Menu
Breaking World
Quem é a Breaking World? Uma equipe de profissionais que faz, incansavelmente, a notícia chegar até você de maneira rápida e com qualidade! Somos de todas as raças. Somos Hip-Hop! Este é o nosso DNA.
  • Início
  • Notícias
    • Em Pauta
    • Artigos e Entrevistas
    • Na Cena
    • Empreendedorismo
    • B-Girls
    • Kids
    • Nossa Crew
  • Eventos
  • Quem Somos
  • Parceiros
  • Entre em contato
Close Menu
Breaking World 2020 12 29 Kuaray 00
29 de dezembro de 2020

Tem B-Boy na aldeia dos índios Tupi-Guarani

Ele nasceu no litoral de São Paulo, perdeu a mãe biológica quando tinha apenas 1 mês de vida e depois a mãe adotiva, quando tinha 5 anos, tendo apenas o pai e irmãos. Sua infância foi dentro da aldeia e na cidade. Vivenciou no ano 2000 a retomada das terras indígenas do Piaçaguera, que significa “o caminho ancestral”. Seu tio Awa Dju Pitotó e mais um grupo recuperou o Piaçaguera, pois ali era e sempre será o ponto de encontro e descanso dos Nhandewa Tupi-Guarani e, entre outros, nessa luta travaram brigas com duas grandes mineradoras pela terra.

Mas você deve estar pensando: o que essa história tem a ver com a Cultura Hip-Hop?

Bom, foi em 2003, por meio de um primo que Renato, também conhecido como Kuaray O’ea, que siginifica “amanhecer” teve contato com a Cultura. Desde então,vem praticando Breaking, não como algo para disputar, mas para se manter equilibrado. Ele fala: “Quem dança voa e quem voa precisa manter o equilíbrio, por isso danço Breaking”.

O Portal Breaking World conversou com o B-Boy Kuaray O’ea e vejam o resultado desse interessante bate-papo:

 

 

BW: Pode nos falar seu nome, sua idade e lembranças da sua infância?

 

Kuaray: Sou Kuaray O’ea, tenho 30 anos no caminho do aprendizado, sou gente boa! (risos). Ainda com uma semana de vida, assim me contaram, que partiu minha mãe para o outro mundo, outro plano. Pequeno, sendo mal cuidado pela família, uma linda moça e seu marido me pegou para cuidar. Dizem que a minha situação não era brincadeira, tinha feridas por toda parte do meu corpo, furúnculo por todo o corpo, falam que não conseguia nem chorar. A moça linda que mencionei é minha mãe de criação e Carlos é meu pai de criação. Eles me adotaram e cuidaram de mim, minha mãe adotiva também partiu nos meus cinco anos de idade… Meu pai aguentou a barra comigo e meu irmão mais velho, desde os doze anos já bebia muito, ainda tinha minha irmã mais velha e outro irmão, éramos em quatro, hoje em três e as lembranças… Todos eram músicos na época também, eu acompanhei boa parte disso na minha infância, pois, às vezes, eu tocava nos intervalos. Bateria, eu tocava desde os quatro anos de idade e até hoje um pouco (risos). Desde pequeno no meio de tanta gente que tocava pra caramba, não tinha como evitar, a música já fazia parte de mim. Aos doze anos eu, Kuaray, aprendi a tocar violão, só observando e ouvindo, também estava compondo alguma coisa já..Antes que eu me esqueça: nasci em Itanhaém, depois que meu pai ficou doente, fomos morar em Peruíbe, perto da minha irmã mais velha.

 

 

 

Kuaray O’ea teve uma infância difícil e encontrou no Breaking o equilíbrio

 

 

 

BW: Como era a vida na aldeia?

 

Kuaray: No ano 2000, aconteceu a retomada das terras indígenas do Piaçaguera, que significa “o caminho ancestral”.

Meu tuty (tio) Awa Dju Pitotó e mais um não tão pequeno grupo, recuperaram o Piaçaguera pois ali era e sempre será o ponto de encontro e descanso dos Nhandewa Tupi-Guarani e entre outros. Enfrentaram muita gente, pois ali habitavam duas mineradoras, Jazilda de Leão Novaes e o Popesco. Eles detonaram boa parte da terra, extraindo areia, cavando buracos para enterrar entulhos e fazer vidro. Têm muitos buracos naquelas terras e muitos destes são lagoas que, nem sabemos ao certo o que tem lá em baixo.

 

 

BW: Quando você teve o primeiro contato com a Cultura Hip-Hop?

 

Kuaray: Em 2003, tive o primeiro contato por meio de um primo que dançava Breaking, falávamos dançar Hip-Hop na época (risos). Comecei aprender os movimentos e não parei, desde então, venho praticando Breaking não como algo para disputar mas para me manter equilibrado, quem dança voa, quem voa precisa manter o equilíbrio e por isso, eu danço. Junto com tudo isso, também buscava falar minha própria língua, o tupi-guarani, conheci várias aldeias e dancei em muitas delas, ensinei e aprendi, na maioria mais aprendi.

 

 

BW: Fale um pouco do seu nome e como surgiu?

 

Kuaray: Quando completei dezoito anos, meu tio Awa Dju Pitotó sonhou com meu nome, Kuaray O’ea. Na minha cultura, os nomes são dados a nós, ainda recém-nascidos. Quando não temos o nome, não temos direção. Meu nome significa “primeira luz” ou “amanhecer”, meu tio diz que esse era meu nome, então, assim é.

 

 

 

Na aldeia, os treinos inspirados nos Power Moves de B-Boys consagrados: no chão de terra em busca do equilíbrio para voar!

 

 

 

BW: No seu aprendizado de Breaking tiveram movimentos que foram mais difíceis de aprender?

 

Kuaray: O Air Flare, tive muita dificuldade para executá-lo, mas persisti. Nesta mesma época, eu pensava que não daria certo juntar outras culturas ao Breaking. Então, imitava outros B-Boys, como Hong10 e Physicx, também tem o Lil G, Bart, Taisuke e Issei, que pra mim eram os melhores, depois comecei a criar os meus próprios movimentos. Por ter Power Moves semelhantes ao Hong 10, me chamavam no início de B-Boy Korea, não me sentia mal não, levava na boa. Neste tempo, treinávamos numa escola chamada Carmen Miranda aos finais de semana e durante a semana, treinava no Guaraú, em Peruíbe, com os B-Boys de lá. Muitas vezes, treinava com os B-Boys Grilo, Polegar e Leandro, na minha aldeia na grama ou areia. Era bom, mas nao desenvolvia os “Moves” por não deslizar. Depois que machuquei o ombro, fiquei um bom tempo sem dançar.

 

 

BW: Alguma vez sofreu discriminação por ser um índio no mundo dos B-Boys ou ser um B-Boy no mundo dos índios?

 

Kuaray: Na cidade de Peruibe treinava com alguns B-Boys que sempre me trataram muito bem e na aldeia outros índios até gostavam do que eu fazia.

 

 

BW: Verdade que depois que aprendeu começou a dar aula de Breaking na aldeia?

 

Kuaray: Sim, em 2018 continuei dançando, dessa vez era fora da aldeia, no estúdio de dança da bailarina Luciana Amancio e no estúdio de dança Cinthia Riggo, por lá fiquei alguns meses. Nessa época, ensinava Breaking na aldeia, nos meus alongamentos, com as crianças, usava o treinamento de Txondaro para fortalecer ossos, corpo e principalmente o espírito.

 

 

 

Kuaray encontrou seu próprio estilo ao incorporar movimentos do Txondaro ao Breaking: a dança e a arte não têm limites

 

 

 

BW: O que era o treinamento Txondaro?

 

Kuaray: O Txondaro é uma dança praticada na minha cultura, é algo milenar. É um treinamento de guerreiros para enfrentar florestas, enfrentar inimigos, nessa dança aprendemos a nos desvencilhar dos perigos, aprendemos vários tipos de rolamentos. Aprendemos a ter habilidades nos movimentos e também uso essa dança no Breaking.

 

 

BW: Você também é Rapper e rima em tupi-guarani. Nos fale sobre isso?

 

Kuaray: Consegui fazer minha primeira rima em tupi-guarani em 2019, a música chama Txondaro. Comecei fazer essa música na aldeia e só consegui completá-la quando vim para a cidade novamente. Na cidade, me dediquei ao Breaking e também à vida de MC. Consegui juntar o Rap à cultura tupi-guarani, hoje treino também Power Moves usando o Txondaro como base da minha dança, é algo louco.

 

 

BW: como é ser indio e ser B-Boy?

 

Kuaray: Nós do Tupi-Guarani, tudo que vemos, aprendemos na hora e na dança não foi diferente, quando eu comecei a treinar, evoluí rápido. Mesmo sendo gordo, eu consegui fazer muitos movimentos que pessoas magras não conseguiam. Eu sempre peguei as coisas rápido e isso vem da minha familia, todos são assim. Alguns tocam instrumentos, outros dançam. Ser B-Boy não é só ser um dançarino que flutua e faz movimentos. O B-Boy procura a cura do corpo, da alma, da superação. Despertamos tudo.

 

 

 

Para Kuaray, ser B-Boy não é apenas flutuar, mas buscar a cura do corpo, da alma, a superação

 

 

 

BW: O que pensa sobre o Breaking virar uma modalidade olímpica?

 

Kuaray: Independente do Breaking virar esporte, para mim o Breaking sempre será meu equilíbrio, pois quem dança voa, quem voa precisa manter o equilíbrio e é por isso que eu danço.

 

 

BW: Que mensagem você deixaria para quem está lendo essa entrevista?

 

Kuaray: Independente de qualquer movimento, de qualquer dança, o importante é despertar tudo o que existe dentro da gente, o que realmente somos. Eu quando danço, eu penso em voar, precisamos do equilíbrio, as pessoas precisam de equilíbrio e o mundo precisa de equilíbrio. Por isso busque o melhor dentro de si, o melhor!

 


Fotos: Arquivo Pessoal

 

 

Breaking World 2020 12 29 Kuaray 04
Breaking World 2020 12 29 Kuaray 06
Breaking World 2020 12 29 Kuaray 08
Breaking World 2020 12 29 Kuaray 09

VAMOS COMPARTILHAR?

E aí, gostou da matéria?
Confira mais de nossas notícias!

VOLTAR ÀS NOTÍCIAS

Posts relacionados

2021_02_24_Breaking World_Lukas 00KPB

Artigos e Entrevistas

O incrível B-Boy Luka: Conheça a história desse artista que longe do Brasil se tornou singular em sua dança e na arte de inspirar pessoas

Ele nasceu no bairro do Tatuapé, mas sua infância foi na Vila Curuçá, em São Miguel Paulista. Seu sonho, como a maioria dos meninos brasileiros, era ser jogador de futebol, sempre incentivado pela família.

2020_02_20_Breaking World_Nelson Triunfo 03

Artigos e Entrevistas

O triunfo e a história de um dos maiores ícones do Hip-Hop brasileiro

“Nós que somos diferentes, somos carimbados como loucos. Eu gosto de ser visto dessa forma, pois foram os loucos
e malucos que melhoraram o mundo! Talvez se eu fosse diferente eu não gostaria de mim!” Nelson Triunfo

2021 02 03 Breaking World Colunista Eder Devesa 000

Artigos e Entrevistas

B-Boys e B-Girls: cuidem melhor de suas carreiras!

Você é B-Girl ou B-Boy, sonha em competir fora do país, ser reconhecido na cena do Breaking e viver dessa arte? Não deixe de ler este artigo do colunista Eder Devesa.

BREAKING WORLD

O mundo dos B-Boys e das B-Girls
de um jeito que você nunca viu!
Somos de todas as raças.
Somos Hip-Hop!
Este é o nosso DNA.

Postagens mais recentes

  • 2021_02_24_Breaking World_Lukas 00KPBO incrível B-Boy Luka: Conheça a história desse artista que longe do Brasil se tornou singular em sua dança e na arte de inspirar pessoas
    Ele nasceu no bairro do Tatuapé, mas sua
  • 2020_02_23_Breaking World_BBoy_Kley 00Conheça o Campeão da Let’s Battle: B-Boy Kley
    O Portal Breaking World foi parceiro de mídia do
  • 2020_02_20_Breaking World_Nelson Triunfo 03O triunfo e a história de um dos maiores ícones do Hip-Hop brasileiro
    "Nós que somos diferentes, somos carimbados
  • 2021_02_05_Red bull wdsfParceria entre a World Dance Sport Federation e a Red Bull GmbH promete promover o desenvolvimento do Breaking nos jogos olímpicos
    Essa semana a World DanceSport Federation (WDSF)
  • 2021 02 03 Breaking World Colunista Eder Devesa 000B-Boys e B-Girls: cuidem melhor de suas carreiras!
    Você é B-Girl ou B-Boy, sonha em competir fora
Back To Top
Breaking World
  • Início
  • Notícias
    • Em Pauta
    • Artigos e Entrevistas
    • Na Cena
    • Empreendedorismo
    • B-Girls
    • Kids
    • Nossa Crew
  • Eventos
  • Quem Somos
  • Parceiros
  • Entre em contato
Conteúdo com Qualidade - Todos os Direitos Reservados. MTB 36.322 - FENAJ/SP
ATENÇÃO: Caso queira publicar total ou parcialmente algum de nossos textos, entre em contato.
Usamos cookies em nosso site para fornecer a experiência mais relevante. Ao clicar em “Entendi”, você concorda com a utilização de todos os cookies.
Configurações de CookiesEntendi
Manage consent

Privacy Overview

This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessário
Sempre Ativado

Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. This category only includes cookies that ensures basic functionalities and security features of the website. These cookies do not store any personal information.

Não necessário

Any cookies that may not be particularly necessary for the website to function and is used specifically to collect user personal data via analytics, ads, other embedded contents are termed as non-necessary cookies. It is mandatory to procure user consent prior to running these cookies on your website.