Maior festival de Breaking do país agita final de semana em São Paulo e escolhe os melhores breakers que vão para o BC One Mundial na Polônia
Na última semana, o Portal Breaking World foi convidado pela Red Bull BC One para cobrir mais uma edição de um dos maiores festivais de Breaking do país, já na sua 18ª edição. Aceitamos o convite e agora dividimos com vocês, leitores, toda a correria desse evento tão esperado por B-Boys e B-Girls.
O festival da Red Bull BC One e seu filtro passou pelas cidades de Fortaleza (CE), Brasília (DF) e Curitiba (PR). Durante todas as disputas, os critérios avaliados pelos jurados Pelezinho, FabGirl e Neguin foram: criatividade, originalidade, dinâmica, combinações de movimentos e musicalidade – que significa dançar em cima da ‘quebra’ da música, o que traduz o nome desse elemento da Cultura Hip-Hop.
No último sábado (2), a festa foi em São Paulo e a decisão também. O evento começou com a testagem de Covid-19 em todos os dançarinos e profissionais envolvidos, nossa equipe também foi testada pelo laboratório Hilab Life, que trabalhou intensamente no local, depois do resultado do teste negativado, entramos na Red Bull Station. O clima era de animação e dava para sentir de longe a energia de cada B-Boy e B-Girl, que depois de meses isolados tiveram a oportunidade de voltar ao convívio social.
Alguns chegaram de longe para participar do evento, como foi o caso do B-Boy Russo, da Crew 021, que veio do Rio de Janeiro direto para São Paulo ou do B-Boy Luizin de Ipatinga, que também é responsável pelo Portal Cultura Urbana e viajou quase 13 horas para participar do evento. São dele as palavras: “O evento é um dos mais conhecidos, está bem organizado e a vibe está ótima. Valeu todo o tempo de viagem”.
A competição começou com os filtros das B-Girls e conversamos com algumas delas:
B-Girl Loirinha, de Fortaleza: “Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus por me dar força de correr atrás dos meus objetivos. A Red Bull está top, está legal o evento. Graças a Deus eu fui classificada, fiquei no Top 8. É isso aí, galera, vale participar e todos que puder compartilhem a cultura!”
B-Girl Keka: “A preparação para a Red Bull BC One esse ano foi difícil, porque eu ainda estou lesionada, eu lesionei o tendão, mas mesmo assim eu não parei. Continuo fazendo o que mais amo que é dançar Breaking e não vou parar, mas da próxima vez vou me preparar mais”, perguntamos sobre um climão que rolou na batalha de Keka com a B-Girl Jeizzy, ela respondeu: “Se você quer respeito, então dê respeito, quando as pessoas desrespeitam então precisamos cobrar…”.
B-Girl Jeizzy: “A batalha de B-Girls foi uma experiência única, foi ótima! A treta que rolou são surpresas que acontecem no Breaking!”
B-Girl Marcelina, de Campinas: “Salve pessoal, é a primeira vez que eu estou batalhando na Red Bull numa batalha de B-Girls! Eu treino desde 2016, não passei no filtro, mas a experiência está sendo muito boa. Eu gosto muito de Power Move, foi muito bom conhecer outras B-Girls aqui e trocar experiências com elas e com os B-Boys também.”
B-Girl Toquinha: “Evento está show, estou me sentindo em casa, estou confiante! Amanhã será melhor que hoje tenho fé!”
Os jurados também opinaram sobre o evento e sobre as batalhas de B-Girls:
B-Boy Pelezinho comentou: “Olha, se a eliminatória Cypher São Paulo estava nessa vibe, nessa energia, as meninas com sangue nos olhos, estou imaginando como será na final nacional… Parabéns paras as meninas, devem ir para cima mesmo!”. FabGirl também acrescentou: “Foi incrível, depois de tanto tempo de pandemia, é como se as pessoas estivessem com muita fome de Breaking, muito entusiasmo de dançar, de se expressar, está sendo lindo e para mim uma experiência única, é isso! Só amor!”
Também conversamos com os B-Boys e veja o que eles falaram:
B-Boy Ruddy: “Eu não participo da Cypher São Paulo, mas no domingo participo do nacional como convidado! Bom, eu vim daquela forma, representando o interior de São Paulo. Aquele jeitinho maroto de ser, sendo ridículo e único, quebrando técnica todo o tempo. Obrigado ao Portal também pela informação, que também salva vidas! Quanto mais falar do Breaking, mais pessoas são alcançadas e isso é bom.”
B-Boy Suco: “Salve a todos! Eu sou o B-Boy Suco, do Hip-Hop Educa, satisfação de estar aqui na Red Bull BC One. O evento está bom! Sobre o Hip-Hop Educa, continuamos com os trabalhos sociais, amanhã mesmo tem um evento lá em Mauá. O mês de outubro todo será dedicado às crianças e continuaremos o trabalho!”
B-Boy Alan Jackass: “Esse ano foi incrível, passamos por muitas coisas, perdas na família, com a volta da Red Bull estou feliz por estar aqui, ver os amigos, treinei bastante, mas aqui o chão está difícil pois escorrega e não ajuda quem é Power Move! Fora isso, o evento está ótimo! Tudo tranquilo. Esse ano tive Covid, foi minha mãe que cuidou de mim, eu fiquei com o pulmão 50% comprometido, eles queriam me internar, mas eu fiquei com medo de chegar lá e ser entubado e morrer, então, fugi do hospital. Afinal, temos visto tantas mortes! Nunca esperamos que as coisas aconteçam conosco, achamos que somos fortes e aprendemos que temos que nos cuidar mais! Hoje mesmo, aqui, fizemos o teste e acho que está tudo tranquilo, todo mundo que está aqui não tem nada! Então, me sinto bem!”
Rooneyoyo (De São Paulo, Presidente da Confederação Brasileira de Breaking – CBRB): “Estamos aqui prestigiando o evento da Red Bull BC One. Acabamos de ver os filtros e logo saberemos os nomes que vão competir amanhã! O evento está muito bom e desejamos sucesso a todos os competidores!”
B-Boy Amendoim: “Eu, um tiozão, participei hoje da Red Bull BC One. Eu bagacei, a galera curtiu a entrada (risos), agora vamos ver os resultados! A energia de encontrar todos novamente foi algo muito louco! A galera veio para mostrar o peso, para mostrar que treinou e que estava preparado, foi um filtro muito difícil e os 16 nomes que vão sair serão B-Boys muito bons! Quem treinou e quem estava preparado! A batalha de B-Girl também foi boa e estamos na expectativa!
E a nova geração?
Enquanto o programa olímpico, que engloba o Breaking a partir de 2024, busca um diálogo mais aberto com a nova geração, lembrando que em Tóquio, em outros esportes urbanos como o Skate foram eles que ocuparam os pódios, no festival da Red Bull BC One a presença da nova geração ainda aconteceu de uma forma discreta! Alguns, que são inclusive destaques em eventos internacionais representando o Brasil, não puderam participar por causa da idade, lembrando que a idade mínima para se inscrever na Red Bull BC One é 16 anos.
Mas conversamos com o B-Boy Marcin (16) da Dream Kids Brazil, que mora em Catalão (GO) e com o B-Boy Richard, de São Paulo (16), ambos representaram essa nova geração no evento. Marcin nos contou: “Foi uma experiência muito boa, fiz o meu melhor no filtro! Quem conhece a minha história sabe que não foi fácil nesses últimos anos, perdi minha mãe com Covid, mas dei a volta por cima, continuo treinando e evoluindo!”
Richard também falou: “Estive na eliminatória em Brasília e agora em São Paulo foi muito bom, gostei muito da energia! A minha viagem para Brasília foi de doideira, fui sozinho e foi muito bom! Agradeço a todos que me acolheram e me ajudaram.”
O primeiro dia da Red Bull BC One em São Paulo foi um sucesso! E a vibe estava incrível! E os destaques entre os que passaram no filtro foram B-Girl Jeizzy e B-Boy Training, entre outros nomes que também foram para a final.
Domingo chegou e com ele a decisão da final nacional, onde numa grande festa foram escolhidos os melhores breakers quem vão representar o Brasil na Last Chance Cypher, evento que vale vaga na Final Mundial, marcada para dias 5 e 6 de novembro de 2021, em Gdansk, na Polônia. A tarde foi marcada pelas eliminatórias femininas e masculinas.
A primeira competição foi entre as 16 melhores B-Girls, em duelos 1×1 elas se enfrentaram numa disputa que não foi somente entre B-Girls e B-Boys mas claramente entre marcas. Itsa e Nathana, duas mineiras, uma de Belo Horizonte e outra de Uberlândia, brigaram pelo título, mas o primeiro lugar ficou com Itsa, que foi campeã na última Red Bull BC One Brazil em 2019 e que esse ano com muita tranquilidade, técnica, fluidez e Power Moves, mais uma vez garantiu seu lugar na BC One Mundial derrotando a B-Girl Nathana, patrocinada pela Everlast, marca que recentemente montou um time de B-Boys e B-Girls e vem tentando se fixar no setor, porém, sem muito sucesso. A noite foi de Itsa, a bicampeã, que recentemente também perdeu seus avós com Covid e, muito emocionada, fez um discurso que comoveu a todos que assistiram.
No masculino, o goiano Alexandre Duarte, conhecido como B-Boy Xandin, de Anápolis, da Rock Niggaz Crew, garantiu o primeiro lugar contra o B-Boy Kapu, da 021 Crew, do Rio de Janeiro.
A competição foi cheia de emoção e aconteceu em alto nível. O evento pela primeira vez teve transmissão ao vivo pela SporTV, com narração de Renata Silveira e como comentaristas B-Boy Aranha, da Tsunami All Stars e B-Girl Sandra Kelly. O Portal Breaking World, no domingo, também transmitiu ao vivo a competição! Essa foi a primeira edição após a entrada oficial do Breaking nos Jogos Olímpicos.
Agradecemos a Red Bull BC One o convite e a atenção dada ao Portal Breaking World!
Imagem em Destaque: B-Girl Itsa por © Fabio Piva / Red Bull Content Pool