Já estamos em 2021! Podemos voltar a participar dos eventos presenciais de Breaking?
Já entramos em 2021! Quanta saudade de reencontrar os amigos e sentir aquele calor humano. Que saudade das boas vibes dos eventos e das Cyphers!
Finalizamos o ano de 2020 com muitas perdas, mas com a promessa da chegada da vacina. Seria o momento de flexibilizar o isolamento e voltar aos eventos presenciais, B-Boys ou B-Girls?
Segundo os epidemiologistas, a resposta é NÃO!
O risco dos eventos para a transmissão da Covid-19 ainda é muito grande e as consequências letais: em alguns casos, basta um infectado para causar um surto e espalhar a doença por diversas regiões. Além do potencial para propagar o novo coronavírus, “superdisseminadores” podem também ser uma arma.
Surtos locais de infecção com o novo coronavírus surgem frequentemente após eventos ou aglomerações, tanto em espaços fechados, quanto ao ar livre, mesmo cumprindo os “protocolos”.
Abraços, beijos, conversas próximas, toques, danças, fazem parte da vida e muitas pessoas não estão emocionalmente preparadas para perder, mesmo em tempos de pandemia… Todos querem a antiga vida de volta.
Embora os eventos ainda estejam proibidos, alguns organizadores decidiram criar suas próprias regras e protocolos, onde após a realização fica provado, pelo aparecimento de novos casos de Covid, que o distanciamento e o uso de máscaras nem sempre foram eficazes.
No Breaking não é diferente, alguns eventos presenciais têm acontecido pelo Brasil afora, até com a presença de menores de idade sem máscaras, acompanhados de seus “educadores”. A irresponsabilidade, segundo os médicos, de alguns e a pressão e o convite para deixar o isolamento por parte da galera é grande, por meio das redes sociais, fotos, cartazes de eventos e competições nos “stories” proliferam no Instagram e Facebook, deixando claro que para esses apenas o hoje, a diversão e a premiação que podem ganhar importam.
Nos últimos meses a alta incidência de Covid-19 em jovens e crianças tem alarmado estudiosos e médicos. “Realmente temos aumento dos casos positivos em todos os laboratórios, envolvendo jovens”, comenta José Medina, do Centro de Contingência da Covid, do governo. Em recente entrevista, Sylvia Lemos Hinrichsen, médica e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, declarou: “Esse fenômeno acontece, porque são essas pessoas (os jovens) que não querem seguir protocolos de distanciamento, eles não pensam em como vão transmitir para os outros”, afirma.
Quem é o superdisseminador?
Um superdisseminador é um infectado que transmite a doença para um número grande de pessoas. O infectado não tem culpa, qualquer um pode se tornar um superdisseminador se tiver tido contato com muitos no momento errado. O momento também é crucial, pois um infectado já pode ser altamente contagioso mesmo antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Durante esta fase, a carga viral na garganta parece ser particularmente elevada. Entretanto, muitos não apresentam sintomas ou quase não os têm e, portanto, nem mesmo percebem que foram infectados e que são fontes de contágio. Além disso, algumas pessoas parecem espalhar mais vírus e durante mais tempo que outras. Isto pode ocorrer devido a seu sistema imunológico ou à distribuição de receptores de vírus no corpo. Muitas vezes nem é possível identificar o superdisseminador….
Especialistas apontam que o relaxamento das medidas de isolamento social e o consequente aumento das aglomerações, está diretamente ligado ao crescimento de casos de Covid-19 pelo país nas últimas semanas – o Brasil já registrou mais de 7,9 milhões de infecções pelo coronavírus e mais de 200 mil mortes até o fechamento dessa matéria.
Há eventos que dizem seguir todos os protocolos necessários. No entanto, especialistas afirmam que não é possível haver qualquer medida para conter o vírus quando há aglomeração de pessoas sem máscaras. “A contaminação ocorre pelo contato próximo, principalmente quando a pessoa está sem a máscara. Quanto maior a quantidade de gente em um local, maior o risco de contaminação. Não há como garantir que não haverá contaminação em um ambiente fechado com algumas pessoas por tempo prolongado, sem distanciamento adequado”, acrescenta o epidemiologista Márcio Sommer Bittencourt, pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica da USP.
Definidos então como “superdisseminadores”, esses ambientes fechados e com aglomerações foram alguns dos primeiros fechados em muitos países no início da pandemia, para combater o aumento dos casos de Covid-19.
Em locais assim, se alguém estiver com o vírus — com ou sem sintomas — logo pode infectar outras pessoas e dar início à cadeia de transmissão que pode atingir larga escala. “Se houver, por exemplo, uma pessoa que é ‘superdisseminadora’, ela pode infectar aproximadamente até 15 pessoas ali, como já foi observado em outros eventos. Em ambiente fechado, o vírus pode circular no ar-condicionado e aumentar ainda mais a transmissão. É uma situação que não tem como ser minimizada”.
Além dos riscos aos convidados e aos trabalhadores da festa, especialistas apontam que esses eventos podem provocar muitas mortes de pessoas que sequer estavam na comemoração. “Uma pessoa que é infectada na festa pode expor a própria família ao vírus. Isso é um risco, principalmente, para idosos e pessoas com doenças pré-existentes”, comenta o epidemiologista.
“Pelo mundo, há casos de eventos que geraram mais de 100 casos de Covid-19″, acrescenta o especialista. A pessoa vai à festa e depois a vida dela continua, porque ela pode não sentir nada. Nos próximos dias, todos os que convivem com ela correm risco. A pessoa pode pegar, depois visita o pai, passa para ele, que passa para a mãe e alguém morre”, pontua Bittencourt.
“Além disso, é importante dizer que não é garantido que uma pessoa jovem não vai ser um caso grave de Covid-19. Há várias situações assim. Além disso, a pessoa pode ter sequela funcional e não conseguir retomar atividades rotineiras”, acrescenta Márcio.
Testar os dançarinos é uma opção antes de um evento?
Uma estratégia adotada em vários eventos durante a pandemia, para fazer aglomerações é a realização de testes para apontar se a pessoa está com a Covid-19. No entanto, especialistas alertam que a medida não garante que não há convidados infectados pelo novo coronavírus.
“Não há nenhum exame que exclua com 100% de segurança a possibilidade de você estar infectado pelo vírus da Covid-19”, afirma Bittencourt.
O teste considerado o mais preciso para a Covid-19 é o RT-PCR, que deve ser coletado entre os dias três a cinco, a partir do início dos sintomas. “Ele tem uma sensibilidade entre 70% a 80%. Ou seja, mesmo com o melhor exame existe a possibilidade de 20% a 30% de falso negativo, no qual a pessoa está infectada e o teste falha em detectar o vírus”, pontua o especialista. O percentual de erro aumenta quando a pessoa é assintomática.
Os demais testes têm segurança menor. “As sorologias não estão indicadas para identificar a infecção ativa por Covid porque têm altíssimas chances de falso negativo (maior ou superior a 50%) por conta da janela imunológica, período que demora para o surgimento dos anticorpos no sangue, entre 8 a 14 dias após os primeiros sintomas”, conclui o epidemiologista.
E quando a vacina chegar?
Veja o que a BBC escreveu sobre o assunto:
“Vamos ver se surge uma vacina e tudo isso acaba” é uma das frases mais ouvidas durante a pandemia. Muitas pessoas estão cansadas de viver com medo e de não poderem sair de casa com tranquilidade. Por isso, a descoberta de uma vacina contra a Covid-19 que acabe com essa crise é uma esperança para milhões de pessoas. Criar a falsa esperança de que vamos contar em breve com uma vacina ou um tratamento eficaz contra a Covid-19 pode ser uma enorme decepção. Não há dúvida de que as vacinas são um dos grandes avanços da história da humanidade e a melhor forma de prevenir e reduzir as doenças infecciosas. Mas o desenvolvimento de vacinas apresenta muitos desafios para torná-las seguras e eficazes, e este caso não é exceção.
Vamos a algumas questões:
O processo normal de desenvolvimento de uma vacina geralmente varia de 10 a 15 anos. Não se deve esperar que tenhamos uma vacina perfeita em menos de um ano e que ela nos permita voltar automaticamente à vida que tínhamos.
Em 1984, quando o vírus da imunodeficiência humana (HIV) foi identificado como responsável pela pandemia da AIDS, o secretário de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos declarou que uma vacina estaria disponível em dois anos. Hoje, 36 anos depois, ainda não há uma vacina contra o vírus.
As vacinas, como qualquer medicamento, podem provocar efeitos colaterais. Um dos principais problemas enfrentados pelos investigadores é a potencialização dependente de anticorpos, mais conhecida como ADE. Trata-se de uma reação indesejada na qual a geração de anticorpos frente a um agente infeccioso, a exemplo do uso de uma vacina, pode dar lugar a sintomas muito piores. Ou seja, a doença acaba potencializada em caso de infecção pelo vírus.
Um dos principais desafios que enfrentaremos caso se obtenha uma vacina eficaz contra o coronavírus será a sua produção em larga escala, para que chegue à maior parcela possível da população mundial. Estamos falando em produzir bilhões de doses. Isso sem levar em conta que muitas das vacinas em estudo demandam duas doses por pessoa. Além disso, outro problema adicional seria a produção em massa de doses sem afetar a produção de outras vacinas importantes.
Vamos pensar que a vacina eficaz contra o Sars-CoV-2 está sendo desenvolvida e produzida em larga escala. O próximo problema a enfrentar é a entrega eficiente a bilhões de pessoas em todo o mundo. Não adianta ter vacina se ela não chega ao usuário final.
Durante meses, anúncios de possíveis reinfecções circularam em diferentes partes do mundo. Hoje é um fato que pessoas que já tiveram a doença podem ser infectadas novamente. Isso é relativamente comum em doenças infecciosas. Na verdade, não há doença viral respiratória conhecida em que não ocorram reinfecções. Uma possível explicação seria que, como ocorre com outros coronavírus que infectam humanos, a presença de anticorpos desaparece gradualmente ao longo de alguns meses após a infecção. O principal problema com as reinfecções é que, apesar do fato de que as vacinas geralmente desenvolvem uma resposta imunológica mais forte do que a infecção natural, os resultados esperados não seriam os melhores se já que se sabe de antemão que a imunidade natural é de curta duração. Embora o papel desempenhado pela resposta celular nas vacinações e sua relevância na proteção contra infecções ainda estejam para ser analisados e confirmados, tudo parece indicar que seria, muito provavelmente, necessário se revacinar de vez em quando.
A maioria das vacinas que usamos envolve a injeção de um vírus enfraquecido e inativado, ou simplesmente componentes do vírus que são produzidos e purificados em laboratório. No entanto, muitas das vacinas candidatas que agora estão sendo testadas em humanos são baseadas em tecnologias genéticas relativamente recentes. São conhecidas como “vacinas genéticas”, que podem ser de DNA ou RNA.
Tudo parece indicar que, no caso de surgir uma candidata bem-sucedida, as primeiras vacinas devem proteger parcialmente contra a infecção, a imunidade teria vida curta e não funcionaria para todas as pessoas. No entanto, é sempre melhor ter uma vacina parcialmente eficaz do que nenhuma. Seria muito útil proteger parte da população e reduzir o aumento da taxa de infecções. Além disso, tendo tantas candidatas diferentes em desenvolvimento, é possível que objetivos diferentes sejam alcançados. Por outro lado, é possível que em um futuro mais distante sejam desenvolvidas vacinas mais complexas e com melhores resultados.
Em resumo, embora o esforço sem precedentes e os resultados preliminares possam convidar ao otimismo, a realidade pode ser muito diferente. Portanto, é preciso evitar o excesso de otimismo e contemplar todos os cenários possíveis.
Por fim, é importante lembrar que até que a pandemia desapareça, é de vital importância respeitar as medidas básicas de proteção à saúde, que realmente funcionam para prevenir infecções, como o uso correto da máscara, lavar as mãos frequentemente com água e sabão e manter o distanciamento social.
A difícil decisão de dizer “não” a Covid-19
A impressão de dizer não a tudo e todos que gostamos não é fácil. Mas o seu “não” nunca será para pessoas ou para eventos que gosta, mas para o contágio e disseminação da Covid.
Deixar de frequentar as rodas, eventos e as Cyphers que são vida para um B-Boy ou uma B-Girl não é algo simples. Mas é a única forma de garantir que eles continuem acontecendo no futuro e com a presença das pessoas que você gostaria de reencontrar.
Em tempo de pandemia, os eventos on-line têm sido uma opção, assumido um papel importante e responsável na vida de muitos dançarinos. Prevenir é sempre melhor do que tratar as consequências de uma escolha errada. Se prepare para fazer parte do futuro, se cuide!
Fotos: Reprodução