Os “Donos da Pista”: Eles comandam a festa e mostram porque são a energia e o coração das batalhas
Desde o começo dos anos 1970, os DJs (sigla para Disc Jockey e que deve ser pronunciada “dee jay”) são responsáveis por comandar as festas, por manter a boa vibe nos eventos. Os primeiros registros da função de DJ estão ligados à Cultura Hip-Hop, nomes como o de Kool Herc, considerado o pai do Hip-Hop. Jamaicano, Clive Campbell (verdadeiro nome de Kool Herc) nasceu em Kingston, em 16 de abril de 1955, foi o responsável por organizar e animar as festas que deram origem a todo um movimento cultural que ganhou o mundo a partir do Bronx, em Nova York. Kool, junto com Grandmaster Flash, eram os “donos” da rua e dos discos que faziam a festa da rapaziada do bairro. Foram eles os primeiros DJs, que com dois toca-discos começaram a “encaixar” uma música na outra, sem que isso fosse perceptível. Para manter o público empolgado era preciso mais que música, era necessário tocar a vida das pessoas e alegrá-las por meio dos toca-discos, como os “toastes” jamaicanos, que incitavam o público falando rimas ao microfone, foi aí que apareceram os primeiros MC’s, os “mestres de cerimônia”. Mais tarde, essas duas manifestações, somadas ao Breaking e o Graffiti, dariam origem ao que chamamos de Cultura Hip-Hop.
Sem os DJ’s talvez o Breaking nunca tivesse existido. Essenciais dentro da Cultura Hip-Hop e nas batalhas de MC´s e de Breaking, os DJ´s são a alma e o coração desses momentos mágicos vivenciados por MC’s, B-Boys e B-Girls de todo o mundo. Sempre munidos de um par de toca-discos, um mixer, um notebook e muitas músicas, seja no vinil, MP3, pendrive ou em qualquer outro recurso tecnológico que armazena arquivos musicais, eles comandam a festa, as pistas e as rodas!
É de se lamentar que hoje em dia, ainda, algumas pessoas banalizem essa profissão e sem informação não reconheçam a sua importância dentro da cena. Em recente entrevista, o DJ Erick Jay, que está entre os melhores do Brasil, desabafou: “Acho que falta uma educação musical e uma valorização da música mesmo. Quantas vezes já ouvimos uma música em alguma festa que mudou nossas vidas? O DJ tem a função de divertir, mas também de compartilhar informação. Falta reconhecimento. A nossa profissão é muito séria, não pode ser banalizada como um monte de gente faz”.
DJ Ninja, que começou na década de 1980, concorda e ainda acrescenta que não é nem falta de respeito, mas sim de informação: “É uma profissão muitas vezes ingrata, são poucos que nos respeitam. No meio dos dançarinos é verdade que muitos têm consideração, mas sempre aparece um engraçadinho. Meus professores foram os discos e o ouvido, naquela época não tinham as informações e tecnologias de hoje, era tudo feito na raça, quem sabia algo guardava para si. Eu ia nos bailes, nas festas e via as viradas dos DJ’s e nos programas mixagens perfeitas, aí eu pirava! Até que um dia eu consegui comprar dois toca-discos e um mixer e parece que estava no sangue mesmo, quando mixei minha primeira música com um mês, foi muito gratificante. Como tudo, no começo era difícil, lembro que na época carregamos muito peso para tocar, mas os resultados eram gratificantes, pois eu ralava muito e gostava do que fazia. Hoje em dia continua sendo gratificante, tiveram certas coisas que mudaram para melhor e algumas vieram para acomodar nossas vidas. Atualmente, levo um HD com quase 100 mil músicas, muita coisa mudou, se no começo eu fosse fazer isso ia precisar de uma carreta! (risos)”.
Ninja recorda: “Algo que nunca sai da minha cabeça é quando fui tocar na Argentina, senti muita diferença, quando eu acabei de tocar nos rachas os B-Boys foram todos me agradecer e aí eu escutei uma coisa que nunca mais saiu da minha mente, eles falaram que era muito gratificante dançar em músicas diferentes, porque isso melhora o nível deles, totalmente inverso com a cena que rola no Brasil. Eles, além de valorizarem o DJ, enfrentam o desafio de dançar no ritmo das músicas e falavam que não tinha graça ir dançar nas batalhas com as mesma músicas do treinos”, conclui.
Além das festas dos eventos, DJ Ninja foi da primeira geração da São Bento, local importante na história do Hip-Hop brasileiro. Ele afirma: “A São Bento, não parece, mas ela é um lugar sagrado! Quando toco para os B-Boys, danço com eles! Quando escolho as músicas, vou muito no feeling da bagagem, falo muito com dançarinos também e é importante entender um pouco do gosto deles, só assim eu consigo agradar e criar um vínculo de respeito entre DJ, dançarino e público! Capto energia dos dançarinos e, ao mesmo tempo, eu respondo com os sons e nas batalhas me sinto ali, batalhando com eles, quando rola um som e a galera agita, aí fica muito melhor, até dá arrepio! A adrenalina fica à mil. O nosso trabalho é essencial para que tudo saia perfeito. Sem ele é como imaginar um corpo, que não respira, não tem alma e nem coração!”, finaliza o DJ, que juntamente com o DJ A.G. Naja são residentes e comandam as pick-ups nos encontros da São Bento, tradicionalmente com vinyl.
Para Jab Cut, que iniciou a carreira de DJ na própria dança, como B-Boy, a questão é simples. Ele fala: “A essência do Hip-Hop é a festa. Sendo assim, o DJ tem um papel determinante nisso tudo. Sem o DJ não existe festa e numa batalha de Breaking, isso não é diferente. O DJ é quem dá o tom da festa, da batalha e da pista e isso precisa ser respeitado sempre! Ser DJ é uma profissão respeitosa, porém desvalorizada. O DJ é essencial e fundamental para o Breaking, pois sem ele não existiriam os Breakers e nem a energia das pistas. O DJ é considerado pela maioria da cena como um elemento muito importante para o Breaking, mas na prática não é o que vemos. Muitos organizadores de evento tem facilmente substituído o DJ por um pendrive com playlists automáticas. Então, se as pessoas e organizadores conseguem substituir o DJ dessa forma, isso quer dizer que o discurso de que o DJ é um elemento importante para o Breaking é um discurso falso. Já me senti também várias vezes desrespeitado, a forma mais comum é quando alguma pessoa do público, sem noção e sem educação, vem pedir música como se fosse obrigação do DJ tocar o que ela quer ouvir. Ou quando o DJ para o som para falar um pouco sobre o seu trabalho e não recebe a devida atenção. Entre outros, temos também os detalhes antiprofissionais como, por exemplo, não pagar o cachê combinado, extrapolar o horário e não oferecer alimentação. Muitas vezes, o DJ acaba recebendo a fama de antipático por não perceber as pessoas falando com ele enquanto toca a batalha. Mas não nos levem a mal, é que nesse momento estamos realmente muito focados no trabalho. É por esse motivo que muitas vezes o local do DJ está isolado e só o pessoal da produção tem acesso. Mas, acreditem, gostamos da interação com o público”.
Jab conta que o ano de 2007 foi um marco na sua vida com a música, por meio de um amigo ficou sabendo sobre uma entrevista do Mano Brown, que ele falava sobre suas influências e habilidades musicais. Ali, descobriu um novo mundo sobre o que era o Hip-Hop. Naquela época, Jab e seus amigos eram fissurados em Rap Nacional. Ele recorda: “Em nossa ingenuidade, com a nossa pouca informação musical, achávamos que o Rap era o melhor gênero musical do mundo. O comentário de Mano Brown ficou na minha cabeça durante um bom tempo. E, em 2008, quando eu comecei a ter acesso à internet, que também era um meio de comunicação inacessível para muitos, em uma das minhas pesquisas sobre Rap, eu assisti outra entrevista. Essa era do KL Jay falando sobre suas influências musicais e de onde saíram algumas inspirações para suas produções. Ali foi o segundo marco. Entendi que os samples eram nada mais do que as influências musicais dele. Aquilo foi uma descoberta pra mim e me fez repensar tudo o que eu achava que sabia sobre música e Hip-Hop. Foi quando eu comecei a enxergar os outros gêneros musicais ao meu redor e atribuir valor àquilo. Aquela entrevista despertou o meu interesse em querer conhecer mais sobre os gêneros que influenciaram o Hip-Hop e o Rap, saber mais profundamente sobre a música, sobre as suas origens, quem as cantavam e etc. Isso tudo virou um novo universo na minha vida. Eu mergulhei numa pesquisa tão intensa, conhecendo músicas, artistas e suas histórias. Isso mudou muito o meu olhar sobre o Hip-Hop. Na época eu não tinha condições e nem acesso à compra de discos. Eu não fazia ideia de quais eram os caminhos e eu também não tinha ninguém próximo ligado à cultura do vinil. Isso tudo me limitou bastante. Existia também uma grande atmosfera de arrogância entre os DJ’s que tocavam de vinil. Muitos não gostavam de falar o nome dos cantores e músicas que tocavam. Ainda assim, eu continuava do meu jeito com as minhas pesquisas e descobertas. Em 2010, com toda aquela bagagem, passei a levar algumas músicas para o ambiente de treino de dança do qual eu fazia parte. Muitas músicas eram boas, mas algumas precisavam de edições mais adequadas para o Breaking. Meu desejo de levá-las ao treino despertou em mim o interesse em aprender sobre como editá-las, pois eu sabia exatamente onde mexer nas músicas, só não sabia como fazer. Foi aí que um amigo que dança e também canta Rap, o Thimu, me disse que dava para fazer as edições por um programa que ele usava. Ele me mostrou algumas funções e foi o suficiente para eu entender como funcionava. Era tudo muito intuitivo para mim e a minha impressão era como se eu já conhecesse, como se eu já tivesse visto aquilo em algum lugar. A partir daquele momento, eu passei a editar algumas músicas e levar para o treino. Não demorou muito e comecei também a produzir alguns remix”, conclui.
No final do ano de 2011, Jab teve contato com o DJ Gustavo Arantes. E no início de 2012, a convite dele, frequentou algumas aulas e pode conhecer mais sobre a arte da discotecagem. Foi um grande momento, viraram grandes parceiros e realizaram um projeto juntos no 2° semestre de 2012, o “The GroundSession”, que foi realizado no Bar do Netão, na Rua Augusta. Somente no início do ano de 2015 ele adquiriu o seu primeiro equipamento, uma Control S4. Ele fala: “Meu aprendizado passou por vários processos, desde a curiosidade, o conhecimento autodidata e o contato com pessoas que me orientaram e incentivaram. No início de 2015, eu toquei a primeira batalha com os meus próprios equipamentos. Foi a “Batalha das Gangs”. Ali eu já me sentia mais seguro pra assumir o meu lado DJ. Somente no ano de 2016, durante a “Batalha das Gangs” especial de aniversário de 10 anos da “Gang’Style”, que eu de fato assumi pra mim mesmo o título de DJ. Eu ainda tinha alguns receios, mas eu precisava oficializar, pois boa parte da cena já me considerava um ótimo DJ de Breaking. A partir daí, mais convites foram surgindo e no ano de 2018 eu fui indicado pelo público da cena ao “Prêmio BreakSP Destaques de 2017”, ficando entre os três finalistas e não parei mais. Na dança? Nesse mesmo ano fui convidado para discotecar junto aos DJ’s DanDan e Conrado, no evento “Rival vs Rival”, organizado pela crew “AfroBreak”. Nesse evento, eu tornei público o meu afastamento definitivo das competições. Comecei a refletir sobre minha vida como B-Boy também. O “Master Crews” foi a última batalha que eu participei. O ortopedista me alertou sobre uma lesão que tive no cotovelo, que era irreversível e a única forma de prosseguir dançando era dar um tempo na dança para tratar a lesão. Foi uma época muito difícil pra mim. Porém, isso tudo coincidiu com vários questionamentos à competição e o Breaking na minha vida, eu já não estava mais feliz competindo, para mim já não fazia mais sentido batalhar por batalhar, eu não via mais graça no ranço, na rivalidade e comecei a me questionar sobre os porquês da batalha. Foi uma boa fase de reflexões. Muita gente acha que eu parei de dançar, mas não. Eu não parei de dançar, apenas parei de competir. Esse tempo afastado e como expectador amadureceu o meu olhar para coisas que antes eu não entendia dentro da cena e dentro das batalhas de Breaking. Eu realmente mudei o meu olhar em relação às batalhas e muitas outras coisas. Eu decidi que batalhar era uma coisa que eu não queria mais pra mim. Em 2018, fui convidado para discotecar no “The Cypher Jam”, em Berlim, na Alemanha. Lá eu pude entender muitas coisas sobre a cena Breaking. O Breaking pra mim se tornou possível nas cyphers, sem compromisso ou, então, discotecando nas batalhas e festas. Cada evento, cada pista, cada batalha sempre foi uma sensação diferente. É difícil descrever, é uma mistura de responsabilidade, satisfação, orgulho, influência e controle, mas a sensação que sobressai em mim é a de responsabilidade”, afirma.
Jab dá alguns conselhos para quem pretende começar na profissão: “o ideal é frequentar algumas aulas ou curso, vivenciar a prática, instalar um programa de DJ no PC, colar com alguns DJ’s para entender os códigos e notar qual será a sua afinidade, interesse e desenvolvimento nisso tudo. Se você sentir que gostou, isso já diz bastante. Depois disso, é só saber qual tipo de vivência te agradou mais. Hoje em dia é possível atuar como DJ usando diversas plataformas diferentes equipamentos, desde aplicativos para celular até toca-discos, CDJs e controladoras de última geração. A aquisição inicial irá depender do tipo de DJ que a pessoa pretende ser. Cada proposta tem uma necessidade específica e os equipamentos podem ser bem variáveis. E como os equipamentos são sempre muito caros, não dá para sair comprando sem saber basicamente com o que você se identifica. No Hip-Hop, normalmente, o DJ usa um par de toca-discos que pode custar em média de 3 a 5 mil reais; um mixer que pode custar em média de 1 a 2 mil reais; um par de agulhas + shell que pode custar em média de 500 a 900 reais; e em muitos casos um notebook compatível que pode custar em média de 3 a 8 mil reais. Fora as outras necessidades e suportes técnicos. Lembrando que essa é uma média bem básica e esses valores podem variar. Uma alternativa mais barata a isso tudo é a controladora. Eu não posso afirmar com toda certeza, mas acredito que eu fui o primeiro DJ em São Paulo a tocar com CDJs e controladoras em batalhas de Breaking, quebrando o protocolo de tradição do uso de toca-discos. Existem no mercado várias marcas, de todos os preços, mas mesmo assim é necessário saber com o que você se identifica para poder comprar a controladora mais compatível. Afinal, cada um tem seu estilo e o DJ toca ali a história e a pesquisa dele. As pessoas que dançam, dançam ali suas próprias histórias. E lembrem-se: sejam humildes, respeitosos, pesquisem e estudem a história do Hip-Hop e dos elementos artísticos da nossa cultura. O Hip-Hop evoluiu muito e provavelmente já não estamos mais falando apenas de Hip-Hop. Já é possível dizer que estamos falando de uma provável Cultura Pós Hip-hop, principalmente aqui no Brasil”, finaliza.
Na opinião do DJ MF, tocar exige tanta habilidade quanto dançar. São dele as palavras: “Comecei aos 14 anos, toquei em alguns grupos de Rap. Mas, aos 25 anos, me profissionalizei e a minha base de formação tive ajuda do Grandmaster Nice, DJ Ninja e DJ KL Jay, me dediquei muito para saber o que sei hoje em dia. A importância do DJ na cultura Hip-Hop é histórica, dentro dos campeonatos de Breaking é o principal elemento, pois pode estimular ou desestimular quem está dançando. Temos uma responsabilidade com aquele B-Boy ou B-Girl que está executando seus movimentos. Participei da “Hip-Hop DJ”, “Quartz” e “Liga dos DJs” como participante e organizador, “Batalha Final”, entre muitos outros. Sempre atrás dos toca-discos me sinto realizado, pois quando se ama o que faz não há como ter outro sentimento. Na nossa atividade, devemos estar antenados em tudo, principalmente nas nossas responsabilidades, conhecer os B-Boy e B-Girls, identificar as tendências do Breaking, não tentar se destacar mais que os B-Boys. Um erro grave que um DJ não pode cometer é trocar a música no meio de uma session de um dançarino”, finaliza.
De Santos, cidade do litoral de São Paulo, o B-Boy e DJ Cristiano Silva, conhecido na cena como “Cachorrão” ou DJ Dog, da Dynamic Breakers, uma das Crews mais importantes do litoral, reforça a ideia do DJ MF a respeito da mudança de música: “Existe uma diferença muito grande entre tocar em batalha ou outras ocasiões, existe uma preocupação enorme numa batalha, porque qualquer deslize você pode prejudicar a entrada do dançarino e eu sei que isso não é legal, eu sempre exijo um bom ângulo para acompanhar entrada por entrada e não virar a música no meio de uma performance, pois o dançarino já espera o beat ou refrão para um movimento de impacto. É importante tomar cuidado com o excesso de scratch durante as músicas, na hora de soltar a primeira música, pode fazer na hora de um beat, até valoriza um freeze ou stance, 30% de scratch já é demais. Ficar atento a cada round, entrada e saída de cada B-Boy. Acredito que a diferença é visível quando o DJ já foi ou é dançarino e está conectado com o que está acontecendo na batalha”, opina.
Cachorrão começou como “DJ de notebook”, se tornou DJ profissional em 2016, quando conseguiu comprar o primeiro equipamento, mas o interesse na arte da discotecagem já vinha desde os anos 90, onde um outro DJ chamado Gripa atuava em um grupo de Rap formado por integrantes da crew de Breaking que ele fazia parte. Recorda: “Conheci grandes nomes da Baixada Santista e São Paulo, como Tijolo, Gato Magro, Mamuth, MC Jack, Heliobranco, Ninja e inúmeros amigos que foram inspirações. Mas assim que adquiri meu setup, comecei um curso certificado pelo DJ Mamuth, onde aprendi muitas coisas, não só a manusear o equipamento, mas uma visão profissional sobre a discotecagem. Meu primeiro campeonato foi a “Roda de Breaking”, organizada pela “Mad Feeling Crew”, em 2016. Nervoso, pois havia participantes do Peru, então me senti em um campeonato de nível gringo, sendo o meu primeiro tinha muitos medos, que foram superados ali. Mas nunca parei de dançar e nem pretendo, o Breaking sempre foi minha primeira paixão dentro do Hip-Hop, na última batalha que teve em Santos, em 2018, atuei como DJ e participei da batalha, o ano estava acabando e eu estava tocando em praticamente todos os eventos da baixada, não podia deixar passar e acabei ficando em segundo lugar. E depois, minha segunda paixão, os toca-discos, sempre que vou discotecar é como se estivesse dentro de uma nave prestes a decolar, no momento que o MC dá o comando “enfarta eles ou solta a pancada DJ Dog”, me sinto parte do meu setup como se estivesse interligado no equipamento e ao mesmo tempo é como se eu estivesse dançando, uma conexão perfeita, a reação dos dançarinos a cada música é sensacional”.
Tempo de conhecimento, estudo e pesquisa tem que existir na vida de um DJ. Dog fala da importância: “Estudo e pesquisa são fundamentais para você conseguir montar bons repertórios e ter uma boa aceitação na cena, o acervo musical do Hip-Hop é riquíssimo, temos os anos 70s, 80s, 90s até os tempos atuais para mesclar o bom gosto com novos temas e bons remixes, acompanhar o que está acontecendo no cenário mundial também é muito importante, como estou dançando e ainda participo de algumas competições, consigo extrair o melhor dos dançarinos, equilibrando as músicas que identifiquem o seu perfil de dança. Criar seu sets visando o ambiente e o público presente, ter o conhecimento do seu equipamento, do programa que você usa como o Serato DJ, Tractor ou Rekordbox vai evitar muitas dores de cabeça para conseguir resolver qualquer tipo de problema que possa acontecer. Quem acha que o trabalho de um DJ é só apertar um botão mostra o quanto desconhece o assunto, aos que dizem isso, peço para que fiquem do lado de um DJ por 5 minutos, apreciando o trabalho, depois sei que vão mudar de opinião. O DJ sempre vai ter uma função importantíssima na cultura, ele comanda toda a energia das festas, cyphers e batalhas sendo dançarinos ou público amante, ele sempre é o primeiro a chegar e deve ser o último a sair, perdem noites pesquisando músicas, preparando repertórios certos para o momento certo. Fora o repertório para as batalhas, separam um repertório para as cyphers nos intervalos, onde a intenção é agradar dançarinos e o público presente, deixando todos felizes até o final do evento”, conclui.
Agora que você já conhece, por meio do Portal Breaking World, um pouco mais do importante trabalho desses “gênios da pista”: “respeite os caras, pô!”. Dance muito até a última música, aproveite a vibe e a energia de cada evento, mas nunca esqueça que por trás de cada picape, de cada festa ou batalha, tem um DJ, que no final merece sua atenção e seu aplauso!
Fotos: Wendel Carmo, William Machado, Divulgação/Arquivo Pessoal