dos que fizeram e fazem parte dele, não apenas por introduzi-los ao Rap, ao Breaking e ao Graffiti, mas pelas amizades que surgiram nos eventos da São Bento, berço do movimento em São Paulo, e que continuam até hoje.
Os encontros acontecem no vagão de um trem, imaginado pelos artistas e montado no ateliê dos dois. Declararam numa entrevista para o Estadão: “É uma cápsula do tempo que nos leva de volta à década de 80 para reviver a nossa história e a dos nossos amigos, que é a própria história do Hip-Hop”, conta Gustavo. Dentro desta máquina do tempo se revela, por exemplo, que o DJ KL Jay, do Racionais MC’s, foi dançarino de Breaking nos anos 1980. Os próprios irmãos, conhecidos no mundo inteiro graças ao Graffiti, contam que dançaram Breaking e cantaram Rap. “Todo mundo fazia um pouco de tudo”, diz Otávio.
Gustavo e Otávio Pandolfo, mundialmente conhecidos como “OsGêmeos”
A ideia de documentar a história do movimento é antiga, mas fazer isso por meio de uma série documental surgiu durante a montagem da exposição “OsGêmeos: Segredos”, no ano 2020. A exposição pretendia, inicialmente, fazer oficinas de Hip-Hop com jovens para incentivar a arte, mas a ideia foi abortada após o surgimento da pandemia do coronavírus. Foi aí que a série surgiu. O resultado é visto de uma maneira tão positiva pelos artistas que eles contam que “é só o começo de uma grande história”, mas não revelam o que têm em mente. O futuro promete revelar segredos…
Segundo Jochen Volz, o diretor-geral da Pinacoteca, a intenção é que o documentário também tenha uma finalidade educadora e possa servir para fomentar aulas, oficinas e debates. “O documentário foi montado de maneira bastante didática para ser visto por todos os públicos e para que os jovens, estudantes, possam aprender sobre a história do Hip-Hop e dos seus próprios artistas”, afirma Volz.
Segundo os irmãos, as entrevistas do documentário foram feitas sem um roteiro. Com improviso, histórias que não conheciam, mesmo com mais de 35 anos de amizade com a maioria dos entrevistados, foram reveladas por meio do relato de convidados como: Thaíde, KL Jay, Erick Jay, Edi Rock, Rooneyoyo e Nelson Triunfo.
Fotos: Divulgação Pinacoteca/OsGêmeos
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Ele teve a infância no interior de São Paulo, na casa dos avós, mas foi na adolescência, em Minas Gerais, dentro de um Centro Olímpico, aos 13 anos, que se encantou pelo Breaking de vez e pelos movimentos Power Moves, que achava irados!
Estamos falando de Douglas Lima, também conhecido como B-Boy Pikira, que hoje é um dos principais B-Boys brasileiros que constantemente está presente em propagandas e comerciais publicitários. Confiram a entrevista:
BW: Queria que você nos contasse como foi sua infância. Em que local foi? Que lembranças você tem dessa época?
Pikira: Minha infância foi bem divertida (risos). Sempre fui um garoto bem alegre e brincalhão com todos, fui criado na casa dos meus avós no interior de São Paulo, junto de minha mãe, que foi minha mãe e meu pai ao mesmo tempo, venho de uma origem humilde, que nunca teve muita coisa, sabe? Mas, graças a Deus, nunca me faltou nada, principalmente educação e o carinho da minha família, que é o mais importante para mim, quando era criança eu gostava muito de jogar bola e andar de bicicleta na rua (risos). Que criança não gosta, né? (risos).
Pikira começou a dançar aos 13 anos e não parou mais
BW: Quando você teve o primeiro contato com a Cultura Hip-Hop?
Pikira: Olha, quando eu comecei a dançar eu tinha 13 anos de idade, eu só fazia por amor mesmo e por achar irado aprender os movimentos giratórios, que no Breaking se chama de “Power Moves”, que são os movimentos com impacto maior na dança, porque usa muito a força e agilidade do corpo, eu aprendi a dançar quando fui morar em Minas Gerais, onde eu frequentava um Centro Olímpico para jogar bola, foi ali que eu vi uns meninos fazendo Power Moves e dançando com um Boombox no chão, bem no cantinho da quadra de Futsal, foi naquele momento que me aproximei e perguntei pra eles se podia ficar olhando eles dançarem, aí eles me olharam meio marrentos e responderam que podia (risos), foi naquele momento que me encantei com a dança e decidi fazer aquilo… Mas, sem pensar em viver da dança, nem virar um artista, foi só por amor e admiração pelos passos e movimentos que eram irados pra mim, foi aí, então, que perguntei para um dos meninos que se chamava Marcos, que eu queria aprender a dançar e se ele poderia me ensinar alguns passos daquela dança, foi aí que ele me explicou que se chamava Breaking e que era um dos elementos da Cultura Hip-Hop, depois desse dia, ele me ensinou o básico, que foi o Top Rock, Drop, Footwork e o Freeze. Isso foi somente em um dia (risos). Ele me passou os passos e foi embora, aí eu fui para casa, coloquei uma música do Black Eyed Peas, que eu gostava muito e comecei a treinar os passos que ele me ensinou, treinei muito! Até ficar rápido e leve, aí fui novamente no Centro Esportivo, no dia seguinte, para mostrar pra eles o quanto eu aprendi treinando sozinho em casa, mas aí eles não foram no Centro Esportivo nesse dia (risos), eu fiquei triste, mas não desisti e fiquei lá até fechar, aí batendo 8h da noite chega o Marcos, o menino que me passou os fundamentos da dança no Centro Esportivo, aí falei pra ele que treinei e que queria mostrar pra ele o quanto aprendi, aí fomos para dentro da quadra e mostrei pra ele e ele ficou surpreso com a minha agilidade e rapidez de aprender tão rápido o básico, foi aí que ele falou para ir todos os dias no Centro Esportivo que ele iria me ensinar novos passos, fiquei muito feliz e fui novamente no dia seguinte, debaixo de chuva (risos), com minha mãe brigando comigo e perguntando o que eu iria fazer no Centro Esportivo, na chuva (risos)… Até então, ela não sabia que eu estava dançando, aí fui na chuva e o menino não foi (risos), fiquei triste demais nesse dia porque eu realmente estava ansioso para aprender mais passos e treiná-los para mostrar pra eles que eu seria bom naquilo, foi aí que continuei indo nos dias seguintes e eles não apareciam mais, aí um belo dia eu fui para jogar bola e já tinha desistido de ir até lá e não achar eles no Centro Esportivo dançando, aí fui jogar bola e encontrei não só com eles, mas com uns 15 caras reunidos treinando Breaking no mesmo lugar, foi aí eu falei “Uaaaal, que irado!” (risos), fui lá olhar de perto e o menino que me ensinou os fundamentos falou pra eu fazer na roda, ali, pra todos verem (risos), aí tomei coragem e fiz e ainda arrisquei uns movimentos que eu vi no jogo de Vídeo Game, que eu tinha comprado de B-Boy na época, aí os mais velhos deles, que foi o que ensinou eles a dançarem, me chamou para ir em outro lugar aonde eles treinavam fechado o grupo todo, fiquei muito feliz no dia (risos), confesso que nem dormi direito (risos). Aí, no dia seguinte, fui no treino que era numa antiga prefeitura, em uma sala fechada, foi aí que comecei a treinar de verdade e aprender novos passos e movimentos olhando eles fazerem, depois disso, eu treinei bastante e aprendi muita coisa em pouco tempo de prática e aí eles me chamaram para entrar na crew, desde então eu não parei mais.
Perseverança e vontade marcaram a história de seu início com a dança Breaking
BW: Quando de fato se dedicou ao Breaking? Você teve referências na dança? Pessoas que te influenciaram?
Pikira: Desde que comecei a dançar eu me dedicava muito ao Breaking, mesmo sem pensar em viver daquilo. Eu simplesmente só queria praticar e aprender novos movimentos todos os dias, mas o dia em que eu realmente parei e falei “é, eu realmente quero ser muito bom no Breaking e viver disso como profissão”, foi quando eu vi o UK B-Boy Championship 2008, em que o apresentador era o Crazy Legs, um dos pioneiros da dança, nesse DVD, que eu tenho até hoje, eu vi os B-Boys recebendo premiação em dinheiro e ganhando vídeo games de premiação para o 1° lugar, aí eu achei irado! Foi aí que me dediquei mais e mais. Referência para mim na dança foram meus amigos mesmo, que dançavam muito na época e faziam movimentos que até hoje vi poucos B-Boys fazerem com tanta leveza e facilidade que nem eles.
BW: Como sua família viu sua ligação com a dança? Você teve apoio deles?
Pikira: No começo minha mãe tinha medo (risos) ela chegou a ir em vários treinos escondido de mim para ver se eu não estava usando drogas (risos). Ela achava que Hip-Hop era coisa de drogado, mas com o tempo ela foi conhecendo os meninos e foi ficando tranquila e percebendo que não era isso que ela pensava, mas ela não gostava mesmo assim (risos), mas não brigava comigo também.
BW: Aprender o Breaking foi algo fácil ou houve movimentos que foram mais difíceis?
Pikira: Eu aprendi tudo muito rápido e sempre tive facilidade em executar os movimentos.
Facilidade no aprendizado e talento natural para a dança
BW: Quando você começou a competir? Em que ano? Que eventos te marcaram mais e porquê?
Pikira: Meu primeiro campeonato foi em 2010, na minha cidade, em Minas Gerais, com minha crew, chegamos na final do campeonato (risos), fiquei muito feliz! O evento que mais me marcou foi o Chelles Battle Pro, em Goiânia, em 2013, aonde eu conheci o campeão mundial da Red Bull BC One que é B-Boy Lilou, da França, esse evento me marcou muito! Porque foi o primeiro campeonato de crew que valia vaga para fora do país e que ali estava de jurado o B-Boy Lilou e o primeiro Red Bull BC One Cypher que participei, em BH, na capital de Minas Gerais, foi lá aonde eu vi pela primeira vez os B-Boys que eram muito famosos, que era o B-Boy Pelezinho, B-Boy Aranha da Tsunami All Stars, que eram e são referência para muita gente até hoje, então, foi lá que eu me destaquei e cheguei na semifinal da Cypher da Red Bull e fiz amizade com o B-Boy Aranha, que hoje é meu grande amigo e que treina comigo diariamente.
BW: De onde surgiu o apelido Pikira? Tem algum significado?
Pikira: Meu apelido surgiu quando eu era criança, eu sempre gostei de liderar a molecada em tudo que fazíamos na infância e o apelido vem de um nome indígena que se chama Piquerobi, que é um Cacique líder de uma tribo indígena que se chama Inhanpuaçu, foi aí que tiram o nome de Pikira, que na época de criança erravam o nome e falavam Pikira (risos), aí ficou o apelido.
BW: Além da dança, você também foca muito seu trabalho na publicidade e na propaganda, correto? Fale sobre a importância do dançarino também trabalhar esse lado…
Pikira: Sim, além de dançarino de Breaking eu sou modelo e ator também, então, sobre importância eu acho isso muito de pessoa pra pessoa, sabe? Eu, particularmente, acho importante um B-Boy trabalhar com comerciais e publicidade de marcas, porque isso traz uma visibilidade muito boa para o dançarino que quer viver da dança, através disso ele pode arrumar patrocínios, ele vai ter contato com marcas grandes que podem querer organizar um evento de Breaking ou apoiar ele em alguma viagem para algum campeonato fora do Brasil, mas como eu falei antes, isso depende do objetivo de cada dançarino.
O B-Boy já participou de várias ações publicitárias
BW: Nos conte as principais propagandas que já participou?
Pikira: O primeiro comercial que eu quero falar é o da Casas Bahia, que eu fui o primeiro e único B-Boy a fazer a propaganda até hoje, no comercial eu fui o principal, fui chamado para dançar com os eletrodomésticos e no comercial eu faço um mortal para trás com um liquidificador na mão (risos). Para mim esse é o mais marcante porque Casas Bahia não tem nenhuma ligação com dança, mas lá estou eu representando os B-Boys com uma das marcas mais famosas do Brasil. E já fiz vários importantes, como comercial da TIM, Semp Toshiba, Oi, Venish, Renner, Riachuelo, Zara, entre outros.
BW: Na sua opinião, é possível viver da dança no Brasil?
Pikira: Depende de como o B-Boy ou B-Girl quer viver, se for de competição, no Brasil, eu acho impossível, porque além das premiações serem muito baixas, os breakers não vão ganhar sempre, na minha opinião! Agora, se viver da dança dando aulas de Breaking através de projetos e fazendo espetáculos e trabalhos com marcas, aí sim!
BW: Você já competiu fora do país? Ou teve experiências fora? Nos fale sobre isso…
Pikira: Infelizmente, não sai do país ainda. Quando eu ia sair, veio a pandemia (risos)… mas pretendo sair para competir e ver como é lá fora.
B-Boys Ruddy, Luan San e Pikira
BW: Em toda sua caminhada na dança nos fale sobre momentos que foram importantes e também momentos lamentáveis que se pudesse voltar no tempo tomaria outro caminho.
Pikira: Um momento muito importante na dança pra mim foi quando eu gravei uma série de dança com a banda internacional Black Eyed Peas, que se chama Freestyle Fridays e ainda fui convidado por eles a dançar no show deles no parque do Ibirapuera, em São Paulo, junto dos meus amigos da Tsunami All Stars, que são referência mundial, isso foi bem importante pra mim porque eu sempre fui fã das músicas deles desde criança e poder conhecê-los e trabalhar com eles foi simplesmente incrível, agora sobre lamentações eu sou um cara que não fica se lamentando ou arrependendo de coisas que fiz, sabe? Acho que a vida é feita de momentos bons e momentos ruins, então, cabe a você saber lidar com os momentos e agradecer pelos momentos ruins também, porque tudo na vida é aprendizado.
BW: Como tem sido esse tempo de pandemia? O que tem feito?
Pikira: Esse tempo eu tenho trabalhado normal, mas tive que me adaptar e investir em um bom celular para poder fazer minhas publicidades em casa por celular.
BW: O que acha sobre o fato do Breaking virar uma modalidade olímpica?
Pikira: Acho incrível! Porém, não estou muito por dentro, porque é tudo muito novo, mas tenho grandes expectativas que isso venha a agregar coisas boas para a cena do Breaking no mundo.
BW: Quais são seus planos para o futuro?
É difícil falar, pois sou muito cauteloso com meus planos (risos). Mas posso dizer que vou continuar a dançar até que eu não consiga mais me movimentar (risos), pretendo conquistar muita coisa ainda e ir com calma, sou muito novo ainda, tenho 24 anos, ainda tem muita coisa que quero viver, sabe? Mas sempre pensando no futuro, claro!
Fotos: Arquivo Pessoal / Daniel Favieri / Hugo Victor
O B-Boy também trabalha como modelo
Atuando em série da Netflix
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