Vai começar a batalha! Das ruas para o universo on-line
As batalhas de rima sempre foram nas ruas, estações e praças, locais típicos de encontros de equipes e crews. Mas, com esse momento de quarentena, elas foram para um local totalmente diferente: a internet.
Aliás, diferente em partes, elas já estavam na internet. Canais como Batalha da Aldeia (SP), Batalha do Tanque (RJ) e outras com nomes conhecidos nacionalmente, já batiam números absurdos no YouTube e outras plataformas de vídeo, chegando diversas vezes na guia em alta, tornando as batalhas cada vez mais famosas.
Com o coronavírus e a proibição de eventos com aglomeração, as batalhas foram obrigadas a ficar somente no meio on-line, o que tirou aquele visual de roda na praça que todos estavam acostumados a ver. Apesar disso, batalhas com um pouco mais de estrutura logo se organizaram e começaram as edições on-line, que nesse momento, inclusive, abriram algumas opções que talvez não foram pensadas antes por que não havia necessidade.
Agora podemos fazer uma batalha on-line entre pessoas de estados diferentes sem que necessitem se deslocar por terra ou ar, assim tendo maior disponibilidade de horário. A organização também será completamente diferente quanto a sorteio e votação – não tínhamos experiências em votações on-line, todas as batalhas que partiram para uma versão on-line tiveram que se esforçar para aprender e, com isso, também vieram alguns pontos negativos, que é o motivo de um número muito baixo se arriscarem nessas edições: a estrutura.
As organizações não têm um orçamento para se bancarem; podemos chutar que menos de 5% das batalhas têm uma renda que pague as contas e possa ser investida em um escritório ou QG e isso dificulta muito com um país com péssima internet, planos às vezes com valores altos e locais que você só pode optar por uma operadora.
Esse problema de estrutura, também é somado ao problema de que boa parte dos MCs também não possuem uma internet rápida ou boa para acompanhar a live. O atraso e falhas entre beat e rima dificultam e atrapalham o MC, deixando a batalha às vezes desinteressante e difícil de acompanhar.
No entanto, isso não está fazendo com que as batalhas diminuam, e sim aumentem, porque se tem uma coisa que as organizações e MCs estão com saudade é da vibração da plateia numa Punch ou Fatality daqueles.
OPINIÃO MC
Afro Max: “tudo sempre tem prós e contras. O MC sente falta das batalhas, isso faz parte da vida dele, não é mais um hobby, mesmo com toda dificuldade de itinerário, locomoção, acesso, muitos querem a volta das batalhas. Em contrapartida, por questões de saúde e segurança, o retorno presencial nos locais destinados não é uma opção. As batalhas on-line têm sido a forma mais segura de darmos continuidade aos trabalhos.
Claro que a energia não é a mesma, a adrenalina não é a mesma, mas cada um luta com a arma que tem, cada um rima com a batida que tem.
Então, ainda assim, a internet tem sido o meio mais seguro e mais viável a ser usado”.
OPINIÃO ORGANIZAÇÃO
Aqui vai uma dica de estrutura e organização para quem ainda não desenvolveu a sua batalha on-line:
Primeiramente, faça! Mesmo com pouca estrutura, porque essas coisas vão se ajustando com o tempo, vocês vão se acostumando e melhorando a cada edição.
Tenha um notebook.
Faça ligações para os MCs por Google Meet (gratuito e sem limitação de tempo).
Deixe somente os áudios dos MCs ativos, para que fique mais leve a transmissão e mantenha apenas equipe e MCs na sala de bate papo – sempre lembrando de só deixar ativo o microfone de quem está rimando.
Muitos estão utilizando YouTube ou Twitch como plataforma de transmissão, mas ambas têm maneiras complicadas de fazer a votação, muitas precisando de aplicativos ou softwares externos, já o Facebook dá opção de fazer enquetes durante a transmissão, direto no chat ou mesmo em cima da imagem da transmissão.
Foto: Fotomontagem BW