Mais de um ano se passou desde que a cidade entrou em estado de alerta e foi decretado o primeiro lockdown por conta da pandemia do coronavírus, que ainda iria tomar proporções inimagináveis.
Já esperávamos ter resultados negativos comparados a outros países mais desenvolvidos, pelo nosso histórico de governo, mas não tínhamos parado para pensar no quanto isso poderia nos afetar: no trabalho, nas relações pessoais, nas finanças e na saúde.
Ninguém estava preparado para isso, muito menos a nossa cultura, que, em tempos normais já sobrevivia com muita dificuldade. Não tínhamos ideia de quanto tempo isso iria durar e nem sabíamos o quanto um evento presencial faria falta.
Estar a 300 metros do local do evento, já ouvir o som de longe e, com a proximidade, sentir adrenalina, ansiedade e sentimento de alegria por estar presente no evento, tão esperado, por você e por muitos. Pensado e organizado por um grupo de pessoas, que há meses planejam esse acontecimento, contratam pessoas, empregam parentes, abrem espaço para os pequenos empreendedores vender seus “panos”, seus produtos, gerando renda para várias famílias. Situações tão normais no dia a dia que nunca paramos para refletir a importância deles. Rever amigos, ver inimigos, dançar, conversar, observar o tênis do colega, a jaqueta style que o outro está usando, as novas tatuagens daquele outro B-Boy, aquele casal de B-Boy/B-Girl que está sempre junto… passar raiva com os jurados desqualificados, o evento que não valoriza o DJ e tocou as músicas de uma mixtape baixada da internet pelo pen drive… mesmo dos piores eventos sentimos falta.
Isso, infelizmente, tem desencadeado uma série de preocupações com a saúde psicológica e física dos nossos colegas.
Sem eventos para ir, lugares para treinar, sem poder viajar, muitos têm passado os dias e noites presos à uma das drogas mais prejudiciais para a nossa saúde: a internet.
Com a ociosidade, veio a ansiedade. E com a ansiedade, a falta de empatia. Ah, a tal falta de empatia que mais nos separou do que em qualquer outro momento da história.
Todos já com os nervos à flor da pele, muitos desempregados, outros que perderam familiares ou amigos para a Covid-19, devastados, com o psicológico abalado, aí veio o anúncio: O BREAKING FOI OFICIALMENTE CONFIRMADO PARA AS OLIMPÍADAS DE 2024.
Alguns ficaram felizes, encontraram nesse anúncio um pouco de esperança e motivação. Outros, ficaram indignados com o fato do Breaking ser incluído em uma modalidade esportiva. Não precisa ser gênio para saber qual foi o resultado disso, muita discussão e mais falta de empatia tomou conta das redes sociais.
Oportunistas se fizeram presentes imediatamente, mesmo aqueles que tinham se declarado contra o Breaking nas Olimpíadas, brigaram por postos de poder para liderar o comitê representativo nacional.
Enquanto estes brigam sem nem saber por quem ou por quê, os números no país continuam crescentes e a previsão de retomada cada vez mais distante.
Antes de sermos artistas, somos seres humanos, somos seres humanos, SOMOS SERES HUMANOS. Precisamos ter mais HUMANIDADE, mais EMPATIA e mais CONSCIÊNCIA da REALIDADE que estamos vivenciando.
Amamos o Breaking, vivemos o Breaking, mas há questões mais emergentes que precisam da nossa energia e do nosso tempo, de todos que estão saudáveis e podem ajudar. O futuro está à frente, o presente é HOJE, e hoje muitas pessoas precisam de ajuda – ajuda para comer, ajuda para superar uma depressão, ajuda para enfrentar crises familiares, ajuda para se levantar.
Sejamos mais humanos e menos egoístas.
Assisti uma série recentemente de dança e uma frase se destacou “por mais que estejamos todos competindo uns com os outros, tenhamos nossas diferenças, sejamos inimigos, ainda estes são os únicos que me entendem, porque eles vivem o que eu vivo e sabem das dores, das dificuldades, da luta”. É isso, no fim, estamos todos no mesmo barco, somos iguais.
O que você tem feito por você nesse último ano? E, o que você tem feito pelos outros nesse último ano?
Que não percamos nunca nossa essência e que sempre nos lembremos da nossa história, da nossa cultura, que prega PAZ, AMOR, UNIÃO E DIVERSÃO.
This is Hip-Hop!
Fotos: Reprodução
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Médicos alertam que a nova variante é mais grave, rápida e letal entre jovens: “É preciso parar os eventos presenciais!”
O estado de São Paulo registrou nesta semana 61.064 óbitos e 2.093.924 casos confirmados durante toda a pandemia. Entre o total de casos diagnosticados de Covid-19, 1.852.904 pessoas estão recuperadas, sendo que 229.822 foram internadas e tiveram alta hospitalar.
As taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 70% só na Grande São Paulo e 69,7% no Estado. O número de pacientes internados é de 14.809, sendo 8.042 em enfermaria e 6.767 em unidades de terapia intensiva, conforme dados desta semana. Hoje, os 645 municípios têm pelo menos uma pessoa infectada, sendo 625 com um ou mais óbitos. Em todo o país são 10.869.227 casos, 9.647.550 recuperados e 262.770 mortes. Em todo o mundo são 116.463.253 casos, 65.805.310 recuperados e 2.586.760 mortes.
Mesmo com o início da vacinação, os números ainda são alarmantes! O Brasil registrou 1.498 novas mortes por Covid-19 ontem (06), com uma média de 1.455 óbitos pela doença nos últimos sete dias, após bater o recorde de mortes por Covid-19 em um intervalo de 24 horas por dois dias consecutivos, o patamar mais alto desde o início da pandemia, foram registradas 10.183 mortes nos últimos sete dias, com isso, a média móvel de óbitos bateu um novo recorde pelo oitavo dia seguido!
Somente na cidade de São Paulo, já são 6 hospitais com 100% de ocupação de leitos de UTI para Covid-19, a taxa geral de ocupação na capital paulista chegou a 77% ontem, sendo que a rede privada varia de 80% a 99% dos leitos de UTI ocupados.
Diante dessa realidade, um dos segmentos mais afetados pela Covid-19 foi o mercado de eventos. O setor registrou prejuízo de R$ 270 bilhões com a pandemia do novo coronavírus, entre março e dezembro do ano passado. As perdas levaram ao desemprego de 3 milhões de pessoas. O segmento representa 13% do Produto Interno Bruto (PIB) e tem 60 mil empresas que dependem diretamente da realização de eventos para funcionar, além de 2 milhões de microempresários. A solução? A retomada, sem dúvida, é algo desejado por organizadores de eventos para amenizar os prejuízos, no entanto, como pensar no retorno quando a Covid-19 ainda é a grande vilã do mundo e desafia a humanidade?
A vacina chegou, mas o isolamento social ainda é uma das medidas preventivas para conter a aglomeração de pessoas e, assim, evitar a proliferação do novo coronavírus. E aí perguntamos: Como será o futuro dos eventos? Quando, com segurança, será possível retornar? Será que podemos voltar aos eventos presenciais ou teremos um futuro de eventos híbridos e on-line?
A verdade é que o futuro dos eventos está sendo construído agora, baseado em experiências do que dá certo e do que não dá! Muitas respostas ainda não existem! Mas se adaptar pode significar a sobrevivência dos negócios!
Analisando essa difícil situação, o Portal Breaking World, que é voltado para a Cultura Hip-Hop e para os seus elementos, resolveu procurar e escutar a opinião de alguns organizadores de eventos reconhecidos e de credibilidade no Breaking que acontecem no nosso país e saber o que pensam e o que andam fazendo…
Começamos conversando com o produtor de eventos Alan Jhone, mais conhecido como B-Boy Papel, de Brasília. Nascido e criado em Ceilândia, formado em Marketing, ele desde 2012 organiza o Quando as Ruas Chamam, sendo um dos grandes eventos expressivos da Cultura Hip-Hop no Brasil, um catalisador e formador de B-Boys e B-Girls, o evento reúne a nova geração e também os mais conhecidos dançarinos do país em suas competições. Ele explica que, em Brasília, a situação em relação à Covid-19 continua complicada, com alto índice de contaminação e de mortes, sendo que Ceilândia é onde tem o maior número de infectados e mortes no Distrito Federal. Um dos motivos é o fato de ser a maior população entre as regiões administrativas do DF, sendo mais de 500.000 pessoas, sem falar nos problemas com a saúde e a falta de leitos para os doentes. São dele as palavras: “A situação ficou séria aqui em Brasília, mas no meu caso, depois que eu organizei toda a parte de pós-produção em 2019, eu peguei o tempo livre e me dediquei em estudos, para fazer algumas provas e como eu já tinha o projeto que seria realizado em 2020 devidamente aprovado, tudo muito certinho, eu já estava com a edição do festival garantida, então, tive liberdade para focar em alguns estudos e olha, eu dei muita sorte, pois não tive nenhum prejuízo financeiro relacionado a essa edição de 2020, porque eu não tinha começado o processo de produção do evento. Eu tinha o planejamento de começar os preparativos no mês de maio de 2020 e aí nos deparamos com a situação da pandemia que estourou em todos os lugares. No estudo pra mim foi complicado, pois eu tive que me distanciar das aulas presenciais e acabou me atrapalhando nisso, mas, felizmente, com os prejuízos relacionados ao evento eu não tive. Mas corremos sérios riscos, tenho a certeza que muitos parceiros de outros projetos estavam com eventos em andamento e tiveram prejuízos gigantescos. Agora é tempo de reinventar, eu continuo me dedicando aos estudos, conseguimos nos movimentar e apresentar a 7ª edição do festival, que foi devidamente aprovada, com a pontuação máxima no edital que ele concorreu, então, nós temos garantido para o futuro mais duas edições do festival. Mesmo no meio da pandemia não deixamos de olhar com carinho por ele e conseguimos mais essa vitória de ter duas edições garantidas! Inclusive, estamos divulgando isso em primeira mão para o Portal Breaking World. Ultimamente, além de estudar, eu tenho cuidado da minha mãe que faz parte do grupo de risco e tenho refletido muito sobre o futuro, porque nós que somos da cultura sempre temos uma vida instável, sem muita garantia, então, eu penso que nós da cultura precisamos pensar mais em como atingir essa estabilidade, para não ter mais esses baques que tivemos, por exemplo, com a pandemia e também venho pensando muito nas alternativas para o futuro, eu sou um cara proativo, inquieto, gosto de pensar longe. Até o momento não temos a intenção de realizar o Quando As Ruas Chamam numa edição on-line, isso fugiria muito do evento. Eu acho que o negócio é esperar e voltar quando for possível com chave de ouro, recebendo todos, creio que o formato on-line seria muito complicado. O Quando As Ruas Chamam tem um lance de encontro de pessoas que vêm de várias quebradas e que podem trocar experiências e nós queremos que isso seja presencial, estamos com uma energia para produzir uma festa linda no momento seguro! O momento ainda é bastante delicado, os índices de infectados ainda são altíssimos, eu penso que as pessoas que precisam fazer seus eventos e aquelas que não podem esperar, devem buscar fazer da forma mais segura possível, cuidando dos nossos com responsabilidade para que nenhum irmão pegue esse vírus maldito. Planos para o futuro é ver alguns outros projetos que eu tenho guardado saírem do papel, como tem sido muito gratificante ver o Quando as Ruas Chamam”, conclui.
Da cidade do poder para o sul do país, procuramos o Pedrinho Festa, organizador da Battle In The Cypher, que é um dos eventos de Hip-Hop mais tradicionais da América Do Sul e já tem 12 edições. O Battle In The Cypher recebe dançarinos de até 10 países diferentes por edição e anualmente tem pré-edições em países como Uruguai, Paraguai e Argentina, além de outras regiões do país. O evento tem uma programação de diversas atividades que não apenas focam numa premiação, mas sim numa construção dentro da cultura Hip-Hop. A maior importância dele se dá pelo formato que prioriza todos os elementos do Hip-Hop. Pedrinho Festa conta: “A última edição foi a edição on-line, em 2020, fora isso tivemos a edição dos 10 anos, em 2019… E sim, logo após ela, já começamos a projetar o ano posterior, tanto que tínhamos organizado edições em 2020 na Paraíba, Santa Catarina, Uruguai e Paraguai antes da pandemia, o evento já estava extremamente estruturado com diversas pré-edições realizadas, passagens compradas, datas, patrocínios, etc., já marcados. Estávamos com um projeto de captação em Mecenato aprovado, que expirou o prazo devido a pandemia. Apesar de termos tido alguns gastos, não tivemos o orçamento comprometido, pois conseguimos reverter muitos de nossos gastos, como de passagens. A nossa principal atitude foi buscar realizar de maneira on-line, mas que tivesse da mesma forma a cara do evento. Até mesmo para poder contratar os mesmos profissionais que estavam no evento e de alguma forma foram impactados com os cancelamentos de datas em 2020. Então, o fizemos de maneira on-line, mas buscamos um formato estilo festival, mantendo as atividades do BITC como a festa Hasta La Cypher, o Graffiti, os workshops e palestras, a batalha de DJs… O Battle nunca foi só uma batalha, o nosso grande desafio foi levar essa essência para o mundo digital. Em 2021, o evento tem data para acontecer: de 29 de março a 4 de abril. Será físico, ainda estamos aguardando para saber se será com público reduzido ou apenas com participantes. Resolvemos fazer agora, pois conseguimos passar um projeto importante de incentivo, com apenas 4 meses de realização e sabemos que muitas pessoas da nossa cultura estão precisando trabalhar, inclusive por isso buscamos contratar um grande número de artistas e trabalhadores da cultura Hip-Hop! Tempos difíceis, mais fácil sentar e lamentar. Sabe aquela gana de fazer a parada acontecer? Bom, a gente tem ela desde algum tempo… Às vezes, passa um filme na cabeça, de como tudo era e mesmo assim acontecia, as pessoas, no fim é tudo sobre energia, sobre as pessoas, sobre o que podemos proporcionar para as coisas serem melhores. Battle In The Cypher nunca foi só um evento, é um ideal, é um compromisso, uma retribuição. É o que somos!”.
De Bento Gonçalves direto para o Rio de Janeiro, a conversa foi com a carioca Sabrina Vaz, mais conhecida como B-Girl Savaz, uma das diretoras do evento Tropical Battle, que acontece presencialmente nos próximos dias 6 e 7 de março, realizado de forma independente, tem o apoio da comunidade Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, onde a dança é uma importante ferramenta de transformação social. A ideia do evento nasceu em 2015, dentro de uma Crew só de mulheres, na verdade a primeira Crew de mulheres do Rio de Janeiro, que é a Manifesto B-Girls Crew, que sempre foram protagonistas de ações ligadas ao Hip-Hop carioca. Hoje, a Manifesto B-Girls Crew não existe mas a amizade entre as meninas continua! O Tropical Battle é um evento muito importante para o Rio de Janeiro, porque tem o objetivo de trazer a essência do Breaking carioca, que segundo ela não é muito identificado no Rio. Savaz conta: “Desde então, nós temos visto que influenciamos a cena com a valorização do B-Boy e da B-Girl, com premiações altas, todas as edições foram memoráveis. Até o Tropical Beneficente que fizemos para ajudar a B-Girl Branca na compra de uma cadeira de rodas ou patrocínio para as meninas irem para outros eventos, todas as edições foram especiais, a última que fizemos, em 2020, um pouco antes da pandemia, foi especial, nessa edição tivemos alguns percalços, mas aprendemos, não tivemos nem um pós-produção, porque estava tudo muito corrido, terminamos o evento e já estourou uma pandemia. Nem acreditávamos que ia rolar a edição de 2021, foi um momento de repensar a vida, o evento nunca teve patrocínio, foi do nosso bolso, as meninas foram fazer trem e metrô para ganhar dinheiro para fazer o evento, eu tive que pagar muitas contas do meu bolso. Mas Deus tem provido as coisas e está aí a edição de 2021, depois que estourou a pandemia, em 2020, nós ficamos aliviados por ter conseguido fazer um pouco antes a edição de 2020 e não estávamos comprometidos com a edição de 2021, porque nós não temos verba. Então, foi graças a Lei Aldir Blanc que está sendo possível realizar a edição de 2021, os prejuízos que eu tive em 2020 foram mais pessoal, porque nós não estávamos muito bem organizados, eu precisei tirar dinheiro do meu bolso e quando recebemos a grana da Aldir Blanc, deu para pensar na edição de 2021. Sobre se reinventar, nós nunca encaramos o evento como algo profissional ou um empreendimento. Agora que o evento está começando a ser feito por uma equipe específica, estamos começando a olhar para o evento com um olhar de empreendedorismo, nós estamos precisando nos organizar, sendo um divisor de águas. Tenho escrito editais. Não gostamos de eventos on-line, acreditamos que se perde muita coisa, já tem gente fazendo eventos on-line, se perde muito o “flevo” [sic] mas as nossas eliminatórias estão sendo on-line, quando pensamos no evento achávamos que tudo estaria bem melhor, já conversamos com a equipe que se for necessário cancelar o evento faremos. Todos os eventos aqui no Rio de Janeiro estão acontecendo, estamos providenciando os protocolos de segurança, o purificador de ar para grandes espaços, álcool, mascaras, tudo… como estamos fazendo por um edital do governo, temos com que arcar, então, precisamos apenas ver se vamos conseguir manter as datas por causa da pandemia ou não. Os cuidados não são suficientes, estamos tomando alguns cuidados aprovados pela lei, mas não é suficiente, mas uma coisa que tem me dado paz nesse momento é que tem muita gente que está precisando desse trabalho. Colocamos uma premiação alta, as atividades são gratuitas e as inscrições são R$5,00. Nossos planos para o futuro é fazer um planejamento que o Tropical Battle aconteça todos os anos. O Breaking é algo bastante resistente, ele vai continuar! Estamos acostumados a treinar sozinhos! Acredito que os eventos on-line vão morrer e só ficarão no on-line os grandes eventos que também vão fazer. O Breaking é vida!”.
Saindo da Cidade Maravilhosa e chegando em São Paulo, no coração cultural do Brasil, falamos com um dos pioneiros de eventos de Breaking no Brasil. Rooneyoyo, que é o criador da Batalha Final, evento que nasceu das festas da B-Boys Battle Party, que eram mensais quando Rooney ainda tinha loja na Galeria do Rock/Hip-Hop, no centro da cidade. A primeira Batalha Final foi em 1999, com 26 grupos, com shows e batalhas de grupo, era um evento itinerante e anual. Como B-Boy e Rapper, ele queria ver as coisas acontecendo e ninguém fazia nada, então chamou o DJ Ninja e falou que queria fazer festas mensais para tocar os discos e reunir os amigos, foi aí que tudo começou e virou o que é hoje. Ele fala: “Nossa última edição foi em 2019, foi espetacular, no aniversário de 20 anos, com 7 eventos, 1 a cada 15 dias, fizemos dentro das favelas e dentro do Shopping, utilizando as modalidades que viriam a se tornar olímpicas, com as regras e piso, som, tempo, tudo como se fosse lá, me diverti e fizemos um trabalho lindo, com uma equipe maravilhosa. Na verdade, eu já tinha programado eventos até 2028, como fazemos isso todos os anos, temos um modus operandi bem organizado, buscar recurso, reestruturamos o que temos e colocamos o evento na rua. É logico que sempre mudamos algo, para nos atualizar, mas nossa metodologia vem funcionando tem alguns anos, pois nossa equipe, repito, é ótima! Com a chegada da pandemia, cancelar foi um terror, muitos contratos cancelados, foi frustrante, mas temos que entender que a saúde de todos ainda é mais importante, eventos fazemos aos montes. Era hora de salvar vidas e proteger, foi o que pensamos. Estávamos com o conceito de 2020 pronto, artes prontas, apoios e patrocínios, tudo arranjado. Já estava comprometido financeiramente para a edição de 2020, investimos antecipadamente para adiantar nosso cronograma e deixar tudo no jeito para dedicarmos e focarmos em atender os competidores. Para que todos entendam, nos 20 anos da BF, durante o evento, eu tive um sonho e começamos a desenvolver as artes para a edição de 2020. Financeiramente tivemos prejuízos, ficamos praticamente 5 meses sem trabalho, depois, entrou umas coisas on-line e parou. Então, nos reunimos virtualmente e pensamos que não adiantava correr riscos, hoje, como presidente da Confederação Brasileira de Breaking [CBRB] não poderia colocar os breakers e produção em risco. Atualmente, paramos tudo, estamos trabalhando virtualmente e produzindo conteúdo para, quando estivermos livres para executar eventos, estarmos muito mais prontos que antes. Estamos em luto diário, com familiares e amigos falecendo, um após o outro, então decidimos não fazer nada muito barulhento, estamos lidando com a perda e pensando no futuro. Não estamos felizes, mas temos que seguir em frente e honrar os que ficaram no caminho. Para fazer eventos como tenho visto alguns por aí não me agrada e penso que a falta de estrutura e conceito desmotiva os que levam isso com amor e carinho, muito à sério, então, estamos aguardando o tempo certo para podermos fazer algo para deixar a marca. Conseguimos fazer isso com o DMC Brasil 2020, que foi um sucesso on-line. Com a Batalha Final, não tivemos apoio, então, estamos aguardando o que virá com esta vacina. O momento é incerto, governo irresponsável e alguns indo na onda… e o resultado está visível, triste e calamitoso. Com falta de leitos em hospitais, falta de oxigênio e cemitérios lotados. Sobre a volta de alguns eventos nesse momento, sou suspeito para falar, pois também sou produtor de eventos, não é porque optamos por não fazer que quem faz on-line está errado, só não gosto de alguns conceitos, mas presencial, não concordo e acho uma irresponsabilidade de quem faz e de quem participa. Não é momento para isso! Tenho visto muitos eventos on-line e presenciais com nenhuma segurança de fato, então, a resposta é não, continuo achando uma irresponsabilidade social. O Hip-Hop salva vidas e não leva elas para a tumba!”.
Outro grande evento organizado pelos produtores culturais B-Boy Dunda e B-Girl Lana, o Breaking Combate, em São Paulo, concorda com Rooneyoyo e faz coro, são deles as palavras: “Ainda não é o momento de realizar eventos presenciais. As medidas de distanciamento social devem ser respeitadas até que as atividades presenciais voltem a ser liberadas. Cabe a nós, cidadãos, respeitarmos as normas sanitárias e buscarmos formas alternativas de entrega cultural para a população. O uso de máscara, álcool em gel e lavagem das mãos não são suficientes para proteger as pessoas em meio a grandes aglomerações e, por isso, os eventos presenciais devem ser evitados. O Breaking Combate é uma celebração da cultura Hip-Hop, com foco principal na dança Breaking. Proporciona intercâmbio cultural entre os adeptos da cultura Hip-Hop a sua primeira edição foi em 2009. Nas duas primeiras edições, o evento chamava-se “Carapicuíba Battle”, porém, devido à grande dificuldade de realizar qualquer ação voltada para a cultura Hip-Hop na cidade de Carapicuíba, modificamos o nome do evento para “Breaking Combate” para assim podermos realizá-lo em outros locais”. Eles lembram: “Todas as edições foram especiais, porém, um destaque maior para a edição de 2013, que foi a primeira que trouxemos jurados internacionais, workshops, viagem totalmente paga como premiação dos vencedores e a oportunidade de poderem representar o Brasil em eventos internacionais. Foi realmente incrível receber em nosso evento B-Boys e B-Girls de todo o Brasil e também de alguns países estrangeiros e ter cobertura da mídia televisiva. A última edição aconteceu em 2017. Na ocasião, já prevíamos não realizar as edições de 2018 e 2019 por estarmos focados em outros projetos. O planejamento era retornar com o Breaking Combate 2020, mas, como todos sabemos, a pandemia chegou e todos os planos foram cancelados. Quando a pandemia teve início estávamos na fase de planejamento do evento e, por sorte, não tivemos prejuízos financeiros. O projeto da 6ª edição do Breaking Combate já estava aprovado e sendo planejado, com previsão para acontecer em agosto de 2020, quando estourou a pandemia e tudo foi cancelado. Foi assustador, mas entendemos que, com uma pandemia acontecendo, qualquer evento cultural ou esportivo deixa de ser prioridade. O lado bom das situações adversas é justamente sermos forçados a pensar fora da caixa e nos adaptar à nova realidade. Na produção de eventos não é diferente. A impossibilidade de realizar eventos presenciais e necessidade de evitar aglomerações, abriu um leque de novas oportunidades e formatos a serem explorados. Sobre o futuro, desejamos realizar a 6ª edição do Breaking Combate em 2021, após a liberação dos eventos presenciais ou semipresenciais pelas autoridades sanitárias. Optamos por aguardar e, no momento certo, realizaremos o evento da melhor forma possível, sem expor os artistas e público a riscos”, finalizam.
Ainda em São Paulo, fomos conversar com Thiago Vieira, que é B-Boy há 14 anos e arte-educador formado em Educação Física. Integrante da Crew Guetto Freak desde 2012, Thiago faz produção cultural desde o mesmo período, porém, mais sazonal. No conhecido evento Breaking Ibira, ele foi integrar a produção a partir de 2018, o evento já tem 6 anos, idealizado pelo B-Boy Mion. Foi ele quem fez as primeiras batalhas, cyphers e marcava treinos também. Na primeira batalha que Thiago foi, recebeu o convite para ser jurado, em 2014 mesmo. “E era ali no entorno do MAM (Museu de Arte Moderna), aí em determinado momento houve o contato das educadoras do museu e a partir daí começaram a abrir o espaço e oferecer estrutura de som, etc. Naquele momento, no parque, rolava muito os famosos rolezinhos…”, Thiago conta, “Sempre que realizávamos uma edição, logo em seguida fazíamos uma reunião para fazer uma avaliação e pensar numa próxima, mas no geral todas as edições foram pensadas no início do ano e, dependendo da situação, poderiam mudar de posição no cronograma ou não, na última edição de 2019, que foi a batalha de crews, nós encerramos e fomos para um rodízio de comida japonesa (risos), fomos comemorar e os planos para o ano de 2020 ficaram para janeiro. Num ano normal, a primeira edição é em março. Quando foi anunciada a pandemia, nós estávamos com quase tudo pronto pra primeira edição do ano, poucos dias depois cancelamos e ai não teve o que fazer naquele momento, só parar e avisar o público. O Breaking Ibira tem parceria com o MAM, as atividades deles pararam e consequentemente as nossas também, houve um prejuízo financeiro, principalmente para a equipe que trabalha, que sempre fecha muito com a gente e do dia pra noite perderam parte dos rendimentos, depois de um tempo, como não parecia que a coisa ia se normalizar tão cedo, passamos a nos reunir para encontrarmos uma solução, mas não foi possível fazer muita coisa, algo que tenho dito com relação a pandemia é que os trabalhadores da cultura foram os primeiros a pararem e provavelmente serão os últimos a voltarem, a sociedade não vê cultura como essencial, mesmo que assista séries e filmes todo dia, trabalhe ouvindo música e dance quando está feliz. Discutimos bastante sobre novas possibilidades, primeiro, fizemos um workshop on-line e depois fizemos a batalha, o objetivo inicial era gravarmos e depois lançar on-line, mas no fim, a melhor ideia foi o Mini Doc Breaking Ibira 6 Anos e ficamos muito satisfeitos com o resultado! Eu fui bastante afetado pela pandemia, 80% de todos os meus rendimentos foram afetados, bem complicado, mas não senti que devia entrar em pânico, aproveitei para estudar e fiz muito isso e graças ao “tempo” que tive, concluí outra graduação e já tenho outros projetos em mente, nesse sentido a pandemia ajudou a clarear os pontos onde tem que focar para manter estabilidade, não que ela seja real, não se pode ser estável sempre, mas é possível se planejar. A edição de novembro inicialmente seria on-line, mas seria gravada e os B-Boys batalhando no presencial, nas batalhas onde cada dançarino ou dançarina responde de casa, a gente observou bastante o que estava rolando e não sentimos que estava desenvolvendo bem, pois tem várias limitações, uma delas é a qualidade da conexão, a outra é que uma batalha de Breaking on-line perde um fator que é importantíssimo, que é a energia trocada, para mim é como uma luta de MMA on-line, numa batalha de Breaking você que está lá sente, o público sente, a intenção, a energia do B-Boy ou da B-Girl, se está com vontade de botar fogo, se está com medo, indiferente, arrogante… e o B-Boy ou a B-Girl que responde é diretamente afetado por essa energia e ele pode responder! É isso que deixa a batalha interessante. Então, nós fizemos uma edição em novembro, presencial, num momento em que os números da pandemia tinham caído muito, mas mesmo assim foi complicado, teve gente que tirou a máscara, se abraçou… no calor da batalha a galera esquece… eu particularmente não julgo, tem gente que anda de ônibus ou trem lotado todo santo dia, como dizer para ela que a única medida de distanciamento social possível é justamente o lazer dela? Não posso falar nada dela, mas nós, Breaking Ibira, não faremos presencial ainda, não vamos incentivar ninguém a se arriscar… pela nossa experiência, vimos que era difícil a galera manter 100% dos cuidados, não dava para contar com isso, particularmente, até acho que as medidas juntas são relativamente efetivas, mas não acho que serão seguidas. É difícil estabelecer parâmetros dentro de uma situação tão incerta, no geral o plano principal é voltar… mas quando tiver menos risco, sendo início de ano, pensar em como queremos continuar é fundamental, temos muito mais limitações agora e sabemos o que não queremos, temos uma ideia do que queremos. Batalhas? Sem público, on-line, sim, mas quem está batalhando tem que estar frente a frente apenas com uma imagem de qualidade, sem aqueles cortes de conexão que acabam com a experiência. No momento, estamos mais propensos a dar continuidade ao Mini Doc Breaking Ibira. Acredito que a vida será mais on-line, estudar será mais on-line, trabalhar será mais on-line; alguns eventos que tiverem sucesso nas lives vão permanecer no formato, mas vai sobreviver e permanecer aqueles que tiverem uma estrutura excelente, internet de altíssima velocidade, equipe rápida e eficiente; e as situações mistas, eventos transmitidos mas que também têm público presente e a questão da inserção do termo esporte ou “esportivização” [sic] vai estar cada vez mais em discussão, talvez isso afete os eventos, mas ainda não dá para falar. Sair ou não pra treinar, eu não estou indo treinar, mas sei que treinar pode ser parte da sobrevivência, da paz interior, portanto, não o julgo se estiver no corre, mas lembre-se de manter o distanciamento, se possível treine só com sua Crew ou, melhor ainda, só com um amigo ou amiga. Que Deus nos proteja e que venham dias melhores pra todos nós!”.
Então, o que podemos esperar do futuro? E o que temos de concreto?
Então, o futuro dos eventos será on-line?
Para alguns profissionais do ramo de eventos, talvez o futuro será compósito. Trabalhar de forma mais ampla a experiência dos eventos. O fato é que não existe uma receita de bolo.
Um dos novos produtos em tempos de pandemia é o evento híbrido. Combinando atividades presenciais, para um público reduzido e streaming, com possibilidade de transmissão ao vivo para milhares de pessoas, o formato configura uma tendência. “Diante dos desafios do setor, os eventos híbridos tornaram-se a melhor alternativa para o momento atual”, afirma Marceli Oliveira em uma entrevista recentemente publicada. Superintendente do complexo Expo D. Pedro, um dos maiores espaços multiuso para eventos do interior de São Paulo, ela garante que os eventos híbridos vêm transformando a interação do público. Não mais em grandes espaços, mas acomodado em estúdios e salas menores, com todo o protocolo de segurança contra o novo coronavírus, o participante tem a oportunidade de experienciar presencialmente o evento. A transmissão por streaming permite que se participe remotamente.
Outra vantagem do novo formato é sua capacidade para atender de pequenos a grandes eventos. A infraestrutura dedicada a este formato permite se adequar ao número de participantes e às necessidades de cada evento. “O evento híbrido foi uma forma que o setor encontrou de se reinventar para apresentar novas soluções para as necessidades do cliente”.
Na agenda 2020 do Complexo, 30% dos eventos presenciais migraram para híbridos, destaca Marceli Oliveira. “Este fato nos surpreendeu de forma muito positiva”, afirma. Os presenciais, de acordo com a superintendente, mantêm-se de forma linear e crescente para os próximos anos. “Mas os eventos híbridos conquistaram seu lugar como produto em nosso portfólio, investimos em soluções e infraestrutura. Internet de qualidade é prioridade, completa. Se adaptar é a palavra dos próximos dias meses ou até anos!”.
Um alento neste momento de crise a Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei nº 14.017, de 29 de junho de 2020) que repassou mais de R$ 3 bilhões de recursos federais para ações emergenciais do setor cultural em estados e municípios. Segundo a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, “foram repassados no estado um total de R$ 264,5 milhões para 4.095 projetos culturais aprovados e contratados nas 25 linhas do ProAC Editais LAB. Com isso, em 2020, foram concluídas as etapas necessárias para assegurar a destinação por meio da Lei Aldir Blanc, de R$ 272.165.500,00 ao setor cultural e criativo de São Paulo. Ao todo, o Governo do Estado recebeu R$ 281.838.497,67 do Governo Federal, sendo R$ 264.155.074,63 relativos à cota original do Estado e R$ 17.683.423,04 relativos à reversão de valores não utilizados por municípios. O índice de execução, portanto, foi de 100% do valor recebido inicialmente e de 96,9% do total recebido”.
Após a polêmica gerada com o setor cultural depois do anúncio da suspensão do ProAC Expresso ICMS e a criação de uma nova linha de editais denominada ProAC Expresso ICMS, a assessoria de imprensa da secretaria informou que “sobre o incentivo fiscal por fomento direto, o Governo do Estado de São Paulo vai substituir o ProAC Expresso ICMS (programa de incentivo fiscal à cultura) por um programa de fomento direto a projetos culturais com recursos orçamentários, o ProAC Expresso Direto, mantendo o mesmo valor (R$ 100 milhões) e adotando normas e procedimentos semelhantes. Não haverá perda para o setor cultural e criativo. A medida valerá para 2021, 2022 e 2023 e foi tomada para enfrentar o déficit fiscal gerado pela crise da pandemia do coronavírus. O decreto orçamentário com este valor será publicado em breve. Posteriormente sairá o regulamento do novo ProAC Expresso Direto, a ser elaborado pela Comissão de Análise de Projetos (CAP) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, que será a instância de análise e seleção de projetos. Será feita uma consulta pública para que a sociedade civil possa enviar contribuições. Os proponentes que tiverem projetos selecionados receberão os recursos diretamente. Com isso, o Governo do Estado de São Paulo reafirma seu compromisso com a valorização da cultura e o estímulo ao desenvolvimento do setor cultural e criativo. O ProAC Expresso Editais e o Programa Juntos Pela Cultura serão mantidos e também terão em 2021 recursos em patamar semelhante ao de 2020”.
O Portal Breaking World indagou sobre as perspectivas da pasta para o setor cultural em 2021, principalmente no que diz respeito ao cenário pós-imunização. São do Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, as palavras: “Para 2021, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa trabalhará para a manutenção, o aperfeiçoamento e a ampliação do trabalho realizado pelas instituições culturais do ecossistema de cultura do Governo do Estado de São Paulo, que conta com cerca de sessenta instituições, espaços culturais e corpos artísticos como os Museus, Fábricas de Cultura, Oficinas Culturais, OSESP, Cia de Dança SP, Sala São Paulo, Teatro Sérgio Cardoso, entre outras. Além disso, teremos o ProAC Expresso Direto, o ProAC Expresso Editais e o Juntos pela Cultura, programas de fomento, que em 2019 tiveram um valor recorde, batido em 2020 e que esperamos bater em 2021, até porque é um investimento público que se tornou ainda mais fundamental diante do quadro da crise. E temos algumas novidades previstas como a criação de três novas Fábricas de Cultura, em Ribeirão Preto, em Heliópolis, na capital e em Iguape, na região do Vale do Ribeira, parte do programa Vale do Futuro; a reabertura do Museu da Língua Portuguesa e seguimos a todo vapor com o restauro e a ampliação do Museu do Ipiranga que será reaberto para a população em setembro de 2022. Sobre a retomada das atividades culturais, continuaremos seguindo todas as exigências, orientações e protocolos preconizados pela Organização Mundial da Saúde e pelo Centro de Contingência da Covid-19 do Governo do Estado de São Paulo. Este ano, tudo que faremos será on-line e, na medida das possibilidades, presencial. Afinal de contas, a pandemia continua aí e precisamos continuar tomando todos os cuidados até que haja a vacinação em massa da população. Mas este ano, a previsão é que todas as nossas atividades, os nossos programas e ações passem a ser híbridos: presenciais e on-line.”, conclui.
Para Zé Renato, produtor cultural que participa dos Fóruns Emergenciais Municipal e Estadual de São Paulo e integrou o grupo de trabalho da sociedade civil para implementação da Lei Aldir Blanc junto à secretaria de cultural da capital paulista, a Lei Aldir Blanc foi importante para que as pessoas tenham algum recurso, mesmo que parco, para sobreviver nestes tempos de pandemia. Ele explana: “Ao mesmo tempo que chegou em pessoas que nunca tiveram oportunidade ou acesso, ainda teve processos de inscrições complexos, mecanismos de comunicação com a sociedade falhos ou inexistentes, e não fosse a organização da sociedade civil no sentido de realizar uma busca ativa e tutoriais de saneamento de dúvidas, o impacto seria ainda menor do que foi. Seria melhor se os governos tivessem ouvido a sociedade civil na criação de inscrições simplificadas, sem burocracia, com ampla divulgação e pontos de apoio para inscrição e atendimento de um número muito maior de contemplados, com valores menores, melhor distribuídos. Tudo isto era possível, mostramos caminhos, e o poder público se negou a ouvir, na maior parte de seus aspectos. Ao mesmo tempo que, cotidianamente, recebemos mensagens de agradecimentos de coletividades que só conseguiram por causa das ações coletivas que a sociedade civil realizou e que terão acesso, neste momento, aos recursos, muitos deles pela primeira vez na vida”, para o produtor, os critérios utilizados para seleção dos projetos foram “frágeis, quando se pensa num auxilio emergencial. Na implementação da lei, na maior parte dos lugares, levou-se para a Lei Emergencial de Auxílio imediato a mesma lógica meritocrática dos editais concorrenciais usados habitualmente pelo poder público. Poderia ser mais simples e ousado, como por exemplo, a partir de um cadastro comprovando atuação na área a pessoa receber um recurso emergencial e ponto. Qualquer coisa além disso, no momento pandêmico, mostra-se concorrencial”, conclui.
Sobre a retomada pós-pandemia, Zé Renato declara: “Acho muito difícil voltarmos a uma possibilidade de atuação regular no ano de 2021, face o recrudescimento da pandemia e a péssima gestão da crise realizada pelo governo brasileiro. Para a sobrevivência do setor cultural ainda dependeremos do uso da verba da lei emergencial, que na maior parte dos lugares foram pagas apenas no final do ano ou estão sendo pagas no começo deste, e da ampliação desse tipo de ação, seja por nova aplicação de recursos do Fundo Nacional de Cultura, na atuação de Estados e Municípios em legislações próprias de auxilio emergencial e outras ações do gênero, pois neste ano não teremos uma atuação regular dos nossos pares”. Sobre os eventos on-line, o produtor opina: “Eu acho que chegaram para ficar, terão seu espaço, mesmo que não prioritário, como aconteceu em 2020. Ainda que tenha sido do ponto de vista estético bastante questionável os resultados, em minha opinião, pois na maioria das vezes apresentou-se coisas adaptadas e não criadas para o modelo on-line, ao longo do ano acabaram aparecendo algumas iniciativas que apontaram para uma “criação para este modo de troca”, com resultados interessantes. Por isso, acho que ainda teremos um caminho a percorrer até entender que tipo de ações podem ser para este modo on-line e o que tem potência para este canal. Acho que será assunto para anos ainda.”, finaliza.
Para os infectologistas e médicos que estão na linha de frente de combate a Covid-19, só existe uma forma de deter esse vírus, que é respeitando o isolamento social. Explicam: “Eventos têm alto potencial de transmissão da Covid-19. Entram na categoria conhecida como “super spreader”, ou supertransmissores. Ao longo da pandemia, cientistas se debruçaram sobre o fenômeno dos indivíduos ou eventos que têm um papel decisivo em espalhar a doença”. Dr. Joaquim Keller, que no passado era B-Boy, explana: “Cada vez que um evento acontece, mesmo com todos os cuidados recomendados, temos uma explosão de novos casos. Precisamos parar agora para prosseguir lá na frente. Acho que alguns organizadores de eventos deveriam pensar sobre suas responsabilidades nisso tudo, pensar em algumas coisas, como melhor que dar uma oportunidade para o próximo pagar as contas é garantir que ele esteja vivo no futuro. Estamos lidando com novas variantes que não conhecemos, mas que sabemos que são mais graves, rápidas e letais entre jovens, não temos mais espaços nos hospitais e nas UTIs, sejam públicos ou privados. Sem falar nos jovens assintomáticos que estão espalhando as variantes! Quando uma pessoa resolve fazer um evento, uma festa ou aglomerar, ela se torna responsável por cada vida ali presente. A pergunta é: queremos ser responsáveis pela morte dos nossos amigos e irmãos? Se o Hip-Hop é vida, porquê estamos caminhando para a morte? Que consciência estamos tendo em relação a esse assunto? As vacinas chegaram, mas ainda temos apenas 3% da população brasileira vacinada! A minha opinião é que reflitam, se cuidem e cuidem do próximo. E permaneçam vivos!”.
Observação: No dia do fechamento dessa matéria, recebemos a informação que os organizadores do Battle In The Cypher, que acontece de 29 de março a 4 de abril, optaram por realizar o evento no formato virtual. A decisão foi de fazer um encontro mais seguro, diante do contexto atual da pandemia pelo coronavírus no Rio Grande do Sul e no Brasil. No Rio de Janeiro, o evento Tropical Battle, que está acontecendo nesse momento, devido ao Decreto 48.573 cancelou os workshops presenciais, a tradicional Cypher no Arpoador e a batalha de iniciantes acontece no domingo, junto com a principal. Apenas competidores poderão estar presentes no local, acompanhantes não poderão entrar e nem público expectador.
Fotos: Arquivo Pessoal / Reprodução
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Já entramos em 2021! Quanta saudade de reencontrar os amigos e sentir aquele calor humano. Que saudade das boas vibes dos eventos e das Cyphers!
Finalizamos o ano de 2020 com muitas perdas, mas com a promessa da chegada da vacina. Seria o momento de flexibilizar o isolamento e voltar aos eventos presenciais, B-Boys ou B-Girls?
Segundo os epidemiologistas, a resposta é NÃO!
O risco dos eventos para a transmissão da Covid-19 ainda é muito grande e as consequências letais: em alguns casos, basta um infectado para causar um surto e espalhar a doença por diversas regiões. Além do potencial para propagar o novo coronavírus, “superdisseminadores” podem também ser uma arma.
Surtos locais de infecção com o novo coronavírus surgem frequentemente após eventos ou aglomerações, tanto em espaços fechados, quanto ao ar livre, mesmo cumprindo os “protocolos”.
Abraços, beijos, conversas próximas, toques, danças, fazem parte da vida e muitas pessoas não estão emocionalmente preparadas para perder, mesmo em tempos de pandemia… Todos querem a antiga vida de volta.
Embora os eventos ainda estejam proibidos, alguns organizadores decidiram criar suas próprias regras e protocolos, onde após a realização fica provado, pelo aparecimento de novos casos de Covid, que o distanciamento e o uso de máscaras nem sempre foram eficazes.
No Breaking não é diferente, alguns eventos presenciais têm acontecido pelo Brasil afora, até com a presença de menores de idade sem máscaras, acompanhados de seus “educadores”. A irresponsabilidade, segundo os médicos, de alguns e a pressão e o convite para deixar o isolamento por parte da galera é grande, por meio das redes sociais, fotos, cartazes de eventos e competições nos “stories” proliferam no Instagram e Facebook, deixando claro que para esses apenas o hoje, a diversão e a premiação que podem ganhar importam.
Nos últimos meses a alta incidência de Covid-19 em jovens e crianças tem alarmado estudiosos e médicos. “Realmente temos aumento dos casos positivos em todos os laboratórios, envolvendo jovens”, comenta José Medina, do Centro de Contingência da Covid, do governo. Em recente entrevista, Sylvia Lemos Hinrichsen, médica e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, declarou: “Esse fenômeno acontece, porque são essas pessoas (os jovens) que não querem seguir protocolos de distanciamento, eles não pensam em como vão transmitir para os outros”, afirma.
Quem é o superdisseminador?
Um superdisseminador é um infectado que transmite a doença para um número grande de pessoas. O infectado não tem culpa, qualquer um pode se tornar um superdisseminador se tiver tido contato com muitos no momento errado. O momento também é crucial, pois um infectado já pode ser altamente contagioso mesmo antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Durante esta fase, a carga viral na garganta parece ser particularmente elevada. Entretanto, muitos não apresentam sintomas ou quase não os têm e, portanto, nem mesmo percebem que foram infectados e que são fontes de contágio. Além disso, algumas pessoas parecem espalhar mais vírus e durante mais tempo que outras. Isto pode ocorrer devido a seu sistema imunológico ou à distribuição de receptores de vírus no corpo. Muitas vezes nem é possível identificar o superdisseminador….
Especialistas apontam que o relaxamento das medidas de isolamento social e o consequente aumento das aglomerações, está diretamente ligado ao crescimento de casos de Covid-19 pelo país nas últimas semanas – o Brasil já registrou mais de 7,9 milhões de infecções pelo coronavírus e mais de 200 mil mortes até o fechamento dessa matéria.
Há eventos que dizem seguir todos os protocolos necessários. No entanto, especialistas afirmam que não é possível haver qualquer medida para conter o vírus quando há aglomeração de pessoas sem máscaras. “A contaminação ocorre pelo contato próximo, principalmente quando a pessoa está sem a máscara. Quanto maior a quantidade de gente em um local, maior o risco de contaminação. Não há como garantir que não haverá contaminação em um ambiente fechado com algumas pessoas por tempo prolongado, sem distanciamento adequado”, acrescenta o epidemiologista Márcio Sommer Bittencourt, pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica da USP.
Definidos então como “superdisseminadores”, esses ambientes fechados e com aglomerações foram alguns dos primeiros fechados em muitos países no início da pandemia, para combater o aumento dos casos de Covid-19.
Em locais assim, se alguém estiver com o vírus — com ou sem sintomas — logo pode infectar outras pessoas e dar início à cadeia de transmissão que pode atingir larga escala. “Se houver, por exemplo, uma pessoa que é ‘superdisseminadora’, ela pode infectar aproximadamente até 15 pessoas ali, como já foi observado em outros eventos. Em ambiente fechado, o vírus pode circular no ar-condicionado e aumentar ainda mais a transmissão. É uma situação que não tem como ser minimizada”.
Além dos riscos aos convidados e aos trabalhadores da festa, especialistas apontam que esses eventos podem provocar muitas mortes de pessoas que sequer estavam na comemoração. “Uma pessoa que é infectada na festa pode expor a própria família ao vírus. Isso é um risco, principalmente, para idosos e pessoas com doenças pré-existentes”, comenta o epidemiologista.
“Pelo mundo, há casos de eventos que geraram mais de 100 casos de Covid-19″, acrescenta o especialista. A pessoa vai à festa e depois a vida dela continua, porque ela pode não sentir nada. Nos próximos dias, todos os que convivem com ela correm risco. A pessoa pode pegar, depois visita o pai, passa para ele, que passa para a mãe e alguém morre”, pontua Bittencourt.
“Além disso, é importante dizer que não é garantido que uma pessoa jovem não vai ser um caso grave de Covid-19. Há várias situações assim. Além disso, a pessoa pode ter sequela funcional e não conseguir retomar atividades rotineiras”, acrescenta Márcio.
Testar os dançarinos é uma opção antes de um evento?
Uma estratégia adotada em vários eventos durante a pandemia, para fazer aglomerações é a realização de testes para apontar se a pessoa está com a Covid-19. No entanto, especialistas alertam que a medida não garante que não há convidados infectados pelo novo coronavírus.
“Não há nenhum exame que exclua com 100% de segurança a possibilidade de você estar infectado pelo vírus da Covid-19”, afirma Bittencourt.
O teste considerado o mais preciso para a Covid-19 é o RT-PCR, que deve ser coletado entre os dias três a cinco, a partir do início dos sintomas. “Ele tem uma sensibilidade entre 70% a 80%. Ou seja, mesmo com o melhor exame existe a possibilidade de 20% a 30% de falso negativo, no qual a pessoa está infectada e o teste falha em detectar o vírus”, pontua o especialista. O percentual de erro aumenta quando a pessoa é assintomática.
Os demais testes têm segurança menor. “As sorologias não estão indicadas para identificar a infecção ativa por Covid porque têm altíssimas chances de falso negativo (maior ou superior a 50%) por conta da janela imunológica, período que demora para o surgimento dos anticorpos no sangue, entre 8 a 14 dias após os primeiros sintomas”, conclui o epidemiologista.
E quando a vacina chegar?
Veja o que a BBC escreveu sobre o assunto:
“Vamos ver se surge uma vacina e tudo isso acaba” é uma das frases mais ouvidas durante a pandemia. Muitas pessoas estão cansadas de viver com medo e de não poderem sair de casa com tranquilidade. Por isso, a descoberta de uma vacina contra a Covid-19 que acabe com essa crise é uma esperança para milhões de pessoas. Criar a falsa esperança de que vamos contar em breve com uma vacina ou um tratamento eficaz contra a Covid-19 pode ser uma enorme decepção. Não há dúvida de que as vacinas são um dos grandes avanços da história da humanidade e a melhor forma de prevenir e reduzir as doenças infecciosas. Mas o desenvolvimento de vacinas apresenta muitos desafios para torná-las seguras e eficazes, e este caso não é exceção.
Vamos a algumas questões:
O processo normal de desenvolvimento de uma vacina geralmente varia de 10 a 15 anos. Não se deve esperar que tenhamos uma vacina perfeita em menos de um ano e que ela nos permita voltar automaticamente à vida que tínhamos.
Em 1984, quando o vírus da imunodeficiência humana (HIV) foi identificado como responsável pela pandemia da AIDS, o secretário de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos declarou que uma vacina estaria disponível em dois anos. Hoje, 36 anos depois, ainda não há uma vacina contra o vírus.
As vacinas, como qualquer medicamento, podem provocar efeitos colaterais. Um dos principais problemas enfrentados pelos investigadores é a potencialização dependente de anticorpos, mais conhecida como ADE. Trata-se de uma reação indesejada na qual a geração de anticorpos frente a um agente infeccioso, a exemplo do uso de uma vacina, pode dar lugar a sintomas muito piores. Ou seja, a doença acaba potencializada em caso de infecção pelo vírus.
Um dos principais desafios que enfrentaremos caso se obtenha uma vacina eficaz contra o coronavírus será a sua produção em larga escala, para que chegue à maior parcela possível da população mundial. Estamos falando em produzir bilhões de doses. Isso sem levar em conta que muitas das vacinas em estudo demandam duas doses por pessoa. Além disso, outro problema adicional seria a produção em massa de doses sem afetar a produção de outras vacinas importantes.
Vamos pensar que a vacina eficaz contra o Sars-CoV-2 está sendo desenvolvida e produzida em larga escala. O próximo problema a enfrentar é a entrega eficiente a bilhões de pessoas em todo o mundo. Não adianta ter vacina se ela não chega ao usuário final.
Durante meses, anúncios de possíveis reinfecções circularam em diferentes partes do mundo. Hoje é um fato que pessoas que já tiveram a doença podem ser infectadas novamente. Isso é relativamente comum em doenças infecciosas. Na verdade, não há doença viral respiratória conhecida em que não ocorram reinfecções. Uma possível explicação seria que, como ocorre com outros coronavírus que infectam humanos, a presença de anticorpos desaparece gradualmente ao longo de alguns meses após a infecção. O principal problema com as reinfecções é que, apesar do fato de que as vacinas geralmente desenvolvem uma resposta imunológica mais forte do que a infecção natural, os resultados esperados não seriam os melhores se já que se sabe de antemão que a imunidade natural é de curta duração. Embora o papel desempenhado pela resposta celular nas vacinações e sua relevância na proteção contra infecções ainda estejam para ser analisados e confirmados, tudo parece indicar que seria, muito provavelmente, necessário se revacinar de vez em quando.
A maioria das vacinas que usamos envolve a injeção de um vírus enfraquecido e inativado, ou simplesmente componentes do vírus que são produzidos e purificados em laboratório. No entanto, muitas das vacinas candidatas que agora estão sendo testadas em humanos são baseadas em tecnologias genéticas relativamente recentes. São conhecidas como “vacinas genéticas”, que podem ser de DNA ou RNA.
Tudo parece indicar que, no caso de surgir uma candidata bem-sucedida, as primeiras vacinas devem proteger parcialmente contra a infecção, a imunidade teria vida curta e não funcionaria para todas as pessoas. No entanto, é sempre melhor ter uma vacina parcialmente eficaz do que nenhuma. Seria muito útil proteger parte da população e reduzir o aumento da taxa de infecções. Além disso, tendo tantas candidatas diferentes em desenvolvimento, é possível que objetivos diferentes sejam alcançados. Por outro lado, é possível que em um futuro mais distante sejam desenvolvidas vacinas mais complexas e com melhores resultados.
Em resumo, embora o esforço sem precedentes e os resultados preliminares possam convidar ao otimismo, a realidade pode ser muito diferente. Portanto, é preciso evitar o excesso de otimismo e contemplar todos os cenários possíveis.
Por fim, é importante lembrar que até que a pandemia desapareça, é de vital importância respeitar as medidas básicas de proteção à saúde, que realmente funcionam para prevenir infecções, como o uso correto da máscara, lavar as mãos frequentemente com água e sabão e manter o distanciamento social.
A difícil decisão de dizer “não” a Covid-19
A impressão de dizer não a tudo e todos que gostamos não é fácil. Mas o seu “não” nunca será para pessoas ou para eventos que gosta, mas para o contágio e disseminação da Covid.
Deixar de frequentar as rodas, eventos e as Cyphers que são vida para um B-Boy ou uma B-Girl não é algo simples. Mas é a única forma de garantir que eles continuem acontecendo no futuro e com a presença das pessoas que você gostaria de reencontrar.
Em tempo de pandemia, os eventos on-line têm sido uma opção, assumido um papel importante e responsável na vida de muitos dançarinos. Prevenir é sempre melhor do que tratar as consequências de uma escolha errada. Se prepare para fazer parte do futuro, se cuide!
Fotos: Reprodução
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Iniciar o ano de 2021 conversando com o futuro do Breaking brasileiro não tem preço!
Ele, com apenas 15 anos, já esteve em Portugal, na França e no Chile. Foi Tri-Campeão Brazil Batlle Pro e também premiado no Dance Summer Camp, em Portugal.
“O Breaking é vida!”, garante B-Boy Marcin, da Dream Kids Brazil. E tem sido por meio desse elemento da Cultura Hip-Hop que o menino, que perdeu recentemente a mãe vítima da Covid-19, tira forças para seguir em frente, para treinar e lutar por seus sonhos e objetivos.
Veja a entrevista:
BW: Queria que você falasse seu nome completo e idade. Nos conte um pouco da sua infância e da sua vida em família. Que lembranças tem dessa época? Como era o Marcin criança?
Marcin: Meu nome é Marcio Vinícius Nunes de Souza, tenho 15 anos. Bom, eu sempre fui uma criança muito agitada, não parava quieto com nada, toda hora estava correndo, pulando ou fazendo alguma bagunça.
BW: Quando teve o primeiro contato com a Cultura Hip- Hop? Quando viu pela primeira vez o Breaking e pensou que aquilo era para você?
Marcin: Desde pequeno sempre gostei de dançar e me inspirava no Michael Jackson, mas o primeiro contato mesmo foi quando eu vi o filme “Se ela dança, eu danço”, todas as sagas, sendo 1, 2, 3 dos filmes e, daí, eu me apaixonei, sempre ficava tentando imitar as coreografias deles, mas nunca conseguia. Então, um dia, minha irmã que fazia Breaking na época me viu dançando (ou pelo menos tentando dançar – risos) e falou para minha mãe que precisava me colocar numa aula de dança e que ela sabia onde tinha essa dança, no caso o Breaking. Foi quando conheci o professor Thiago, pai de Sonek e daí foi, desde os 6 anos de idade até hoje nunca mais parei.
BW: Quem te ensinou os primeiros movimentos? Nos fale um pouco de suas referências no Breaking?
Marcin: O professor Thiago me ensinou os primeiros movimentos, os mais básicos como: Top Rock, Footwork, Freeze e Power Moves.
BW: Quando começou a competir? Em que ano?
Marcin: Minha primeira competição foi em 2014, tinha 9 anos de idade e fui campeão em meu primeiro campeonato.
BW: Quais foram os principais eventos que participou e ganhou?
Marcin: Esse ponto foi automático. Foram Rival vs Rival, na Seven To Smoke, Brazil Battle Pro, onde fui campeão 3 vezes seguidas e Vibe das Ruas. Fiquei em segundo no mundial.
BW: Você já foi para fora do Brasil, correto? Para onde foi? Onde competiu? Nos conte sua experiência fora do Brasil…
Marcin: Sim. Fui para Portugal, França e Chile. Em Portugal, competi no evento “Dance Summer Camp”, que sinceramente foi uma das melhores experiências da minha vida e o melhor evento que já fui até então, competi na França, Lille Battle Pro 2018, que também foi um baita evento e no Chile, no Sur Breakers. Bom, pra mim aconteceu tudo muito rápido, não me falaram que eu iria viajar pro exterior e que eu iria competir, fui ganhando campeonato, no caso o Battle Pro, daí surgiu um convite do produtor do Sur Breakers no Chile e graças a Deus ocorreu tudo bem nessas viagens e espero voltar lá algum dia e agradeço o meu treinador Dunda, que sempre me ajuda e que me levou pra essas viagens.
BW: No seu aprendizado existiram movimentos que foram mais difíceis de aprender? Ou todos foram fáceis?
Marcin:Sempre aprendi as coisas muito rápido, sinceramente sou muito ágil e tal, mas não vou falar que todos os movimentos que eu aprendi foram fáceis, óbvio tem movimentos que eu tenho mais facilidade e outros não. Então, tudo depende da agilidade e garra da pessoa pra aprender os movimentos.
BW: Nos conte quando começou a treinar com o B-Boy Dunda e como é até hoje essa relação?
Marcin: Conheci o Eder no final de 2012, quando tinha 7 anos de idade, após um ano de eu ter começado a dançar. E dessa época em diante, viramos tio e sobrinho, amo esse cara!
BW: Como foi a sensação de ganhar fora do Brasil? Que idade você tinha? Que sentimento você tem quando vai competir?
Marcin: Como foi minha primeira viagem eu sinceramente não esperava que iria chegar tão longe, foi incrível demais ganhar este evento!
BW: O que você acha dos eventos de Breaking que acontecem no Brasil comparados aos que acontecem lá fora?
Marcin: Sinceramente, eu acho os eventos muito ralos, porque primeiro no Brasil é muito difícil tu ganhar um apoio pra fazer um evento de Breaking, já lá fora, eles têm tudo, no caso eles vivem do Breaking.
BW: O que acha do Breaking ter virado uma modalidade olímpica? Você gostaria de ir para as Olimpíadas?
Marcin: Acho que o Breaking vai ficar mais conhecido, é óbvio que eu quero ir para as Olimpíadas e acho que qualquer B-Boy atleta almeja isso. Vou fazer de tudo para ir, creio que cada treino ou cada gota de suor minha não será em vão.
BW: Como são seus treinos atualmente? Quantas vezes por semana treina? E quantas horas?
Marcin: Treino todos os dias da semana, das 14h às 16:30 e corro terça e quinta, descansando sexta-feira e treinando sábados e domingos também.
BW: Como é ser B-Boy no Catalão? Tem outros B-Boys? Onde você treina? Recebe algum apoio?
Marcin:Ser B-Boy em Catalão é dificil, porque ninguém sabe quem é você. Tem, sim! No caso, B-Boy Sonek e alguns iniciantes, treino em casa e aos sábados e domingos em um lago que tem aqui perto de casa e nunca recebi nenhum apoio da cidade.
BW: Você e o B-Boy Sonek são da mesma Crew? Vocês parecem ser muito amigos, nos fale sobre essa amizade…
Marcin: Sim, somos da Dream Kids Brazil, junto com o Eagle e a Angel de São Paulo e o Samukinha de Goiânia. Bom, digamos que eu e Sonek somos irmãos, crescemos juntos, batalhamos juntos e sempre foi assim, sempre estivemos juntos!
BW:Esse ano foi um ano bem difícil… Você perdeu sua mãe com Covid-19. Como ficou sua vida depois disso tudo e o que te deu força para continuar? Que papel sua mãe tinha na sua vida?
Marcin: Simplesmente o Breaking me deu força, é onde eu me mantenho calmo e onde eu consigo me manter no foco e no controle de tudo. Minha mãe, sinceramente, era a única que me apoiava em tudo…
BW:Se pudesse falar algo sobre ela ou para ela o que falaria?
Marcin: Falaria que sinto saudade e sinto muita falta dela.
BW: Quais são seus planos para o futuro?
Marcin: Meus planos para o futuro são trabalhar bem a minha imagem e ano que vem ir em todos os eventos possíveis. Mas o objetivo é tentar ficar fora do Brasil para sempre.
BW: Que mensagem deixaria para os leitores do Portal Breaking World?
Marcin: Não importa a dificuldade ou problema, se tem um sonho nunca desista dele, continue firme, por mais que pareça que o mundo vai desabar… Um dia terá resultados e saiba que nunca será fácil, mas não desista!
Fotos: Arquivo Pessoal
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A pandemia chegou e virou o país (e o mundo!) de pernas para o ar… Pessoas morrendo diariamente, quarentena, crise global e, é claro, os B-Boys e B-Girls não poderiam deixar de serem atingidos por esta situação caótica. Muita coisa mudou em muito pouco tempo: os praticantes da dança Breaking se viram de uma hora para outra com seus planos adiados, muitos entraram em um estresse contínuo causado pelo isolamento social, crise financeira e um inevitável esgotamento físico e mental. A desigualdade social que já era grande, principalmente no cenário urbano, mostrou-se ainda maior nestes tempos ruins.
A autocobrança acaba refletindo no desempenho. Nas redes sociais vi muitos B-Boys e B-Girls reclamando que seu rendimento caiu, seja pela falta de local adequado para treinar, seja pelo excesso de stress gerado pelo tédio de ficar em casa, alguns engordaram, perderam a forma, outros estão sem motivação, sem alegria e sem energia, alguns, até, entrando em um início de estado depressivo. Tudo isso causado, principalmente, pela falta de convívio mais intenso com as pessoas. Sim! A tecnologia até nos permite aproximação e algum consolo diante de tanta notícia ruim, mas nunca vai substituir o contato físico, aquele bate-papo gostoso entre amigos num churrasco de final de semana!
Isso tudo nos trouxe um quadro generalizado de desequilíbrio emocional e social. Estamos todos com os nervos à flor da pele, pois descobrimos, enfim, que as conexões são muito mais importantes do que imaginávamos outrora. Nada será como antes!
E o “novo normal”, enfim, bateu à nossa porta. “Caramba! E agora? O que vai ser?”, esta é a pergunta que não sai da cabeça de todos nós que amamos a cultura urbana, a arte, a dança, a música… E o novo sempre assusta. Em alguns, dá até calafrios tentar entender e perceber o que pode estar por vir.
Mas, afinal, o que vem a ser o “novo normal”?
Bem, antes de me aprofundar no novo, acho importante voltarmos um pouco no tempo… Pensar em nosso conceito do que é normal e do que não é tão normal assim. Afinal de contas, como diz o velho ditado “de louco, todo mundo tem um pouco”!
Não dá para entender o que é “normal” sem entender antes o que significa “comum”. Sim, por mais semelhanças que estas duas palavrinhas possam ter, não são a mesma coisa. Comum é a junção de “como um”, é a resposta para a pergunta: “o que eu tenho do outro e que ele se identifica? E o que o outro tem de mim que eu me identifico?”.
O comum é quando há um padrão estabelecido como “um de todos”, que de alguma maneira garante proteção e sobrevivência que, para aqueles que fazem parte de determinada sociedade, se torna o conceito de normal. Ou seja, o padrão de comportamento leva a uma identificação, que por sua vez traz em si opiniões, hábitos e costumes. Se somarmos, então, o comum mais a sobrevivência, chegamos ao nosso “normal”. E o que é a sobrevivência senão o nosso instinto de proteção, segurança e continuidade?
Seguindo esta linha de raciocínio, chegamos, concluímos que quando a nossa sobrevivência e proteção estão ameaçadas “não é normal”! É comum vermos alguns B-Boys e B-Girls usarem bebidas alcóolicas em excesso ou substâncias ilícitas. Mas isso não é normal, pois estão ameaçando suas próprias vidas, fazendo mal ao próprio corpo que é a ferramenta e o instrumento que utilizam para externar a sua arte e sua dança.
O “novo normal” então, nada mais é que um novo padrão que a pandemia da Covid-19 trouxe para a sociedade, um novo padrão que visa garantir a nossa sobrevivência por meio de protocolos de proteção e acompanhamento.
No Breaking era normal, até então, os B-Boys e B-Girls chegarem nos eventos, se cumprimentarem com abraços, beijos, apertos e toques com as mãos… O contato físico é uma característica da Batalha de Breaking: o olhar nos olhos, passar a mão por cima, as pernas por baixo do oponente, provocar, ironizar, tudo isso faz parte da cultura desta dança e dessa arte das ruas… A roda! Sim, a roda é o maior símbolo desta gente que nas “cyphers” se encontra, se solta, tem sua liberdade e sua arte saindo pelos poros (e pela boca também, com suas milhares de gotículas e aerossóis sem fim!).
Como será o futuro, o que muda e o que esperar deste novo normal?
É fato que por mais que o Breaking una as pessoas (e vai continuar unindo) alguns cuidados terão que ser tomados nos campeonatos pós-pandemia para que se mantenha a segurança dos participantes: andar com máscaras, ser menos expansivo, mais contido, manter o distanciamento social, talvez dançar também com luvas, pois o contato com o chão é a marca registrada desta dança… Pois é: nada de abraços, nada de beijinhos no rosto, nada de selinhos, nada de apertos de mão… O mundo está mudado e é claro que o Breaking não seria exceção.
Os campeonatos, além das preocupações usuais, terão que se adaptar a uma nova realidade, pelo menos até que se encontre uma vacina e que seja novamente seguro enfiar o dedo na cara do seu oponente! As batalhas presenciais deverão retornar aos poucos, mas cumprindo os protocolos da OMS (Organização Mundial da Saúde). Batalhas sem público e com transmissão on-line, com limpeza do local no final de cada round, distribuição de máscaras e álcool gel para todos os participantes e trabalhadores, testagem da presença do vírus de competidores, jurados, DJs, MC’s, produtores e outros personagens que possibilitam acontecer um evento de qualidade é um caminho, pelo menos por ora, sem volta.
A própria produção e estrutura dos eventos devem passar por modificações para garantir a segurança de todos. A dinâmica das batalhas, sem dúvida, vai cair bastante com estas medidas, pois sem aglomeração e sem aproximação entre os oponentes, vamos ter uma maior frieza nos campeonatos. E isso porque temos ainda um longo caminho a percorrer até que as batalhas se tornem novamente seguras: as vacinas, na melhor das hipóteses deve sair até o final deste ano. Mas deve-se levar em consideração os estudos que apontam que o novo coronavírus pode passar por mutações genéticas que, a médio e longo prazo, podem tornar a vacina ineficaz. Isso sem falar que estudos recentes demonstram que algumas pessoas foram reinfectadas… Ufa!
Mesmo diante deste quadro, ainda podemos respirar fundo (com máscara, claro!), pensar naquela metáfora do copo com água pela metade (meio cheio ou meio vazio?) e tirar algumas vantagens: por exemplo, os eventos on-line têm menor custo de produção e maior alcance de público, as empresas e os produtores independentes podem economizar muito dinheiro com o sistema de “home-office”. Novas oportunidades, como a abertura de novos mercados para os dançarinos e dançarinas, como aulas on-line, oficinas, vivências e outras atividades não presenciais. E ainda: melhor qualidade de vida. Menos stress no trânsito, menos poluição; para ir aos eventos os B-Boys e B-Girls não precisam mais percorrer grandes distâncias ou enfrentar chuvas, gastar com alimentação, transporte, hospedagem.
Enfim, o “novo normal” pode ser uma oportunidade incrível para os breakers descobrirem uma nova forma de viver, ao descobrirmos o valor da nossa própria casa, aprendemos a ter a humildade e a consciência que já não temos mais tanto controle assim de nossas vidas como pensávamos! A possibilidade de fazer novos amigos e participar de eventos internacionais sem sair de casa acabou abrindo novas frentes para muitos que jamais teriam a oportunidade de “rachar com a gringa”!
A normalidade, meus caros leitores, é uma busca constante por segurança e proteção, então, jamais poderemos dizer que somos completamente normais. Vivemos uma dicotomia: estamos sempre entre a vida e a morte. As nossas escolhas nos levam a uma encruzilhada aonde de um lado estamos de frente com a morte, trazida por exemplo pelo hábito de beber e dirigir, uso de drogas, brigas e discussões, etc. e de outro a vida, trazida pela prudência, pela busca do saudável, de querer cuidar de seu próprio corpo, sua mente e das pessoas que ama.
O “novo normal” é traumático e assustador e pode trazer ansiedade e insegurança para muitos. Mas não se trata de um “bicho de sete cabeças”! A pandemia vai passar e mesmo que deixe algumas sequelas, a nossa vontade de sobreviver e de nos proteger vai trazer adaptação e ambientação com a nova realidade e os novos padrões.
Portanto, meu conselho para os B-Boys e B-Girls é: preparem-se para o “novo normal”! “Mas, como, mano?!?”, você pode estar se perguntando… Proteja-se, cuide do outro, crie novas expectativas para si, novas rotinas, explore todo o seu potencial… Aprenda a controlar as suas emoções e a sua mente: olhe para dentro de si, descubra o que há de melhor, aproveite o tempo para treinar mais, ver tutoriais, aprender novos passos e novos movimentos. Fale com quem você ama, mesmo que seja por videoconferência, diga para seus parentes e amigos o quanto você os ama, leia, regule suas emoções e encontre algum equilíbrio emocional e mental… Não é fácil! Tem que ter força de vontade e uma boa dose de determinação, mas vai ajudar-lhe a ser bem melhor como B-Boy ou B-Girl e, muito mais, como ser humano.
Fotos: Reprodução
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“Somos uma família, onde ajudamos uns aos outros, compartilhamos momentos felizes e tristes, a motivação é caminhar sempre juntos” (B-Boy Suco)
O endereço é na Avenida Portugal, 1.111, no Jardim Pilar, em Mauá, no estado de São Paulo, onde, todas as terças, sextas e domingos crianças e jovens de diferentes idades, personalidades e histórias, se reúnem formando uma grande família. Crianças muito espertas e agitadas, outras mais tranquilas e inocentes e, ainda, aquelas mais agressivas ou tímidas, que aos poucos vão chegando, cada uma com sua história. Descobrindo aos poucos o real motivo de estar ali e o significado de fazer parte de uma grande família. Dessa forma, o Breaking chega na vida de muitos pequenos e grandinhos de comunidades carentes de Mauá, como instrumento de motivação, capaz de transformar histórias em exemplos de vidas a serem seguidos.
Por meio de ações sociais ampliam suas visões do futuro. A ideia nunca foi somente ensinar a dançar Breaking. “Aqui a gente fala sobre o bullying, racismo, digo para essa garotada que eles precisam respeitar os idosos. Ensinamos responsabilidades. Quando alguém chega, tem de dar ‘oi’ para todo mundo”, conta o oficineiro Cesar Massotti, mais conhecido no meio da Cultura Hip-Hop como B-Boy Suco, idealizador e presidente do “Projeto Hip-Hop Educa” aqui no Brasil e em outros países. Suco dança há 26 anos, começou em 1995. Com 13 anos, fazia parte da Mauá Break Crew. Naquela época, as coisas não eram fáceis, eram dias totalmente diferentes dos de hoje: poucos espaços, muita discriminação, o Breaking não era valorizado, sem internet e celular, tudo era mais difícil. Ver vídeos, só em fita cassete e demorava muito para chegar na mãos dos B-Boys, um passava para o outro. Os poucos projetos sociais que existiam na cidade não tinham tanta estrutura.
Suco começou a dançar com a Mauá Break, com os B-Boys Neguinho, Aguimar e Rogerio, eles foram suas referências. Na crew ficou até 2015, quando fundou o “Hip-Hop Educa”. Ele conta: “A real motivação inicial foi o descaso do governo antigo e desprezo com as oficinas que rolavam na cidade, nós tínhamos muitos alunos bons com talentos maravilhosos e que não queríamos perder e foi aí que conseguimos o espaço para dar o pontapé inicial no projeto. Foi com muita fé e trabalho duro que conseguimos colocar tudo em prática. O espaço, que era o mais difícil, conseguimos e a força de vontade das crianças e adolescentes para poder participar era o essencial para dar certo. Dificuldades sempre existiram e temos até hoje, creio que como todo projeto social. O único apoio que tivemos foi dos pais e mães e o responsável do espaço, o Claudio de Lourenço, que nunca nos cobrou um centavo! Muitas crianças já eram minhas alunas ou de outros professores em oficinas e foram convidadas a participar do Hip-Hop Educa. Algumas já tinham experiência com dança, outras não, tivemos que separar e fazer um trabalho diferenciado, ensinando disciplina e postura, entre parte corporal e mental, alguns se adaptaram muito rápido com a parte musical, corporal, criatividade, entre outros aspectos e depois dávamos o início na parte educacional entre os intervalos das aulas e dessa forma a família foi crescendo. Devagar começamos a cobrar também os estudos, responsabilidades, para poder fazer parte da família do Hip-Hop Educa”, conclui o arte-educador. Importante dizer que em todas as aulas do projeto o aluno, desde o início, é ensinado sobre a história do Hip-Hop, quem foram seus precursores e que no Brasil tiveram muitas pessoas importantes para a história do Breaking. Todas as crianças estudam os 4 elementos do Hip-Hop e se aperfeiçoam no que tem mais afinidade. São ensinados na dança sobre os nomes dos passos (Top Rock, Footwork, Freezes) e sobre a importância do alongamento e da musicalidade. Suco declara: “Nosso projeto é bem além do que participar de eventos de Hip-Hop. Somos uma família, onde nos ajudamos uns aos outros, onde compartilhamos momentos felizes e tristes também e a motivação é estar perto dessa família, onde nos reunimos para almoçar, jantar, ir para a praia, chácara ou festas comemorativas e isso é a motivação deles. É claro, também, que os que gostam de competir os apoiamos. Alguns deles são preparados para as competições, mas mesmo os melhores para nos representar, são cobrados a ter uma boa conduta e disciplina com seus companheiros de dança, não queremos campeões apenas, mas sim bons cidadãos, multiplicadores para um bom futuro para nosso país. Mas entendemos que todos os alunos merecem competir também e mostrar sua dança, conhecer aquela energia maravilhosa de estar participando de uma competição e a real importância de que todos nós acreditamos nela, independente de ganhar ou perder. Com essa visão, hoje estamos no Chile, na Cidade de Linares, no México, na Cidade do México e Cidade de Juarez e na Argentina, em Buenos Aires. Nesses locais, não tem uma sede como a nossa, mas o papel dos responsáveis é levar nas escolas, faculdades e comunidades o mesmo modelo e ideologia que temos aqui no Brasil: educar, disciplinar, confraternizar e se divertir, todos junto numa única uma família”, explana o B-Boy.
As ações do “Hip-Hop Educa” não param por aí. No Brasil, ajudam algumas famílias com alimentação, com informações de cursos e até mesmo com vagas de emprego para alguns pais e mães de alunos. Com a pandemia do novo coronavírus, as aulas presenciais foram temporariamente suspensas. Mas o fato de existirem muitas comunidades em Mauá fizeram B-Boy Suco e B-Boy Jhonathan, que também é professor do projeto, juntos, se envolverem em vários trabalhos sociais. Recentemente, tomaram a iniciativa de fazer uma grande ação para ajudar as famílias nesse momento de pandemia. Então, fizeram um mapeamento da região, montaram uma equipe com 10 pessoas e separaram em duplas, indo a diversos bairros da cidade, arrecadando alimentos e produtos de higiene, todos uniformizados, com as camisas do projeto e cartão de visita, o que ajudou muito na hora de dar credibilidade ao trabalho e milhares de doações foram chegando de diversos lugares. O mapeamento foi em várias comunidades de famílias que tinham crianças, portadores de necessidades especiais e idosos, esses tiveram prioridade. Cada cesta básica foi montada conforme a família destinada, mais crianças, mais alimentos, menos crianças, menos coisas e casal de idosos mais o básico, arroz, feijão… Todas as famílias foram cadastradas com nome, bairro e quantidade de crianças. Além do sexo e suas idades, para também a distribuição de doação de roupas. Eles relatam: “Nos locais que as pessoas não estavam usando máscaras, era interessante ver toda nossa equipe de máscara, luva, sendo observados pelas pessoas, achando estranho a nossa preocupação com a Covid-19. Creio na minha visão que para eles a pandemia era de menos, vinha em primeiro lugar a necessidade de ter algo para comer e de tudo isso passar logo, para poder dar continuidade no trabalho e nos sonhos que muitas famílias projetaram para a vida. É complicado você falar para as crianças tirarem seus tênis ou chinelos e deixarem para o lado de fora de casa, se dentro de sua própria casa o chão é de terra, barro e do lado do esgoto à céu aberto. Em relação às nossas crianças, no princípio os pais ficaram meio receosos com o risco do contágio de coronavírus nesse trabalho social, mas fizemos uma reunião, esclarecendo tudo e com a liberação dos pais e uso de proteção (máscaras, luvas e álcool em gel) encararam o desafio e adoraram fazer parte disso, de ajudar as pessoas. A equipe foi selecionada por alguns motivos: para poder participar mais das ações do projeto, para se libertar da timidez, para aprender a se comunicar melhor numa abordagem com as pessoas, sentir e aprender como é tão fácil poder ajudar de alguma forma o próximo, esse um dos papéis do projeto, poder transformar vidas. O trabalho está indo para o terceiro mês e não tem prazo de término das arrecadações, enquanto essa pandemia não acabar. Na cidade já têm várias mortes confirmadas pela Covid-19 e, até o momento, nenhuma família do projeto teve o vírus. Foram montadas 150 cestas básicas, o total de 760 pessoas, com base de algumas famílias com 3, 5, 7 e até mesmo 12 pessoas numa casa e todas famílias que receberam doações, suas casas eram barracos de madeira”, concluem os responsáveis pela ação.
Sobre o futuro, Suco acredita que as coisas vão demorar ainda para voltar ao normal, principalmente os eventos, por conta da verba de patrocinadores neste ano de 2020, mas sobre os espaços de treino acredita que vão aos poucos voltar a funcionar normalmente aqueles que são abertos, mas os centros culturais terão que se adequar à algumas novas regras de higienização. Ele avisa que os B-Boys que trabalham autônomos com shows, eventos, apresentações e comerciais vão precisar ter paciência e outros planos para sobreviver nesse momento. Para quem gosta de competir, os eventos on-line, segundo Suco, são uma opção para não parar tudo e uma forma de quem dança não ficar louco dentro de casa e poder conhecer pessoas, além de se motivar. Quem nunca teve uma chance de viajar para fora do país para participar de eventos internacionais, pode nesse momento competir em campeonatos organizados em outros países, isso alimenta sonhos e a vontade de correr mais atrás de novas conquistas. Ele fala: “Precisamos nos reinventar nesse momento. O Hip-Hop continua vivo e seus elementos continuam salvando vidas! Para mim, o Breaking é minha vida, minha paz, meu motivo de continuar sonhando e poder ajudar pessoas a se transformarem e ter um futuro melhor. Acredito em 3 tópicos: o Hip-Hop me educou, me transformou no que sou hoje e me deu caminhos do bem, me salvou do que poderia vir acontecer. Às vezes, até mesmo antes de conhecê-los, eu tenho irmãos e irmãs, pais e mães de amigos de outros países, que me consideram como filho e têm um carinho enorme por minha pessoa. Então, o Hip-Hop sim é família e por meio do Hip-Hop construí uma família que tenho há 17 anos! Momentos bons e ruins sempre vamos ter em nossas vidas, a coisa mais certa e segura é sempre ter fé em Deus, sabedoria e paciência, tudo passa! Nunca desista de sonhar”, ele finaliza. Para quem desejar conhecer mais sobre o trabalho do B-Boy Suco e do “Hip-Hop Educa” ou tiver interesse em ajudar o projeto, é só visitar no Facebook @cesar.massotti ou @hiphopeduca ou, então, fazer contato pelo e-mail: misticsuco@hotmail.com.
Fotos: Divulgação / Arquivo Pessoal
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Entender como a Cultura de Rua iria se comportar e se adaptar num momento de pandemia e isolamento social foi o que nos fez visitar algumas lives, vídeos e publicações que vêm acontecendo pelo mundo afora e conversarmos com alguns adeptos do movimento. Dos nomes conhecidos aos anônimos, todos têm a sua hora de encontro com a galera! Tudo on-line, onde é seguro e o único a ser barrado é o novo coronavírus! É necessário fazer uma grade de programação para não perder os assuntos mais interessantes e as boas dicas. Na Cultura Hip-Hop muitos têm aproveitado para passar conhecimento, seja no Graffiti, nas Rimas, no mundo dos DJ´s ou no Breaking. Como foi o caso do B-Boy André Herculess da conhecida Momentum Crew, grupo de Breaking de Portugal. André tem aproveitado esse tempo para passar conhecimentos às crianças que desejam aprender os movimentos principais dessa dança. São dele as palavras: “A ideia é incentivar os pequenos a se manterem ativos na dança nesse período de quarentena!”.
São muitos os vídeos e lives de toda parte do mundo que pretendem tornar esse tempo de pandemia menos pior. Outro grande agito bem curioso no mundo inteiro são as inúmeras lives onde os dançarinos mostram seus treinos em casa: alguns na cozinha, outros no quarto, na sala, provando que o tempo passa mas para alguns os treinos continuam.
No Brasil, muitas ideias semelhantes e criativas agitam a vida de quem está em casa, como do B-Boy Grilo, da 011 Crew, que vem apresentando uma série de lives que leva o título “Aprenda a dançar Breaking”. Do outro lado da cidade, também tem live para as B-Girls de todo o país. A crew Hotstepper Sisterhood, representada no Brasil por B-Girl Miwa, entre outras meninas, vem apresentando vários workshops, rodas de conversa e aulas, sendo uma programação específica para o público feminino.
Nas pickups, os tradicionais DJ´s Ninja, Piu, Cido e A.G. Naja, a pedido de frequentadores do templo sagrado do Breaking, na São Bento, fizeram a festa para quem estava em casa. “O Hip-Hop não para e precisamos usar a tecnologia a nosso favor”. Essa é a opinião do jornalista Marcelo Rebello, da Casa de Cultura Urbana Street House, em São Paulo, “nesse momento, entrar nas casas das pessoas com os elementos da Cultura Hip-Hop é uma forma bastante interessante de levar conhecimento a todos. As pessoas estão abertas para refletir e até para mudar antigos conceitos. O Hip-Hop continua salvando vidas! Agora a luta é contra um vírus letal, mas também contra a depressão e a ansiedade, misturado com o desejo de poder voltar a uma vida “normal”, algo que penso que não será mais possível. Teremos que aprender a criar uma nova normalidade em nossas vidas! O mundo mudou e precisamos mudar também! Muitos artistas e profissionais da cadeia produtiva da economia criativa têm enfrentado uma grave crise financeira, pois de uma hora para outra viram suas únicas fontes de renda secarem e, infelizmente, até o momento não tiveram políticas públicas específicas de auxílio social que aliviassem esta carga nas famílias envolvidas com a arte e a Cultura Urbana. Portanto, o setor está envolto em uma grande névoa e não há outra saída a não ser usar a criatividade e a tecnologia em prol de soluções que motivem esses profissionais e artistas a continuarem levando para as pessoas conhecimento, alegria e esperança de dias melhores, mesmo à distância! A Cultura e a Arte têm este poder de transformar vidas, exemplo disso, além das lives, são os dançarinos e músicos que têm feito das sacadas, varandas e lajes de suas residências os seus novos palcos, emocionando seu entorno e fazendo sua parte para aliviar a tensão de quem está em isolamento social”.
O Graffiti e a Fotografia também tiveram o seu espaço. Destaque para a grafiteira Mel Zabunov e para o fotógrafo The Sarara, que fizeram uma live falando do impacto da arte no dia a dia, principalmente nesse momento de pandemia, mostrando suas vivências como artistas da cultura, sendo uma grande troca de ideias, promovendo relevantes reflexões! Outro importante acontecimento também são os campeonatos on-line, seja na dança ou na rima. Recentemente, Bob 13, responsável pela Batalha da Aldeia, publicou na sua rede social: “Realizamos pela primeira vez na história do Freestyle BR uma batalha de MC’s sem público presencial, 100% on-line, com votação do público de casa. Tomamos as medidas corretas para driblar esse vírus que mexeu com a vida de todos nesse planeta. Obrigado a cada MC e a cada pessoa que nos ajudou nessa etapa, está sendo muito difícil pra todos nós, mas continuamos lutando pela cultura e prezando pela recuperação de todos. Deus abençoe”.
Nas competições de dança on-line pelo mundo, as opiniões se dividem. Para alguns B-Boys, os campeonatos on-line não agradam tanto, mas no momento de pandemia é a opção que existe. São do B-Boy Allan Jackass, da Biohazard Crew, que já dança há 20 anos, as palavras: “Pra mim, eu não acho tão legal o campeonato on-line. É bom para as pessoas que não desejam se locomover, mas numa época de pandemia é uma boa opção, sim, as pessoas estão em casa e não podem sair, então essa ideia tem funcionado muito. Em relação às lives, acho necessário tomar cuidado, pois tem muita gente ensinando movimentos de forma errada. É importante notar se quem está ensinando sabe realmente o que está fazendo”. Em relação ao futuro, pós-pandemia, Allan comenta que apesar de não ter medo de voltar às suas atividades normais, acredita que muitos terão receio desse retorno, finaliza: “Acredito que será possível ver B-Boys e B-Girls dançando com máscaras!”.
Na opinião da B-Girl Nathana, da Rock Niggaz e We Can Do It Bgirls, os eventos on-line são positivos. Declara: “Esses eventos motivam B-Boys e B-Girls, porque nesse momento de pandemia não podemos sair de casa e os eventos foram, em sua maioria, cancelados ou adiados. Claro que é tudo muito novo pra todos, porque dependemos muito da tecnologia. Mas incentiva a continuar evoluindo e treinando. As lives são interessantes, principalmente porque conhecemos mais a realidade de cada um, o treino, podemos aprender. Acho que só agrega coisa positiva. Para nós que dançamos está sendo ruim esse momento, porque nem todos têm um espaço bom para treinar, então isso tem que ser feito em casa, sem contar que é ruim ter que treinar sozinha, a presença de outras pessoas nos faz sentir melhor. Sobre o pós-pandemia, alguns terão que voltar às práticas, outros já estarão prontos! Porém, acho que quando puderem acontecer os eventos, a maioria vai querer ir, nem que seja para prestigiar. Mas o mundo acredito que não será o mesmo depois de tudo isso!”.
B-Girl Drika, da Cristo Crew de Manaus, dá a sua opinião: “Os eventos on-line com certeza não são iguais aos que estamos presentes. Pelo menos pra mim, é tipo uma aflição. Presencial é você e sua dança curtindo o momento e a música. Mas quando tem somente uma câmera pra você é totalmente estranho. Sobre as lives, acho interesse a troca de conhecimento. Somos muito fechados aqui no Brasil. Até pra irmos de uma cidade à outra dentro do país é muitíssimo complicado. E com as lives, você acaba se tornando mais próximo daquilo que você sempre vê em vídeos de competições”.
B-Girl Josy, da DD Tankers, também de Manaus, falou: “A galera toda está completamente ansiosa pra voltar com os treinos com seus grupos e amigos. Ou seja, vai haver mais fervor e intensidade de modo geral. Um está incentivando o outro, aqueles que tinham parado estão retornando às práticas e melhores até”.
Já a veterana Fabiana Balduína, mais conhecida como FabGirl, criadora da BSB Girls, reforça que acredita nos eventos on-line e acha que não tem volta. Ela diz: “O custo-benefício é muito melhor nos campeonatos on-line, não tem custos elevados com produção, o investimento de quem quer estar no circuito mundial de dança será em dispositivos eletrônicos mais sofisticados… Quanto maior a qualidade do vídeo, melhor é pra quem julgar. Tenho acompanhado algumas batalhas virtuais de Locking e Vogue, por exemplo, as pessoas que não têm dispositivos de última geração têm sido prejudicadas, porque os movimentos ficam tipo vultos. Então, além da dança, aconselho a todas já pensarem nos seus próximos aparelhos telefônicos ou investir em boas câmeras digitais”.
A nova geração encara o isolamento como uma grande oportunidade para treinar cada vez mais! É o caso dos irmãos B-Boy Eagle e B-Girl Angel, da Dream Kids Brazil. Eles brincam e fazem bagunça, mas a hora dos treinos de Breaking é sagrada! B-Boy Eagle fala: “Tenho aproveitado para treinar muito, tenho visto muitas lives aqui do Brasil e de fora. Gosto muito dos eventos de antes, era bom encontrar os amigos, mas os on-line também são muito legais e diferentes. Gostei muito da live do Lilou, do Herculess e não consegui assistir a do Bruce, fiquei triste, mas tudo bem. Aqui do Brasil também vi várias e tenho aprendido muito!”.
A Federação Paulista de Breaking (FSPB), por meio de seu representante, Rooneyoyo “O Guardião”, se pronunciou: “No meu ponto de vista, creio que deveríamos todos parar de ir às ruas, tudo que está aberto faz as pessoas quererem sair de casa, tem gente morrendo, o povo sai para a rua desprotegido ou sem necessidade extrema. Sobre as lives, é um recurso muito moderno e simples de ser executado, tem muita coisa ruim e muita coisa interessante, se vasculhar, como tudo na internet, você acaba achando algo em que se identifique, o principal disso tudo na minha opinião é sair da frente da TV, temos este recurso que também não chega a todo mundo, pois na faixa de mais necessidade o cidadão não tem condições de acompanhar, a maioria desta população não tem internet ou Wi-Fi de uso contínuo, mas por outro lado, quem pode deve se aprofundar, ali podemos ficar mais próximos dos nossos ídolos artísticos muito famosos e participar da vida íntima deles, ouvindo uma mensagem positiva ou assistir um show de algum deles, tivemos campeonatos muito bem elaborados, com extrema profissionalização, como se fosse TV ao vivo. Impressionante! E temos os bate-papos com pessoas mega importantes na cena, além de poder participar de grupos de aulas abertas de professores renomados academicamente, então, abra sua mente, sua telinha e seja bem-vindo ao mundo on-line. O futuro é difícil prever, mas acho que nesse retorno todos os eventos vão embolar, acontecendo simultaneamente, quando o certo seria criar uma agenda coletiva de eventos para apoiar todos os produtores e seus públicos. Segurança em eventos? Seria mais seguro retornar após a existência de uma vacina… Mas enquanto não temos a vacina, por favor fiquem em casa!”.
Para B-Boy Leony, da Amazon Crew, que dança desde 2011 e é tricampeão da competição nacional da Red Bull BC One, esse momento de crise aflora a criatividade, ele lembra: “as batalhas on-line são necessárias para manter a Cultura Hip-Hop ativa nesse momento de pandemia. Pessoalmente, em circunstâncias normais não gosto. Mas no momento que estamos vivendo isso se torna uma saída saudável. Lógico que perde muito, uma batalha on-line é totalmente diferente de um evento presencial, em que contamos com o público, a energia, a ansiedade de querer mostrar nossa arte. Já em uma batalha on-line, nada disso pesa. Esse momento de crise tem seu lado bom, ele aflora a criatividade para buscarmos saídas em frente à tantos problemas, novos caminhos que possivelmente vão continuar assim que tudo isso passar. Acho que após a crise, as coisas tendem a se encaminhar à normalidade, porém em um ritmo lento, o baque que o mundo sofreu foi grande. Se eu pudesse dar um recado a todos diria: sei que são tempos difíceis, mas peço que não deixem de sonhar e nunca deixem de lado seus objetivos com essa cultura. Isso é uma fase e ela vai passar, foquem em soluções para manter a vida até isso passar e se cuidem e deem exemplo ao resto da sociedade”.
Fotos: The Sarará, William Machado e Arquivo Pessoal
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Médicos analisam estudo e ressaltam que dançarinos e atletas que contraíram o novo coronavírus precisam ficar afastados de atividades físicas de três a seis meses
Um jornal de Belo Horizonte, recentemente, publicou uma matéria falando que após a paralisação causada pela pandemia do novo coronavírus em boa parte do planeta, grandes ligas do futebol mundial já possuem sinal verde para o retorno, apesar de restrições e adaptações.
No Brasil, a divisão regional evidencia que ainda não há consenso para que o esporte volte de forma segura.
São muitas as dúvidas e preocupações em caso de possível infecção e um desses problemas foi alvo de estudo de um grupo de cardiologistas dos Estados Unidos, publicado há duas semanas pelo JAMA (Journal of the American Medical Association), revista científica da Associação Americana de Medicina.
O artigo “Um plano de jogo para a retomada do esporte e do exercício após a infecção por Covid-19” fala da relação entre a doença e o coração. Segundo o estudo, cerca de 22% de pacientes que ficaram internados tiveram incidência da miocardite, uma inflamação do miocárdio, músculo responsável pela contração do coração. Essa lesão é uma das situações que mais chamou a atenção do cardiologista Alan Max, que analisou o estudo para o SUPER.FC. “O coronavírus tem uma atração pelo coração. Tem uma porcentagem muito grande de pacientes que têm o coronavírus e acabam apresentando lesões cardíacas. O grande problema dessa miocardite é que pacientes têm que ficar afastados de atividades físicas de três a seis meses, porque ela facilita muito arritmias, até arritmias malignas, principalmente durante atividades físicas”, analisou. O médico explica que quem teve miocardite decorrente da Covid-19 precisa ficar afastado das atividades, seja atleta profissional ou amador. “Uma atividade forçada nesses pacientes pode ocasionar inclusive uma parada cardíaca e esse paciente vir a óbito”, concluiu o médico.
Foto: Reprodução
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