Diretamente do Catalão para o Mundo: Esse B-Boy representa
Iniciar o ano de 2021 conversando com o futuro do Breaking brasileiro não tem preço!
Ele, com apenas 15 anos, já esteve em Portugal, na França e no Chile. Foi Tri-Campeão Brazil Batlle Pro e também premiado no Dance Summer Camp, em Portugal.
“O Breaking é vida!”, garante B-Boy Marcin, da Dream Kids Brazil. E tem sido por meio desse elemento da Cultura Hip-Hop que o menino, que perdeu recentemente a mãe vítima da Covid-19, tira forças para seguir em frente, para treinar e lutar por seus sonhos e objetivos.
Veja a entrevista:
BW: Queria que você falasse seu nome completo e idade. Nos conte um pouco da sua infância e da sua vida em família. Que lembranças tem dessa época? Como era o Marcin criança?
Marcin: Meu nome é Marcio Vinícius Nunes de Souza, tenho 15 anos. Bom, eu sempre fui uma criança muito agitada, não parava quieto com nada, toda hora estava correndo, pulando ou fazendo alguma bagunça.
BW: Quando teve o primeiro contato com a Cultura Hip- Hop? Quando viu pela primeira vez o Breaking e pensou que aquilo era para você?
Marcin: Desde pequeno sempre gostei de dançar e me inspirava no Michael Jackson, mas o primeiro contato mesmo foi quando eu vi o filme “Se ela dança, eu danço”, todas as sagas, sendo 1, 2, 3 dos filmes e, daí, eu me apaixonei, sempre ficava tentando imitar as coreografias deles, mas nunca conseguia. Então, um dia, minha irmã que fazia Breaking na época me viu dançando (ou pelo menos tentando dançar – risos) e falou para minha mãe que precisava me colocar numa aula de dança e que ela sabia onde tinha essa dança, no caso o Breaking. Foi quando conheci o professor Thiago, pai de Sonek e daí foi, desde os 6 anos de idade até hoje nunca mais parei.
BW: Quem te ensinou os primeiros movimentos? Nos fale um pouco de suas referências no Breaking?
Marcin: O professor Thiago me ensinou os primeiros movimentos, os mais básicos como: Top Rock, Footwork, Freeze e Power Moves.
BW: Quando começou a competir? Em que ano?
Marcin: Minha primeira competição foi em 2014, tinha 9 anos de idade e fui campeão em meu primeiro campeonato.
BW: Quais foram os principais eventos que participou e ganhou?
Marcin: Esse ponto foi automático. Foram Rival vs Rival, na Seven To Smoke, Brazil Battle Pro, onde fui campeão 3 vezes seguidas e Vibe das Ruas. Fiquei em segundo no mundial.
BW: Você já foi para fora do Brasil, correto? Para onde foi? Onde competiu? Nos conte sua experiência fora do Brasil…
Marcin: Sim. Fui para Portugal, França e Chile. Em Portugal, competi no evento “Dance Summer Camp”, que sinceramente foi uma das melhores experiências da minha vida e o melhor evento que já fui até então, competi na França, Lille Battle Pro 2018, que também foi um baita evento e no Chile, no Sur Breakers. Bom, pra mim aconteceu tudo muito rápido, não me falaram que eu iria viajar pro exterior e que eu iria competir, fui ganhando campeonato, no caso o Battle Pro, daí surgiu um convite do produtor do Sur Breakers no Chile e graças a Deus ocorreu tudo bem nessas viagens e espero voltar lá algum dia e agradeço o meu treinador Dunda, que sempre me ajuda e que me levou pra essas viagens.
BW: No seu aprendizado existiram movimentos que foram mais difíceis de aprender? Ou todos foram fáceis?
Marcin: Sempre aprendi as coisas muito rápido, sinceramente sou muito ágil e tal, mas não vou falar que todos os movimentos que eu aprendi foram fáceis, óbvio tem movimentos que eu tenho mais facilidade e outros não. Então, tudo depende da agilidade e garra da pessoa pra aprender os movimentos.
BW: Nos conte quando começou a treinar com o B-Boy Dunda e como é até hoje essa relação?
Marcin: Conheci o Eder no final de 2012, quando tinha 7 anos de idade, após um ano de eu ter começado a dançar. E dessa época em diante, viramos tio e sobrinho, amo esse cara!
BW: Como foi a sensação de ganhar fora do Brasil? Que idade você tinha? Que sentimento você tem quando vai competir?
Marcin: Como foi minha primeira viagem eu sinceramente não esperava que iria chegar tão longe, foi incrível demais ganhar este evento!
BW: O que você acha dos eventos de Breaking que acontecem no Brasil comparados aos que acontecem lá fora?
Marcin: Sinceramente, eu acho os eventos muito ralos, porque primeiro no Brasil é muito difícil tu ganhar um apoio pra fazer um evento de Breaking, já lá fora, eles têm tudo, no caso eles vivem do Breaking.
BW: O que acha do Breaking ter virado uma modalidade olímpica? Você gostaria de ir para as Olimpíadas?
Marcin: Acho que o Breaking vai ficar mais conhecido, é óbvio que eu quero ir para as Olimpíadas e acho que qualquer B-Boy atleta almeja isso. Vou fazer de tudo para ir, creio que cada treino ou cada gota de suor minha não será em vão.
BW: Como são seus treinos atualmente? Quantas vezes por semana treina? E quantas horas?
Marcin: Treino todos os dias da semana, das 14h às 16:30 e corro terça e quinta, descansando sexta-feira e treinando sábados e domingos também.
BW: Como é ser B-Boy no Catalão? Tem outros B-Boys? Onde você treina? Recebe algum apoio?
Marcin: Ser B-Boy em Catalão é dificil, porque ninguém sabe quem é você. Tem, sim! No caso, B-Boy Sonek e alguns iniciantes, treino em casa e aos sábados e domingos em um lago que tem aqui perto de casa e nunca recebi nenhum apoio da cidade.
BW: Você e o B-Boy Sonek são da mesma Crew? Vocês parecem ser muito amigos, nos fale sobre essa amizade…
Marcin: Sim, somos da Dream Kids Brazil, junto com o Eagle e a Angel de São Paulo e o Samukinha de Goiânia. Bom, digamos que eu e Sonek somos irmãos, crescemos juntos, batalhamos juntos e sempre foi assim, sempre estivemos juntos!
BW: Esse ano foi um ano bem difícil… Você perdeu sua mãe com Covid-19. Como ficou sua vida depois disso tudo e o que te deu força para continuar? Que papel sua mãe tinha na sua vida?
Marcin: Simplesmente o Breaking me deu força, é onde eu me mantenho calmo e onde eu consigo me manter no foco e no controle de tudo. Minha mãe, sinceramente, era a única que me apoiava em tudo…
BW: Se pudesse falar algo sobre ela ou para ela o que falaria?
Marcin: Falaria que sinto saudade e sinto muita falta dela.
BW: Quais são seus planos para o futuro?
Marcin: Meus planos para o futuro são trabalhar bem a minha imagem e ano que vem ir em todos os eventos possíveis. Mas o objetivo é tentar ficar fora do Brasil para sempre.
BW: Que mensagem deixaria para os leitores do Portal Breaking World?
Marcin: Não importa a dificuldade ou problema, se tem um sonho nunca desista dele, continue firme, por mais que pareça que o mundo vai desabar… Um dia terá resultados e saiba que nunca será fácil, mas não desista!
Fotos: Arquivo Pessoal