Campeonato Mundial de Breaking da Red Bull BC One abre inscrições no Brasil: B-Boy Pelezinho garante que esse ano a disputa será pesada!
Em sua 18ª edição, um dos mais tradicionais torneios mundiais de Breaking retorna ao Brasil depois de um ano sem acontecer por causa da pandemia. Com inscrições abertas a partir desta segunda (30), o Red Bull BC One reunirá os mais talentosos dançarinos para mais uma disputa de alto nível. As inscrições podem ser feitas por meio do site www.redbull.com.br/bcone. Para conectar os mais talentosos dançarinos do país, o evento conta com seletivas regionais, as chamadas “Cyphers” – que, neste ano, não permitirão a presença de público – nas cidades de São Paulo (SP), Fortaleza (CE), Curitiba (PR) e Brasília (DF). Os 16 B-Boys e 16 B-Girls que se destacarem nesta primeira fase se enfrentarão na Final Nacional, visando à uma vaga por categoria na etapa mundial do evento, que ocorre na Polônia, em novembro. A disputa deste ano, que conta com a participação de mais de 30 países, marca a primeira edição após a entrada oficial da modalidade no maior evento multiesportivo do mundo: as Olimpíadas. No júri da etapa nacional, conhecidos nomes avaliarão os dançarinos brasileiros, como o B-Boy Pelezinho, lenda do Breaking e figura presente na cena há mais de 20 anos; o B-Boy Neguin, colecionador de diferentes títulos mundiais; e a veterana B-Girl FabGirl. O Portal Breaking World não poderia deixar de falar sobre esse grande evento e para sabermos detalhes convidamos o B-Boy Pelezinho para mais uma animada conversa sobre a 18ª edição da Red Bull, os principais detalhes e dicas para quem pretende participar, falamos sobre Cyphers regionais, o nacional e o evento mundial, sobre o Breaking nas Olimpíadas e o recente interesse de novas marcas nesse elemento do Hip-Hop e, também, olhamos para o futuro falando da nova geração. Bom, vamos a mais essa entrevista que está show porque esse ano, segundo o Pelé, “o chão vai estalar e o bagulho será louco na BC One”.
BW: Pelezinho, o Campeonato da Red Bull BC One chega a 18ª edição. E num tempo de Pandemia! Fale um pouco da preparação desta edição, dos cuidados que estão sendo tomados e como vai acontecer em todos os estados e na final nacional e mundial… Afinal, foi um ano sem acontecer no Brasil…
Pelezinho: Sim, é a 18ª Red Bull BC One, é uma vida né? Ficamos um ano sem ter o evento devido a pandemia, mas esse ano, graças a Deus, vamos ter a oportunidade de ter a Red Bull BC One Cypher Brazil. Sim, estamos tendo todos os cuidados, em todas as cyphers os dançarinos que estiverem inscritos serão testados para Covid-19. Serão só os dançarinos, jurados, DJ’s e MC ́s e a galera que vai estar trabalhando, então, serão pouquíssimas pessoas e na parte internacional eu também acredito que será isso na final mundial. Só os dançarinos e o pessoal envolvido. Lá na Polônia, eu acredito que, por ser um país menor, a situação está controlada, pode até ter algumas pessoas assistindo, mas aqui no Brasil serão só dançarinos, DJ’s, MC’s e profissionais envolvidos.
BW: Na sua opinião, qual o nível de competidores esperado nesse evento? Pois se por um lado houve tempo para treinar, por outro houve várias dificuldades, falta de espaço, locais fechados antes usados para treinos, ausência do contato humano em outros eventos, alguns tiveram Covid-19, outros deixaram de treinar por medo de contrair a doença…
Pelezinho: Nesse tempo de pandemia foi complicado para a galera que vive da dança, que depende de eventos, de projetos, de competições, eu sei que foi difícil para muitos e ainda teve pessoas que perderam familiares, aqueles que pegaram o vírus, foi complicadíssimo. Mas teve um lado bom dessa parte, a galera teve tempo para pensar, tempo para entender o que estamos vivendo mesmo que com dificuldades. Eu acredito que muitos tiveram a possibilidade de praticar solo para poder entender alguns movimentos que eles não estavam fazendo ou que eles estavam criando uma transição, então tem esse lado e também justamente por ter ficado tanto tempo sem evento… Teve eventos on-line, mas sem dúvida é diferente! E agora com o Red Bull BC One, eu acredito que os dançarinos vão pegar todo esse tempo, toda essa energia contida e vão jogar nessas batalhas que vão ter. Então, eu acredito que o nível será alto este ano!
BW: Que exigências vão existir por parte da Red Bull para os que vão participar da Cypher e depois da nacional e do mundial? Você já falou dos testes mas serão exigidos cartão de vacina? Uso de máscaras?
Pelezinho: Em relação a competição aqui no Brasil, quem fizer o teste e estiver okay, dança! Quem der positivo, volta para casa! Vai ter um local especifico onde vai ficar a galera que vai participar e vai ser separado as meninas e depois, os meninos, para não ter aglomeração. Vai ter que usar mascara no local onde eles estiverem, mas na hora da batalha não, a não ser se o dançarino desejar usar. Em relação a Polônia, acredito que até lá alguns dançarinos já estejam com as duas doses da vacina e não terá problema.
BW: Em que local será a Cypher São Paulo?
Pelezinho: Nesse momento eu ainda não sei onde será a Cypher São Paulo. Mas logo mais já teremos as informações e as pessoas devem ficar de olho! Agora, vamos seguir com as Cyphers Fortaleza, Brasília e Curitiba.
BW: Novamente como jurado. Fale um pouco do seu critério de julgamento e os pontos que leva em consideração na hora de avaliar a performance de um dançarino? No meio do Breaking fala-se de tudo e muitas vezes de todos a afirmação que “Quando o Pelé não gosta de alguém, essa pessoa não entra!”, como você se sente quando escuta coisas assim? Que recado você daria para as pessoas que pensam assim?
Pelezinho: Você viu, né? Mais uma vez como jurado! É muita responsabilidade todos esses anos, então, eu acredito que estou fazendo um bom trabalho para ser jurado por tantos anos! Sobre os critérios, todos sabem que é musicalidade, criatividade, os movimentos bem executados, mostrando algo bonito para os jurados. São três cabeças pensando diferente, mais ao mesmo tempo, focados na dança Breaking, então, cada um sabe o que tem que fazer. O mais importante é ir lá e mostrar o porquê você está ali e o porquê você quer ser campeão, então, ganha! Quando as pessoas falam que o Pelé é isso ou aquilo: gente! Eu não sou o dono da Red Bull, eu sou só uma pessoa que tenho uma história dentro da empresa, eu fui o primeiro dançarino [brasileiro] a competir na Red Bull 2005, de lá para cá, eu tenho um contrato com a Red Bull desde 2006, então, eu fiz muitas coisas e venho fazendo ainda. Eu não sou dono da BC One e é chato quando as pessoas pensam dessa maneira, acham que eu mando em alguma coisa, mas na verdade eu procuro o melhor para a dança no Brasil, eu procuro ajudar da melhor forma e quando tem o período que vai acontecer o Red Bull BC One, procuramos as melhores situações para poder realizar o evento, porquê o evento é para dançarinos e dançarinas e, frisando mais uma vez, eu não sou o dono da Red Bull. E o mais importante de tudo isso é o respeito e a consideração que a empresa Red Bull tem por mim.
BW: No passado, você organizou uma edição da Red Bull “Under My Wing”, focado nos jovens, existe o desejo de fazer novamente, já que a nova geração em todo o mundo cada vez está chegando mais nova e com toda força? Nas Olimpíadas, por exemplo, no Skate tivemos um pódio com nossa Rayssa e mais duas meninas que tinham menos do que 17 anos. E no Breaking também se levanta uma nova geração forte, com pouca idade, sim, mas com muito talento, vigorosa em todo o mundo, seria o momento de olhar para o futuro e fazer uma nova edição?
Pelezinho: Sobre o Red Bull Under My Wing, poxa, eu lembro até hoje, foi um dos projetos mais incríveis que eu tive a possibilidade de participar, de ajudar a criar um formato um pouco amplo, porque na época ele era voltado só para workshop e aí eu lembro que, quando chegou o projeto, chegou o convite, eu achei interessante acrescentar mais coisas, na época, porque realmente descobrimos novos talentos e 16 jovens talentos e aquilo foi incrível, foi de onde saiu o Leony, praticamente até então o Leony nunca tinha saído de Belém, ele era do Projeto Curumim e eu gostaria muito, mas muito mesmo, que tivesse uma nova edição aqui no Brasil. Poderia ser com o Neguin, pegando a história do Leony, mas o importante era ter novamente e principalmente agora, num momento como esse de Breaking nas Olimpíadas, dentro de uma pandemia, entender tudo o que essa garotada nova está passando, está vivendo, eu gostaria muito que voltasse esse projeto. Na época, só foi o Lilou que tinha feito. O que foi feito aqui comigo no Brasil foi mais amplo, eu lembro que quando eu peguei, falei: será que eu posso trazer para a minha cidade? Mostrar para eles onde tudo começou? Mostrar a minha parte dentro do Breaking? Foi um baita projeto!
BW: Depois de Tóquio, das Paralimpíadas, o foco agora é Paris 2024. E o Breaking é a bola da vez! O que você acha de outras marcas e outros energéticos neste momento estarem se aproximando da Cultura Hip-Hop e do elemento Breaking? Como a Red Bull vê isso?
Pelezinho: Sobre as Olimpíadas de Paris, já estão aí, são praticamente 3 anos. Já deu para perceber que eles vão focar bastante no Breaking, até devido as transições que eles estão querendo, que é mais a garotada, os jovens e queira ou não, na hora que a galera que não está acostumada com o Breaking ver aqueles movimentos que a gente faz, que consegue ver o mundo de ponta-cabeça (sic), o mundo girando, será demais! Desde o início, quando eu recebi as informações, eu sempre fui a favor do Breaking nas Olimpíadas, portas vão se abrir, como você mesmo, em relação às marcas. Poxa, é importante, né? Eu sei que agora vai abrir aquele leque grandão, as pessoas oportunistas para poder mostrar suas empresas, que eu que tenho mais de 20 anos dançando penso: Por quê essas marcas não poderiam ter chegado antes? Mas tudo bem, está tudo certo! A cena da dança agradece! Eles estão chegando agora! E sobre as marcas de energéticos, a Red Bull praticamente é a pioneira! Porque vem desde 2001 voltada ao Breaking! Só espero que isso tudo dure, né? Que não seja apenas uma onda! Uma pequena onda! Espero que seja uma grande onda e consiga carregar muitas pessoas. E como algumas pessoas sabem, até dançarinos que são patrocinados por outra marca de energético competem na Red Bull BC One, então, quem defende seu patrocínio a galera da Red Bull não implica, respeita, será que nos outros eventos aí se tiver eles vão também respeitar? Então, já fica essa ideia minha aí para a galera que está chegando agora de outros energéticos pensar… Respeita nossa história! Respeita nossa Cultura!
BW: Na final mundial na Polônia teremos B-Boys e B-Girls brasileiros convidados diretos a participar?
Pelezinho: Sobre o campeonato mundial eu não tenho a informação se terá algum brasileiro convidado direto, mas quem sabe né? A Red Bull sempre gosta de fazer aquele suspense e é até bom, porque a galera fica toda elétrica. Mas esse ano aqui no Brasil o bicho vai pegar! Na final nacional eu tenho certeza que o coro vai comer! (risos).
BW: A Cypher São Paulo acontece no dia 2/10 e a final nacional no dia 3/10. Olhando a proximidade das datas, isso não interfere no rendimento dos dançarinos?
Pelezinho: Cypher São Paulo dia 2 de outubro, onde vai ter aquela galera, os inscritos e no dia 3 de outubro, no dia seguinte, a final nacional. Então, quem passou, quem sem classificou, quem veio de outras Cyphers classificados, eu não vejo problema nenhum de quem está em São Paulo participar num dia e depois no outro e outra, o lado bom, serão dois dias ali e aquela adrenalina e tal. Para quem não lembra, o Leony saiu do Brasil, foi para o Japão, chegou num baita fuso horário, ganhou lá de todos os B-Boys que tinha, não dormiu direito, adrenalina estava a milhão, foi para o evento versus Taisuki, abriu o evento, fez as três entradas dele, não ganhou do Taisuki, agora, para e pensa, eu nunca escutei ele falar que estava cansado… Só uma dica que eu dou para a galera: aproveita esses dois dias, principalmente quem estiver participando da eliminatória São Paulo, se motiva nesse dia, não vem falar que está cansado, cai para dentro!
BW: Que recado você mandaria, que dicas você daria para todos que já se inscreveram ou que ainda vão se inscrever nesta 18ª edição?
Pelezinho: A dica que eu dou para quem se inscreveu ou que ainda vai se inscrever para participar das Cyphers regionais e a nacional: galera, aproveita esse momento que a gente tem, de realizar o Red Bull BC One esse ano! Muitas pessoas têm o sonho de participar desse evento. Faça por você e faça pela sua história, se é isso que você quer, então faça de verdade! Porque talvez você pegou a vaga de uma pessoa que estava querendo muito participar, essa é a minha dica. Com certeza, muitas pessoas vão ficar de fora por não ter conseguido fazer a inscrição a tempo por causa da pandemia!
Imagem em destaque: © Little Shao