A Mostra de Artes de Diadema é um evento presente no calendário cultural anual realizado na cidade. Com a instituição do Prêmio Cultural Plínio Marcos, foram estabelecidos os seguintes objetivos: difundir as diversas linguagens artísticas existentes na cidade; promover a produção realizada pelos artistas da cidade e oferecer à população um painel da atual criação artística, em suas mais diversas expressões.
A Mostra abrange diversas áreas artísticas, como artes visuais, música, teatro, dança, literatura e audiovisual, proporcionando um amplo panorama da diversidade e talento presentes na comunidade artística de Diadema.
A Mostra ocorre ao longo do mês de setembro, em diversos centros culturais e bibliotecas da cidade. A participação e entrada são gratuitas para todos que queiram participar e desfrutar das diferentes manifestações artísticas. Ao todo são mais de 120 mil reais em prêmios nas mais diversas categorias.
É um evento cultural abrangente e inclusivo, que valoriza a produção artística local e promove o acesso à cultura na cidade. Por meio da Mostra, Diadema se consolidou como um importante polo cultural, destacando-se pelo talento de seus artistas e pela diversidade de suas expressões artísticas.
B-Boy Megaman Imagem: ® The Sarará
Um dos destaques deste ano é a inclusão de uma série de fotografias dedicadas ao universo do Breaking, nova modalidade olímpica de Paris 2024. Esse elemento da Cultura Hip-Hop é uma forma de dança que emergiu das ruas, sendo uma manifestação artística carregada de energia e história. Essa expressão única, que combina movimentos fluidos, a rivalidade e o ranço das ruas e acrobacias impressionantes, é uma fonte inesgotável de inspiração para artistas e observadores. E agora, na Mostra de Artes Diadema 2023, os amantes do Breaking terão a oportunidade de mergulhar nas sutilezas e na intensidade dessa dança através do olhar do Fotográfo Sarará Rodrigues.
A exposição vai oferecer um olhar íntimo e poderoso sobre essa forma de dança vibrante. Cada imagem captura a energia, a paixão e a dedicação dos dançarinos, bem como a atmosfera única que envolve cada movimento. Essas fotografias são mais do que instantâneas; são histórias visuais que narram a jornada e a expressão pessoal de cada artista.
Além de oferecer uma viagem ao mundo desse elemento da Cultura Hip-Hop, a exposição fotográfica também celebra o trabalho e a visão dos próprios fotógrafos. Suas habilidades em capturar momentos fugazes e transformá-los em obras de arte estáticas é uma prova do poder da fotografia como meio de expressão.
Os visitantes da Mostra de Artes Diadema 2023 serão convidados a explorar a exposição de fotografias e a se deixar envolver pelas histórias contadas por trás de cada imagem. Será uma oportunidade única para apreciar a dança em sua forma mais pura e visceral, por meio do olhar sensível e artístico dos fotógrafos.
Portanto, prepare-se para uma experiência visual e emocional única na Mostra de Artes Diadema 2023. A exposição de fotografias de Breaking é apenas um dos muitos destaques que aguardam os visitantes, prometendo enriquecer ainda mais a celebração da arte e da cultura em nossa cidade.
Serviço:
Lançamento: 01 de setembro Horário: 19h30 Local: MASP, Museu Arte Popular Rua Graciosa 300, Centro -Diadema Duração: Todo o mês de setembro Entrada Gratuita
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Como está o seu corpo nesta pandemia? Deixe ele falar…
“Corpos in Movimento” é uma seleção de fotografias feitas pelo artista, educador e fotógrafo The Sarará, que depois vira uma exposição. O nome do trabalho é uma referência à especialidade deste profissional, que captura de maneira singular pessoas em movimento. Com o advento da pandemia, o corpo ficou confinado e os espaços revisitados em seus sentidos sociais e dimensionais. A partir do olhar curioso de educador, Sarará trouxe suas inquietações pessoais para compartilhar com outros artistas e decidiu começar um novo projeto: uma exposição de fotografias sobre os potenciais destes “corpos in movimento” durante e após a pandemia. Além da importância em fomentar essas reflexões, registrar esse momento histórico tem gerado um material exponencialmente potente.
Os movimentos e ideias dos artistas tomam forma em fotografia, gerando debates e trazendo à tona problemáticas atuais que seguem gerando movimento. O projeto tem o objetivo de ampliar o olhar para os artistas neste momento de isolamento. Que essas vozes e reflexões encontrem reverberação no mundo a partir da coleta e organização de todo o material levantado. Catalogando e abrindo um diálogo com o universo das linguagens estéticas do movimento do corpo trazendo a epistemologia uma narrativa, mesmo que inconsciente ou somente materializada no gesto de preservar sua cosmovisão no ato de desenhar no tempo e no espaço.
O projeto busca representatividade dentro das diversidades de dançarinos e dançarinas das 7 cidades do Grande ABC e de São Paulo, registrando estes corpos dentro desse processo de pandemia. Criando uma exposição fotográfica online e depois materializando em livro-foto e em um site para exposição on-line, presente com as fotografias dos artistas e o release separado por região e o livro no formato de PDF para download.
“O projeto visa devolver um foto-livro de 450 (quatrocentos e cinquenta) unidades, com 40 páginas, capa de papel couchet fosco de 210 gramas, com papel miolo em couchet fosco de 170 gramas, colorido frente e verso, onde cada pessoa escolhida no projeto receberá um exemplar e a distribuição de 10 (dez) livros para cada cidade deixar de acervo em bibliotecas e pinacotecas e casas de cultura, outros livros serão distribuídos em outros estados e para fora do Brasil”, explana o fotógrafo.
Fotos: The Sarará
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“Entendo o euforismo, mas é normal, a pessoa às vezes treinou o ano inteiro para aquele dia e eu fui o cara com a missão de registrar aquele momento da vida dele.” (Willian Machado)
Fazer sua própria arte clicando num botão, parece algo mágico, conhecer mundos e pessoas diferentes eternizando momentos e movimentos e ainda poder ganhar a vida com isso é o sonho de muitas pessoas que mergulham de cabeça na fotografia. Mas pare tudo se você acha que essa profissão é moleza! Ser fotógrafo não é só viver nas baladas e na night! O trabalho é pesado e a cobrança é grande, cheio de responsabilidades, intenso na frente e por trás dos bastidores, é uma mistura de prazer, de sensibilidade, de olhar artístico, mas de intensa atualização e investimentos em equipamentos e estúdio.
Presente em um mundo de eventos, campeonatos, festas e entretenimento, como todas as profissões a fotografia também tem seus desafios, técnicas e para se tornar um bom profissional é necessário ter conhecimento e saber o que está fazendo.
Então o Portal Breaking World, com muita satisfação, tem o prazer de abrir o espaço e compartilhar com os nossos leitores o trabalho desses profissionais fantásticos que transitam no meio da Cultura Hip-Hop e que registram os melhores momentos dos B-Boys e das B-Girls do nosso país.
Nessa matéria tivemos o prazer de conversar com o fotógrafo Willian Machado, que acaba de inaugurar um novo estúdio. Fotógrafo há 10 anos, ele também está à frente do evento “The King of The Night”. Confira abaixo:
BW – Conte um pouco da sua história, onde nasceu e cresceu? Fale sobre sua família e formação profissional.
Willian Machado – Primeiramente, quero agradecer o convite. Sobre minha história: Meu nome é Willian Machado, tenho 30 anos e sou especialista em imagens de alto impacto. Nasci, cresci e vivo com minha família em São Paulo. Sempre gostei dessa correria da “cidade que nunca para”, tem tudo, 24 horas por dia. Sobre minha formação, me formo na faculdade em 2021 e já vou engatar na Pós, porém, já conclui outros cursos como “Técnico em Informática”, “Técnico em Web Design” e “Técnico em Programação”. Sempre fui dono do meu negócio, então nunca precisei de faculdade, mas eu tenho curiosidade em conhecer a área forense da fotografia e para isso precisa ter a faculdade de fotografia, pois a matéria vem na pós. Concluí muitos cursos de fotografia também, porém o que mais me deu orgulho em concluir foi o da “Cinemasters International”, esse sim foi um divisor de águas na minha carreira.
BW – Quando e como começou a se interessar pela fotografia? Onde aprendeu a fotografar?
Willian Machado – Essa história é bem interessante: como pode ver, sempre fui da área de informática e marketing, mas no início de 2010 eu já estava cansado do meu trabalho, meu lado artístico falava mais alto, então ocorreu a festa de 15 anos de uma prima minha e lá vi uma equipe de fotógrafos operando, ali eu decidi que eu queria trabalhar envolvido nessa área, então peguei o contato da empresa, enviei um e-mail para o dono sem currículo e falando que eu era muito bom com “Photoshop” e que eu queria trabalhar porque eu odiava o meu trabalho. O e-mail era assim mesmo, com essas palavras, (risos), e aí o dono me respondeu, pediu para eu fazer um teste e iniciei na semana seguinte.
BW – No início quem foram suas referências? Quantos anos você tem de fotografia?
Willian Machado – Eu era diagramador de álbuns e tinha contato direto com fotógrafos de diferentes estilos, então eu perguntava tudo para eles e fui tomando gosto por fotografar, pegava câmera emprestada e saía clicando, minhas referências eram eles mesmos. Em uma dessas tentativas, um jovem falou que eu era ruim, que eu nunca iria saber fotografar e isso me motivou a ser ótimo no que eu fazia e a construir meu próprio estúdio. Sempre fui muito estudioso, não no colégio, mas depois do colégio sempre estudei muito o que eu queria aprender, então eu lia muito revistas de fotografia, pois não tinha informação no YouTube como tem hoje. Hoje tenho 10 anos de fotografia desde o primeiro “click” e até hoje não parei de estudar, estou sempre me reinventando. Pode parecer clichê, mas minhas referências são artistas de diversas áreas, o mundo me inspira, literalmente.
B-Boy Luan na Freestyle Session
BW – Quando começou sua relação com a Cultura Hip-Hop? Em que ano começou efetivamente a trabalhar dentro da cultura?
Willian Machado – Eu estou inserido na Cultura Hip-Hop desde novinho, sou da época que quem tinha uma volta de “flare” era o Mestre da Cypher de quermesse. Eu comecei a trabalhar com a cultura em 2013 mesmo, foi onde meu nome foi lançado inicialmente dentro do Breaking como fotógrafo e depois fui sendo contratado para fotografar todos os elementos e não parei até hoje. Trabalhei alguns anos com o Mestrão Thaíde, também tive a honra de fotografar “Hip-Hop Cultura de Rua” no Teatro Municipal [de São Paulo].
BW – Qual foi o primeiro evento de Breaking que fotografou?
Willian Machado – Meu primeiro evento foi a famosa “Jam Olido”, me lembro de juntar meus amigos e irmos juntos pedir ao Frank Ejara para fotografar o evento, não tinham fotos como as nossas naquela época, éramos a primeira geração com aquele estilo agressivo de fotografias de Breaking aqui no Brasil, claro que não fomos os primeiros fotógrafos de Breaking, mas ali, em 2013, plantamos a ideia de mídia profissional nos eventos. Era uma escassez muito grande no Brasil e antes de decidirmos ir para a “Jam Olido”, nós vimos a oportunidade de negócio, depois desse evento, ficamos 1 ano sem fotografar Breaking, então meus amigos decidiram ir para outros nichos da fotografia. Em 2014, fui contratado pela “Freestyle Session” e “Racha Na Arena”, no mesmo ano, ganhei patrocínio da “New Era Brasil” e eles me colocaram no “Red Bull BC One SP”, no meio do ano eu já tinha montado meu primeiro estúdio fotográfico em São Paulo e fui convidado para ter minha exposição fotográfica “O Breaking” e a dar palestras sobre a mesma. Minha vida mudou completamente por ter acreditado em um público que muitos não acreditavam.
BW – Fotografar dançarinos exige uma técnica especial? Como saber a hora certa de dar “aquele click”?
Willian Machado – Tem que saber sobre a dança! Como sempre digo aos meus alunos, você tem que saber o ápice do movimento e isso serve para tudo o que você fotografar. Tem que entender sobre o tempo também, pois mesmo que a sua câmera tenha um clique rápido, um dia você pode não ter essa câmera em um momento específico e aí não saberá clicar o tempo certo do movimento.
BW – Quantos B-Boys e B-Girls, em média, você já fotografou até hoje?
Willian Machado – Até o presente momento, fotografei na Holanda, Peru, Argentina e Brasil, não sei quantos campeonatos, festivais e shows que tinham centenas de B-Boys e B-Girls, não tem como eu fazer essa conta (risos). Mas foram muitos eventos e muitos dançarinos.
B-Boy Neguin na Red Bull BC One (Holanda)
BW – O fotógrafo é o cara mais procurado depois dos eventos e das battles pelos dançarinos? Como você trata isso?
Willian Machado – Eu entendo o euforismo, mas é normal, a pessoa às vezes treinou um ano inteiro para aquele momento e eu fui o cara com a missão de registrar aquele momento único da vida dela. Eu sempre procuro entregar o mais rápido possível e sempre tento pelo menos uma foto boa de quem compete, independentemente do nível técnico, como eu falei, aquele momento é importante para quem está ali.
BW – O que você procura captar nas imagens dos dançarinos quando está fotografando?
Willian Machado – Ambientação, composição, movimento único e detalhe.
BW – É grande a procura do seu trabalho para books e material de divulgação de dançarinos de Breaking?
Willian Machado – Bastante! Recebemos mensalmente dançarinos de Breaking em meu estúdio, porém eu entendo a economia dentro da cultura, então todos os dançarinos têm descontos, formas facilitadas de pagamento em meus ensaios, sejam eles em estúdio ou externos.
BW – Eventos de Breaking são bons pagadores? Você já teve algum problema?
Willian Machado – Como cada fotógrafo tem o seu valor, o que pode ser ruim pra mim, pode ser bom para outros e vice-versa, porém não tenho do que reclamar, sempre fui bem pago, bem recepcionado e muito querido entre os meus clientes, tanto que eu estou com eles até hoje (risos).
BW – Você é o responsável pelo evento “The King of the Night”, correto? Fale sobre ele.
Willian Machado – Essa ideia original foi de um amigo, aí ele me chamou para fazer parte, depois chamei mais dois amigos e o “TKOTN” virou uma empresa mesmo. Depois de um tempo, alguns desses amigos se desligaram da empresa e hoje tem apenas Eu e o DJ Camilo como donos, mais a equipe técnica.
BW – Quantas edições já aconteceram?
Willian Machado – Ele é anual e iniciou em 2016, porém tem as etapas, então não sei ao certo quantas edições tivemos (risos).
BW – Agora, nesse momento de pandemia, a maioria dos eventos se tornaram virtuais. Você pretende fazer também um evento virtual? O que acha sobre os eventos on-line que estão acontecendo? É uma tendência?
Willian Machado – O “The King of the Night” está acontecendo on-line e quem está no comando é o DJ Camilo Barbosa, este ano tive que me ausentar pois o lançamento do meu curso on-line de fotografia era na mesma semana, então, não tinha como eu participar da organização, mas o Camilo deu o sangue e está saindo tudo perfeito. Estou acompanhando.
Willian Machado inaugura novo estúdio em São Paulo
BW – Recentemente, você falou sobre uma reforma no seu estúdio para melhor atender os dançarinos. Fez um estúdio pensando neles. Nos conte as novidades?
Willian Machado – Meu estúdio era pequeno ao meu ver e eu precisava de algo amplo e com pé-direito alto para os saltos e powers, então, optamos por sair do último andar e ir para o piso Térreo da Lux Studio e lá montamos tudo do zero. O melhor é que quem montou tudo foi eu e a minha namorada Carol Barrios, nós não temos problema em pôr a mão na massa, levamos o “Skin in the game” a sério. Toda a iluminação será colocada no teto, também pelas laterais, para dar ainda mais espaço aos atletas. Sou grato a Cultura então faço o que posso para que a experiência deles em meu estúdio seja incrível. Até energéticos servimos em nossas reuniões de Briefing pois sei que eles curtem bastante.
Recepção do novo estúdio de Willian Machado
BW – Já realizou exposições do seu trabalho ou pretende realizar?
Willian Machado – Tenho minha exposição fotográfica “O Breaking” desde 2014 sendo exposta ano a ano em pontos específicos da cidade de São Paulo, porém, agora em 2020, devido a pandemia, me reuni com a curadoria e decidimos estruturar de forma virtual, com linha cinematográfica para melhor experiência do espectador. “O Breaking – Virtual Tour” será lançada agora em agosto.
BW – Quais são seus planos para o futuro?
Willian Machado – Expandir ainda mais e continuar investindo em “equity private” de terceiros.
BW – Diante da realidade que estamos vivendo, enfrentando uma pandemia, como você está programando o seu trabalho para os próximos meses?
Willian Machado – O ano de 2020 já acabou praticamente, a maioria dos nossos contratos com eventos foram redefinidos para 2021. Nós continuamos fechando contratos mensalmente, porém as datas se iniciam em janeiro de 2021, mas no estúdio trabalhamos para muitas marcas, artistas, influencers, então sentimos a crise de inicial apenas, mas não desmantelou nosso cronograma de marketing e investimentos. O mundo mudou e nos reinventamos rapidamente, com isso continuamos a crescer em meio à crise.
BW – O que significam a Cultura Hip-Hop e o Breaking para você?
Willian Machado – Amor!
Fotos: Willian Machado e Carol Barrios
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Fotografar é eternizar momentos, emoldurar sentimentos engaiolados em pixels e na hora daquele movimento perfeito: Click!
Então, acabou o evento onde você fez aquele movimento incrível que levou o público ao delírio. No dia seguinte, a busca pelas fotos começam e o fotógrafo se torna o cara mais procurado da cena! A fotografia tem esse poder de mexer com as pessoas, eternizar momentos, revelar e emoldurar sentimentos! Muitas vezes tem o peso e é mais desejada do que um troféu! Hoje tão presente nas nossas vidas por meio de celulares e equipamentos digitais, parece algo muitas vezes banalizado, dada a facilidade proporcionada pela tecnologia, mas foi uma das maiores invenções do século XIX. E, na verdade, esse trabalho está longe de ser algo banal.
No caso da dança, fotografar dançarinos não é para qualquer um! Uma imagem borrada é a linha tênue entre uma boa foto e uma foto ruim. O borrão de movimento pode ser o inimigo número um de um fotógrafo de dança. Por isso, quanto mais técnica e conhecimento da dança o fotógrafo tiver, maior a possibilidade de ver nas perspectivas dos dançarinos, se antecipando aos movimentos e o resultado são fotos de tirar o fôlego!
O fotógrafo Laerte de Souza Rodrigues (30) que também é B-Boy, conhecido como “The Sarará”, sabe bem o que é isso! Ele declara: “O fato de eu ser B-Boy me faz entender as movimentações e o processo das sessions dos dançarinos, identificando as horas certas de fazer os cliques”. Ele conta que ver o Breaking através das lentes, fotografando a dança, o ensinou muito mais do que quando estava apenas dançando. Num bate papo bem animado, Sarará contou um pouco de sua caminhada para o Portal Breaking World, confira abaixo:
BW – Como foi sua infância e quando começou seu interesse pela Cultura Hip-Hop?
Sarara – Iniciou por meio do meu tio, mostrando algumas músicas de Rap nacional, no meu bairro tinha grupo de Rap, não me lembro o nome ao certo. Quando fui ao show, iniciou a música do “Gangstar-Skills”, meus dois amigos e DG e Beto estavam fazendo “up rock”, dali em diante, comecei a dançar e curtir mais esta cultura.
BW – Quando iniciou, de fato, na dança? Onde e com quem aprendeu?
Sarará – Iniciei a dançar no CAJUV 2005, meus amigos me levaram para conhecer a oficina de Breaking, onde conheci o Professor Soul, ele passou todas bases, entre amigos a gente trocava informações e aprendia um pouco mais.
BW – Teve apoio de alguém da família? De parentes?
Sarará – Não tive apoio da minha família não, mas eu acreditei, fui até fim, sou muito teimoso (risos).
BW – Nessa época tinham pessoas que eram referência no Breaking para você, que te inspiravam? Pode citar os nomes?
Sarará – Inicio pelos meus amigos e amigas, minha comunidade onde morava, tinha DG, o Beto e outros amigos que não lembro o nome agora. Tinha uma menina chama Elisa, ela dançava muito, fazia moinho de vento… aquilo era mágico na época, tanto que foi o primeiro movimento que aprendi. Depois, teve uma galera de fora, Soul, Gerson, aquelas fitas da BC One e da Batalha Final, tudo isto fez parte das minhas referências.
BW – Chegou a competir em grandes campeonatos de Breaking? Em quais e em que ano?
Sarará – Acredito que os eventos que fui foram grandes para mim, uns dos eventos que tenho como lembrança e admiração é “Rival vs Rival”. Gosto muito da energia, participei da confraternização que Afrobreak fez, enfim, fui em muitos eventos. Mas lembranças marcantes foram estes dois.
Menino observa com admiração o trabalho do fotógrafo
BW – Quando começou o interesse pela fotografia? De que forma aprendeu a fotografar?
Sarará – Conheci uma amiga, que hoje é minha irmã, a Amanda Lopes, conhecida como “Dinha”. Quando a conheci, ela tinha câmera fotográfica e incentivei ela a fotografar, pois na época não tinham fotógrafas registrando eventos e reuniões de Hip-Hop. A partir daquele momento, a fotografia começou a chamar mais a minha atenção. Iniciamos um projeto de oficina de Breaking com fotografia juntos, dali fundamos a Produtora “Union Break”.
BW – Quando sentiu que deveria fazer uma escolha entre a fotografia ou a dança? Explique a razão da sua escolha.
Sarará – Nunca gostei de ficar preso em uma coisa só, na vila onde eu morava eu aprendi que eu precisa ser múltiplo, não sei o motivo ao certo. Quando eu estava na dança, percebi que a galera do Breaking só vivia aquela mundo, eu percebi que tinha muitas coisas além disto. Com o tempo, fui deixando o Breaking de lado para estudar, fazer faculdade e aprender outras coisas, mas era muito engraçado, porque o Breaking estava em tudo. Eu decidi ficar com a fotografia devido a ir nos eventos e não tinha um registro fotográfico de qualidade nos eventos, eu aproveitei esta oportunidade, ouvi a minha intuição e fui. E assim seguimos até hoje.
BW – Entender os movimentos que fotografava foi um diferencial na sua carreira?
Sarará – Acredito que sim!
BW – Até hoje, quantos B-Boys e B-Girls, em média, já foram clicados por você?
Sarará – Não tenho noção, só sei que tenho arquivos desde 2012. Tempos atrás fui ver a quantidade de fotos, chegava a 650 mil fotos, deve ter mais se eu atualizar mas eu vou chutar baixo: uns 700 dançarinos e dançarinas.
Exposição “Breaking e suas expressões”
BW – Você, algum tempo atrás, apresentou a genial Exposição “Breaking e suas Expressões”, fale sobre ela.
Sarará – Esta exposição eu queria fazer há muito tempo, esperei 5 anos para fazê-la. A ideia foi pegar algumas fotografias que fiz em eventos e mostrar para as pessoas as expressões dessas fotografias de dança, o nome em si focava no Breaking, mas tinha danças urbanas, pois a ideia principal era “expressões dos movimentos”, não importava o estilo. Acredito que foi de suma importância realizar este trampo, pois mostrou processo de algumas pessoas que parou de dançar e de pessoas que estavam atuando na cena.
BW – Em 2017, você teve seu trabalho reconhecido quando recebeu o Prêmio de Melhor Fotografia de Breaking Latino Americano. O que representou isso para você?
Sarará – Este momento foi importante para mim. Mas foi um momento de análise, pois sabia que tinham fotógrafos com fotos bem melhores que a minha, mas mesmo assim eu ganhei o prêmio, que foi pela votação popular, afinal, evento em São Paulo, grande público de São Paulo, nítido que os fotógrafos de São Paulo teriam maior visibilidade, afinal, era um Prêmio Latino Americano e muitos fotógrafos envolvidos, enfim! Em um certo momento da minha vida eu pensei “mais que merecido” e, no outro lado, eu pensei “não preciso de prêmio para dizer que sou o melhor ou não, afinal de contas sempre coloquei meu melhor em tudo que fiz”. Se tivesse outro prêmio desse eu não participaria, pois creio que tem muita gente boa que também merece prêmios.
BW – Entre dançarinos da Cultura Hip-Hop, tem crescido o número de pessoas que procuram produzir um material profissional, de qualidade, ou isso ainda é algo bem tímido no meio?
Sarará – Demais os dançarinos e dançarinas de Breaking não se preocupam muito com uma qualidade de foto, mas estou vendo alguns se organizando, tirando o DRT, fazendo ensaios fotográficos, tendo um material de qualidade, pois isto influencia muito em uma apresentação de trabalho.
BW – Os eventos de Breaking brasileiros são bons clientes na hora de pagar? Você já teve problemas na hora de receber?
Sarará – Não são bons para pagar, preferem investir em tudo no evento, menos em uma cobertura de vídeo e fotográfica, isto os eventos de São Paulo. Agora, os eventos do interior de São Paulo, fora de São Paulo, têm todo um carinho, um diálogo e pagam até antes do evento. Já tive diversos problemas com alguns eventos, hoje eu tenho possibilidade de ir ao evento que eu quero.
BW – Na hora de fotografar um B-Boy ou uma B-Girl durante uma “battle”, o que você busca captar? Que sentimentos?
Sarará – Quando a dança está fluindo no beat, rola o momento mágico! Captar este momento é único, como se o dançarino ou dançarina flutuassem, gosto de captar estes momentos.
BW – O que você acha da possibilidade do Breaking virar um esporte olímpico? Esse impacto para você, que é fotógrafo, será algo positivo ou negativo?
Sarará – Como fotógrafo, o impacto é positivo, irá gerar empregos, no meu ponto de vista. Mas creio que não terá a mesma mágica de uma “cypher” na praça e de um evento feito por nós.
Sarará fazendo Graffiti para projeto social
BW – Recentemente, você vem realizando trabalhos sociais, inclusive dando aulas no Instituto Cativar, em São Bernardo. Nos conte um pouco mais sobre esse trabalho. E também os frutos desse trabalho?
Sarará – Amo o trabalho social. Desde 2012 trabalho nesta área, eu estudei muito, criando metodologias de aula para que os alunos e alunas pudessem ter experiências que marcassem a vida deles. Este trabalho que realizo no Cativar é muito bacana, atuamos no bairro do Cooperativa, temos diversas oficinas, sou educador de Graffiti e Fotografia, levo para eles uma experiência diferenciada, dando autonomia de pesquisa de criação. Este processo tem dando resultados lindos de confiança, autoestima e, assim, seguimos nesta luta.
BW – Existe a frase que “uma imagem fala mais do que mil palavras”. Isso é verdade? E também se aplica ao Breaking?
Sarará – É verdade! Têm fotos que não precisam nem explicar, né? Quando você bate o olho, você imagina diversas coisas: é o poder da fotografia! E, no Breaking, isso acontece muito!
BW – Fale da importância do registro histórico do Breaking por meio de fotos. No passado, acha que muita coisa se perdeu por falta de registro?
Sarará – Nossa! Faltou registro, viu… Na minha época, de 2005 a 2010, não tenho registros dançando, mas creio que agora não faltará, até os celulares estão captando os momentos. Claro que não como um fotógrafo faria, mas cada vez mais as tecnologias são mais avançadas para as pessoas que não são profissionais.
BW – Agora, nesse momento de pandemia, como tem realizado os trabalhos? Quais são seus planos para o futuro?
Sarará – Nessa pandemia estou dando aulas on-line, estou reorganizando meu livro, quero lançar para fechar esta parte, estou pensando na minha nova exposição, que vai ter outro nome, pois quero abranger a dança como todo. Estou estudando ilustrações, fazendo uma pós em arte-educação. Logo estarei ingressando no mestrado, estou aproveitando para estudar inglês também, enfim, resumindo, estou aproveitando este momento para estudar e organizar algumas ideias.
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