“Pushing Progression: Breaking” mostra como a nova modalidade olímpica saiu das ruas do Bronx para o mundo.
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Que tal aproveitar o mês que celebra 50 anos da cultura Hip-Hop para mergulhar nesse universo e conhecer diferentes histórias? Em clima de celebração, na última terça-feira (8) estreou um episódio inédito do documentário “Pushing Progression: Breaking”, que retrata a evolução do Breaking que a menos de 1 ano vai ser nova modalidade olimpica no maior evento multiesportivo do planeta. O conteúdo está disponível de forma gratuita na Red Bull TV, por meio do link: www.redbull.com/br-pt/episodes/pushing-progression-s1-e7
Lenda da cena Hip-Hop e dono de hits que marcaram gerações, o rapper Busta Rhymes se juntou a alguns dos principais B-Boys e B-Girls do mundo no sétimo episódio da série. Por lá, exploram como o Breaking saiu das ruas do distrito de Bronx, região periférica de Nova York, emergiu como um estilo de dança no final dos anos sessenta, e como prosperou por mais de uma década antes de fazer sua estreia na cultura mainstream em 1984. Na ocasião, 100 breakers se apresentaram na cerimônia de abertura do maior evento esportivo do mundo, o que impulsionou o Breaking globalmente. Os breakers entrevistados no documentário apontam que a modalidade mudou muito desde o seu surgimento no Bronx. “Estamos em território novo com o Breaking, onde nunca estivemos antes”, avalia o B-Boy canadense Phil Wizard. A americana Logistx, campeã mundial em 2021, também fala sobre suas expectativas com relação ao avanço da modalidade nos próximos anos: “Vai ser cada vez mais competitivo. Com essa competitividade, espero que permaneçamos uma cultura unificada”.
Referências da cena protagonizam a produção, como os B-Boys Lilou, bicampeão mundial; Phil Wizard, integrante do Red Bull BC One All Stars, um dos maiores grupos de Breaking do planeta; Alien Ness, americano renomado mundialmente na cena e Shigekix, campeão mundial em 2020; e as B-Girls Logistx, campeã mundial em 2021 e Ami, primeira B-Girl a se tornar campeã mundial do Red Bull BC One, em 2018.
E os brasileiros?
Imagem: ® Little Shao / Red Bull
Em outubro, os vencedores da etapa nacional do Red Bull BC One, a B-Girl Toquinha e o B-Boy Leony, irão representar o Brasil em Roland-Garros, em Paris, na Last Chance Cypher [ uma espécie de filtro com campeões de cyphers feitas no mundo todo ] – em busca de uma vaga na Final Mundial do campeonato. O Brasil terá também outros dois representantes que passaram direto para a Final Mundial: B-Boy Allef, grande destaque no cenário de Breaking mundial por ter um estilo próprio repleto de musicalidade, originalidade e personalidade, e B-Girl Maia, campeã nacional de 2022 que acumula diversos títulos e premiações. Ambos foram classificados como wildcards, convites feitos para aquecer ainda mais as batalhas e são os dois primeiros brasileiros a garantirem vaga na Final Mundial do Red Bull BC One 2023.
Imagem em destaque: ® Little Shao / Red Bull
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Aconteceu no último final de semana (27 e 28 de maio), o evento Breaking for Gold Pan American Championship em Santiago, no Chile. Organizado pela World Dance Sport Federation (WDSF), o campeonato foi mais um evento que somou os cobiçados pontos para as Olimpíadas de Paris 2024. No masculino, o pódio foi ocupado em 1° lugar por Phil Wizard, do Canadá, que levou a melhor sobre o B-Boy Jeffro, dos Estados Unidos, que ficou em 2º lugar vencendo o primeiro round por 9 a 0. Depois de uma rodada intermediária muito mais apertada (5 a 4), Phil Wizard mudou para outra marcha na rodada 3 para reivindicar uma vitória, indiscutível, convincente, com outra decisão unânime (9 a 0). Completando o pódio de medalhas estava B-Boy Victor, dos Estados Unidos, que terminou em 3º lugar com uma vitória sobre o compatriota Gravity na Batalha pelo Bronze.
No feminino, a grande campeã foi a B-Girl Luma. A colombiana foi levada ao limite o tempo todo, mas acabou conseguindo uma vitória apertada na rodada decisiva da final das B-Girls sobre a B-Girl Sunny, dos EUA, que ficou em 2º lugar. Já a norte-americana Logistx derrotou a canadense Tiff na batalha pela medalha de bronze.
O Brasil, apesar de contar com um número reforçado de atletas, como B-Boy Luan San, B-Boy Rato EVN, B-Boy Baby, B-Boy Kapu, B-Girl Nathana, B-Girl Mini Japa, B-Girl Toquinha, B-Girl Fran e B-Girl Karolzinha, todos convocados pelo Conselho Nacional de Dança Desportiva (CNDD) do Time Brasileiro e, ainda, os atletas independentes B-Boy Flash, B-Boy Flip, B-Boy Pé, B-Boy Lucca 9, B-Boy Naldo, B-Boy Gênesis, B-Boy Suav, B-Boy Robin One, B-Boy Bergkam, B-Boy Kley, B-Boy Zym, B-Boy Toddy, B-Girl Savaz, B-Boy Homem Elástico, B-Girl Dedessa, B-Girl Pekena, B-Girl Manu Aparecida, B-Girl Lua, B-Girl Nay e B-Girl Mi não avançaram nas competições. Na disputa entre as B-Girls, o Brasil parou no Top16, disputado em “round robin” com 4 grupos. A B-Girl brasileira melhor classificada foi Toquinha, na 10ª posição.
Atletas escolhidos pela Diretoria de Breaking CNDD para compor a Seleção Brasileira de Breaking – Imagem: Reprodução
Para o Top 8 apenas dois brasileiros se classificaram: B-Boy Leony, da Seleção Brasileira de Breaking da CNDD, que perdeu os dois rounds para o norte-americano Victor, que terminou a competição com a medalha de bronze, enquanto o brasileiro ficou na 7ª colocação. E o B-Boy Kley, que representou o Brasil como atleta independente, e perdeu para Phil Wizard. Na disputa que valia vaga entre os 4 melhores, Phill Wizard, do Canadá, que encerrou o mês de maio no topo, vencendo o evento Breaking for Gold World Series em Montpellier França e também agora o Breaking for Gold Pan American Championship Chile, ganhou do brasileiro nos 2 rounds. B-Boy Kley ficou na 8ª posição.
No pódio masculino, B-Boy Phil Wyzard do Canadá (Ouro), B-Boy Jeffro dos EUA (Prata) e B-Boy Victor dos EUA (Bronze) – Imagem: Reprodução
De olho no Ranking Olímpico e nos próximos eventos:
Phil Wizard ampliou sua liderança sobre B-Boy Dany, da França, e agora está no topo do quadro de líderes globais com 3.750 pontos contra 2.800 de Dany. Luma, por sua vez, quebrou o Top 10 com sua apresentação em Santiago. Seus 1.660 pontos a colocam em 9º lugar, com a B-Girl 671, da República da China, no topo com 3.500 pontos.
Também estavam em disputa duas vagas para a Olympic Qualifier Series (OQS), onde 40 B-Girls e 40 B-Boys vão competir pelas vagas de qualificação para Paris 2024, em três eventos organizados em três cidades-sede diferentes em todo o mundo no próximo ano. Além disso, os breakers também estavam competindo por quatro vagas de cota para os Jogos Pan-Americanos de 2023, a serem realizados em Santiago, de 20 de outubro a 5 de novembro. Nesse evento do Chile, no total, 91 B-Boys e 52 B-Girls de 16 países participaram do campeonato, que foi apoiado pelo financiamento da Solidariedade Olímpica e do Ministério do Esporte do Chile. “Este foi o primeiro campeonato Pan Americano de Breaking, mas claramente não será o último, pois este fim de semana mostrou o nível excepcional de talento que existe em toda a região”, disse o presidente da WDSF, Shawn Tay.
A competição foi supervisionada pelo juiz principal Katsu One e pelo presidente MG. Os nove juízes foram Cros One, Migaz, Babyson, Gizmo, Jess, Manny, Intact, Tito e Kazuhiro. Os DJs Batata Killa e Web comandaram os toca-discos, com Max e Pita Star como MC’s. A seguir, no calendário de competições do WDSF, estão dois eventos da Série Internacional Breaking For Gold (Montreal, de 3 a 4 de junho e Madri, de 17 a 18 de junho) e a estreia do Breaking nos Jogos Europeus na Polônia, de 26 a 27 de junho.
No pódio feminino, B-Girl Luma da Colômbia (Ouro), B-Girl Sunny dos EUA (Prata) e B-Girl Logistx dos EUA (Bronze)
O Portal Breaking World continua acompanhando todo o circuito olímpico. E torcemos para que o Brasil atinja melhores resultados nas próximas competições.
Imagem em destaque: Reprodução
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B-Girl chinesa, de apenas 16 anos, vence a Outbreak Europa e The World Battle, mostrando que o futuro já chegou, é completo e tem pressa de subir no pódio
Em 2021, a Olimpíada de Tóquio consolidou a China como uma das maiores potências olímpicas do mundo. O país asiático era o que tinha conquistado mais medalhas de ouro nos Jogos e ocupava o topo do ranking à frente dos EUA, algo que no passado só foi visto em Pequim, em 2008, quando os chineses foram anfitriões.
Agora, em 2022, a China se destaca novamente, dessa vez no Breaking, nova modalidade olímpica de Paris 2024.
E o grande nome que faz todos os holofotes se voltarem para esse país asiático é de Liu Qingy (16) conhecida como B-Girl 671, que foi campeã no Outbreak Europe realizado na Eslováquia no mês de agosto, com a participação de mais de 30 países, representados por 600 dançarinos de Breaking. Ela chegou na final, mostrando um novo padrão para as B-Girls do mundo inteiro, com seus movimentos de Power Move e sua energia diferenciada. Nas finais, ela enfrentou a veterana holandesa B-Girl India e a venceu por dois a um.
Nessa última semana, 671 também participou da World Battle 2022, que foi na cidade de Porto, em Portugal, que é uma das maiores competições de Breaking da Europa e recebeu atletas de mais de 50 nacionalidades. No evento, ela se sagrou novamente campeã, indo na final contra a B-Girl Vanessa, de Portugal. O Portal Breaking World fez uma rápida entrevista com a B-Girl 671, que hoje apresentamos com exclusividade para vocês:
BW: Qual é o seu nome de nascimento? De onde veio o nome B-Girl 671? Esse número tem um significado especial para você?
671: Meu nome verdadeiro é Liu Qingyi. Tenho 16 anos. Eu sou da China. 671 é o meu nome em chinês. Esse nome foi dado por mim, sim.
BW: Sua família sempre te apoiou na dança? Como é ser uma B-Girl na China?
671: Eles sempre me apoiam. E em nosso país, o Breaking é uma coisa muito popular. Comecei a dançar em 2015.
B-Girl 671 campeã da Outbreak Europe 2022 Imagem: ® Little Shao
BW: Quando você teve contato com a Cultura Hip-Hop pela primeira vez? Com que idade você começou a aprender os primeiros movimentos? Alguém te ensinou?
671: Lembro que 7 anos atrás, eu vi na rua. Aí eu perguntei para alguém, eles me disseram que era Breaking. Eu gostei muito, então decidi estudar. Encontrei um estúdio de dança de rua. Então comecei a dançar.
BW: No Breaking, você teve pessoas que foram referência para você?
671: Sim, B-Boy Flea Rock, B-Boy Zoopreme
Comitiva chinesa na The World Battle, onde 671 foi campeã Imagem: ® Maiur Narendra
BW: Você venceu recentemente a categoria B-Girls no Outbreak e agora no The World Battle. Conte-nos sobre sua participação nesses dois eventos e como você se sentiu ao conseguir o 1º lugar em ambos?
671: Consegui ser campeã nesses dois eventos, estou muito feliz. São competições muito grandes e internacionais. Ambos foram os melhores resultados que já tive. Então, foi incrível.
BW: Você já esteve no Brasil? Gostaria de deixar alguma mensagem para os brasileiros?
671: Eu não estive no Brasil. Mas quem sabe um dia irei. Gostaria de agradecer o apoio do Portal Breaking World e a atenção. Obrigada pela oportunidade dessa entrevista.
Imagem: ® Suzana Luzir
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Ele esteve recentemente comandando as batalhas mais brabas da Red Bull BC One no Brasil e, também, B-Boys e B-Girls que desejam treinar ao som deste mestre das pickups podem encontrá-lo no Streetopia, quase todas as quintas à tarde, em São Paulo. O Portal Breaking World teve o privilégio de conversar com o DJ MF e trazer um pouco de suas vivências e opiniões ao longo da sua caminhada. Leia a entrevista:
BW: Carlos Augusto Soares, conhecido no mundo artístico como DJ MF. Queria que nos contasse um pouco sobre sua infância, onde nasceu e cresceu e que lembranças tem dessa época?
MF: Nasci e cresci em Pirituba, me lembro que era rua de terra, gostava de ficar brincando na rua… tinham as festas da família, já tinha um primo que tocava… na época, usava dois toca-fitas… rolava muito Samba, Samba-Rock e Funk [original].
BW: Quando teve o primeiro contato com a Cultura Hip-Hop? Quando nasceu o amor pelos toca-discos?
MF: A Cultura Hip-Hop entrou na minha vida de uma forma tão natural que nem me lembro… quando eu era criança, passava o filme “Break Dance” na Sessão da Tarde. Como falei no começo, meu primo foi a primeira referência de discotecagem (mas ele usava toca-fitas!), quando vi um clipe do Gang Starr, o DJ Premier fazendo scratches, na hora vi que eu queria tocar daquele jeito, um tempo depois, fui no show do Racionais MC’s, o KL Jay apavorou… pensei: quero ser uma mistura de KL Jay e DJ Premier!
BW: Quem eram os grandes DJ’s quando começou? Quem foram suas referências? Se inspirou ou recebeu apoio de alguns deles?
MF: Conheci Grand Master Nice (da Black Mad) falei que queria ser DJ, ele começou a me mostrar várias músicas… falava que DJ tem que conhecer música… por último, não menos importante, conheci o DJ Ninja, que me ensinou sobre técnicas. Depois, tive contato com KL Jay, ele ajudou muito também.
BW: Verdade que também começou em bailes de bairro, tocando com equipamentos emprestados? Quais foram as maiores dificuldades nessa época?
MF: Comecei tocando nas festas de garagem, com dois aparelhos 3 em 1… depois, um amigo comprou um equipamento de DJ, mas era o mais simples, a casa dele entrou em reforma e deixou tudo comigo… sorte que a reforma demorou (risos).
Dificuldades não impediram que o DJ se torna-se uma referëncia na cena nacional Imagem: ® Rafael Berezinski
BW: Fale de suas experiências fora do Brasil, nos conte um pouco da sua caminhada e de sua carreira internacional?
MF: Tive o privilégio de ir para 11 países… alguns deles foram mais de 3 vezes… comecei pela América Latina, depois Europa e Ásia (e pretendo ir além!).
BW: MF, a mistura feita com muita harmonia, das músicas novas e das antigas, é uma característica do seu trabalho. Fale um pouco como você faz a seleção dessas músicas, que no fim agradam tanto quem está na pista?
MF: Quando toco em festa vou muito pelo momento… sempre penso em algo, depois mudo na hora (risos).
BW: Tocar em batalhas, para B-Boys e B-Girls e comandar grandes eventos como você fez recentemente na Red Bull BC One é um trabalho que tem suas complexidades? O que jamais pode acontecer quando se está à frente de eventos como esses? Existem aquelas músicas mais esperadas? E as menos desejadas no gosto da galera?
MF: Tocar em grandes eventos de Breaking é uma responsabilidade enorme… lida com o sonho de competidores… não podemos perder a concentração… no caso da BC One têm as músicas próprias, por uma questão de direitos autorais… são mais de 1.000 músicas… tento escolher as melhores no meu conceito.
Imagem: ® Rafael Berezinski
BW: Gostaria que você falasse da importância do trabalho dos DJ´s dentro da Cultura Hip Hop. Falando de valorização, no Brasil você acha que os DJ´s são valorizados como deveriam?
MF: Começando que foi um DJ que fez a festa e o outro deu o nome de Hip-Hop… e os B-Boys e B-Girls mantiveram com força… acho que o Brasil não valoriza a Cultura DJ… têm alguns eventos que sim… mas, de um modo geral, não… temos o Erick Jay, multicampeão e as marcas preferem colocar influencers para tocar (Não são todas! Mas a maioria).
BW: Onde está Pelezinho está o DJ MF! Nos fale dessa amizade e dessa parceria que vem dando tão certo ao longo dos anos. Quantos anos são de amizade e de trabalho?
MF: Minha amizade com Pelezinho veio do trabalho… pegamos uma sequência de trabalho juntos e nasceu a amizade… ele hoje é como um irmão… em casa, minha família tem ele como parte dela: mãe, irmã, tios e primos. O Pelezinho não mistura as coisas, se eu errar, sou cobrado! A amizade continua, mas não me chama mais para trabalhar. Quem conhece ele tá ligado!
BW: Fale de suas produções. Está trabalhando em algo novo?
MF: Estava sim, mas meu computador deu pau, perdi tudo!
BW: MF, cada profissão com o passar do tempo tem suas dores… que dores normalmente sentem os DJ’s?
MF: DJ’s sentem dores nas costas e, alguns, tendinite, por isso precisam se cuidar.
DJ MF e os manos do Pavilhão 9 Imagem: ® Arquivo Pessoal
BW: O Breaking vive uma realidade olímpica. Tocar como DJ numa olimpíada seria algo que você gostaria de vivenciar?
MF: Sempre gostei de esportes, pratiquei vários… acompanho vários também… meu sonho era ir para uma Olimpíada como atleta… como DJ seria incrível!
BW: Que mensagem você deixaria para os DJ´s que estão começando e para todos os leitores do Portal Breaking World?
MF: Amem o que vocês fazem, respeitem e queiram sempre evoluir… terão momentos difíceis, mas não desistam.
Imagem: Rafael Berezinski
Imagem: ® Arquivo Pessoal
Imagem: ® Julio Nery
Imagem: ® Rafael Berezinski
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“Queria mostrar ao mundo a beleza de nossa cultura. No meu ambiente, meus pais e amigos nunca levaram o Breaking a sério, então, eu encontrei uma maneira de mostrar a eles que éramos super-heróis” (Little Shao)
Ele é de família vietnamita mas nasceu em Paris, cidade conhecida como a capital europeia da Arte ou Cidade das Luzes, que durante séculos e até hoje ainda recebe de braços abertos as mentes mais complexas, iluminadas, incríveis e brilhantes nas diversas vertentes das artes. Thinh Souvannarath, mais conhecido como Little Shao, escreveu seu nome na história mostrando toda sua paixão pelo Breaking através de seus cliques, evidenciando a beleza da Cultura Hip-Hop e dos seus elementos. Desde o início, esteve totalmente envolvido na cena underground. Passou toda a infância nos subúrbios de Paris, onde conheceu o Hip-Hop. Aos 14 anos começou no Breaking. Entrava em batalhas e também fotografava e testemunhava os principais eventos de Breaking. À medida em que se aprofundou, sentiu que havia falta de documentação fotográfica. Naquele momento, começou a analisar todas as fotografias que tinha tirado ao longo da sua caminhada. Decidiu que queria mostrar a sua visão da cena. Queria produzir registros de Breaking melhores do que qualquer outra coisa que já tinha sido feito na vida e levar a fotografia de dança para outro nível. Uau! E não é que ele conseguiu?! Essa semana durante a Red Bull BC One em São Paulo, o Portal Breaking World teve a oportunidade de conversar com Shao e apresentar para vocês, breakers, essa entrevista exclusiva e super especial, confira abaixo:
BW: Eu gostaria que você nos falasse sobre suas origens, onde você nasceu e cresceu. O que veio primeiro em sua vida, o amor pela fotografia ou o amor pelo Breaking? Quando e como isso aconteceu?
Little Shao: Minha origem é vietnamita, mas nasci em Paris, França, depois que meus pais se mudaram para lá para trabalhar. Eu cresci em bairros difíceis, mas meus pais me mantiveram muito focado na escola, mesmo que eu passasse todas as minhas noites e fins de semana brincando ao ar livre. Eu tinha um grande interesse em tudo, como esportes, vários jogos e atividades que me levaram a me apaixonar por Breaking, por volta de 1997. Esta foi definitivamente minha primeira paixão e a fotografia veio mais tarde, como um suporte para isso, como uma forma de arte que era fortemente ligada à dança, para captar e hipnotizar esta cultura. Isso acontece especialmente porque senti que queria mostrar ao mundo a beleza de nossa cultura. No meu ambiente, meus pais e amigos nunca levaram o Breaking a sério, então, eu encontrei uma maneira de mostrar a eles que éramos super-heróis… (risos).
Francês de família vietnamita, Little Shao se tornou referência na fotografia Imagem: ®Arquivo Pessoal
BW: Houve referências ou alguma pessoa especial na dança ou na fotografia que o encorajou a continuar e fazer o que faz com tanta perfeição e excelência?
Little Shao: Acho que minhas referências estavam realmente fora do nosso mundo da dança. Lembro que minha referência era Davehill, um fotógrafo que tinha um render específico de fotografia que se aproximava da pintura, da publicidade. Claro que mais tarde, quando vi as imagens do Red Bull BC One, sonhei em me tornar fotógrafo um dia para este evento e adicionar minha visão a ele, trazendo minha visão a bordo. Acho que minha perseverança, trabalho duro e mentalidade B-Boy me fizeram querer ser o melhor.
BW: Quando você decidiu se dedicar totalmente à fotografia? Foi difícil escolher entre o Breaking e a fotografia?
Little Shao: Em 2007, terminei meus estudos na Escola de Negócios de Paris, com especialização em Finanças. Comecei a trabalhar como consultor no mercado de bolsa de valores e foi realmente o momento em que não consegui encontrar tempo e motivação para praticar, para manter meu nível de Breaking no topo da batalha, então, fiz a escolha preguiçosa de fotografar mais batalhas de Breaking. Essa foi uma maneira de eu permanecer na minha paixão. A fotografia começou a ganhar força para mim entre 2010 e 2012, decidi mudar completamente e me dedicar como fotógrafo profissional em 2012. Todas as minhas escolhas sempre foram difíceis, mas segui meu coração.
O B-Boy que virou fotógrafo mundialmente reconhecido Imagem: ® Arquivo Pessoal
BW: Ser um B-Boy te ajuda a entender e capturar melhor os momentos e sentimentos de cada dançarino que você fotografa?
Little Shao: Sim, claro! Isso ajuda na sua conexão com as pessoas, as formas, os códigos que a gente tem na cultura é superimportante. Quando eu estava dançando, sempre fui superexigente com minhas formas e meu estilo, então, acho que queria refletir isso nas minhas fotos, é claro.
BW: A ausência de registros como documentação fotográfica de Breaking o motivou a intensificar seu trabalho, mostrar tudo o que aconteceu e sua visão da cena?
Little Shao: Sim, naquela época a internet não era o que é hoje, então, acho que era mais fácil não ser mimado e era mais fácil para mim desenvolver minha visão, porque como um B-Boy você sempre quer ser único, não copiar as pessoas. Graças aos meus estudos e dinâmica na escola, por volta de 2005/2006, minha atenção já estava em torno das plataformas sociais, então, eu meio que usei isso para divulgar minhas fotos e documentar nossa cultura.
Little Shao na Red Bull BC One Camp Brazil 2022 Imagem: ® The Sarará
BW: Aqui no Brasil temos bons fotógrafos, mas as condições de trabalho ainda são muito difíceis para a grande maioria. Como estão as coisas no país em que você mora? Conte-nos sobre sua rotina de trabalho, reconhecimento, valorização profissional e, claro, amor pela fotografia?
Little Shao: Ser artista é difícil também no meu país por causa dos números. Eu sinto que temos um acesso mais fácil a equipamentos e tecnologia, mas porque todos podem ter, traz muita competição e para poder viver como artista você realmente precisa ser o melhor. Quando você tem muita concorrência e fotógrafos, o valor cai. Lutei muito pelo meu reconhecimento e valorização profissional, por ter uma forte estratégia de marketing. A chave é como fazer as pessoas entenderem sobre seu custo, sua qualidade, seu profissionalismo e experiência.
BW: Como começou sua jornada na fotografia? Em todos esses anos, houve alguma foto especial que ficou imortalizada em sua carreira? Você pode falar sobre eles?
Little Shao: Comecei a fotografar muitos retratos para dançarinos franceses. Esses dançarinos começaram a viajar muito e usaram minhas fotos para se comunicar, o que me levou a ser convidado como fotógrafo para grandes eventos. Acho que, quando fiz o Urban Dance Camp, achei uma boa ideia fazer fotos criativas misturando dançarinos de todos os ambientes. Misturei bailarinos de coreografias famosas com breakers, com dançarinos de street style, etc… essas fotos viralizaram nas redes sociais porque eu trouxe um estilo diferente, com fotos que chamaram a atenção das pessoas. A estreia do Juste também foi um grande evento que cobri e me ajudou muito. Alguns anos depois, todos esses dançarinos começaram a dançar e coreografar grandes artistas da música, foi quando tive a chance de clicar e colaborar com Justin Bieber, Madonna, etc…
B-Boy Leony, campeão da Red Bull BC One Cypher Brazil 2022 Imagem: ® Little Shao
BW: Como você vê o fato do Breaking se tornar um esporte olímpico? Teremos clicks de Little Shao nas Olimpíadas de Paris?
Little Shao: Sim, eu escutei que meu nome foi cogitado para ser o fotógrafo principal de Breaking nas Olimpíadas, mas nada é certo, então, eu tenho que verificar esse ponto (risos). Nunca sabemos o que pode acontecer… você pode ser o melhor, mas se um amigo do amigo do organizador estiver por perto, essa pessoa pode ser recomendada e não você. Mas para ser honesto, eu ficaria super-honrado de registrar o primeiro evento de Breaking nas Olimpíadas, especialmente porque é na minha cidade! Mas eu acho que o Red Bull BC One é o melhor evento para fotografar.
BW: Você já esteve no Brasil outras vezes? O que você acha do nosso país?
Little Shao: Acho que essa é a minha 6ª ou 7ª vez… vim muito para o Rio e esta é apenas a minha segunda vez em São Paulo. Eu realmente amo este país. Minha primeira vez aqui foi na final mundial do Red Bull BC One, em 2012, e foi um choque para mim. Foi a minha melhor experiência. Eu já atirei com a minha câmera em muitos brasileiros (risos).
B-Boy Menno, campeão mundial da Red Bull BC One 2017 Imagem: ® Little Shao
BW: Esta semana aconteceu um workshop no Red Bull BC One aqui em São Paulo, conte-nos sobre o que apresentou aos brasileiros…
Little Shao: Fiz o possível para compartilhar minhas motivações e inspirar as pessoas. Se eu consegui apenas dar um vislumbre de motivação que tenho em minha alma para eles, então foi um sucesso!
BW: Qual é a sua mensagem para as pessoas que amam seu trabalho e o têm como referência?
Little Shao: Sem Arte, a vida é seca! (risos)
A editora do portal Breaking World, jornalista Luciana Mazza e o fotógrafo Little Shao na Red Bull BC One 2022 Imagem: ® Breaking World
Imagem em destaque: ®Piltosh
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“Eu trombava com eles, alguns apontavam o dedo na minha cara pra rachar, isso só me fortaleceu, me deu mais ânimo de treinar a cada dia, e lutei para ser a melhor mulher a dançar o Power Move no Brasil naquela época!” (B-Girl Beth)
Década de 90, o dance dava lugar a música eletrônica, mas tinham aqueles que mergulharam na música Black, foi o caso de Elisabeth Prado, mulher preta, nascida em Osasco, filha de pais separados, por algum tempo foi criada por um tio no Rio de Janeiro, mas logo voltou para São Paulo com a mãe, onde cresceu e se tornou a conhecida B-Girl Beth Power Move. Ela pensava: “Se aquele cara consegue fazer determinados movimentos, porquê não vou conseguir?”. Ela conta que foi essa forma de ver as coisas, mantendo a cabeça sempre aberta, que facilitou o aprendizado dos mais difíceis movimentos do Power Move, o que a tornou muito conhecida. Engravidou, perdeu um filho, engravidou novamente, sofreu discriminação dentro da própria cultura, mas não ligou, seguiu em frente… O Portal Breaking World teve a honra de conversar com essa diva brasileira do Power Move, que teve muita história para contar e conselhos para dar… Gostou da introdução? Então confira a entrevista:
BW: Queria que você falasse seu nome completo, idade e nos contasse um pouco sobre suas origens, sua infância e juventude?
B-Girl Beth: Meu nome é Elisabeth Prado, tenho 42 anos. Nasci em Osasco. Mas desde os 3 anos de idade fui criada no Rio de Janeiro pelo meu tio, depois que minha mãe se separou do meu pai. Ela precisou trabalhar e para isso meu tio cuidou de mim até os 7 anos e meio, depois disso, minha mãe foi me buscar e me trouxe para São Paulo, desde então fui levando minha infância… Na minha época, as crianças brincavam na rua sem problemas, eu brinquei de muitas coisas na época… pipa, pião, bolinha de gude, taco, corda, amarelinha, elástico, pedrinha, dominó, entre outros… Logo fui crescendo e comecei a gostar de vôlei… Neste período, eu gostava muito de fazer Educação Física na escola, eu pedia para a professora deixar eu fazer todas as aulas só para jogar e ela deixava! Os anos foram passando e quando a professora foi trocada na escola a outra que entrou começou a formar um time de vôlei para participar de campeonatos… Logo eu consegui uma posição no time e participei 2 anos da Copa Danapi, era um campeonato entre colégios de todos os lugares de São Paulo e a abertura dos jogos aconteciam no Ginásio do Ibirapuera. Não recordo muito o ano, mas já era no início da minha adolescência… Comecei também a ir paras baladas, aos 14 anos, nessa época fui apresentada para as músicas de Dance, quando o baile inteiro dançava o mesmo passinho, era muito legal.
Ser B-Girl nunca é fácil, B-Girl Power Move, menos ainda…
BW: Quando teve contato pela primeira vez com a Cultura Hip-Hop? O que te atraiu nessa Cultura? Você tinha apoio da sua família?
B-Girl Beth: Naquela época, o Dance mudou para música eletrônica e eu fui deixando de gostar e comecei a ouvir música Black e acabei gostando muito! Fui levada para o Projeto Radial e desde então lá virou minha segunda casa, sempre que eu ia lá tinha uns caras dançando Breaking e eu nem sabia que dança era aquela… Mas eu via eles fazendo uns movimentos no chão e eu lembro que comentava com uma amiga que tinha gente limpando o chão do baile (risos) até que pela primeira vez vi uma mulher fazendo moinho de vento e achei muito interessante ela dançando, isso foi no ano de 1996.
BW: E o Breaking? Quando e como começou na sua vida? Existiram pessoas que te ensinaram os movimentos ou você aprendeu sozinha?
B-Girl Beth: Foi a partir daí que veio o interesse pela Cultura Hip-Hop. Passei uns meses treinando, conhecia pessoas que me ensinaram, até que houve um período da minha vida que minha mãe me proibiu de dançar por causa de um namorado que eu tive na época. Ele disse a minha mãe que só tinha eu no meio dos homens e que me proibisse, ele era muito ciumento, não gostava quando eu saia pra treinar, foi quando conheci uma B-Girl e a levei em casa pra apresentar a minha mãe, depois disso minha mãe não ligou para isso… Porém, tive muita dificuldade de locomoção para ir aos lugares pois eu não trabalhava na época, minha vida era escola e treino… Escola e treino… O Breaking? Ele começou a partir do momento em que vi a primeira mulher fazer movimentos de moinho de vento… Depois, fui correndo atrás de lugares que as pessoas dançavam, essa dança na qual me identifiquei, quando ouvi falar da Estação de Metrô São Bento e que os encontros aconteciam aos sábados, aquele canteiro de flores que tem lá era um palquinho e tinha pessoas de vários lugares de São Paulo e do interior também… Conheci as primeiras pessoas e eles me ensinavam os movimentos e quanto mais me aprofundava mais eu gostava, cada vez o corpo exigia mais, fui seguindo o caminho. Uma noite na balada uma dançarina mulher (era assim que eu a identificava na época não sabia que o nome era B-Girl – risos), apontou o dedo na minha cara e jogou uns movimentos e na época eu estava começando e fiquei sem reação e outra pessoa entrou por mim… No dia seguinte, eu fui treinar pensando nela dia e noite e decidi que ia correr atrás. O tempo foi passando, comecei a ir para vários lugares onde aprendia a dançar, mas eu ia para um lugar treinar com uma galera e depois ia para outro com outras pessoas e alguns achavam que eu era uma espiã e levava e trazia os movimentos de um para o outro (risos). E nunca nem me veio isso na cabeça, eu nem tinha maturidade de fazer isso e passei por algumas rejeições, só porque eu queria dançar, mas quem via de fora não via isso…
BW: Como era ser B-Girl no seu tempo? E uma B-Girl que fazia movimentos de Power Move?
B-Girl Beth: A cada lugar que eu ia e via os caras dançando mais, eu pensava comigo, se aquele cara consegue fazer aquilo porquê comigo seria diferente? Então! Sempre tive uma cabeça aberta, isso facilitou que aprendesse com facilidade… No final, não teve revanche entre eu e a B-Girl pois ficamos amigas (risos)… Continuei a dançar, tive muito altos e baixos dentro da Cultura, com B-Boys muito bons no Power Move, quando eu estava nos bailes e eu trombava com eles era uma tirada apontando o dedo na minha cara pra rachar, isso só me fortaleceu, me deu mais ânimo de treinar a cada dia, de ser a melhor mulher a dançar o Power Move! Depois conheci outros estilos que têm dentro da Cultura como Aéreo, o famoso Robozinho, era assim que eu achava na época, Freestyle, Locking, Popping… E eu, vários B-Boys como os famosos pés-de-barro que faziam Power Move, diziam que eu tinha um talento desperdiçado e eu comecei a entender melhor, agora eu no mundo dos Powers Moves, independente dos contratempos, eu era respeitada, rachei na balada com alguns nomes e assim fui ficando conhecida cada vez mais… Dançar Power Move nunca foi fácil e na minha época também existia preconceito com quem era Power Move, tanto que se parar para pensar até hoje isso acontece, mesmo eu não estando mais na Cultura, apareceram várias B-Girls que foram feitos matérias, entrevistas com elas e eu nunca tive essa oportunidade de terem interesse de fazer algo do gênero comigo… Entre tudo isso que aconteceu isso nunca me abalou, só deixou eu cada vez mais forte dentro de mim…
B-Girl Beth agora
BW: Fale desse preconceito… Acontecia dentro da Cultura ou também existia na sociedade?
B-Girl Beth: O maior preconceito que tive mesmo foi dentro da Cultura Hip-Hop.
BW: Beth, houve movimentos mais difíceis de aprender? Qual você levou mais tempo? Como era seu preparo físico para executar esses movimentos?
B-Girl Beth: Os movimentos mais difíceis pra mim eram aqueles que eu estava começando a aprender. Eu não tinha muito recurso de preparo físico pra dançar, não me alimentava bem, naquela época eu pesava em torno de 45 kg, eu era leve, mas para alguns eu estava pesada para dançar, aí nós corríamos a famosa avenida imperador para emagrecer mais para os movimentos ficarem cada vez mais perfeitos. O moinho de vento eu demorei mais, o flare em um mês peguei, achei fácil, eu girava um pouco de cabeça, fazia algumas sequências dos Powers (risos) e assim ia.
BW: Fale um pouco do clima dos eventos que rolavam na sua época. Como eram? Verdade que você ganhou vários deles? Fale sobre os mais especiais que marcaram sua vida…
B-Girl Beth: Quase não tinham eventos… A galera se encontrava nos bailes Black, tinha um que no último sábado do mês era Flash Back, eu contava os dias para chegar essa data e ir ao baile… Muitas das vezes eu rachava nesse baile e acaba pegando movimentos diferentes na empolgação das músicas, eu mesmo só tive conhecimento dos eventos de Breaking no ano de 1999 em diante… antes disso, eram só os bailes e os encontros na São Bento. Quando comecei a ir aos encontros de Breaking era quando formavam as rodas, tinha aquelas separações como a roda dos B-Boys e outra dos “pés-de-barro”. Em 1999, eu participei pela primeira vez de um campeonato de Breaking, tive a oportunidade de ser chamada pra dançar num grupo chamado Style Crew.
Superação e determinação para superar desafios
BW: Nos conte sobre sua crew… Qual era e como vocês se relacionavam?
B-Girl Beth: Bom, a primeira crew que fiz parte foi a Detroit Breaks, nesta crew eu participei de um programa na TV, do Raul Gil, pelo dinheiro da premiação, na semifinal perdemos, mas foi legal essa experiência (risos). Depois que sai do grupo fiquei um tempo sozinha, sem grupo, sem ninguém, até ter a oportunidade de ser chamada na Style Crew… Quando comecei a aparecer em outros lugares… Meu relacionamento com grupo Detroit Breaks era confuso, pois tinham muitos desentendimentos com o que treinar.
BW: Hoje em dia, a nova geração de B-Girls, chegam cada dia mais cedo no Breaking e as B-Girls fora do país já mandam os Power Moves sem nenhuma dificuldade, mas, no entanto, quando olhamos a maioria das B-Girls brasileiras, entre 20 a 30 anos, poucas ou quase nenhuma se arriscam nesses movimentos… Na sua opinião, o que acontece? Que justificativas existem para isso? Algumas alegam que o corpo da mulher é diferente do corpo do homem… Quais suas impressões sobre esse assunto?
B-Girl Beth: Já na minha época, dava pra contar nos dedos quantas mulheres dançavam Breaking, eu mesma tinha em torno de 16 pra 17 anos eu acho, eram poucas B-Girls, não tinham a quantidade que tem hoje, mas quando ia em alguns eventos, quando eu já tinha parado de dançar, não me lembro de ver B-Girls dançando Power Move. A única justificativa que tenho para isso hoje em dia seria falta de força de vontade, porque para tudo na vida e só a pessoa se esforçar e também querer, eu pensei que não conseguiria até pelo fato de estar mais pesada do que antes, mas até isso não me impediu… Eu quando fiquei grávida fiquei muito debilitada, perdi meu primeiro filho com 6 meses de gestação, esperei 5 meses pra engravidar novamente e após acontecer isso eu fiquei deitada e sentada a minha gestação toda, para não perder o bebê, ganhei 20kg a mais, quase entrei em depressão por não me aceitar da forma que fiquei pós gestação, mas graças a Deus eu não desisti de mim e comecei a fazer atividades físicas, e hoje, aos 42 anos, me sinto bem melhor que antes… Basta querer! Lógico que com algumas limitações, porque pra treinar Power Move não é fácil, os movimentos exigem muito esforço, é uma dança bruta, e não se aprende a fazer os movimentos da noite para o dia… É mais demorado, podendo até demorar meses ou anos dependendo da pessoa. Mas eu consegui!
Treino forte e muita força de vontade: para B-Girl Beth tudo é possível
BW: Hoje em dia falamos de Breaking nas Olimpíadas! O que acha sobre isso? B-Boys e B-Girls vão virar atletas, na sua opinião o que muda? Como Personal como você analisa o preparo físico dos nossos breakers? Estamos preparados para batalhar no mesmo nível com os europeus e estrangeiros em geral?
B-Girl Beth: É positivo, é muito bom isso na minha opinião! Valorizar o Breaking como uma modalidade esportiva! Essa dança é muita intensa e exige muito preparo físico! A entrada do Breaking nas Olimpíadas e uma forma de ser valorizado na sociedade que antes nos criticava tanto, nos vendo como vagabundos. Mudamos de vagabundos para atletas de alto rendimento. Muitas crianças já começam cedo, a geração de hoje evolue mais rápido, tentando superar seus próprios limites na dança, virando atletas muita coisa muda, se antes a dança era por prazer e claro que tem campeonatos com premiações e tudo. Mas virando um esporte a ponto de virar uma modalidade nas Olimpíadas, um dos maiores campeonatos de competições do mundo juntando 99,9% dos esportes, estão reunidos num único evento é excelente, quem dera se eu não tivesse parado, ai se arrependimento matasse (risos), mas os dançarinos virando atletas a dança fica muito mais séria, tendo a maior das responsabilidades, porque estará representando seu país… A cobrança será muito maior… Agora como Personal, tendo esse olhar, vendo da transformação de uma dança para um esporte de alto padrão… Os dançarinos tem que ter além dos treinamentos de dança um preparo físico melhor, mais resistência e fôlego pra dançar, é muito bom começarem a pensar assim. Agora os níveis dos campeonatos que acontecem no Brasil têm que ser mais rígidos com os futuros atletas, têm que estudar mais os níveis dos atletas dos outros países, para não ficarem pra trás. Acredito que o Brasil tem que correr atrás para se preparar mais e chegar num ótimo nível. Torço pelo Brasil…
BW: Como você vê a cena atual principalmente para as mulheres? Hoje se fala muito de empoderamento feminino e se abriu o diálogo para discussões e denúncias de abusos sofridos pelas mulheres dentro da Cultura… Comente essa questão!
B-Girl Beth: Eu acredito que isso acontece em qualquer lugar desse mundo, tem países que são piores ainda, vivendo num mundo machista que só vê as meninas como um objetivo sexual, sendo que as mulheres têm a mesma capacidade que os homens, podem conseguir cargos importantes, tendo os mesmos direitos que os homens, a mulher sofre perante a sociedade, vemos empregos com mesmos cargos onde os homens ganham mais que as mulheres, acompanhamos muitos feminicídios, abusos, agressões, até mesmo com pessoas próximas de nós, e pouca coisa é feita a respeito desse assunto… E acredito que dentro da Cultura não seja diferente… É necessário ficar atento a tudo que vem acontecendo!
Olhar atento para as mulheres é uma necessidade, segundo a B-Girl Power Move
BW: Quem é a B-Girl Beth hoje? O que faz? No que acredita?
B-Girl Beth: Hoje eu sou uma mulher mais madura, com responsabilidades de mãe e com afazeres do dia a dia pro meu próprio sustento… Hoje eu sou Personal, amo o que faço, gosto de cuidar das pessoas, saí do Breaking e entrei pro mundo fitness, acabando virando uma profissão pra mim hoje… Me sinto muito bem fisicamente e mentalmente e muito feliz no que faço, embora tenho muitas conquistas a realizar ainda (risos).
BW: Que mensagens deixaria para as B-Girls que ainda estão atuantes na cena e para a nova geração?
B-Girl Beth: Minha mensagem para as B-Girls que ainda estão em cena é que não parem e continuem firmes e fortes como referência para as novas gerações… E para novas gerações que estão pegando o melhor momento do Breaking: aproveitem essa oportunidade agora que virou uma modalidade olímpica, aproveitem! Aproveitem o seu tempo e as oportunidades!
Fotos: Arquivo Pessoal
B-Girl Beth dançando em videoclipe:
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Muitos falam da Cultura Hip-Hop, dos seus elementos, outros se acham donos dessa mesma cultura, sem ao menos conhecer suas origens e suas principais ideias, mas se informar sobre o passado é essencial para viver o presente e passar conhecimento de forma correta, construindo o futuro. Falar sobre o começo, é lembrar de Kool Herc, ele era “o cara”! Foi considerado o “Pai do Hip-Hop” na totalidade. Kool fazia Graffiti, era DJ, MC e sua crew dançava.
Quando fazia uma festa, todos estavam lá! Ele foi o primeiro grande DJ, todos dançavam em suas festas, as “Block Partys”, era impossível ficar parado, ele tocava no “Sedgwich Ave”, no Bronx, suas caixas de som eram grandes e a música era escutada de longe. A festa acontecia dentro e fora! Sempre tinham muitas pessoas do lado de dentro e do lado de fora. Era possível, em determinado momento da festa, escutar “Esse é o DJ Kool Herc e você sempre volta para ouvir mais”. Foi nessas festas que nasceu o Hip-Hop. Herc tocava uma parte do disco que tinha um “break down” nele, que hoje é o que chamamos de “Break Beats”. Toda a música do disco saía e ficavam apenas as batidas. Essas batidas eram frenéticas e enlouqueciam as pessoas que estavam escutando. Era um momento muito esperado por todos. Por exemplo, na música de James Brown, quando chegava em “…a clap your hands”, ele repetia, “stomp your feet, stomp your feet”, o nome dessa parte da música se chamava “carrossel” e era nessas horas que os “Breakers” dançavam.
DJ Kool Herc
A palavra B-Boy veio de Kool Herc, deveria ter representado o Bronx, na verdade era “Breaking Boys”. Quando a galera estava “Breaking” nas festas, significava que estavam procurando confusão, eram “Breaking Boys” e “Breaking Girls”. Breaking vem da terminologia de rua. A pergunta: “Por que você está Breaking?”, significava “Por que você está fazendo coisas fora do normal?”. Estar zangado era estar “Breaking”, ou seja, nos dias de hoje seria “estar bravo, está chutando o balde!”. Essa se tornou uma expressão oficial quando Kool Herc usou. Os B-Boys eram “os meninos que quebravam” e as B-Girls eram “as meninas que quebravam”, não tinha nenhuma ligação e não veio dos breaks no disco, como muitos pensam.
O Breaking começou com os seus fundadores da dança, na década de 70. Era algo que aparecia nas festas. A palavra “B-Boying” significa a manifestação corporal do Hip-Hop. Não eram só os pés, mãos em movimento, eram usadas todas as partes do corpo. Cabeça, pescoço, mas intelecto e também caráter. O Breaking nunca foi moda, mas uma arte legítima! Os B-Boys comiam, bebiam, respiravam e pensavam “B-Boying”. Toda vez que se escutava “Sex Machine”, “Just Begun”, “Apache” que era hino de todo B-Boy, era possível ver a música ser sentida no corpo, fazendo esses meninos dançarem, tratava-se de algo mágico, que apenas a música e sua energia faz com as pessoas. Na verdade, foi a música que fez desenvolver todos os estilos e movimentos. O Breaking é Hip-Hop puro! Ken Swift uma vez disse: “O Breaking começou com uns poucos irmãos e irmãs que não se importavam com o que as pessoas pensariam de seus movimentos”. Eram meninos sem dinheiro, que moravam nos guetos, no meio do ambiente urbano. Nas festas, a pessoa entrava fazendo pose, depois descia ao chão. E se os movimentos fossem bons, se formava uma roda em volta para que outro pudesse também entrar e desafiar o mano na dança. Nesse clima, surgem pessoas como os “Nigga Twins”, que dançavam para Herc. Eles desciam até o chão e giravam, foram os primeiros a fazer isso. Chegavam nas festas com charutos e casacos compridos: eles arrebentavam! Dançavam em cima de cimento.
O chão era de cimento e o piso papelão
Alguns fundamentos:
O “Top Rock” que era feito no início permanece presente até hoje no Top Rock que os breakers fazem. Top Rock é o cartão de visitas, quando o B-Boy apresentava o seu estilo. Havia também outros movimentos, como o Indian Step (Passo de Índio). Mas os movimentos no chão surgiram mesmo entre 1974 e 1975. Spy, do “Crazy Commanders” foi o criador do “Footwork” que é a base do “B-Boying”. Mais tarde, seria adicionado aos fundamentos o “Freeze” (congelamento de movimentos) e, por último, os “Power Moves” (movimentos acrobáticos).
Então, o que se fazia no início foi levado para fora do Bronx, quando surgiram os “Zulu Kings”, que faziam uma combinação de “Sweeps” com passos russos, que a pessoa dobrava os braços e chutava para frente: eram uns passos bem básicos. Um B-Boy que lembrava muito o que se fazia no passado (chamado por alguns de “Old School”) é o Frosty Freeze, o Foootwork não parecia completo sendo associado ao início. É de Pop Master Fabel o comentário: “Ele fazia um estilo que quase nunca vejo ninguém fazer”. No “Zulu Kings”, Beaver (Castor) era o maior nome em “B-Boying”, sem discussão. Durante algum tempo, ninguém era melhor que Beaver, até que chegou Spy (Espião) que ganhou dele. Spy era conhecido como o “Homem Com 1000 Passos”, ele se tornou uma lenda! Usava chapéu vermelho e o cabelo “Black Power” por baixo, tinha uma energia única. Seus movimentos eram muito limpos e fluíam. Qualquer coisa que fazia se tornava singular!
Já Legs fez o “Swipe” no ar, sendo muito original. “Trac2” eram incríveis, se arrumavam para sair, eram como estrelas. Inventaram muitos passos que hoje ainda se vê. O Breaking era considerado underground, até que Herc trouxe tudo para fora, todas as coisas underground, tudo que acontecia nos corredores, dentro das casas, foram levados para a rua. E aí começou a se espalhar pelo mundo todo, já não era algo apenas americano. Batch foi um dos primeiros breakers hispânicos! O estilo dos latinos era chamado de “estilo moreno”. Mas foram os porto-riquenhos que colocaram o Breaking nas costas. A “SalSoul Crew” foi onde todos surgiram. Depois da “SalSoul”, Batch começou a “TBB Crew” que era uma das melhores crews de Breaking. Mas naquela época, alguns foram mortos e outros presos. Certa vez, Batch falou que talvez se não fosse isso eles teriam ganhado muito dinheiro naquela época.
Em 1977, começou a “Rock Steady Crew”, muitos dos membros eram B-Boys super estrelas do Bronx. A “Rock Steady” representava os B-Boys sérios! Mr. Freeze era um dos únicos B-Boys brancos naquela época. Ele andava em todos os cantos e estava em todos os lugares e dizia: “Sou o Mr. Freeze, da Rock Steady Crew!”, e as pessoas gostavam dele. A “Rock Steady Crew” chegou a ter 500 membros e nesse momento, a mídia se interessou por isso. Na época, saiu na revista “National Geografic”, no jornal “New York Times”, no canal de televisão “ABC News”, isso aconteceu em 1980.
Rock Steady Crew
Então, surgiu a “Negril”, a primeira discoteca que era um “Clube do Hip-Hop”, no centro de New York e todos estavam sempre lá. “Negril” escreveu a história do Hip-Hop para o resto do mundo. E nessa época, naquele local, batalhava “Floor Master”, que era uma crew atlética que girava muito e que eventualmente poderia até encontrar seu caminho nos Jogos Olímpicos contra a “Rock Steady Crew”. Mais tarde, a “Floor Master” mudaria o nome para “New York City Breakers” e, sem dúvida, foi a crew que mais comercializou a dança, eles e levaram o Breaking para a grande massa. Em 1984, nos Jogos Olímpicos, a crew se apresentou no evento e também estavam presentes nos grandes programas de televisão americana. Se apresentaram para o Presidente Ronald Reagan. Nessa época, a mídia batizou a dança de “Breakdance”, também foi nessa época que foi feito o primeiro filme de Hip-Hop chamado “Wild Style” (Estilo Selvagem). A ideia era mostrar que todos os elementos eram conectados e faziam parte um do outro no Hip-Hop, capturando a essência! Em 1983, foi a vez do filme “Flash Dance” (Em Ritmo de Embalo) quando a “Rock Steady Crew” foi convidada para participar. No filme, aparecem Ken Swift, Crazy Legs e Frosty Freeze, o mundo conheceu os B-Boys por meio do filme.
Em 1984, muitas crews começaram a se separar. “Rock Steady Crew”, “Dynamics”, foi nesse ano que foi feito o filme “Beat Street” (A Loucura do Ritmo). Esse filme deu continuidade ao “Wild Style” no sentido de mostrar a cultura Hip-Hop de New York. Nesse ano, também, morreu o B-Boy Matt, do “New York City Breakers”, num acidente de moto. Nessa época, muitos passaram dificuldades, traficavam, alguns foram assassinados, presos. Outros se dedicaram a outras coisas e trabalhos.
A mídia começa a destacar o Rap, pois na verdade eles podiam vender discos que as pessoas poderiam levar para casa, enquanto que com o Breaking isso não acontecia. Os B-Boys abriram as portas para o Rap. Muitos Rappers foram criticados por não manter a essência, por esquecerem os B-Boys em seus vídeo clipes, colocando mulheres nuas da cultura e por cada vez mais visar uma indústria milionária.
Mas o Breaking não foi uma febre passageira, ele continuou e todo dia apareciam em cada canto do mundo novos B-Boys e B-Girls. O Breaking continuava sendo vida, arte, dança e um estilo de vida. Mos Def dizia: “Não há diferença entre Ken Swift e Baryshnikov: a dança em suas diferentes expressões é sentimento. E isso é louco!”.
Nos aniversários da “Rock Steady” todos compareciam, de todas as partes do mundo. Eles vinham para batalhar! A verdade é que o Hip-Hop não estaria onde está se não existissem as batalhas. Se alguém quisesse batalhar, você tinha que respeitar, afinal, as brigas foram trocadas pelas batalhas nas rodas. Mas em relação aos excessos, são de Crazy Legs as palavras: “Se uma pessoa não consegue se controlar numa batalha, então não merece ser chamado de B-Boy”.
O tempo parecia areia e ia embora pelos dedos, outros dias chegaram e uma nova geração do Breaking nascia. Certa vez, Spy disse: “Eu os vejo e acho que estão fazendo coisas belas e criativas”. Outros da “New York City Breakers” declararam: “Toda geração tem a sua criatividade e energia para mostrar” e, ainda, “Estou feliz que já paguei as minhas dívidas. Tenho 31 anos, agora deixem os meninos batalharem!”.
E Crazy Legs: “Todos os B-Boys pelo mundo devem continuar, pois somos o passado, eles são o futuro e todos juntos somos o presente. Vamos dançar!”.
Afrika Bambaataa, que foi o fundador do “Zulu Nation”, que tinha como princípio as bases do Hip-Hop, exortou: “Paz, amor, união e diversão foram os responsáveis pela existência do verdadeiro espírito do Hip-Hop. Qualquer coisa diferente disso não é Hip-Hop! Discriminação de qualquer espécie não é Hip-Hop”, ele falava: “O Hip-Hop não é só coisa de negros e de latinos. Venham todos, participem! Não trata-se de raças, nem cor, estamos falando de habilidade, de sentimento e de ideologia”.
Esse texto foi escrito por meio de pesquisas e testemunhais de quem viveu essa época. Fotos: Reprodução
Ilustração de Kool Herc
DJ Kool Herc
The Soult Bronx
The Soult Bronx
DJ GrandMaster Flash
DJ GrandMaster Flash
Run DMC
Savage Skulls Gang
The Soult Bronx
The Soult Bronx
The Soult Bronx 1970's
Graffiti e Breaking no Metrô
The Soult Bronx 1980´s
The Soult Bronx 1980's
The Soult Bronx 1980's
The Soult Bronx 1980's
The Soult Bronx 1980's
The Soult Bronx 1980's
Briga de Gangs 1980's
The Soult Bronx 1980's
The Soult Bronx 1980's
The Soult Bronx 1980's
The Soult Bronx 1980's
The Soult Bronx 1980's
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