Técnica no Breaking? Tudo a ver!

No Breaking, o domínio da técnica é fundamental para o sucesso em competições e/ou cyphers, quando falamos de execução de tal movimento ou na apresentação de uma session limpa e harmoniosa. Para se formar uma B-Girl ou um B-Boy muito hábil tecnicamente é preciso que, antes, se invista nos fatores físicos.
A técnica no Breaking defino como o domínio completo das estruturas motoras econômicas nos fundamentos e em movimentos, dos simples aos complexos, sejam eles nos planos alto, médio e baixo, com a junção da habilidade e destreza durante a realização de tal movimento, considerando o resultado máximo a ser atingido nas mais difíceis condições da competição ou em cypher. Executar movimentos ou passos ágeis, rápidos, eficazes que os tornam em um nível técnico elevado.
Na aprendizagem é importante que o aluno passe por 3 fases:
Fase pré-motora: Preparação do ato por estabelecimento de um programa motor (visualização do movimento, passos e ou freezes). Aqui se dá início ao condicionamento físico, ou seja, preparar a B-Girl ou B-Boy antes de iniciar a execução de certos movimentos. Um exemplo: na fase de aprendizagem do “Flare”, precisamos trabalhar alguns grupos musculares como abdômen, flexões de braços, costas e dos exercícios de esquadro e prancha.
Fase motora: Realização de programas motores. Aqui o aluno vivencia e experimenta o que antes só havia em sua mente. Muito importe receber estímulos verbais e visuais.
Fase pós-motora: Apreciação do movimento. A B-Girl ou B-Boy julga se o que fez pareceu ou não com aquilo que lhe foi ensinado. Caso encontre falhas no seu movimento, poderá então estabelecer um novo processo motor, ou seja, seguir outros caminhos para que se entenda e execute o movimento “correto”.
O arte-educador ou treinador poderá e deve corrigir o gesto motor do aluno durante ou após a execução do movimento.
A memória é indispensável a todos os processos de aprendizagem e de adaptação, pois a B-Girl ou B-Boy só mudará o seu comportamento se comparar a nova informação recebida com os modelos antigos que já trazia consigo e assim formar um novo projeto em sua mente.
O arte-educador ou treinador deve, logo no início do trabalho com aquele aluno, instruí-lo a executar a técnica do movimento mais eficaz e econômica na realização daquela tarefa para, mais tarde, permitir os ajustes pessoais de estilo de cada aluno ou atleta. Nesse ponto, o educador/treinador passa a corrigir o dançarino baseando-se na sua técnica individual.
Para que sejam possíveis correções motoras precisas, deve-se utilizar mecanismos de controle como filmes, fotos, vídeos e visualização presencial. O processo de aprendizagem técnica deve prosseguir sem muitas pausas prolongadas entre as unidades de treinamento, senão a eficácia do treino poderá diminuir.
O treinamento técnico deve ser feito em estado repousado. A quantidade das repetições de exercício deve adaptar-se às bases condicionais e a capacidade de concentração, um sistema nervoso central cansado não permite uma concentração ótima.
Vejamos agora os motivos que podem levar a B-Girl ou B-Boy a estagnar ou mesmo retroceder em sua evolução técnica: Uma técnica defeituosa impedirá que coloque suas potencialidades físicas (força, flexibilidade, resistência, etc.) crescentes a execução de uma “session” (performance) específica superior.
Motivos:
Participação precoce em competições: A participação muito precoce em competições quando a técnica ainda não está suficientemente estabilizada, pode influenciar negativamente a evolução técnica, pois o aluno irá repetir estruturas motoras “falsas” pelo stress da competição (especifico na fase inicial);
Sobrecarga informativa: Pelo excesso de informação verbal, pode ocorrer uma “regressão sensório-motora”. Isso acontece quando, nos eventos, várias pessoas querem ensinar do seu jeito, isso causa indiretamente sobrecarga de informação e confusão na hora de executar. A prevenção seria a redução da informação verbal e pausas suficientes para a elaboração;
Sobrecarga por fadiga: Muita instrução técnica combinada com um esforço físico intenso pode produzir a “regressão motora por fadiga”. A prevenção seria controlar os níveis de intensidade do treinamento físico e técnico.
Carências de informação: O aluno produz um projeto motor falso, ele não compreende o que seria o correto e assim não pode compreender as correções e demais instruções. A prevenção seria fazer um controle da compreensão dos alunos a cada novo ponto ensinado e fazer perguntas que estimulem o aparecimento de dúvidas.
Carências de motivação: Atenção insuficiente, falta de vontade interior. A prevenção seria uma instrução pedagógica suficiente, compreensiva e estimulante.
Carências de condição: Se o aluno não está maduro o suficiente para aquele tipo de treino ou se fisicamente não se encontra bem, a aprendizagem da técnica será prejudicada. A prevenção seria a melhora das condições físicas e a aplicação de instruções compatíveis com o estágio de desenvolvimento do aluno.
O caminho para a perfeição técnica no Breaking, em primeiro lugar, passa pelo nível inicial da técnica e pelas experiências motoras adquiridas. A B-Girl ou B-Boy, com
melhor treinamento em coordenação motora e condicionamento físico, aprende mais depressa a execução tecnicamente correta do que outros que possuem um repertório de movimentos menor, uma base coordenativa restrita e condicionamento físico baixo. Portanto, é muito importante o trabalho precoce no sentido de ampliar o repertório de movimentos e aperfeiçoar as técnicas básicas de execução dos mesmos.
Fotos: Coelho BDA e Arquivo Pessoal
