Alô! É do Rio de Janeiro? Hoje o papo é com a Flow 021 Crew
O Portal Breaking World abriu um espaço especial totalmente dedicado a contar a história das Crews espalhadas pelo nosso país.
Se você deseja ver a história de sua Crew contada e eternizada pelo nosso portal, não perca tempo! Nos escreva contando a história da sua família na Cultura Hip-Hop.
Hoje damos o pontapé inicial com a Flow 021 Crew, do Rio de Janeiro.
Sim, o Rio de Janeiro é a terra do Samba, do Funk, do Carnaval, do Passinho, da Garota de Ipanema mas, também, tem o Breaking! E os B-Boys e B-Girls cariocas representam!
Tivemos o prazer dessa semana conversar com o Cleiton, mais conhecido como Tevez, um dos meninos da Flow 021. Confira a entrevista na íntegra:
BW: Queria que você falasse seu nome completo, sua idade, onde e como foi sua infância.
Tevez: Cleiton da Silva Gonçalves, tenho 31 anos. Eu sou nascido e criado em Santa Rita, bairro nobre da cidade de Nova Iguaçu, que é um município do estado do Rio de Janeiro, localizado na baixada fluminense. Foi lá que tive uma infância incrível, com tudo que tinha direito. Jogava bola, pião, bola de gude, soltava pipa, brincava de taco, ioiô e etc.
BW: Onde teve contato pela primeira vez com a Cultura Hip-Hop e com o elemento Breaking?
Tevez: Meu primeiro contato com a cultura foi através de um amigo na escola, ele fazia parte de um grupo de dança e me chamou pra conhecer o grupo e foi lá que tive meu primeiro contato com o Breaking porque tinha outras pessoas que dançavam Breaking, Popping e outros estilos.
BW: Quando começou a dançar? Com que idade? Alguém te ensinou?
Tevez: Comecei a dança Breaking em 2016, foi logo depois que saiu o primeiro DVD da Red Bull BC One, nessa época eu tinha 17 anos de idade. Tiveram duas pessoas que além de me ensinar me inspiraram muito a treinar e dar continuidade, o B-Boy Magno e o B-Boy Dblu.
BW: Na sua caminhada na dança, tiveram movimentos mais difíceis de aprender?
Tevez: O Breaking é insistência, é persistência, praticamente quase todos os movimentos tive bastante dificuldade, mas o que mais tenho dificuldade até hoje é o Air Flare (“Loko”).
BW: No Rio de Janeiro, o Funk é algo muito forte e presente na cultura do carioca. Fale um pouco sobre o que existe ligado ao Breaking. Quais são os eventos mais conhecidos para B-Boys e B-Girls que moram no Rio?
Tevez: Sim! O Funk no Rio é forte demais e muito presente, principalmente agora que o “Passinho” entrou para as Danças Urbanas. Então, tem Funk, tem Passinho e por aí vai. Aqui no Rio temos poucos eventos, mas os que têm são muito importantes pra cena. Temos o Arena Híbrida, B-Boy Confronto, Resolve na Roda, Manifesto B-Girl e Rio H2K. Esses são os eventos de maiores consistências aqui no Rio.
BW: Existe rivalidade entre funkeiros e B-Boys ou o respeito prevalece?
Tevez: Ao meu conhecimento, nunca teve rivalidade não, muito ao contrário, a galera do Funk se amarra nos outros estilos e principalmente na galera do Breaking, porque temos movimentos que acrescentam na dança deles.
BW: Fale um pouco da Flow 021 Crew, quando foi formada.
Tevez: Flow 021 é uma Crew que existe desde 2010, foi criada por alguns integrantes de outras crews, o objetivo era pegar o melhor de cada Crew, nos juntar para viajar e pode representar o Rio de Janeiro em outros estados. Óbvio que na prática muitos não compraram a causa, mas os que ficaram fizeram acontecer, tanto que já rodamos alguns estados competindo com a Flow 021.
BW: Como escolheram o nome?
Tevez: O motivo do nome ser Flow 021 é porque na junção dos integrantes, escolhemos o melhor de cada Crew e os que mais tinham um Flow carregado e o 021 é o DDD do Rio de Janeiro, por isso chegamos à conclusão de Flow 021.
BW: Fale sobre os B-Boys da Crew?
Tevez: B-Boy Stal, 31 anos, é o nosso representante de mais expressão e conhecimento, porque ele que fazia nossos projetos, ele que via os eventos que a gente podia competir fora do Rio, pedia carta convite aos organizadores, por isso é o nosso linha de frente na nossa comunicação; Diogo Monteiro, 28 anos, B-Boy Bambimo, nosso mais novo integrante com 5 anos de Crew, formado em direito, é o advogado da nossa Crew; Marlon Leonardo, 28 anos, B-Boy Sequela, seu maior forte é trick combo. Sequela atualmente está parado por conta de trabalho; Flávio Gonçalves, 37 anos, B-Boy Flávio é o nosso integrante mais cascudo, também já viajou muito o Brasil competindo pela Crew. Ele é militar, no entanto, treina quando pode; Gabriel Monteiro, 28 anos, B-Boy GB está se formando em museologia; Alex Ricardo, 31 anos, B-Boy Alex trabalha em salão, ele que cuida do penteado dos integrantes; Bob Vinicius, 36 anos, B-Boy Bob trabalha com animação de festa e é youtuber; Jean, 27 anos, B-Boy PL nos representa demais aí em São Paulo; Pedro Cortez, 24 anos, B-Boy Miojo, integrante novo, também anda atarefado com a faculdade; Rafael Lima, 30 anos, B-Boy Russo. Atualmente Russo também está buscando formação na faculdade de cinema pela Estácio de Sá e eu, Cleiton da Silva, 31 anos, atualmente trabalho como técnico de informática.
BW: Quais são as Crews mais conhecidas do Rio de Janeiro? Vocês costumam se encontrar em eventos aí no Rio?
Tevez: As Crews mais conhecidas aqui no Rio são a GBCR, Ativa Break, KND, Reflexo Urbano Rootz Funk e Style Monster. Todas essas Crews nos encontram com bastante frequência nos eventos e às vezes até em resenha.
BW: Onde vocês treinam? Vocês têm o hábito de participar de eventos em outros estados?
Tevez: A Flow 021 foi criada justamente com intuito de competir em outros estados, mas tem outras Crews aqui no Rio que estão começando a sair para competir em outros estados também. Nosso local de treino é normalmente em local público, como a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ou o MAM (Museu de Artes Modernas) são os locais de treino não só da Flow, mas como de todas as Crews do Rio.
BW: Existe algum lugar no Rio que seja local de encontro de B-Boys e B-Girls, tipo Casa do Hip-Hop ou rodas que sempre acontecem?
Tevez: Os locais de encontro de B-Boy e B-Girl normalmente é na UERJ e no MAM. Os encontros não são com bastante frequência, mas por exemplo, no domingo passado rolou um encontro muito bacana no MAM.
BW: O que acha sobre a possibilidade do Breaking virar um esporte olímpico?
Tevez: Acho incrível o Breaking virar um esporte olímpico, porque desperta o olhar global para a cultura, o Breaking nas olimpíadas acaba com o clichê de muitos falarem que nossa cultura é marginalizada, eleva a dança e a cultura para outro nível, um nível mais profissional.
BW: Como têm sido os treinos nesse momento de pandemia?
Tevez: Os treinos nesse período de pandemia têm sido muito difíceis, por conta do dialogante aos espaços públicos, a UERJ por exemplo não abriu, com isso só tínhamos o MAM pra treinar e o MAM é um pouco mais distante.
BW: O que significa o Breaking para você?
Tevez: Além de um estilo de vida, o Breaking, por diversos anos, foi minha profissão, eu trabalhei 7 anos numa companhia de dança, já dancei no trem, no metrô, era com o Breaking que tirava meu próprio sustento. Sem contar o exercício, a terapia que o Breaking nos oferece.
BW: A mensagem que você deixa para os B-Boys e B-Girls de todo o Brasil?
Tevez: Aproveitem o treino, valorizem o momento que vocês têm pra treinar, porque o tempo é cruel, se vocês não treinarem agora, vai chegar um momento em que vocês não vão mais conseguir fazer isso, aí você vai ter a sensação de que todo o treino, todo o esforço foi em vão. Ninguém vai ficar jovem para sempre, o tempo é cruel, então, aproveitem e treinem intensamente, evoluam muito, viagem para outros estados, façam amizades, valorizem seu network, isso é muito importante hoje em dia.
Fotos: Arquivo Pessoal / Sue Cardoso / Marko De Paula / Rodolfo Lo Bianco / Rio Sun