Evento une esporte, música e cultura urbana no Velódromo do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca
Que o berço do Breaking no Brasil sempre será na cidade de São Paulo, coração cultural do Brasil, é incontestável. Mas o Rio de Janeiro, terra de gente alegre e charmosa, tem se destacado no último ano com alguns eventos de esporte e cultura urbana de sucesso. Exemplo é o Breaking do Verão, que aconteceu em 2022 em Madureira e, agora em 2023, volta maior e com força total no Velódromo do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. Com o dobro de dias em relação à última edição, o evento contará com B-Boys e B-Girls convidados, além dos inscritos nas eliminatórias do campeonato, que acontecem nos dias 19 e 20 de janeiro. A competição internacional de Breaking une esporte, música e cultura urbana num único lugar e na curadoria técnica tem o incrível B-Boy Pelezinho, que cresceu em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, se tornando um dos responsáveis por colocar o Brasil no mapa mundial da modalidade. O evento é apresentado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Lei Estadual de Incentivo à Cultura e Petrobras, patrocínio de Cheetos e Redley e apoio da Red Bull e Dorflex.
B-Boy Lilou é um dos jurados internacionais confirmados no evento Imagem: ® Breaking World
Para quem pretende conhecer um pouco mais sobre esse elemento da Cultura Hip-Hop, que agora também é esporte e que tem sua estreia como modalidade olímpica marcada para Paris 2024, o Breaking do Verão é uma boa oportunidade e eu, Luciana Mazza, como carioca que mora em São Paulo há mais de 20 anos e Editora do Portal Breaking World, estarei no evento para conferir cada detalhe.
São de Fernando Bó, idealizador do Breaking do Verão, as palavras: “A segunda edição do Breaking do Verão chega ainda mais forte para dar mais visibilidade a essa nova modalidade olímpica. Estamos trazendo os melhores B-Boys e B-Girls do mundo que estão se destacando em competições internacionais. Além dos convidados, abrimos vagas para quem quiser participar, se tornando um evento mais democrático através de eliminatórias. Acreditamos que essa competição irá fazer com que as pessoas conheçam mais a fundo a cultura e o que está por trás dessa dança desportiva. O Breaking é uma ferramenta de transformação fortíssima e queremos trazer esse olhar para as pessoas”.
B-Girl Ami é um dos destaques do evento Imagem: ® Red Bull
Ao todo são 32 atletas em busca do título de melhor B-Boy e melhor B-Girl da 2º edição do Breaking do Verão. Destes, 12 são atletas internacionais, como o americano Victor, campeão do Red Bull BC One Word Final e representante da Seleção Americana de Breaking e Red Bull BC One All Stars, o cazaquistanês Amir, Campeão do Red Bull BC One World Final 2021, a alemã Jilou, atual campeã do Breaking do Verão e representante da Seleção Alemã de Breaking, a americana Logistx, campeã mundial e representante do Underground Flow, BreakinMIA e Red Bull BC One All Stars e a japonesa Ami, campeã do Red Bull Bc One World Final 2018 e atual campeã do World Breaking Championship Korea.
B-Girl Maia é a atual campeã da Red Bull BC One Cypher Brazil na categoria B-Girls Imagem: ® Breaking World
Entre os competidores nacionais, o evento traz nomes como o paraense Leony, atual campeão do Breaking de Verão e da Red Bull Cypher Brazil, B-Boy Luan e B-Girl Toquinha, campeões do primeiro campeonato de Breaking como esporte da CNDD (Conselho Nacional de Dança Desportiva) e B-Girl Maia, campeã da Red Bull Cypher Brazil. Compondo o time de jurados, o campeonato conta com 2 nomes internacionais e 1 nacional, entre eles o B-Boy argelino-francês Lilou, um dos nomes mais emblemáticos da cena Breaking mundial.
Sem dúvida o chão vai estalar nesse grande evento carioca que promete grandes emoções. Confira a programação completa aqui no Portal Breaking World (abaixo) e nas redes sociais @breakingwordloficial.
SERVIÇO
2° Breaking do Verão Local: Velódromo do Parque Olímpico Endereço: Avenida Embaixador Abelardo Bueno, Barra da Tijuca/RJ Ingresso Gratuito Classificação Livre
Imagem em destaque: B-Boy Victor – ® RedBull
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Neste mês aconteceu no Centro de Eventos de Barueri o 2º Street Festival, o evento, que teve sua primeira edição em 2021, em plena pandemia, num formato híbrido e foi um sucesso na cidade de São Paulo, agora em 2022, a Street House, organizadora do festival, escolheu a cidade de Barueri, que sempre foi destaque nacional por sua vocação empreendedora e inovadora, gerando oportunidades para a democratização e utilização dos espaços públicos para o desenvolvimento da arte e hábitos esportivos e culturais nas ruas, nos bairros, criando novas sociabilidades e permitindo que crianças, jovens e adultos compartilhem conhecimento e o Dia Mundial do Hip-Hop para reunir todos os elementos dessa cultura. O primeiro dia de festival começou alegre, recebendo um grande número de crianças que participaram da competição de Breaking Kids 1×1 e, também os dançarinos, que participaram das competições de Breaking adulto que aconteceram no formato “Seven to Smoke”. No Kids, os jurados foram B-Girl Angel do Brasil, B-Boy Eagle e B-Boy Marcin, todos os três são dançarinos de Breaking que treinam em Barueri e representam a cidade em campeonatos nacionais e internacionais.
Imagem: Nanah D`Luize
Na competição de adultos, os jurados foram B-Boy Suco do Projeto Hip-Hop Educa, B-Girl Bia e B-Boy Sonek, que também é dançarino e professor de Breaking em Barueri. Nos toca-discos quem comandou a festa foi DJ Ninja e DJ Piu Robson e no microfone o MC Lula. Na modalidade Kids, o 1º lugar ficou com o B-Boy DN do Projeto 1 Mais 1 Faz a Diferença, em 2º lugar B-Girl Estrela Cadente, do mesmo projeto e em 3º lugar B-Girl Bia, aluna de Breaking de Barueri. Na competição de adultos 1×1, o ganhador foi o B-Boy Luizika, da Família Rua Crew. No feminino, B-Girl Nico ganhou a premiação!
Imagem: Nanah D`Luize
Passado as competições de Breaking, foi a vez da palestra do Coach Esportivo João Carlos Gaião da Academia Atleta Campeão, que é uma plataforma on-line voltada para o treinamento mental de atletas de competição, que vem conquistando cada vez mais atletas e treinadores de diversas modalidades esportivas e e-sports do Brasil e do mundo, que falou especificamente sobre ter uma mente de um atleta campeão, foi uma oportunidade de muito aprendizado para quem participou e um momento de adquirir mais confiança e sanar dúvidas.
Imagem: Breaking World
Ainda no mesmo dia, o Street Festival recebeu Mano T, Vitão RM, Duque-R e o SP Hip-Hop All Stars, uma festa comandada pelo DJ Heliobranco, recebendo nomes de peso como Elly, que é um dos fundadores do conhecido e pioneiro grupo DMN.
Imagem: Breaking World
E encerrando as atividades do primeiro dia, foi a vez da tão esperada Batalha de DJ´s Masculina, onde o grande ganhador foi o DJ Raylan. Durante todo o dia, aconteceram no festival as exposições “Breaking e suas expressões” do fotógrafo The Sarará, ” Olhares em Foco” da fotógrafa Nanah D´Luize, a exposição de jaquetas grafitadas de Fabiano Minu, live paint de graffiti da Cheira Tinta Crew e da Alquimia de Barueri e as barraquinhas de artesanatos e gastronomia urbana e vegana. Outros destaques do evento foram a presença da marca Pixa-In, da Ibotirama Records e a atuação da Clínica Reactive de fisioterapia, dando assistência a todos os dançarinos presentes durante os dois dias de evento.
Imagem: Nanah D`Luize
No segundo dia, o Street Festival recebeu mais convidados. Foi a vez das competições de Breaking nas modalidades de duplas e crews (grupos) e a Batalha Tik Battle, quem comandou a festa foi o DJ Insano. E a dupla ganhadora foi o B-Boy Thiago Vieira e a B-Girl Furacão. Nas crews, o 1º lugar ficou para a SG Crew. Na Tik Battle, ficou com o título o dançarino Wender. Ainda se apresentaram no Barueri Street Festival os artistas Adonis Maia, DJ Malo, João Bazílio, Naipe-Z, Sorriso Nogueira, Sied Mob, e de Barueri a DJ Grazi Flores e o Projeto Art Lab. Quem também marcou presença foi a Cheira Tinta Crew, palestrando sobre o Graffiti como inspiração e transformação e contando um pouco da trajetória deste elemento da cultura urbana na cidade de Barueri. Finalizando o segundo dia, teve a Batalha de DJ´s Feminina, julgada por Tati Laser e Lisa Bueno e a grande ganhadora foi a DJ Miya B, que se sagrou bicampeã da Street Battle DJ’s.
Imagem: Breaking World
São de Marcelo e Luciana, da Street House e organizadores do festival, as palavras: “Assim como o primeiro Street Festival em São Paulo, que foi épico, a segunda edição, desta vez em Barueri, também escreveu suas páginas trazendo acima de tudo o passado e a esperança no futuro! O evento cumpriu o seu objetivo de reunir todos os elementos da Cultura Hip-Hop numa festa, com uma ótima estrutura e com foco nos detalhes! A presença das crianças no primeiro dia encheu nossos corações de alegria, nos dando a certeza que o Hip-Hop e todos os seus elementos resistem e continuam nas gerações futuras! Quem não é da cultura e visitou o evento teve a chance de conhecer um pouquinho mais sobre o Breaking, novo esporte olímpico de Paris 2024! Agradecemos a Deus, ao Prefeito de Barueri Rubens Furlan, ao Secretário de Cultura Jean Gaspar, ao Coordenador de Projetos Diogo Bueno pelo apoio concedido e a todas as pessoas, coach e artistas que participaram dessa edição do Street Festival, sejam trabalhando, organizando ou dançando, agradecemos ao MC, aos jurados, aos dançarinos, os rappers, os DJ’s, os grafiteiros e as marcas que acreditaram no nosso evento. Agradecemos aos mestres da fotografia Nanah D´Luize, The Sarará e Cadú Araújo, que através dos seus olhares eternizaram mais uma vez o Street Festival! Que orgulho de vocês, reunimos os melhores fotógrafos, com os melhores clicks da cena! Temos a sensação de dever cumprido e o gostinho de queremos mais! O Street Festival continua! Até 2023!”.
Imagem: Nanah D`Luize
Imagem: Nanah D`Luize
Imagem: Breaking World
Imagem: Nanah D`Luize
Imagem: Breaking World
Imagem: DJ Piu
Imagem: Breaking World
Imagem: Breaking World
Imagem: Breaking World
Imagem: Breaking World
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O Conselho Nacional de Dança Desportiva (CNDD), realizou neste mês, o primeiro Campeonato Brasileiro de Breaking como esporte, que aconteceu no Centro Cultural Tendal da Lapa, na cidade de São Paulo, nos dias 18 e 19 de novembro, já dando início a fase de ranqueamento nacional para o ciclo olímpico de Paris 2024.
O evento contou com a presença e participação de mais de 150 atletas, de 18 estados, das cinco regiões do país. No primeiro dia a pré-seleção das categorias 1 vs 1 masculino e feminino trouxe novas revelações do cenário nacional, não só na categoria adulto, mas também na categoria Kids, que competiram e subiram no pódio na mesma noite!
Imagem: Jack Moraes
No segundo dia, foi a hora do Top 8, onde os melhores atletas B-Boys e B-Girls adultos do Brasil também disputaram o pódio.
Uma grande novidade foi a estreia do sistema de julgamento oficial no Brasil, o Departamento de Breaking da CNDD trouxe alguns dos principais árbitros internacionais e também membros da equipe de gerenciamento de eventos da qualificação para Paris 2024, da World Dance Sport Federation (WDSF), entidade internacional responsável pela regulamentação do Breaking e da Dança Desportiva, filiada ao Comitê Olímpico Internacional. Foram eles: Max Oliveira (Portugal), MG (Eslováquia), Bojin (China), Kadoer (Espanha), Dora (Hungria) e Migaz (Brasil).
Imagem: Jack Moraes
Na categoria Kids subiram no pódio na primeira noite de evento: B-Boy Samukinha (14) de Goiás que conquistou a medalha de ouro. E, de São Paulo, B-Girl Mary D (12) ficou com a medalha de prata e a B-Girl Angel do Brasil (12) com a medalha de bronze.
Imagem: Breaking World
Na categoria feminina adulto, as campeãs foram: B-Girl Toquinha, de São Paulo, ficou com a medalha de ouro, a B-Girl Mini Japa de Belém do Pará conquistou a medalha de prata e o bronze ficou também em São Paulo, com a B-Girl Fran.
No masculino, os campeões foram: B-Boy Luan San de São Paulo com a medalha de ouro, B-Boy Leony levou para o Belém do Pará a medalha de prata e o bronze foi para Minas Gerais com o B-Boy Rato EVN.
Imagem: Divulgação CNDD
Algumas personalidades do esporte e da dança desportiva estiveram presentes para prestigiar o Campeonato: Arthur Bittencourt (gestor do COB), Anders Pettersson (Membro do Conselho COB e Presidente CBDN), Diogo Silva (medalhista olímpico, membro da CACOB e padrinho da modalidade Breaking no Brasil), Patric Tebaldi (Presidente do CNDD), Dra. Soraya, Maricelia, Carla Lazzazera, Marcos Pena e William Miyashiro (membros da diretoria do CNDD), além da diretoria das federações de Breaking do estado do Amapá, São Paulo e Brasília.
O Campeonato Brasileiro de Breaking foi um marco e trouxe um diferencial, onde o Brasil foi pioneiro, apresentando um evento com regramento esportivo agregando a parte cultural, onde o público pode vivenciar e conhecer o Breaking como esporte na sua pura essência cultural.
Imagem: Breaking World
Imagem: Breaking World
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Aconteceu no último final de semana, no Ginásio Poliesportivo de São Bernardo do Campo (SP), o 2º World Dancer Experience. O evento foi um intensivão internacional de dança. Inscritos tinham mais de 110 dançarinos de todo o Brasil, de 15 anos de idade em diante, do nível intermediário ao profissional. Nos três dias, essas pessoas trabalharam versatilidade, musicalidade, conhecimento corporal, performance de palco, alma na dança e infinitas coreografias, onde o objetivo era elevar o trabalho artístico a outro nível. Esse ano, nomes internacionais como de Matthew Prescot da Broadway Dance Center, Katie Dablos da Step on Broadway, Ashlé Dawson e Geeg Torres, que protagonizou um dos momentos mais animados do intensivo com o Hip-Hop, trouxeram vivências incríveis e muita experiência aos dançarinos presentes. Alguns nomes nacionais, não menos importantes, também enriqueceram o evento com suas caminhadas, são eles: Jhean Alex, Zeca Rodrigues, Adriana Assaf e Li Kirsch. Nos três dias de evento, o Portal Breaking World esteve presente e pode sentir uma vibe diferente de corpos livres, dançantes, que tinham arte nas veias e que em alguns momentos do intensivo transbordavam e escorriam pelos rostos. Conversamos com o dançarino Ricardo Braune, organizador do WDE, antes do evento. Confiram a entrevista na íntegra:
BW: Há quanto tempo você dança? Qual a sua especialização?
Ricardo Braune: Eu sou Bailarino há 19 anos! Minha especialidade é Jazz Dance.
BW: Como surgiu a ideia de fazer o World Dance Experience? A que público ele é destinado?
Ricardo Braune: A ideia do evento surgiu da nossa própria necessidade de buscar conteúdos internacionais de qualidade, mas conteúdos que realmente aprofundassem e ajudassem o bailarino a ter algum tipo de transformação! Tanto é, que nós dizemos que esse evento não é um workshop e também não é um curso de férias, é uma experiência que vai levar o bailarino ou artista a uma transformação de dentro para fora! É destinado a bailarinos, professores, coreógrafos de Jazz Dance, Ballet Clássico e Hip-Hop, que queriam aprender não apenas sequências, mas que queiram ter algum tipo de transformação na vida e na carreira artística!
BW: A versatilidade na dança é algo fundamental na carreira de um dançarino?
Ricardo Braune: Na minha opinião é! Imagino que não só na minha, a versatilidade é um dos caminhos para que você tenha um corpo mais inteligente e consiga se expressar de várias formas! A versatilidade te dá muitas possibilidades no mercado e até mesmo para quem é mais especialista, ter conhecimentos de outras áreas te permite ter uma dança mais fluida!
BW: O que as companhias de dança nacionais e internacionais esperam hoje de um dançarino?
Ricardo Braune: Acho que não só nas companhias, mas em qualquer trabalho, qualquer contratante espera ter pessoas preparadas para o que vier dentro das propostas! Pessoas íntegras, dispostas e boas! Para isso, é necessário bastante disciplina, estudo, treino e dedicação! E eventos como o WDE podem ajudar muito!
BW: Fale resumidamente tudo que vai acontecer nesses três dias de evento?
Ricardo Braune: São 3 dias muito intensos, onde vamos trabalhar três temas: a Base, a Musicalidade e aquilo que chamamos de Alma! São 4 professores internacionais e 4 professores nacionais, com conteúdos exclusivos para o WDE!
Dançarinos do World Dancer Experience Imagem: ® Luciana Mazza
BW: E os professores, como foram escolhidos?
Ricardo Braune: Selecionamos os profissionais a dedo, de acordo com os objetivos do evento! Foi feito um balanceamento entre os conteúdos para que fosse uma experiência transformadora! Ir para o exterior, ver e fazer as aulas nos EUA, conversar com inúmeros profissionais e decidir cada professor não é uma tarefa simples! Mas foram escolhidos de acordo com a característica de cada um! Principalmente pensando na questão da versatilidade!
BW: O evento conta com a presença de dançarinos de várias modalidades de dança, correto? Como acontece essa interação e até superação de um estilo clássico, por exemplo, se lançar num Hip-Hop ou alguém que é do Hip-Hop fazer o clássico?
Ricardo Braune: É exatamente essa a proposta, quem tem dificuldade em outros estilos, tem que sair da zona de conforto! Tem que se permitir sair da caixinha para poder desfrutar de uma dança mais fluida! Eu, por exemplo, me especializei em Jazz, mas acho que se eu for contar, mais no início da carreira, minha dificuldade maior era Ballet, então, eu fazia muito mais Ballet que Jazz! Ainda deveria manter essa proporção hoje, mais Ballet do que Jazz e claro que o Hip-Hop me ajudaria muito também! Mas é esse o espírito, trabalhar outras possibilidades!
BW: Quais são suas expectativas para esse evento?
Ricardo Braune: Minha expectativa é de muita energia e muita dança! O que mais importa é no final todo mundo inspirado, com sonhos e metas estabelecidas e muita vontade de realizá-los!
Quem não conhecia esse evento ou não pôde ir esse ano, fica aqui uma boa sugestão para 2023. Depois de passar 3 dias de imersão no WDE ficou um gostinho de quero mais! Lembre-se: um dançarino versátil hoje em dia é ser alguém muito valorizado pelas companhias de dança de todo o mundo e ajuda a atuar em diversos segmentos e tipos de apresentação, sendo necessário, além do amor à dança, profissionalismo, técnica, estratégias de linguagem corporal, expressões faciais, musicalidade, disciplina nos treinos, na vida, são questões que ajudam na ascensão de qualquer dançarino, seja clássico ou não. Ter uma agenda atualizada sobre os melhores eventos, como o WDE, pode ajudar muito na preparação e na formação de quem pretende viver da dança! Por isso, fique de olho no que acontece no mundo da dança à sua volta!
Imagens: ® Luciana Mazza
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B-Girl chinesa, de apenas 16 anos, vence a Outbreak Europa e The World Battle, mostrando que o futuro já chegou, é completo e tem pressa de subir no pódio
Em 2021, a Olimpíada de Tóquio consolidou a China como uma das maiores potências olímpicas do mundo. O país asiático era o que tinha conquistado mais medalhas de ouro nos Jogos e ocupava o topo do ranking à frente dos EUA, algo que no passado só foi visto em Pequim, em 2008, quando os chineses foram anfitriões.
Agora, em 2022, a China se destaca novamente, dessa vez no Breaking, nova modalidade olímpica de Paris 2024.
E o grande nome que faz todos os holofotes se voltarem para esse país asiático é de Liu Qingy (16) conhecida como B-Girl 671, que foi campeã no Outbreak Europe realizado na Eslováquia no mês de agosto, com a participação de mais de 30 países, representados por 600 dançarinos de Breaking. Ela chegou na final, mostrando um novo padrão para as B-Girls do mundo inteiro, com seus movimentos de Power Move e sua energia diferenciada. Nas finais, ela enfrentou a veterana holandesa B-Girl India e a venceu por dois a um.
Nessa última semana, 671 também participou da World Battle 2022, que foi na cidade de Porto, em Portugal, que é uma das maiores competições de Breaking da Europa e recebeu atletas de mais de 50 nacionalidades. No evento, ela se sagrou novamente campeã, indo na final contra a B-Girl Vanessa, de Portugal. O Portal Breaking World fez uma rápida entrevista com a B-Girl 671, que hoje apresentamos com exclusividade para vocês:
BW: Qual é o seu nome de nascimento? De onde veio o nome B-Girl 671? Esse número tem um significado especial para você?
671: Meu nome verdadeiro é Liu Qingyi. Tenho 16 anos. Eu sou da China. 671 é o meu nome em chinês. Esse nome foi dado por mim, sim.
BW: Sua família sempre te apoiou na dança? Como é ser uma B-Girl na China?
671: Eles sempre me apoiam. E em nosso país, o Breaking é uma coisa muito popular. Comecei a dançar em 2015.
B-Girl 671 campeã da Outbreak Europe 2022 Imagem: ® Little Shao
BW: Quando você teve contato com a Cultura Hip-Hop pela primeira vez? Com que idade você começou a aprender os primeiros movimentos? Alguém te ensinou?
671: Lembro que 7 anos atrás, eu vi na rua. Aí eu perguntei para alguém, eles me disseram que era Breaking. Eu gostei muito, então decidi estudar. Encontrei um estúdio de dança de rua. Então comecei a dançar.
BW: No Breaking, você teve pessoas que foram referência para você?
671: Sim, B-Boy Flea Rock, B-Boy Zoopreme
Comitiva chinesa na The World Battle, onde 671 foi campeã Imagem: ® Maiur Narendra
BW: Você venceu recentemente a categoria B-Girls no Outbreak e agora no The World Battle. Conte-nos sobre sua participação nesses dois eventos e como você se sentiu ao conseguir o 1º lugar em ambos?
671: Consegui ser campeã nesses dois eventos, estou muito feliz. São competições muito grandes e internacionais. Ambos foram os melhores resultados que já tive. Então, foi incrível.
BW: Você já esteve no Brasil? Gostaria de deixar alguma mensagem para os brasileiros?
671: Eu não estive no Brasil. Mas quem sabe um dia irei. Gostaria de agradecer o apoio do Portal Breaking World e a atenção. Obrigada pela oportunidade dessa entrevista.
Imagem: ® Suzana Luzir
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Ele esteve recentemente comandando as batalhas mais brabas da Red Bull BC One no Brasil e, também, B-Boys e B-Girls que desejam treinar ao som deste mestre das pickups podem encontrá-lo no Streetopia, quase todas as quintas à tarde, em São Paulo. O Portal Breaking World teve o privilégio de conversar com o DJ MF e trazer um pouco de suas vivências e opiniões ao longo da sua caminhada. Leia a entrevista:
BW: Carlos Augusto Soares, conhecido no mundo artístico como DJ MF. Queria que nos contasse um pouco sobre sua infância, onde nasceu e cresceu e que lembranças tem dessa época?
MF: Nasci e cresci em Pirituba, me lembro que era rua de terra, gostava de ficar brincando na rua… tinham as festas da família, já tinha um primo que tocava… na época, usava dois toca-fitas… rolava muito Samba, Samba-Rock e Funk [original].
BW: Quando teve o primeiro contato com a Cultura Hip-Hop? Quando nasceu o amor pelos toca-discos?
MF: A Cultura Hip-Hop entrou na minha vida de uma forma tão natural que nem me lembro… quando eu era criança, passava o filme “Break Dance” na Sessão da Tarde. Como falei no começo, meu primo foi a primeira referência de discotecagem (mas ele usava toca-fitas!), quando vi um clipe do Gang Starr, o DJ Premier fazendo scratches, na hora vi que eu queria tocar daquele jeito, um tempo depois, fui no show do Racionais MC’s, o KL Jay apavorou… pensei: quero ser uma mistura de KL Jay e DJ Premier!
BW: Quem eram os grandes DJ’s quando começou? Quem foram suas referências? Se inspirou ou recebeu apoio de alguns deles?
MF: Conheci Grand Master Nice (da Black Mad) falei que queria ser DJ, ele começou a me mostrar várias músicas… falava que DJ tem que conhecer música… por último, não menos importante, conheci o DJ Ninja, que me ensinou sobre técnicas. Depois, tive contato com KL Jay, ele ajudou muito também.
BW: Verdade que também começou em bailes de bairro, tocando com equipamentos emprestados? Quais foram as maiores dificuldades nessa época?
MF: Comecei tocando nas festas de garagem, com dois aparelhos 3 em 1… depois, um amigo comprou um equipamento de DJ, mas era o mais simples, a casa dele entrou em reforma e deixou tudo comigo… sorte que a reforma demorou (risos).
Dificuldades não impediram que o DJ se torna-se uma referëncia na cena nacional Imagem: ® Rafael Berezinski
BW: Fale de suas experiências fora do Brasil, nos conte um pouco da sua caminhada e de sua carreira internacional?
MF: Tive o privilégio de ir para 11 países… alguns deles foram mais de 3 vezes… comecei pela América Latina, depois Europa e Ásia (e pretendo ir além!).
BW: MF, a mistura feita com muita harmonia, das músicas novas e das antigas, é uma característica do seu trabalho. Fale um pouco como você faz a seleção dessas músicas, que no fim agradam tanto quem está na pista?
MF: Quando toco em festa vou muito pelo momento… sempre penso em algo, depois mudo na hora (risos).
BW: Tocar em batalhas, para B-Boys e B-Girls e comandar grandes eventos como você fez recentemente na Red Bull BC One é um trabalho que tem suas complexidades? O que jamais pode acontecer quando se está à frente de eventos como esses? Existem aquelas músicas mais esperadas? E as menos desejadas no gosto da galera?
MF: Tocar em grandes eventos de Breaking é uma responsabilidade enorme… lida com o sonho de competidores… não podemos perder a concentração… no caso da BC One têm as músicas próprias, por uma questão de direitos autorais… são mais de 1.000 músicas… tento escolher as melhores no meu conceito.
Imagem: ® Rafael Berezinski
BW: Gostaria que você falasse da importância do trabalho dos DJ´s dentro da Cultura Hip Hop. Falando de valorização, no Brasil você acha que os DJ´s são valorizados como deveriam?
MF: Começando que foi um DJ que fez a festa e o outro deu o nome de Hip-Hop… e os B-Boys e B-Girls mantiveram com força… acho que o Brasil não valoriza a Cultura DJ… têm alguns eventos que sim… mas, de um modo geral, não… temos o Erick Jay, multicampeão e as marcas preferem colocar influencers para tocar (Não são todas! Mas a maioria).
BW: Onde está Pelezinho está o DJ MF! Nos fale dessa amizade e dessa parceria que vem dando tão certo ao longo dos anos. Quantos anos são de amizade e de trabalho?
MF: Minha amizade com Pelezinho veio do trabalho… pegamos uma sequência de trabalho juntos e nasceu a amizade… ele hoje é como um irmão… em casa, minha família tem ele como parte dela: mãe, irmã, tios e primos. O Pelezinho não mistura as coisas, se eu errar, sou cobrado! A amizade continua, mas não me chama mais para trabalhar. Quem conhece ele tá ligado!
BW: Fale de suas produções. Está trabalhando em algo novo?
MF: Estava sim, mas meu computador deu pau, perdi tudo!
BW: MF, cada profissão com o passar do tempo tem suas dores… que dores normalmente sentem os DJ’s?
MF: DJ’s sentem dores nas costas e, alguns, tendinite, por isso precisam se cuidar.
DJ MF e os manos do Pavilhão 9 Imagem: ® Arquivo Pessoal
BW: O Breaking vive uma realidade olímpica. Tocar como DJ numa olimpíada seria algo que você gostaria de vivenciar?
MF: Sempre gostei de esportes, pratiquei vários… acompanho vários também… meu sonho era ir para uma Olimpíada como atleta… como DJ seria incrível!
BW: Que mensagem você deixaria para os DJ´s que estão começando e para todos os leitores do Portal Breaking World?
MF: Amem o que vocês fazem, respeitem e queiram sempre evoluir… terão momentos difíceis, mas não desistam.
Imagem: Rafael Berezinski
Imagem: ® Arquivo Pessoal
Imagem: ® Julio Nery
Imagem: ® Rafael Berezinski
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Quem esteve no Streetopia, que fica próximo da Avenida Paulista, coração cultural do Brasil, neste último final de semana ou acompanhou as diversas lives, entre elas a do Portal Breaking World, pode testemunhar que: “O bagulho foi louco!”. Expressão muito usada dentro da Cultura Hip-Hop para expressar algo que foi muito bom e com o astral lá em cima. Depois de passar por Curitiba (PR), Fortaleza (CE) e Brasília (DF), um dos maiores campeonatos mundiais de Breaking, o Red Bull BC One, neste último final de semana aterrissou em São Paulo, reunindo toda a galera, da nova geração aos Old School, na cidade que é indiscutivelmente o berço do Breaking Brasileiro.
B-Girl Dedessa e B-Boy Zym, campeões da Red Bull BC One Cypher São Paulo Imagem: ® Nanah D’Luize
No dia 29, aconteceu a Cypher São Paulo que foi a última seletiva regional, onde B-Boys e B-Girls passaram por um filtro. De lá, saíram quatro finalistas – dois da categoria feminina e dois da masculina, os ganhadores foram B-Boy Zym e B-Girl Dedessa, que garantiram a vaga na final nacional do Red Bull BC One, que aconteceu no domingo (31), quando, então, os 32 melhores B-Boys e B-Girls do país se enfrentam numa competição insana e com total participação do público presente para conseguir o título de campeão e campeã nacional. Os campeões foram B-Boy Leony e B-Girl Maia, ambos conseguiram a vaga para representar o Brasil em Nova Iorque na etapa mundial, que acontece no dia 12 de novembro. B-Boy Leony, que se tornou tetracampeão, declarou em entrevista: “O tetracampeonato veio agora, em 2022. O tempo todo estava com meu filho na cabeça e isso me deu mais força”, diz o paraense, pai do pequeno João Miguel, de dois anos. “Treinei muito para chegar até aqui e agora só quero comemorar”, completa. Maia, que no ano de 2021 chegou na semifinal, também se pronunciou: “Ano passado não teve público e este ano a energia da galera me contagiou. Fui de coração aberto, me diverti e em nenhum momento fiquei pensando em ganhar”, concluiu agora a campeã.
Vale também destacar a diferenciada e incrível participação do B-Boy Allef, que ganhou na semifinal do B-Boy Bart e depois foi para a final com o B-Boy Leony, conquistando a torcida do público presente! Que chegaram a pedir um terceiro round na semifinal!
B-Boy Bart e B-Boy Allef Imagem: ® The Sarará
Paralelo às competições, aconteceram nos três dias de evento muitas emoções no Red Bull BC One Camp Brazil, um evento com programações bem variadas, que convidou todo o público presente para uma verdadeira imersão no mundo da Cultura Hip-Hop. Na programação, houve muitas cyphers com participação de várias gerações do Breaking nacional, exposição fotográfica e de jaquetas com a reconhecida fotógrafa Martha Cooper, famosa por fotografar a arte urbana de Nova Iorque desde a década de 70, quando a Cultura Hip-Hop nasceu nos subúrbios nova-iorquinos, após seis anos de sua última passagem pelo país. Em parceria com o artista visual catarinense Wagner Wagz, as obras da fotógrafa fizeram parte de uma exposição durante os três dias de evento, onde foram estampadas em jaquetas confeccionadas e pintadas artesanalmente por Wagz.
Também houve workshops nacionais e internacionais, como do conhecido B-Boy Lilou, da B-Girl Sarah Bee, DJ Kapela e do importante fotógrafo Little Shao.
Além disso, oficinas de dança, batalhas “Bonnie & Clyde”, que pegou fogo entre a dupla carioca B-Girl Savaz e B-Boy Adriano e a dupla nordestina B-Girl Lorinha e B-Boy Suicida.
Também teve a diferente “Batalha do Chinelo”, criada pelo B-Boy Pelezinho para o evento IBE, na Holanda, a Batalha do Chinelo rolou pela segunda vez no Brasil. Os participantes não podiam deixar o chinelo sair do pé enquanto dançam Breaking. E quem levou a melhor na parada foi o B-Boy Bart.
E a incrível batalha de exibição entre duas grandes crews do mundo, a Squadron Crew, diretamente do sul da Califórnia e a brasileira Tsunami All Stars. Essa foi a chance de ver alguns dos melhores B-Boys do mundo em ação, em uma batalha de exibição em que eles mostraram o melhor que sabem fazer. Do lado da equipe californiana Squadron Crew estiveram Luigi, Phil, Pnut e Stripes. Do outro lado, Bart, Neguin, Allmax e Sinistro representaram a força brasileira pela Tsunami All Stars.
Squadron Crew versus Tsunami All Stars Imagem: ® Breaking World
O evento no Brasil foi um sucesso, deixando um gostinho de “queremos muito mais”! E agora, o que acontece com os brasileiros que ganharam a Red Bull BC One 2022?
Bom, o próximo desafio é a Last Chance Cypher, onde Leony e Maia lutam por uma vaga na Final Mundial do Red Bull BC One 2022, que acontece dia 12 de novembro, em Nova York. Existem duas formas de fazer parte da competição: a primeira é por convite e a segunda é vencendo a Last Chance Cypher, que é disputada por campeões nacionais do mundo todo.
Imagem: ® Divulgação Red Bull BC One
Todos os anos, alguns breakers são escolhidos pelo seu excelente nível e peso na cena do Breaking. Esses B-Boys e B-Girls fazem parte automaticamente dos 16 participantes da Final Mundial. Pode ser que, dos 16 competidores, em um ano tenha apenas uma ou duas vagas remanescentes, mas esse número pode até quadruplicar dependendo do número de breakers convidados. Estamos na torcida pelos nossos representantes!
O Portal Breaking World agradece a todos que acompanharam as transmissões nesses três dias! Estamos juntos família! E a Red Bull BC One pelo respeito com a imprensa e pela oportunidade de mais uma vez registrar esse evento espetacular.
Imagem em destaque: ® Breaking World
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“Queria mostrar ao mundo a beleza de nossa cultura. No meu ambiente, meus pais e amigos nunca levaram o Breaking a sério, então, eu encontrei uma maneira de mostrar a eles que éramos super-heróis” (Little Shao)
Ele é de família vietnamita mas nasceu em Paris, cidade conhecida como a capital europeia da Arte ou Cidade das Luzes, que durante séculos e até hoje ainda recebe de braços abertos as mentes mais complexas, iluminadas, incríveis e brilhantes nas diversas vertentes das artes. Thinh Souvannarath, mais conhecido como Little Shao, escreveu seu nome na história mostrando toda sua paixão pelo Breaking através de seus cliques, evidenciando a beleza da Cultura Hip-Hop e dos seus elementos. Desde o início, esteve totalmente envolvido na cena underground. Passou toda a infância nos subúrbios de Paris, onde conheceu o Hip-Hop. Aos 14 anos começou no Breaking. Entrava em batalhas e também fotografava e testemunhava os principais eventos de Breaking. À medida em que se aprofundou, sentiu que havia falta de documentação fotográfica. Naquele momento, começou a analisar todas as fotografias que tinha tirado ao longo da sua caminhada. Decidiu que queria mostrar a sua visão da cena. Queria produzir registros de Breaking melhores do que qualquer outra coisa que já tinha sido feito na vida e levar a fotografia de dança para outro nível. Uau! E não é que ele conseguiu?! Essa semana durante a Red Bull BC One em São Paulo, o Portal Breaking World teve a oportunidade de conversar com Shao e apresentar para vocês, breakers, essa entrevista exclusiva e super especial, confira abaixo:
BW: Eu gostaria que você nos falasse sobre suas origens, onde você nasceu e cresceu. O que veio primeiro em sua vida, o amor pela fotografia ou o amor pelo Breaking? Quando e como isso aconteceu?
Little Shao: Minha origem é vietnamita, mas nasci em Paris, França, depois que meus pais se mudaram para lá para trabalhar. Eu cresci em bairros difíceis, mas meus pais me mantiveram muito focado na escola, mesmo que eu passasse todas as minhas noites e fins de semana brincando ao ar livre. Eu tinha um grande interesse em tudo, como esportes, vários jogos e atividades que me levaram a me apaixonar por Breaking, por volta de 1997. Esta foi definitivamente minha primeira paixão e a fotografia veio mais tarde, como um suporte para isso, como uma forma de arte que era fortemente ligada à dança, para captar e hipnotizar esta cultura. Isso acontece especialmente porque senti que queria mostrar ao mundo a beleza de nossa cultura. No meu ambiente, meus pais e amigos nunca levaram o Breaking a sério, então, eu encontrei uma maneira de mostrar a eles que éramos super-heróis… (risos).
Francês de família vietnamita, Little Shao se tornou referência na fotografia Imagem: ®Arquivo Pessoal
BW: Houve referências ou alguma pessoa especial na dança ou na fotografia que o encorajou a continuar e fazer o que faz com tanta perfeição e excelência?
Little Shao: Acho que minhas referências estavam realmente fora do nosso mundo da dança. Lembro que minha referência era Davehill, um fotógrafo que tinha um render específico de fotografia que se aproximava da pintura, da publicidade. Claro que mais tarde, quando vi as imagens do Red Bull BC One, sonhei em me tornar fotógrafo um dia para este evento e adicionar minha visão a ele, trazendo minha visão a bordo. Acho que minha perseverança, trabalho duro e mentalidade B-Boy me fizeram querer ser o melhor.
BW: Quando você decidiu se dedicar totalmente à fotografia? Foi difícil escolher entre o Breaking e a fotografia?
Little Shao: Em 2007, terminei meus estudos na Escola de Negócios de Paris, com especialização em Finanças. Comecei a trabalhar como consultor no mercado de bolsa de valores e foi realmente o momento em que não consegui encontrar tempo e motivação para praticar, para manter meu nível de Breaking no topo da batalha, então, fiz a escolha preguiçosa de fotografar mais batalhas de Breaking. Essa foi uma maneira de eu permanecer na minha paixão. A fotografia começou a ganhar força para mim entre 2010 e 2012, decidi mudar completamente e me dedicar como fotógrafo profissional em 2012. Todas as minhas escolhas sempre foram difíceis, mas segui meu coração.
O B-Boy que virou fotógrafo mundialmente reconhecido Imagem: ® Arquivo Pessoal
BW: Ser um B-Boy te ajuda a entender e capturar melhor os momentos e sentimentos de cada dançarino que você fotografa?
Little Shao: Sim, claro! Isso ajuda na sua conexão com as pessoas, as formas, os códigos que a gente tem na cultura é superimportante. Quando eu estava dançando, sempre fui superexigente com minhas formas e meu estilo, então, acho que queria refletir isso nas minhas fotos, é claro.
BW: A ausência de registros como documentação fotográfica de Breaking o motivou a intensificar seu trabalho, mostrar tudo o que aconteceu e sua visão da cena?
Little Shao: Sim, naquela época a internet não era o que é hoje, então, acho que era mais fácil não ser mimado e era mais fácil para mim desenvolver minha visão, porque como um B-Boy você sempre quer ser único, não copiar as pessoas. Graças aos meus estudos e dinâmica na escola, por volta de 2005/2006, minha atenção já estava em torno das plataformas sociais, então, eu meio que usei isso para divulgar minhas fotos e documentar nossa cultura.
Little Shao na Red Bull BC One Camp Brazil 2022 Imagem: ® The Sarará
BW: Aqui no Brasil temos bons fotógrafos, mas as condições de trabalho ainda são muito difíceis para a grande maioria. Como estão as coisas no país em que você mora? Conte-nos sobre sua rotina de trabalho, reconhecimento, valorização profissional e, claro, amor pela fotografia?
Little Shao: Ser artista é difícil também no meu país por causa dos números. Eu sinto que temos um acesso mais fácil a equipamentos e tecnologia, mas porque todos podem ter, traz muita competição e para poder viver como artista você realmente precisa ser o melhor. Quando você tem muita concorrência e fotógrafos, o valor cai. Lutei muito pelo meu reconhecimento e valorização profissional, por ter uma forte estratégia de marketing. A chave é como fazer as pessoas entenderem sobre seu custo, sua qualidade, seu profissionalismo e experiência.
BW: Como começou sua jornada na fotografia? Em todos esses anos, houve alguma foto especial que ficou imortalizada em sua carreira? Você pode falar sobre eles?
Little Shao: Comecei a fotografar muitos retratos para dançarinos franceses. Esses dançarinos começaram a viajar muito e usaram minhas fotos para se comunicar, o que me levou a ser convidado como fotógrafo para grandes eventos. Acho que, quando fiz o Urban Dance Camp, achei uma boa ideia fazer fotos criativas misturando dançarinos de todos os ambientes. Misturei bailarinos de coreografias famosas com breakers, com dançarinos de street style, etc… essas fotos viralizaram nas redes sociais porque eu trouxe um estilo diferente, com fotos que chamaram a atenção das pessoas. A estreia do Juste também foi um grande evento que cobri e me ajudou muito. Alguns anos depois, todos esses dançarinos começaram a dançar e coreografar grandes artistas da música, foi quando tive a chance de clicar e colaborar com Justin Bieber, Madonna, etc…
B-Boy Leony, campeão da Red Bull BC One Cypher Brazil 2022 Imagem: ® Little Shao
BW: Como você vê o fato do Breaking se tornar um esporte olímpico? Teremos clicks de Little Shao nas Olimpíadas de Paris?
Little Shao: Sim, eu escutei que meu nome foi cogitado para ser o fotógrafo principal de Breaking nas Olimpíadas, mas nada é certo, então, eu tenho que verificar esse ponto (risos). Nunca sabemos o que pode acontecer… você pode ser o melhor, mas se um amigo do amigo do organizador estiver por perto, essa pessoa pode ser recomendada e não você. Mas para ser honesto, eu ficaria super-honrado de registrar o primeiro evento de Breaking nas Olimpíadas, especialmente porque é na minha cidade! Mas eu acho que o Red Bull BC One é o melhor evento para fotografar.
BW: Você já esteve no Brasil outras vezes? O que você acha do nosso país?
Little Shao: Acho que essa é a minha 6ª ou 7ª vez… vim muito para o Rio e esta é apenas a minha segunda vez em São Paulo. Eu realmente amo este país. Minha primeira vez aqui foi na final mundial do Red Bull BC One, em 2012, e foi um choque para mim. Foi a minha melhor experiência. Eu já atirei com a minha câmera em muitos brasileiros (risos).
B-Boy Menno, campeão mundial da Red Bull BC One 2017 Imagem: ® Little Shao
BW: Esta semana aconteceu um workshop no Red Bull BC One aqui em São Paulo, conte-nos sobre o que apresentou aos brasileiros…
Little Shao: Fiz o possível para compartilhar minhas motivações e inspirar as pessoas. Se eu consegui apenas dar um vislumbre de motivação que tenho em minha alma para eles, então foi um sucesso!
BW: Qual é a sua mensagem para as pessoas que amam seu trabalho e o têm como referência?
Little Shao: Sem Arte, a vida é seca! (risos)
A editora do portal Breaking World, jornalista Luciana Mazza e o fotógrafo Little Shao na Red Bull BC One 2022 Imagem: ® Breaking World
Imagem em destaque: ®Piltosh
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Ele nasceu na Paraíba, na cidade de João Pessoa, mas foi em 2005, com apenas 12 anos, que após assistir um DVD de um campeonato de Breaking decidiu se dedicar de corpo e alma a esse elemento da Cultura Hip-Hop. Cresceu praticando saltos mortais, plantando bananeiras e se dedicando aos movimentos flexíveis, o que o levou a ser um dos caras mais flexíveis do Brasil, claro que estamos falando do Jonas Flex. Neste último mês, ele esteve em São Paulo como jurado e palestrante do campeonato Breaking Combate, onde falou de assuntos bem importantes como viver da dança, lesões e oportunidades para dançarinos. Jonas está de malas prontas para a Europa, onde pretende passar uns 40 dias participando de campeonatos, como World Breaking Classic, The Notorious I.B.E e Outbreak. O Portal Breaking World correu e levou aquele papo com esse mano que, sem dúvida, é uma referência não só na dança, mas na conduta dentro da cena. Confira a entrevista:
BW: Queria que você nos falasse um pouco da sua infância, onde nasceu e cresceu e que lembranças tem dessa época?
Jonas Flex: Nasci e cresci na Paraíba, na cidade de João Pessoa, no bairro do Geisel, toda minha infância foi cercada de aventuras, dentro do meu bairro, andando de bicicleta, soltando pipa, jogando bola, praticando saltos mortais e “plantando bananeira”.
Imagem: Jonas Flex / Arquivo Pessoal
BW: Quando teve contato pela primeira vez com a Cultura Hip-Hop? O que mais te chamou a atenção?
Jonas Flex: Desde criança eu sempre tive contato o Hip-Hop, na música e Graffiti e depois de alguns anos, com 12 anos de idade, tive meu primeiro contato com o Breaking, através de um DVD, onde assim que assisti me identifiquei com aqueles movimentos, pois sempre achei que meu corpo pedia isso.
BW: E com o Breaking? Quem foram suas referências e com quem aprendeu a fazer seus primeiros movimentos? Alguém te ensinou? Em que ano foi isso?
Jonas Flex: Minha primeira referência foi o DVD do Red Bull BC One 2005, após assistir eu fui atrás de pessoas que dançavam no meu bairro e acabei encontrando algumas pessoas que estavam iniciando e outras que já dançavam, assim fui criando conexões e comecei a praticar cada dia mais.
BW: Quando começou a se envolver com o Breaking, você teve apoio da sua família?
Jonas Flex: No início não tive tanto apoio, eu era muito novo e ainda estava no ensino fundamental e minha mãe disse que “eu só podia dançar se eu fosse aprovado e no dia que eu reprovasse nunca mais eu colocaria a mão no chão para dançar”, aí, desse jeito, eu me dediquei muito aos meus estudos e consegui finalizar ensino fundamental, médio e superior sem reprovar nenhuma vez, sendo assim, ganhei a confiança dos meus pais e com o tempo eles começaram a me apoiar muito e valorizar o que eu fazia. Hoje eu sou formado em Licenciatura em Dança pela UFPB (universidade Federal da Paraíba).
Imagem: Jonas Flex / Arquivo Pessoal
BW: E de onde vem tanta flexibilidade nos movimentos?
Jonas Flex: Quando iniciei no Breaking, eu me identifiquei com os movimentos flexíveis, me alonguei muito junto com o professor de ginástica, que me auxiliava nos alongamentos e me fazia ir além dos meus limites. Sempre achei que seria o cara mais flexível do mundo, mas aí eu alonguei tanto que quase me machucava e resolvi diminuir no alongamento para não ter um problema no futuro, mas ainda fiquei muito flexível até os dias de hoje, ultimamente tenho alongado apenas para manter o que eu já tenho.
BW: Com que idade começou a competir no Breaking? Fale um pouco das principais vitórias e dos principais eventos por onde passou.
Jonas Flex: Minha primeira batalha foi com 13 anos de idade, eu dançava Breaking há menos de um ano, foi uma experiência incrível, mas não me dei bem em relação a vitória, mas me dei bem com a experiência que adquiri, que foi essencial para minha evolução como dançarino, até que o tempo foi passando e fui ficando em vários pódios de terceiro, segundo e primeiro lugar. Ganhamos 5 vezes o Giga B-Boys/B-Girls em Pernambuco, ganhamos 4 vezes o EDCRA na cidade de Exu (PE), ficamos 3 vezes em segundo lugar no Festival Cearense de Hip-Hop em Fortaleza (CE), já participei de vários Red Bull BC One Cypher Brasil, já participei de eventos internacionais como Unidisputed, Crashfast, BBIC no The Notorious IBE Holanda, Breaking It Up Hungria, Outbteak Eslováquia.
BW: Recentemente, você esteve em um grande evento aqui em São Paulo e, numa roda de conversa, falou sobre viver do Breaking aqui no Brasil. Queria que nos contasse a sua experiência, se alguém te apoiou financeiramente, patrocinou e que conselhos você daria para quem pretende viver da dança?
Jonas Flex: Esse é um dos assuntos mais complicados e delicados para mim, pois viver bem trabalhando com dança aqui onde eu moro em João Pessoa, para mim foi e ainda está sendo impossível, tive que buscar outros meios para conseguir realizar “meus sonhos” e pagar meus boletos. Abri uma empresa e hoje trabalho com moda Street Wear, mas para quem realmente quer viver da dança, eu aconselho se dedicar bastante, mas sempre ter dois caminhos, para caso um caminho não dê certo, você tenha o outro, assim transformando os dois caminhos em um e não se tornar um “dançarino frustrado”.
Imagem: Jonas Flex / Arquivo Pessoal
BW: Nos últimos anos vivemos muitas mudanças, o Breaking virou uma modalidade olímpica. Como você vê todas essas mudanças, cultura versus esporte e a forma que vem sendo trabalhado no Brasil. Olhando o cenário mundial estamos preparados para subir num pódio?
Jonas Flex: O Breaking nos Jogos Olímpicos é de extrema importância, pois trará muita visibilidade e valorização para o Esporte/Dança, gerando emprego e patrocínio de grandes empresas para os B-Boys/B-Girls, sendo assim, alcançaremos o tão sonhado “Viver bem de dança no Brasil” algo que eu espero dizer um dia, hoje é possível para mim.
BW: Verdade que esse ano você vai para fora? Quais são seus planos? Por que países pretende passar? E por quanto tempo pretende ficar fora do Brasil?
Jonas Flex: Vou passar 40 dias na Europa, onde estarei participando de vários eventos, como World Breaking Classic, The Notorious I.B.E e Outbreak e, claro, fazendo aquele network, criando uma conexão com novos amigos e aprendendo um pouco da cultura de cada país que estarei passando.
BW: Jonas, você é um B-Boy bem experiente e já gravou vários tutoriais que têm ajudado B-Boys e B-Girls espalhados pelo Brasil. Outro assunto que você tocou na roda de conversa no evento aqui em São Paulo, foi sobre o “perigo das lesões”. Nos fale um pouco sobre esse assunto e se existe uma forma de se cuidar mais e de diminuir os riscos?
Jonas Flex: Esse é um assunto que eu posso falar, pois sou a prova viva. Infelizmente, para quem não sabe, eu sempre eu fiz Street Show, por 10 anos, como dependente, para completar minha renda, ou seja, se eu não dançasse no semáforo de trânsito e na orla da praia, eu ficaria sem dinheiro para se manter, o que foi um pensamento muito triste da minha parte, pois poderia ter pego outro trabalho para poupar meu corpo; no semáforo de trânsito eram, em média, 80 entradas com flares e handhops e isso foi desgastando meu corpo, principalmente a virilha, pois o corpo não aguentou o excesso de exercício físico. Hoje eu evito dançar sem me alongar ou aquecer, para não me lesionar. Muitas vezes você vai em um shopping ou algum passeio e as pessoas falam “Faz um flare aí, ou dá uma entrada para eu gravar” e, assim, na emoção, você acaba fazendo e aquilo pode te custar uma lesão crônica ou tão demorada que pode durar anos e nunca mais ser o mesmo corpo, eu fiquei lesionado da minha virilha por 7 anos, isso tudo porque eu fazia o Street Show na orla de praia sem me alongar e acabei adquirindo essa lesão, e olha que em 2014 eu era um dos caras mais flexíveis do Brasil, mesmo assim não teve jeito, a lesão ficou até 2021 e hoje estabilizou 90%, mas depois de passar por vários médicos, fisioterapia, nada dava jeito, até que desisti de tudo e deixei ver até onde ia e acabou melhorando, talvez por sorte (risos tristes).
Imagem: Little Shao
BW: Em alguns eventos, você tem dançado de luva devido a um suor excessivo nas mãos. Na medicina, isso é chamado de Hiperidrose, é isso? Talvez você não seja o único que passa por esse problema. Pode explicar um pouquinho da sua experiência, do que acontece com você e quais as alternativas para resolver isso?
Jonas Flex: Para quem não sabe, eu tenho esse problema de Hiperidrose, que é um suor excessivo nas mãos, isso me atrapalhou desde o início quando comecei a dançar Breaking, vários eventos eu deixei de participar devido o piso ser muito liso e não dar para mim. Perdi as contas de quantas vezes eu caí ou deixei de fazer meus movimentos devido o piso liso, até que eu fui para o evento Red Bull BC One Fortaleza 2021, onde estava super preparado, com várias entradas e movimentos para ganhar e acabei escorregando no piso e não consegui desenvolver como eu gostaria. Após sair de lá, muito triste, eu fui atrás de um método para solucionar o meu problema, o que eu já deveria ter corrido há muito tempo, tentei várias coisas, como pó magnésio, gesso, entre outros e nada deu certo. Então, fui atrás de uma luva que não deixasse escorregar e fosse confortável para eu dançar. E resolvi meu problema, por enquanto, porém, pretendo fazer essa cirurgia para parar de suar, ela no particular passa de R$ 20.000,00, mas estarei buscando pelo SUS aqui na minha cidade e espero conseguir o mais rápido possível, além disso, eu tenho Ceratocone, um problema de vista que deforma a córnea e fiz a cirurgia de um olho e ainda falta o outro, depois disso estarei 100% para me dedicar ainda mais ao meu Breaking.
BW: Quais são seus planos para o futuro?
Jonas Flex: Meus planos para o futuro, é conseguir viver bem da dança, algo que no fundo eu ainda acredito que será possível, mas também se não der certo, continuarei firme e forte com meu Breaking e trabalhando na minha área de empreendedorismo e me dedicando ao máximo como sempre fui.
BW: Deixe uma mensagem para os leitores do Portal Breaking World?
Jonas Flex: Deixo meu agradecimento ao Portal Breaking World, por poder contar um pouco da minha história, também agradeço a todos vocês que tiraram um tempinho para ler mais sobre mim, que nós do Breaking e da dança no geral, nunca venham a desistir de sonhar, mas nunca fiquem apenas no sonho, vamos realizar, novos tempos estão por vir, foco no trabalho.
Imagem em destaque: Jonas Flex / Arquivo Pessoal
Imagem: Jonas Flex / Arquivo Pessoal
Imagem: Jonas Flex / Arquivo Pessoal
Imagem: Lucas Matheus
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E o Portal Breaking World tem a honra de trazer para vocês mais uma daquelas entrevistas que oferecem uma viagem ao túnel do tempo. Sim, o Hip-Hop não para e nem seus personagens e suas incríveis histórias! Nesse bate-papo convidamos Jackson Moraes ou MC Jack para conversar conosco! Jack é uma lenda viva, um dos caras mais versáteis do Hip-Hop nacional, além de ser MC, é DJ e também já foi B-Boy. Ele apareceu na primeira coletânea de Rap nacional, chamada “Hip-Hop Cultura De Rua”, em 1988, com as músicas “Centro da Cidade” e “Calafrio”. Filho do Seu Augusto e Dona Antônia, desde pequeno tinha muita música dentro de casa, de várias vertentes. No Breaking, gostava de dançar no meio da roda, viu a efervescência da São Bento e de algumas crews que fizeram história! Com mais de 30 anos de Hip-Hop, Jack, em 1991, foi Vice-Campeão Brasileiro do DMC, em 1996 ganhou o DMC BRASIL e se tornou o primeiro DJ brasileiro a figurar entre os 10 melhores do mundo! Ficando, também, em 4º lugar no DMC World, que foi realizado em Rimini, na Itália. Falamos do início de tudo, das rivalidades, do Breaking, do Rap Nacional, da nova geração, do Trap e etc… O mano é brabo e a entrevista foi reta! Confira:
BW: MC Jack você é uma lenda viva da Cultura Hip-Hop brasileira, são bem mais de 30 anos de caminhada, queria que você se apresentasse e nos contasse como foi seu primeiro encontro com essa cultura. Verdade que você começou no Breaking?
MC Jack: Salve! Eu sou o Jackson Moraes, filho do Seu Augusto e Dona Antônia. Desde pequeno, tinha muita música dentro de casa de várias vertentes: Samba, Pop, Rock, Black, Brega, Românticas, além de ouvir muita música de rádio. Diversão eram as matinês na Asteroides, no Boomerang e no Contra Mão. Um dia, um brother chamado Rildo chegou na matinê da Contramão e me disse: “Jackson, tem uma dança nova que os caras dançam igual robô e eles rodam…”, logo entendi que aquilo era para se dançar sozinho. Nunca fui muito de dançar os “passinhos”, eu gostava de dançar no meio da roda! Começamos a treinar aquela nova dança sem fazer ideia do que fazíamos. As referências sobre o Breaking eram escassas, um vídeo aqui e uma foto numa revista ali, mas ele já se espalhava pelos bairros de São Paulo.
Imagem: Reprodução
BW: Nos conte como foi seu primeiro contato com o Nelsão, o famoso “Homem Árvore”, e com as pessoas que dançavam Breaking no centro de São Paulo? Quem estava lá naquela época? E conte a história que na roda do Nelsão só entrava quem sabia dançar…
MC Jack: Quando fui a primeira vez na 24 de Maio, onde sabíamos que estava rolando um pessoal dançando, pedi para o Nelsão entrar na roda e ele me deixou de lado, e quando não tinha mais ninguém olhando ele me falou: “Dança ae mans!”, e eu respondi: “Agora não quero! Não tem ninguém olhando!” (risos). Ele me disse que só entrava na roda dele quem sabia dançar… aí fui para cima, sai rodando de costas e parei na ponte. Ele, surpreso, me perguntou: “Qual seu nome?”, eu falei: “Jackson!”… E ele, na pronúncia gringa, falou assim: “A partir de agora seu nome é Jack”. Daí nasce o B-Boy Jack. Minha primeira gangue foram os Bombetas Mágicas.
BW: Jack, nos fale um pouco da força e da efervescência do Breaking naqueles anos, das gangues e de toda atmosfera de quem participava de tudo isso aqui no Brasil? Das amizades, das rivalidades, das crews e das tretas?
MC Jack: Colei com o pessoal da 24 de Maio, Nelsão, Paul, Billy, Freddy, Raul, Nice, Charles, Função, João Break, Luizinho (LZ), Itaú, Maguila, André, enfim, estive na São Bento desde o começo. Fiz parte da gangue Nação Zulu, que era formada por: Zulu, Gerson, Renato, Mad Zoo, Bimbinho, Bicudo, Cabecinha e Getúlio. E a minha última gangue foi a Crazy Crew, onde faziam parte o Taroko, Hiro, Mistério, Sandrão, Azambaa e eu. A Crazy Crew perturbou a cena na época… fomos procurar mais informações na Ginástica Olímpica, fomos aprender as técnicas dos “mortais”, “flare” e outros movimentos. Eu amo a Crazy Crew! Ao passar dos tempos, o Breaking foi tomando conta do Brasil e o contato com outros B-Boys foi ficando mais frequente. Até que veio o “advento” do filme “Beat Street”, de 1984, que mudou tudo que todo mundo pensava sobre a dança. Foi mágico cabular aula no SENAI e ir ver o filme (risos). Fiquei o dia todo dentro do Cine Ritz no centro de SP, comi minha marmita gelada, mas valia… Era o Beat Street! As principais gangues de São Paulo, naquela época, eram: Crazy Crew, Nação Zulu, Street Warriors, Back Spin. Só lembrando que existiram várias outras gangues, em vários outros lugares de São Paulo e do Brasil… O clima entre as gangues era algo que queríamos imitar o enredo do filme Beat Street, havia rivalidade e, às vezes, passava dos limites, mas a dança sempre teve acima disso tudo! No meu caso, a Crazy Crew tinha uma rivalidade épica com a Back Spin. Tivemos rachas históricos!
BW: Em que ano o Rap começou a chegar com toda força aqui no Brasil? São Paulo foi o grande reduto de tudo isso?
MC Jack: O Rap começa a ser percebido por volta de 1985. Os B-Boys entenderam que o Rap era ligado ao Breaking e a partir disso foi um caminho natural cada gangue ter o seu Rapper e o disco “Hip-Hop Cultura de Rua” é um exemplo disso e, por causa disso, ele teve uma visibilidade muito grande quando foi lançado, em 1988. Foram Thaide & DJ Hum (Back Spin), Código 13 (Nação Zulu), MC Jack e DJ Ninja (Crazy Crew e Street Warriors). O Credo, foi quem articulou a reunião destes artistas nesse disco. Em nome do MC Who Uzi & DJ T e o Gilson no comando geral. O Rap, assim como o Breaking, se espalhou ao mesmo tempo pelo Brasil, mas São Paulo saiu na frente no quesito visibilidade. A reunião da São Bento teve o intuito de dar uma “apaziguada” nos ânimos das gangues, pois estava caminhando para uma direção onde o fundamental que era a dança estava começando a ficar em “segundo plano”… estava muvucando demais e gente dançando de menos… Importância fundamental para o bom andamento do movimento Hip-Hop… a partir dessa reunião muita coisa tomou um rumo mais profissional e mais raiz.
Imagem: Reprodução
BW: Como foi quando houve a junção de todas as gangues, dos B-Boys na São Bento? Quem eram os grandes nomes do Breaking naquela época? Tinham B-Girls, quem eram? Em que ano foi isso?
MC Jack: Foi em 1984 e 1985. Lendas da São Bento… Andrezinho & Silvão. B-Girls: Kika, Reka, Fernanda e Celina… Hoje em dia, tenho a grata satisfação de apertar a mão de quem já foi meu “inimigo”… todo último sábado do mês tem “Encontro na São Bento”, das 13h às 18h…
BW: Quando na sua vida começou a rolar de fato os trabalhos como MC Jack e como foi isso? Breaking e rima: foi necessário escolher entre um e outro? Como eram os shows e os bailes daquela época?
MC Jack: Em 1986, eu continuava a dançar, mas já estava começando a fazer umas rimas junto com o Azambaa. Ele parou um tempo depois e eu continuei. Ganhei o primeiro concurso de Rap do Clube da Cidade no baile da Chic Show. E assim, seguiu uma sequência de apresentações em outros bailes de outras equipes também. Em 1987, eu e o DJ Ninja já estávamos conciliando nossos trampos com os shows. Eu trabalhei no Mappin, de 1985 a 1988, o Ninja trabalhava nas lojas de discos na galeria 24 de Maio e o A.G. Naja (Rooneyoyo) trabalhava no Bamerindus da 7 de Abril. Em 1988, eu já estava um pouco distante do Breaking e me dedicando mais ao Rap… e nesse ano é quando rola a gravação do disco Hip-Hop Cultura de Rua… Produção de Dudu Marote nas duas faixas… Centro da Cidade & Calafrio… Scratches por DJ Ninja.
BW: Como era fazer Rap Nacional naquela época? Havia apoio? Alguém abria caminho? E como era esse vínculo do Rap com os B-Boys?
MC Jack: Os shows eram basicamente nos bailes Black das equipes, não havia uma cena fora disso. Mas ao longo do tempo fomos pavimentando nosso espaço como artistas. Pouca estrutura, mas muito esforço! Algumas equipes de baile ajudaram mais que as outras… Equipe Kaskatas ajudou muito o Rap Nacional! O vínculo entre Rappers e B-Boys eram uma simbiose natural. Os dois vinham do mesmo berço: a rua!
Imagem: Reprodução
BW: E quando aconteceu o movimento dos DJs? Nos fale da sua caminhada também como DJ?
MC Jack: Os DJs foi algo que aconteceu de uma forma muito mais tímida, porque havia o lance de ter os equipamentos. Algo muito mais difícil! Então, a primeira geração dos DJs do Movimento Hip-Hop foi pequena, estavam lá: DJ Hum, DJ Ninja, DJ KL Jay e DJ Mad Zoo. Em 1990, é desfeita a dupla MC Jack & DJ Ninja e eu sigo sozinho tanto como MC e como DJ. E, por incrível que pareça, no mesmo ano de 1990 eu fiquei em 9º lugar no Campeonato Brasileiro de DJs – DMC 90. Aprendi muita técnica de DJ num curto espaço de tempo e, em 1991, fui Vice-Campeão Brasileiro do DMC 1991! De 92 a 95 não tiveram campeonatos. De 1992 e 1993 passei tocando em várias casas noturnas, 1994 comecei a tocar numa casa noturna chamada Rivage, em Blumenau (SC). Já em 1996, ganhei o DMC Brasil e me tornei o primeiro DJ brasileiro a figurar entre os 10 melhores do mundo! Fiquei em 4º lugar no DMC World, que foi realizado em Rimini, na Itália. Em 1997, fui para as finais do DMC World e fiquei em 4º lugar novamente.
BW: Numa entrevista, você falou que a junção do Breaking com o Rap impediu o surgimento de uma indústria do Rap Nacional no nosso país. Houve uma ausência de se fazer negócios e tornar esse elemento como algo lucrativo… nos explique isso? E como você vê o que existe hoje no meio do Rap? E o que pensa sobre o Trap, essa mistura do Rap com a música eletrônica que virou uma febre da nova geração?
MC Jack: O Rap em específico nunca fez negócios aqui no Brasil! Éramos muito amadores neste sentido! Vou falar a minha visão: o lado B-Boy vindo da rua, praticante do racha, nunca falamos sobre o mercado que havia para a nossa arte. Queríamos treinar escondido e aparecer na hora e arrebentar nas rodas! Levamos parte desse pensamento para o Rap, escrever e esconder a letra para um “melhor momento” (risos). Não tínhamos nem cena. Esconder o quê? Mas, para nós, era uma visão muito natural! Se você pedisse para a maioria dos Rappers para escrever 5 letras para o dia seguinte, ele escreveria! E quando fosse perguntado quanto cobraria, não saberiam colocar valor naquela arte! E assim seguimos, nenhum Rapper pensava em ter um escritório ou tomar conta das próprias composições… estávamos preocupados em fazer show e levantar uma verbeta! E isso serviu de “espelho” para quem veio depois. Hoje consigo enxergar esse espaço deixado por nós mesmos, mas não existe culpa quando se faz de coração! Existem uns respingos disso até hoje. Ofereça o escritório do Emicida a algum Rapper e pode ser que ele queira somente o Nike do Emicida! Os negócios referentes ao Rap hoje em dia estão caminhando para o jeito certo, o artista toma conta da própria carreira, algo natural para qualquer Rapper gringo, que já faziam isso há anos! Devido ao “hiato” causado pelo próprio Rap Nacional, a nova geração criou o seu próprio estilo! O Trap é a síntese entre o Rap e o Funk, e os moleques tão rimando. Os assuntos falados nas letras de Trap refletem o tempo em que eles vivem… ah, não posso esquecer de falar que nos anos 90 eu lancei 3 CDs de música eletrônica.
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BW: Jack, recentemente foi lançado o minidocumentário da Puma “Onda do Break”, nos fale desse material e da sua participação.
MC Jack: O documentário da Puma registra o início de tudo. Não é algo “definitivo” porque na mesma época em que é retratado o documentário, em outros lugares do Brasil também estavam acontecendo a cena do Breaking. Agradecimento aos Gêmeos, que se empenharam para que isso se tornasse realidade!
BW: Estamos vivendo um momento em que o Breaking volta às mídias, dessa vez como um esporte olímpico. Falamos de uma cultura que virou esporte e que será uma modalidade olímpica em Paris 2024. Como você vê tudo isso? E o que acha sobre como o Brasil vem se organizando e se preparando para participar desse ciclo?
MC Jack: Nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar o Breaking numa Olimpíada! Sensação de dever cumprido! Eu não estava errado! Faria tudo de novo! O atleta que for representar o Brasil vai levar parte de mim, porque parte de mim está nele! Somos um celeiro de talentos… vamos ter boas notícias num futuro!
BW: MC Jack, fale do que está fazendo neste momento, no que está trabalhando e quais são seus planos para o futuro?
MC Jack: Hoje em dia continuo tocando pelos vários cantos do Brasil como DJ. Têm músicas novas chegando…
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BW: Que recado você deixaria para a nova geração, seja do Rap, do Breaking, dos DJs ou do Graffiti?
MC Jack: O Recado é simples: O Hip-Hop não para!
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